34ª Edição - "O Pilão"

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O PILÃO NA SOMBRA DE

LAURA FERREIRA

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D E ZM E BR O 23

R E V I S TA D O N Ú C L E O D E E S T U D A N T E S D E FA R M Á C I A D A A S S O C I A Ç Ã O A C A D É M I C A D E C O I M B R A

PARA ALÉM DOS DESAFIOS

Maria José dos Santos

DIÁRIO DE VIAGEM Maria da Graça Campos

PATRÍCIA CAVACO “Este tem de ser o caminho! Mostrar aos nossos doentes o que fazemos e qual o impacto da nossa a�vidade na promoção da u�lização racional, segura e eficaz dos seus medicamentos. Este é um desafio e um obje�vo: o reconhecimento pela sociedade civil da nossa a�vidade.”

DISTRIBUIÇ ÃO GR ATUI TA

G R A N D E E N T R E V I S TA C O M


FICHA TÉCNICA Revista do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra Grafismo e Paginação Catarina Neves e Mariana Felgueiras

Direção Editoral Catarina Neves e Mariana Felgueiras

Redação Andreia Figueiredo, Bárbara Oliveira, Beatriz Neves, Carolina Resende, Catarina Neves, Cheila Sousa, Clara Lucas, Cristiana Silva, Inês Paião Silva, Inês Sofia Silva, Inês Rocha, Leonel Guerra, Maria Inês Lopes, Maria José dos Santos, Maria Sofia Brida, Mariana Felgueiras, Marina Pereira, Matilde Lopes, Sofia Maurício

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Polo das Ciências da Saúde, Azinhaga de Santa Comba, 3000-548 Coimbra Contactos nefaac.pt o.pilao@nefaac.pt @opilao.nefaac /opilao.nefaac

Caros leitores, Como mote deste mandato, o pelouro d’O Pilão comprometeu-se a fazer da Revista do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) uma ferramenta útil e apelativa para difusão de conhecimento e alargamento dos horizontes da comunidade Estudantil, promovendo a formação multidisciplinar dos estudantes com a dinamização de atividades, na qual se enquadrou o “Workshop de Escrita Científica”, “Workshop de Escrita Jornalística” e o evento de lançamento da 34ª Edição da Revista, no “Café Solidário”, em colaboração com o pelouro Recreativo - vertente Cultural. A equipa d’O Pilão assume também o papel importante de dar visibilidade a testemunhos de destaque, tanto do ponto de vista cívico e humanitário, com a sensibilização de “Para além dos desafios”, como recreativo, com a elaboração da rubrica “Diário de Viagem”. Assim, a Equipa d’O Pilão tem o prazer de anunciar o lançamento da 34ª Edição da Revista “O Pilão”. Com a consciência de que nada seria possível sem ajuda, o pelouro d’O Pilão gostaria muito de agradecer a todos os que colaboraram na concretização deste projeto e a dar vida à Revista. O pelouro d’O Pilão endereça o mais sincero agradecimento à Doutora Patrícia Cavaco, Professor Doutor Fernando Ramos, Professora Doutora Maria da Graça Campos, Professora Dra. Laura Ferreira, Carolina Gonçalves, Eva Ferreira, Maria José dos Santos, Maria Morais, Rita Silva, Phartuna e Imperial TAFFUC. Deixa-se ainda um agradecimento especial aos pelouros da Educação e Promoção para a Saúde, Pedagogia e das Relações Internacionais do NEF/AAC, pela elaboração das rubricas constantes. Votos de Boas Festas, A Equipa d’O Pilão

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A NOSSA EQUIPA

MARIANA FELGUEIRAS

CATARINA NEVES

ANDREIA FIGUEIREDO

BÁRBARA OLIVEIRA

BEATIZ NEVES

CAROLINA RESENDE

CHEILA SOUSA

CLARA SOUSA

CRISTIANA SILVA

INÊS PAIÃO SILVA

INÊS SOFIA SILVA

INÊS ROCHA

LEONEL GUERRA

MARIA INÊS LOPES

MARIA JOSÉ DOS SANTOS

MARIA SOFIA BRIDA

MARINA PEREIRA

MATILDE LOPES

SOFIA MAURÍCIO

INTERESSAS-TE PELA ESCRITA E JULGAS QUE PODES ACRESCENTAR VALOR AO PILÃO? ENTRA EM CONTACTO CONNOSCO E VEM DAR VOZ AOS ESTUDANTES DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA!


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MENSAGEM DA PRESIDENTE DO NEF/AAC, CAROLINA GONÇALVES APRESENTAÇÃO DOS PELOUROS

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CHEGADA DOS NOVOS CALOIROS 2023/2024 ATIVIDADES NEF/AAC

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GRANDE ENTREVISTA COM PATRÍCIA CAVACO

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ENDOMETRIOSE PELOURO DA PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

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ESPAÇO PEDAGÓGICO PELOURO DA PEADGOGIA

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NA SOMBRA DE LAURA FERREIRA

foto professora maria da graça

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PARA ALÉM DOS DESAFIOS COM MARIA JOSÉ DOS SANTOS

CONGRESSO IBERO-AMERICANO

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DIÁRIO DE VIAGEM COM MARIA DA GRAÇA CAMPOS C’A TUNA ÀS COSTAS

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PHARMACURIOUS PELOURO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS AGENDA FORMATIVA

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MENSAGEM DA PRESIDENTE CAROLINA GONÇALVES No início de um novo ano letivo, saúdo calorosamente todos os Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Que tudo Vivam os que iniciam e que tudo perpetuem os que retomam o seu percurso formativo Universitário. Bem à moda da cidade que nos recebe, pulsam as capas negras no princípio que aceleram os batimentos dos que se aproximam, para ver e sentir Coimbra despertar. O núcleo mais antigo da Academia, o Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, carrega baterias, por mais um ano, nos sortidos rostos que condizem com a cor Roxa. Na sua graciosidade, pincela convicções que se esperam afirmantes pela defesa dos mais de 1600 Estudantes, que já se familiarizam com o imbuído espírito exigente que em tudo os perscruta. Na certeza de que tudo o que nasce também cresce e se transforma, queremos que este projeto, inicialmente redigido a papel, se venha a transcender em inovação e progresso. Sem recear almejar por algo irreverente, investiremos na Comunicação e Marketing Digital. A aposta na criação deste novo Pelouro e a modificação estrutural numas das áreas interventivas da nossa Estrutura perspetiva que se caminhe a par com a evolução, num exponencial crescimento da divulgação da atividade do NEF/AAC. É incontestável que não há Faculdade sem Estudantes e o sucesso académico destes não pode ser apenas ensinado, tem de ser despertado, inspirado, estimulado pela curiosidade das oportunidades do futuro. Em colaboração com a Associação de Antigos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra aprimorar-se-ão os já conhecidos imponentes objetivos dos Estágios e Saídas Profissionais, num olhar centralizado pela diferenciação aquando da integração no mercado de trabalho. Para o NEF/AAC, tão importante como a sua missão de formação complementar, são os valores humanísticos que o balizam e que, simultaneamente, pretende promover. Aliar à capacitação intelectual, a humanização da Educação e Promoção para a Saúde, fornecendo aos Estudantes ferramentas que visem valorizar a individualidade de cada um.

Responder estrategicamente às necessidades emergentes só se torna possível tendo como pilar a Pedagogia, no sentido de construir um legado pedagógico, consistente e potencialmente transformador. Contaremos com uma forte aposta no envolvimento estudantil. Não há casas perfeitas, mas há casas mais felizes que outras e reconhecemos que a diferença reside na capacidade de construir mecanismos de auscultação mais envolventes. É neste sentido que queremos trabalhar, numa perspetiva de futuro conjunto, ancorados ao Lado de todos os que queiram contribuir com dedicação, empenho e pontos de vista para fazer desta Estrutura uma das melhores. São muito bem reconhecidos os nossos Estudantes, pelos requisitos a preceito que os impelem, e podem esperar só e somente que sejam correspondidos da nossa parte. Continuaremos atentos com exatidão às perpendiculares que se atravessem nas paralelas perfeitas. Para o trigésimo sétimo ano de História, para o mandato de 2023/2024, e para os que o acompanharão, termino expectando por um ciclo de conquistas que nutrirão continuamente um ambiente transversal de aprendizagem. Temos a oportunidade, o pulso e a vontade de lutar pelo insaciável gosto do (re)conhecimento. A Presidente da Direção do NEF/AAC,

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11 A 15 DE SETEMBRO

Semana de Receção ao Caloiro por Sofia Brida e Maria Inês Lopes

O ano letivo de 2023/2024 iniciou-se no dia 11 de setembro para os novos alunos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). Com o intuito de abraçar os alunos de primeiro ano, para que estes se sentissem verdadeiramente em Casa, elaborou-se a Semana de Receção ao Caloiro promovendo várias atividades ao longo da semana, entre 11 e 15 de setembro. No primeiro dia de receção, pelas 9h, realizou-se a Sessão de Boas-Vindas, na qual os novos alunos tiveram a oportunidade de ser recebidos oficialmente pelo Senhor Diretor da FFUC, Professor Doutor Fernando Ramos, pelo Presidente da Associação dos Antigos Estudantes da FFUC (A2EF2.UC), Dr. Miguel Silvestre e pela Presidente da Direção do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), Carolina Gonçalves. De seguida, os estudantes puderam usufruir de um momento musical animado e descontraído, proporcionado pelas Tunas da FFUC, Phartuna e Imperial TAFFUC, que transmitiram um pouco do que é o seu espírito. No segundo dia, motivados pelo pelouro do Gabinete de Apoio ao Estudante do NEF/AAC e com o objetivo de facilitar a integração dos novos alunos nas instalações da FFUC, efetuaram-se as visitas guiadas pela Faculdade, permitindo, ainda, a interação com membros das tunas, estudantes mais velhos e com Professores que se manifestaram recetivos a possíveis questões. No dia 14 de setembro, concretizou-se a II Feira NEF FOR YOU, das 9h às 13h, cuja principal ambição era dar a conhecer aos mais recentes estudantes os pelouros constituintes do NEF/AAC, assim como os respetivos Coordenadores e quais as atividades organizadas pelo Núcleo. Ao longo do dia, os diferentes pelouros promoveram várias tarefas e jogos de maneira a apresentar as funções e importância de cada pelouro, incentivando os novos alunos a que se tornassem Colaboradores do NEF/AAC, facilitando a sua integração. Por fim, para concluir aquela que é, certamente, uma semana impactante para os mais recentes universitários da Faculdade, o pelouro Recreativo - vertente Cultural proporcionou o Peddy Paper, com início pelas 10h, no Pólo III. Durante a atividade, os estudantes demonstraram-se dinâmicos e com um acentuado espírito de equipa e liderança. A equipa vencedora deste jogo foi as “Pintarolas” (na imagem acima).

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Diário de um Caloiro

por Matilde Lopes

Olá, eu sou a Rita Silva e sou caloira do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Ao longo do meu Secundário fui afunilando os meus gostos e cheguei ao curso onde estou e foi a melhor decisão que tomei. A escolha da cidade para mim foi o mais fácil, porque Coimbra sempre preencheu todos os parâmetros para eu passar os meus anos académicos e, claro, porque Coimbra tem outro encanto... Para os próximos caloiros gostava de dizer para não terem medo. Por mais que o processo de adaptação seja difícil, encontrarão alguém com quem vocês se vão identificar e naturalmente as coisas irão fluir. Embora as saudades de casa Rita Silva, 1º ano MICF apertem, irão sempre querer voltar a esta bonita cidade, porque é aqui que vão crescer! Desde sempre me disseram que se escolhesse Coimbra não me arrependeria, diziam que seria a minha melhor escolha e que a cidade tinha tudo de bom para me oferecer. Acontece que os “boatos” são mesmo verdade, Coimbra é a cidade do estudante e com esse título vem uma cidade com espírito acolhedor e simpático. Claro que mudar de cidade e começar uma nova etapa da nossa vida é sempre assustador e traz a necessidade de nos adaptarmos aos novos desafios e ao novo ambiente, com isso também traz o medo de falharmos e da nossa escolha acabar por não ser a certa… Mas Coimbra, desde o primeiro dia, mostrou-me que novos começos podem ser muito bonitos! O receio e o medo desapareceram logo no primeiro dia quando tive contacto com o ambiente vivido na FFUC, apercebi-me logo que foi realmente a minha melhor escolha, senti-me acolhida por todos os doutores, em especial pelos doutores de LCB. Coimbra transforma pessoas e faz-nos querer traçar novos projetos e objetivos de vida e realmente é uma cidade que acolhe todos. Se tiverem o privilégio de ser estudante em Coimbra aproveitem ao máximo tudo aquilo que a cidade vos dá, o ar de Coimbra foi e sempre será especial e mesmo no meu ano de caloira já sinto o pesar da frase “Uma vez Coimbra, para sempre saudade”.

Eva Ferreira, 1º ano LCB

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O momento da entrada na Faculdade era, há muito, um grande sonho que me perseguia. Desde pequenina que me recordo dizer à Maria Morais, 1º ano LFB minha família que queria crescer, estudar e aprofundar os meus conhecimentos para que, um dia, pudesse ser independente e retribuir tudo o que sempre me permitiram ter e viver. Porém, tudo tem o seu lado menos positivo. A entrada na Faculdade traz consigo alguns fatores aos quais é difícil a adaptação. A saída da nossa zona de conforto, a independência repentina, o viver sozinha, o depender apenas de mim e das minhas decisões, … No entanto, a minha chegada a Coimbra e à FFUC fez-me entender que tudo é possível, que conseguimos tudo, embora que, por vezes, seja necessário um esforço adicional. Coimbra recebeu-me de braços abertos e eu não poderia sentir-me mais grata e feliz por tudo o que já vive até ao momento. É à Cidade dos Amores que pertenço e que quero regressar sempre. É nesta tão bonita cidade e na FFUC que quero criar lembranças que pesam ao ombro e que levarei comigo até ao fim. É de Coimbra que quero levar tantas histórias p’ra contar. Coimbra tem mais encanto! Coimbra é a cidade dos estudantes! Coimbra é casa longe de casa! E a FFUC é também casa longe de casa! É uma Faculdade de topo, onde a integração dos estudantes é o principal foco. Na FFUC somos uma família e ninguém fica de fora. Somos um só e, acima de tudo, nesta Faculdade somos muito felizes e realizados! Obrigada, Coimbra, obrigada FFUC!


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Ser farmacêutico comunitário é ficar nas histórias Enquanto lê este texto, há uma mudança estrutural a ocorrer na rede portuguesa de farmácias comunitárias. O desafio é que, antes de chegar ao fim, se sinta tentado a vir fazer parte dela.

O António era fumador há mais de 10 anos. Tudo começou quando decidiu ir a uma Consulta de Cessação Tabágica com o seu farmacêutico e, em pouco tempo, conseguiu deixar de fumar. Hoje é um ciclista aventureiro e não dispensa os passeios de fim de semana com o seu grupo de amigos.

Descobre como transformar a tua vida e a de centenas de pessoas com o novo modelo de carreira na Farmácia Comunitária. SER FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO É FICAR NA HISTÓRIA. VEM FAZER PARTE DELA.

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O setor caminha, a passos largos, para um ambiente de competências diversas e complementares. Um ambiente mais clínico, mais multidisciplinar, intersectorial e ainda mais focado nas pessoas. Um ambiente de saúde e de bem-estar, onde o papel clássico de dispensa e aconselhamento terapêutico se concilia com uma complementaridade crescente ao sistema de Saúde português na intervenção profissional e prestação de serviços de saúde pública.

22/09/2023 11:45

E à medida que esta transformação ocorre, também a jornada de saúde das pessoas muda: torna-se mais simples, mais próxima, mais eficiente, mais eficaz. Hoje, as pessoas podem vacinar-se contra inúmeras patologias com o seu farmacêutico comunitário, o mesmo que é responsável, em estreita colaboração com o médico, pelo seguimento e gestão terapêutica das suas doenças crónicas. O mesmo que as conhece pelo nome e que também pelo acesso e registo no histórico de saúde, zela pela boa e correta adesão ao medicamento. Ah! E, já agora, que quando este falha na cadeia de abastecimento, assegura alternativas. O mesmo farmacêutico comunitário que, através da avaliação de risco e realização de testes point-of-care, determina e intervém em afeções de menor gravidade, possibilitando cuidados mais precoces e uma mais célere resolução das queixas, ou, quando assim o considere, a referenciação direta aos níveis seguintes de cuidados. O mesmo, enfim, que é um marketeer da saúde, um influencer na prevenção da doença, um consultor na adoção de práticas e cuidados saudáveis, um gestor de mercado e de clientes, um interveniente de impacto rápido nas condições particulares de saúde e um agente de mudança- da mudança das histórias de vida do meio milhão de pessoas que com ele se cruzam diariamente na rede nacional de farmácias comunitárias. A transformação em curso exige e exigirá farmacêuticos comunitários com novas e renovadas responsabilidades, uma qualificação elevada e contínua capacitação. São precisos profissionais altamente motivados, orientados para um trabalho em equipas multidisciplinares e para a prestação de serviços técnico-científicos humanizados. O novo modelo de carreira da Farmácia Comunitária, mais competitivo e atraente, preconiza-o. Torna efetiva a conexão entre a prática profissional e a sua valorização, considerando que a progressão se faz com o contributo das competências adquiridas e da sua aplicação prática no desempenho de um serviço farmacêutico de excelência. A mudança na rede continua e a sua força transformadora é crescente. O alargamento do campo de intervenção profissional significa que ser farmacêutico comunitário é cada vez mais ficar na história do sistema de saúde e na história de vida das pessoas. O nosso desafio mantém-se: venha fazer parte dela.


“Passo a Passo: Coimbra mais limpa” consistiu num ato de voluntariado seguindo os moldes do desporto Plogging, no qual os participantes vão recolhendo o lixo que vão encontrando pelo caminho, enquanto correm ou caminham. A atividade decorreu entre as 17h e as 18h30, com início na Cruz de Celas e término na Praça da República. Cada participante teve direito a um Kit que incluiu luvas descartáveis, um saco para colocar o lixo e uma garrafa de água. “Passo a Passo: Coimbra mais limpa” foi uma atividade organizada pelo pelouro Recreativo - Vertente Desportiva, em colaboração com o pelouro de Intervenção Cívica e Social do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), em parceria com outros Núcleos de Estudantes, nomeadamente, o Núcleo de Estudantes de Administração Público-Privada, de Medicina, de Arquitetura e Psicologia, tendo alguns dos membros dos núcleos também participado nesta importante ação de voluntariado.

No passado dia 11 de outubro, decorreu a atividade “Passo a Passo: Coimbra mais limpa”. Esta ação teve como principal foco aliar a prática de atividade física com a recolha de lixo pela cidade de Coimbra, de maneira a consciencializar e incutir responsabilidade cívica aos estudantes da Universidade de Coimbra.

Registou-se um feedback bastante positivo por parte do grupo de voluntários, que com o seu entusiasmo recolheu uma quantidade significativa de lixo. Desta forma, foi possível associar a prática de desporto à sensibilização dos estudantes para a importância de manter o planeta mais limpo e sustentável.


II Política em Saúde

FRONTEIRAS DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA No passado dia 6 de novembro, decorreu, no Anfiteatro Caetano de Santo António, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), a segunda edição da atividade Política em Saúde, dinamizada pelo pelouro da Pedagogia do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC).

por Beatriz Neves

Esta atividade teve como tema “Fronteiras da Profissão Farmacêutica”, onde houve oportunidade para debater o papel presente e futuro da Profissão Farmacêutica, nas suas diversas vertentes. Que limites balizam o exercício da Profissão Farmacêutica em Portugal e de que forma poderão ser alargados? Esta foi uma das questões discutidas entre as entidades intervenientes no debate. Sessão de Abertura Contou com a presença do Senhor Diretor da FFUC, Professor Doutor Fernando Ramos e Presidente da Direção do NEF/AAC, Carolina Gonçalves. Sessão de Debate “Fronteiras da Profissão Farmacêutica” Debate com a participação do Senhor Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Professor Doutor Helder Mota Filipe, do Membro da Direção da Associação Nacional das Farmácias, Doutor Francisco Barros, da Secretária Geral da Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde, Dra. Maria do Céu Ferreira e do Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia, Josué Moutinho. O debate foi moderado pelo Professor Doutor Carlos Cavaleiro, da FFUC.

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VI FEIRA DE EMPREGO Decorreu novamente, com sucesso, a Feira de Emprego do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Uma iniciativa promovida pelo pelouro dos Estágios e Saídas Profissionais do NEF/AAC, com o objetivo de aproximar a comunidade estudantil, dos diversos cursos ministrados na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), da realidade profissional das diferentes áreas do setor. Este evento, que já conta com seis edições, decorreu nos passados dias 16 e 17 de outubro, entre as 9h e as 17h, contando ainda com Sessões Complementares e Workshops que se estenderam aos dias 18 de outubro, 7 de novembro e terminarão dia 13 de dezembro. Esta iniciativa teve lugar no átrio interior da FFUC e contou com a presença de diversas entidades, distribuídas por vários stands, que contribuíram para aproximação dos estudantes à realidade profissional. No primeiro dia da Feira de Emprego, 16 de outubro, estiveram presentes as seguintes entidades: Generis, Owlpharma, Farmácias Holon, Ferraz Group (Labialfarma), Grupo FHC, Laboratório de Análises Clínicas da Universidade de Coimbra (LACUC), Central Pharma Group, Glintt, Associação Nacional das Farmácias (ANF), Associação de Farmácias de Portugal (AFP), a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) e, por fim o Student Hub da Universidade de Coimbra (UC). No segundo dia desta Feira, 17 de outubro, contou-se com a presença das seguintes entidades: Plural + Udifar, Owlpharma, Farmácias Holon, Ferraz Group (Labialfarma), Grupo FHC, Grupo Germano de Sousa, Bluepharma, LACUC, ANF, AFP e a APFH e o Student Hub da UC.

Nestas datas, a partir das 18h, realizaram-se Sessões Complementares nas quais as entidades puderam fazer uma apresentação mais detalhada do trabalho que conduzem, transmitindo informações relevantes acerca do seu processo de recrutamento. Além das Sessões Complementares referidas, ocorreu, no dia 17 de outubro das 10h às 16h, uma Sessão Fotográfica dinamizada pelo pelouro da Imagem do NEF/AAC, com vista a obter fotografias profissionais e adequadas ao uso no LinkedIn e Curriculum Vitae. Também no dia 18 de outubro, pelas 18h, teve lugar o Workshop “Curriculum Vitae e LinkedIn de Sucesso”, ministrado pela Dra. Rita Mendes. No dia 7 de novembro, às 18h30, decorreu, em regime remoto, o Workshop “Dicas de entrevista: Como brilhar no recrutamento”, lecionado pela Dra. Sandra Ferrão, em parceria com a Magma Studio. Por último, irá decorrer no dia 13 de dezembro o Workshop “Comunicação Empresarial”, com a Dra. Joana Nobre, igualmente em regime remoto. Através da VI Feira de Emprego do NEF/AAC, que contou com uma diversidade de entidades bastante satisfatória, os estudantes tiveram oportunidade de aceder a uma rede de contactos profissionais alargada, que lhes permitirá garantir o acesso aos mesmos no futuro, aquando a procura das saídas profissionais que procurem. Conclui-se que a VI Feira de Emprego do NEF/AAC foi um sucesso à vista não só dos estudantes, como também dos representantes das entidades convidadas que transmitiram um feedback bastante positivo.

por Cristiana Silva e Inês Paião Silva


“Envelhecimento” No dia 22 de novembro, decorreu no Anfiteatro Caetano de Santo António a XI Formação em Dermofarmácia e Cosmética, subordinada à temática do Envelhecimento e dinamizada pelo pelouro da Educação e Promoção para a Saúde do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), em parceria com a Professora Doutora Ana Cláudia Santos, Coordenadora Científica da atividade. A Sessão de Abertura ditou o início da Formação, contando com a presença do Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), Professor Doutor Fernando Ramos, a Presidente do NEF/AAC, Carolina Gonçalves e da Coordenadora Científica, Professora Doutora Ana Cláudia Santos. Estes discursos visaram a importância de atividades como a Formação em Dermofarmácia e Cosmética para a formação dos estudantes enquanto futuros profissionais de saúde, reiterando a pertinência da temática eleita para concretização de um bom aconselhamento.

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O primeiro Painel teve como título “Envelhecimento cutâneo” e contou com a participação da Dra. Madalena Gusmão, que abordou o tema “A pele e os mecanismos celulares do envelhecimento cutâneo”, onde foram salientados os fatores responsáveis pelo envelhecimento, o papel da exposição solar no mesmo, sinais típicos do envelhecimento, modificações metabólicas e fisiológicas nas diversas camadas da pele e os vários graus de envelhecimento. Este Painel teve também a participação da Dra. Cláudia Oliveira, que expôs o tema “Tipos de envelhecimento - intrínseco e extrínseco - e principais fatores envolvidos no seu desenvolvimento”, onde destacou as diferenças entre envelhecimento intrínseco e extrínseco, fatores biológicos e manifestações nas diversas camadas da pele do envelhecimento intrínseco, e fatores que contribuem para o envelhecimento extrínseco e como realizar a sua prevenção. Para finalizar este Painel, a Dra. Laura Ferreira abordou o tema “Condições dermatológicas mais


comuns associadas ao envelhecimento”, onde aprofundou condições como dermatoses inflamatórias, hiperpigmentação, distúrbios vasculares, infeções cutâneas e purpura senil. O segundo Painel abordou o tema “Envelhecimento capilar” sendo que a Dra. Vanessa Nuno apresentou o tema “Do preto ao branco: os mecanismos celulares do envelhecimento capilar e queda de cabelo”, onde enfatizou a anatomofisiologia do folículo piloso, do cabelo saudável e as suas fases, da diferença entre queda, perda e quebra capilar, onde referiu algumas doenças e condições que causam estas diversas situações. Abordou ainda o envelhecimento capilar, diagnóstico capilar (técnicas para as pessoas conhecerem melhor o seu próprio cabelo), tratamentos farmacológicos, cirúrgicos e não farmacológicos, cuidados básicos a ter com o cabelo e de que modo o estilo de vida influencia a saúde capilar. Ainda no segundo Painel, a Coordenadora Científica do evento, Professora Doutora Ana Cláudia Santos dirigiu o tema “Cuidados e manutenção capilar”, onde reforçou a importância do cabelo para a autoestima e confiança das pessoas e apresentou o ritual capilar - como lavar e tratar do cabelo corretamente, dando ênfase às fases de pré-lavagem, lavagem, cuidados com o enxaguamento e cuidados sem enxaguamento. No início do terceiro Painel, a Dra. Joana Ferreira abordou o tema “Análise de rótulos: princípios ativos e combinações usadas nos cuidados de Anti-Envelhecimento”, onde realçou o papel dos péptidos, colagénio, ácido hialurónico, vitamina C e

retinol, da importância de probióticos nas formulações e, mais uma vez, do fotoenvelhecimento. Para finalizar este Painel, o Dr. David Costa introduziu o tema “Enquadramento regulamentar e marketing”, onde sublinhou as burocracias subjacentes aos produtos de cosmética. Após este Painel, foi realizado um sorteio pela Dra. Joana Ferreira, de 2 kits de 4 produtos da marca SVR aos participantes da Formação. O quarto Painel contou com a presença da Dra. Cláudia Almeida, que abordou o tema “Aconselhamento ao público e a importância da personalização na dermocosmética”, onde se focou nas necessidades capilares dos diferentes tipos de cabelos e couros cabeludos, e que tipos de produtos usar em cada caso. Por fim, a Dra. Juliana Silva introduziu o tema “Casos práticos de aconselhamento em dermocosmética de anti-envelhecimento”, onde referiu como deve ser feito um correto aconselhamento e apresentou casos práticos com a sugestão de produtos que poderiam ser utilizados em cada caso. O quinto e último Painel foi o Workshop “Rotina de aplicação dermocosmética de anti-envelhecimento”, onde a Dra. Inês Silva, com a colaboração de voluntários entre os participantes da Formação, exemplificou a correta aplicação de produtos de cosmética e os cuidados a ter, o que constituiu um momento dinâmico para finalizar a XI Formação em Dermofarmácia e Cosmética, tendo sido uma atividade com um feedback bastante positivo.

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Grande Entrevista com

Patrícia Cavaco Presidente da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares


G R A N D E E N T R E V I S TA O Pilão: Por que motivo decidiu enveredar pelo ramo da Farmácia Hospitalar e em que medida sente que a sua licenciatura na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa teve um impacto significativo nesta decisão? Patrícia Cavaco: Logo nos primeiros anos da Faculdade percebi que o que gostava mesmo de fazer era trabalhar numa Farmácia Hospitalar, esse sempre foi o meu grande sonho. Para tal contribuiu, sem dúvida, os professores com quem contactei durante os anos da Faculdade. Posso dizer que ainda hoje sou deslumbrada com a Farmácia Hospitalar e com o trabalho que o Farmacêutico Hospitalar desenvolve nesta área. OP: Enquanto Farmacêutica com especialização na área da Oncologia, o que a motivou nesta escolha? Quais os principais desafios que enfrentou enquanto Coordenadora e Responsável pela Unidade de Oncologia Hospitalar? PC: Infelizmente, em Portugal ainda não existe uma especialização em Oncologia, uma realidade que já existe em vários países Europeus. No entanto, estou inteiramente dedicada à área da Oncologia desde que, em 2004, enveredei pela carreira Hospitalar. Já durante o meu estágio pré-licenciatura, quando tomei contacto com a área da oncologia pela primeira vez, percebi que era uma área extremamente interessante e em atualização constante. O Farmacêutico Hospitalar necessita de um estudo contínuo para que possa fazer a integração do conhecimento dos fármacos utilizados para o tratamento das doenças oncológicas, com a patologia e com o doente. Mas, sobretudo, a valorização do seu trabalho enquanto membro integrante da equipa multidisciplinar. Estes foram os motivos da minha escolha: o trabalho enquanto parte da equipa multidisciplinar e a necessidade de atualização constante. Todos os dias temos novos fármacos, ou novas indicações, para o tratamento das doenças oncológicas, evidência científica em constante atualização e novos marcadores moleculares. É uma área apaixonante! Uma Unidade de Preparação Centralizada de Citotóxicos é composta por Farmacêuticos Hospitalares e por Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) e todos trabalhamos em equipa para que o doente possa efectuar o seu tratamento de acordo com as boas práticas. Aos TSDT’s compete a preparação dos fármacos, sempre com a supervisão do Farmacêutico Hospitalar.

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Ao Farmacêutico Hospitalar compete a elaboração de normas e procedimentos que regem a preparação dos citotóxicos, a supervisão da preparação dos mesmos e a validação farmacêutica da terapêutica farmacológica. O principal desafio enquanto Coordenadora e Responsável pela Unidade de Oncologia Hospitalar é a gestão da equipa e dos recursos. OP: Pela sua experiência enquanto profissional na área da Oncologia, de que forma prevê que ocorra um avanço significativo nos próximos anos que venharevolucionar as terapêuticas atualmente existentes? PC: A crescente incidência do cancro na população mundial, a par com uma compreensão mais profunda dos processos moleculares subjacentes a mesmo resultou no desenvolvimento de tratamentos revolucionários e cada vez mais sofisticados (inibidores do checkpoint imunitário e terapias celulares, como as CAR-T cells), que são uma realidade, e os avanços continuarão a aumentar à medida que novos conhecimentos na área da genética, genómica e da biologia molecular serão utilizadas para fornecer informações analíticas detalhadas com o objectivo final da individualização do tratamento através da utilização de uma terapêutica cada vez mais direcionada. A tecnologia irá, seguramente, tornar-se um parceiro da medicina, particularmente, na área da Oncologia. A Inteligência Artificial é, atualmente, uma realidade e não um futuro próximo. Em suma, penso que os grandes avanços serão na utilização da AI como ferramenta na personalização do tratamento oncológico, e enquanto farmacêuticos devemos saber utilizar esta tecnologia no nosso dia a dia, na expansão de vacinas para o tratamento de mais patologias oncológicas e na integração dos dados de vida real, para melhor enquadrar as diferentes opções terapêuticas para um determinado doente. E, muito importante, a preferência do doente.

“Mostrar aos nossos doentes o que fazemos e qual o impacto da nossa atividade na promoção da utilização racional, segura e eficaz dos seus medicamentos. Este é um desafio e um objetivo.”


OP: Assumiu este ano a Presidência da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares. Como surgiu a oportunidade para liderar esta Associação? PC: Sempre segui com muito interesse a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) e o excelente trabalho que tem feito, ao longo destes 33 anos de existência, na promoção de formações que valorizam a atividade do Farmacêutico Hospitalar. Apesar de nunca ter estado em funções de Direção, considerei que esta seria a altura de me colocar à disposição da APFH para exercer este cargo de extrema importância. Os associados corresponderam e depositaram nos membros que compõem esta Direcção, onde me incluo, a confiança para exercermos estes 4 anos de mandato.

PC: A Residência Farmacêutica é um marco na atividade do Farmacêutico Hospitalar. É o reconhecimento da necessidade de formação orientada para a prática da Farmácia Hospitalar, permitirá ao farmacêutico adquirir os conhecimentos necessários, ao longo de 4 anos, para o exemplar exercício das suas funções. É o equivalente ao Internato Médico da profissão médica, representando um passo em frente na valorização do farmacêutico perante os seus pares. É importante ressalvar que a criação da Residência Farmacêutica traz também uma enorme responsabilidade para quem a irá terminar. Garante o acesso a uma carreira especial, autónoma.

OP: Os Farmacêuticos Hospitalares são, há muito tempo, parceiros nas decisões clínicas e elementos integrantes das equipas multidisciplinares. De que forma pretende dar destaque ao Farmacêutico enquanto parte indispensável do SNS e que objetivos pretende alcançar para a valorização da Profissão? PC: A melhor forma de dar destaque ao Farmacêutico Hospitalar, enquanto profissional indispensável ao bom funcionamento do SNS, é mostrar a nossa atividade diária. Todos os dias os Farmacêuticos Hospitalares fazem a gestão clínica do medicamento, supervisionam e preparam medicamentos (nutrição parentérica, citotóxicos, formas farmacêuticas não estéreis, etc), validam a terapêutica farmacológica de milhares de doentes, acompanham doentes em ambulatório e nos Hospitais de Dia, realizam consultas farmacêuticas, participam em Comissões que regem o circuito do medicamento nos Hospitais, monitorizam a utilização do medicamento através de farmacovigilância ativa e efectuam notificações de reações adversas a medicamentos. Este tem de ser o caminho! Mostrar aos nossos doentes o que fazemos e qual o impacto da nossa atividade na promoção da utilização racional, segura e eficaz dos seus medicamentos. Este é um desafio e um objetivo: o reconhecimento pela sociedade civil da nossa atividade. OP: O ano de 2023 iniciou-se com a realização da Primeira Residência Farmacêutica, um acontecimento marcante que reflete uma aposta do SNS nos Farmacêuticos. Sendo um Programa que serve de base ao desenvolvimento da Carreira Farmacêutica, qual o grau de importância deste na formação de um Farmacêutico Hospitalar e qual o impacto na melhoria dos cuidados prestados?

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G R A N D E E N T R E V I S TA OP: Qual a sua perspetiva para o futuro da Farmácia Hospitalar em Portugal? PC: O futuro depende sempre de nós, enquanto Farmacêuticos Hospitalares! Temos alguns desafios à nossa frente, nomeadamente em termos de integração da AI na nossa atividade diária, e no papel fundamental do farmacêutico na preparação de terapias avançadas. Por outro lado, a atividade assistencial farmacêutico será seguramente potenciada, tendo em conta a tendência já verificada da centralização dos cuidados na pessoa com doença e não apenas no medicamento. A constante atualização dos nossos conhecimentos é, também, o nosso futuro! OP: Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores, maioritariamente estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra? PC:

“O Farmacêutico tem uma capacidade inesgotável de se adaptar a vários cenários. Esta capacidade vem do conhecimento que adquirimos durante os nosso anos de formação académica. O conhecimento e o espírito crítico são a nossa melhor arma contra todos os desafios e, também, o que nos permitirá alcançar a excelência profissional.”

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Marcos profissionais 1997 - 2003 Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. 2004 - 2005 III Curso Pós-Graduado de Especialização em Farmácia Hospitalar. 2011 Designação da qualificação atribuída Especialista em Farmácia Hospitalar, atribuída pela Ordem dos Farmacêuticos. 2022 Delegada Portuguesa para a European Society of Oncology Pharnacy. 2023 Presidente da Associação de Farmacêuticos Hospitalares. Durante a sua carreira trabalhou, enquanto Professora Colaboradora de diversas Unidades Curriculares, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, no Instituto Universitário Egas Moniz e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia. Colaborou no Mestrado em Farmácia Hospitalar e no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas.


Pelouro da Educação e Promoção para a Saúde

ENDOMETRIOSE A doença silenciosa que afeta milhares de mulheres em Portugal

A Endometriose representa uma doença frequentemente subdiagnosticada ou cujos sintomas são tomados como parte comum da realidade feminina. No entanto, é uma condição de saúde bastante desafiadora, tanto a nível físico como emocional, que afeta de modo significativo a qualidade de vida de milhões de mulheres em todo o mundo. Estima-se que cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva sofrem de Endometriose. Contudo, esta doença prevalece sobre as mulheres com problemas de fertilidade (25% a 50%) e mulheres apresentadoras de dor pélvica crónica (75% a 80%). A Endometriose é uma doença inflamatória crónica caracterizada pela presença de tecido endometrial no exterior da cavidade uterina, geralmente em diferentes locais da pélvis como nos ovários, ligamentos largos, fundo de saco posterior e ligamentos uterossacros. Embora menos comum, também é possível encontrar implantes endometriais noutros locais como a superfície exterior dos intestinos delgado e grosso, os ureteres, a bexiga ou a vagina. O tecido endometrial ectópico, localizado fora do útero, responde às mesmas hormonas produzidas pelos ovários, estrogênio e progesterona, tal como o tecido endometrial típico do útero. Consequentemente, pode apresentar sangramento durante o período menstrual e gerar uma reação inflamatória local. A Endometriose, pode apresentar-se como assintomática ou como responsável por sintomas variados cuja gravidade não está necessariamente relacionada com o estágio da doença. A dismenorreia (dor associada ao período menstrual) dispareunia (dor durante ou após relações sexuais) e a dor pélvica crónica são os sintomas mais comuns. Além destes, a Endometriose pode também incluir sintomas de disúria (dor ao urinar) ou dor durante a defecação, associados aos locais dos implantes ectópicos. É ainda frequente que a infertilidade seja um dos primeiros sinais que conduz ao diagnóstico da Endometriose.

Este é feito com base nos sintomas relatados pela mulher e confirmado por via laparoscópica, por vezes com recurso a biópsia. Quando obtido um resultado positivo deve ser iniciado o seu tratamento. O tratamento da Endometriose deve ser individualizado e decidido tendo por base diferentes fatores como a idade da mulher, os sintomas apresentados, o nível de progressão da doença e o interesse da mulher em manter a fertilidade. A principal medida de intervenção farmacológica conservadora resume-se ao tratamento sintomatológico. Este consiste no uso de fármacos anti-inflamatórios não esteroides e contracetivos hormonais. Para a maioria das mulheres com endometriose moderada a grave, o tratamento mais eficaz é a realização de cirurgia conservadora associada a fármacos inibidores da atividade dos ovários. Este procedimento cirúrgico consiste na remoção ou eliminação do tecido endometrial ectópico e dos endometriomas, por laparoscopia abdominal. Embora eficazes no tratamento da sintomatologia e melhoria da qualidade de vida da paciente, estes tratamentos conservadores são temporários. O tratamento definitivo da Endometriose consiste na realização de uma histerectomia abdominal total com ou sem salpingo-ooforectomia bilateral, ou seja, na remoção do corpo e colo do útero com ou sem a remoção dos ovários e trompas de Falópio. A Endometriose é uma doença, por vezes subestimada, que afeta a vida de milhares de mulheres no nosso país. É essencial promover a consciencialização e educação sobre esta condição e os seus sintomas junto de toda a comunidade, principalmente junto de profissionais de saúde. Deste modo é incentivada a procura de diagnóstico e tratamentos precoces que permitam melhorias significativas na qualidade de vida e bem-estar físico e emocional das mulheres afetadas por esta doença. por Maria Inês Laúdo e Leonor Simões

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Faculdade de Farmácia da UC recebeu X Congresso Iberamericano de Ciências Farmacêuticas por Professor Doutor Fernando Ramos

De 26 a 28 de outubro, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) recebeu o X Congresso Iberoamericano de Ciências Farmacêuticas, promovido pela Conferência Iberoamericana de Faculdades de Farmácia (COIFFA). A FFUC foi a instituição escolhida pela Comissão Permanente da COIFFA para a realização deste importante evento, que regressou este ano ao formato presencial, depois de ter sido adotado o modelo virtual desde 2019. O Congresso, subordinado ao tema “Abrindo Fronteiras”, teve como objetivo principal destacar que as fronteiras que conhecemos têm de estar cada vez mais abertas, porquanto se a doença as ultrapassa sem necessidade de qualquer tipo de permissão, também a saúde tem de ser possuidora da mesma capacidade. Os recentes desenvolvimentos na área da formação, da investigação e da profissão farmacêutica, constituiram os principais tópicos a apresentar e a discutir no Congresso, contando com a presença do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, da Associação Nacional das Farmácias e de inúmeros especialistas das principais áreas (Educação Farmacêutica, Ética e Deontologia, Farmácia de Oficina e Farmácia Hospitalar, Tecnologia e Biotecnologia Farmacêutica, Farmacologia, Farmacodinamia, Farmacocinética e Biofarmácia, Bromatologia, Farmacognosia e Nutracêuticos, Química Farmacêutica, Assuntos Regulamentares, Bioquímica, Análises Clínicas, Forenses e Toxicológicas), sempre numa perspetiva de “abrir fronteiras”, onde a inteligência artificial, entre outras áreas, não deixou, também, de marcar presença. Após a sessão de abertura (no dia 26, pelas 14h00, no Grande Anfiteatro da Unidade Central do Pólo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra), a Lição Inaugural do Congresso foi proferida pelo Magífico Reitor da UC, Amílcar Falcão.

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O Programa contou com 249 congressistas oriundos de Portugal (sendo de destacar que todos as Instituições que são responsáveis pela lecionação do MICF estiveram presentes) Espanha, Brasil, México, Argentina, Peru, Costa Rica, Colômbia, Guatemala, Bolívia, Equador, Chile, Panamá, Porto Rico, entre outros, tendo sido apresentadas, para além das conferências, 191 comunicações livres, 36 das quais oralmente e as restantes sob a forma de poster. Os resumos das comunicações foram publicados na Acta Farmacêutica Portuguesa.


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Na Sombra de

LAURA FERREIRA

PROFESSORA CONVIDADA NA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA


O Pilão: A área das Ciências da Saúde, em concreto o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêutiticas, sempre foi o ramo que pretendeu estudar? Quais os principais fatores que impactaram esta decisão? Laura Ferreira: Desde que me lembro, queria estudar e trabalhar na área da saúde. Para mim não há nada mais satisfatório do que podermos ter um impacto positivo nas pessoas, e por isso, quando chegou a altura de escolher que curso queria seguir no Ensino Superior, as Ciências Farmacêuticas foram uma das minhas opções a seguir. Claro, houve outras opções que podenrei, mas depois do segundo ano no curso, não restaram dúvidas de que tinha feito a escolha certa.

Como gostei imenso do trabalho, decidi ficar, mas à medida que o tempo passava, percebi que gostava de trabalhar na investigação e desenvolvimento de produtos e, portanto, comecei a explorar várias opções para voltar a estudar na FFUC. Foi assim que descobri o programa doutoral Drugs R&D, no qual o objetivo seria efetuar um Doutoramento em colaboração com uma empresa, e havia a possibilidade de ser na área da Tecnologia Farmacêutica. Como era a minha principal área de interesse de entre as opções que existiam, achei que era uma oportunidade única! Assim fiz a minha candidatura e fui aceite no programa, e desde então que trabalho no meu projeto de investigação com os Laboratório BASI.

OP: Após terminar o curso, trabalhou durante dois anos, entre 2016 e 2018, numa empresa de consultoria especializada na Indústria Cosmética. Pode-nos falar um pouco acerca da sua experiência nessa área? LF: Trabalhei numa empresa situada no Instituto Pedro Nunes aqui em Coimbra, a Pharmilab. É uma empresa de consultoria dedicada principalmente aos cosméticos, mas também trabalha com dispositivos médicos e biocidas. Eu efetuava o controlo de qualidade de cosméticos, nomeadamente ensaios de estabilidade e microbiológicos de produtos cosméticos. Ainda, efetuava em paralelo a avaliação comparativa da performance de produtos à venda em grandes superfícies. Como a empresa era recente quando entrei, havia muitos ensaios, métodos e protocolos não definidos… o que me permitiu adquirir bastantes conhecimentos na avaliação de qualidade de produtos comercializados das mais diversas áreas. Foi uma experiência deveras enriquecedora, e que me possibilitou desenvolver valiosas competências a nível profissional.

OP: Além do Doutoramento em Tecnologia Farmacêutica, é autora de várias publicações na área da Dermocosmética. Por que motivo direcionou a sua investigação para estas duas áreas e de que forma se complementam? LF: Foi uma série de oportunidades que se apresentaram, tenho o gosto de trabalhar com uma excelente equipa de investigação que me permitiu estas e outros oportunidades, e desde os meus tempos de estudante do MICF que me despertava interesse a área da Dermofarmácia e Cosmética.

OP: No ano de 2018, obteve uma bolsa de Doutoramento no âmbito do Programa Drugs R&D da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em conjunto com os Laboratórios Basi. Sempre manifestou interesse em realizar um Doutoramento ou foi uma opção que surgiu mais tarde na sua carreira? O que a incentivou a voltar a estudar? LF: O meu principal objetivo ao acabar o curso era ter várias experiências profissionais para perceber o que queria fazer, e quando fiz o estágio curricular na Pharmilab, fui convidada a continuar em estágio profissional.

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Quando temos gosto por aquilo que aprendemos, e alimentamos a nossa curiosidade, é impressionante a facilidade que temos em querer fazer mais e melhor. Poder aliar o desenvolvimento galénico e tecnológico de formulações à cosmética foi e é o meu objetivo profissional, e sempre que posso junto estes dois tópicos de investigação… Daí as publicações que englobam ambas áreas.

OP: Mudando um pouco a dinâmica desta entrevista, gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas de resposta rápida.

OP: Atualmente é Assistente Convidada na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A vertente de Ensino era um dos objetivos que tinha para a sua carreira? Quais são as principais dificuldades e desafios deste ramo? LF: Ensinar é realmente uma vocação, um desafio tanto pessoal como profissional… confesso que não tinha em mente seguir esta vertente, mas desde a primeira aula que lecionei percebi que me sentia muito confortável com os alunos e gostei muito da experiência… ensinar aquilo que nos entusiasma e transmitir esse conhecimento é um privilégio. Infelizmente aqui em Portugal é uma carreira com cada vez menos estima… espero que futuramente o seu valor seja mais reconhecido.

Unidade Curricular que menos gostava no curso? Física.

OP: Qual foi o momento profissional que considera mais marcante no seu percurso? LF: A escolha de fazer o Doutoramento… Sentia uma grande lacuna a nível de conhecimentos que queria aprofundar, não me sentia plena nesse sentido. Por outro lado, em contexto profissional tinha a estabilidade, o bem-estar, e possibilidade de progressão que apreciava. Foi uma decisão difícil, mas senti que devia de arriscar e tinha curiosidade em ver o meu potencial! OP: Que mensagem e conselhos gostaria de deixar aos Alunos da Faculdade de Farmácia como futuros Profissionais de Saúde? LF: Adquiram todo o conhecimento que possam. Conhecimento é poder para os farmacêuticos, já que aquilo que consideramos ser certo ou viável hoje, amanhã poderá não ser. A ciência está em constante mudança e isso permite encontrar novos recursos, novas oportunidades… se souberem fazer essa gestão estarão sempre na vanguarda de brindar as soluções mais atualizadas, e de fazer as escolhas mais acertadas para a vossa carreira profissional. Esta abertura é o primeiro passo para um futuro mais promissor.

Uma cidade? Florença.

Plano ideal para o fim de semana? Estar com a família e os amigos. Livro/filme/série que impactou a sua vida? “Médico de Homens e de Almas”, de Taylor Caldweel. Hobby? Natação. Uma frase que a identifique? Anyone who has never made a mistake has never tried anything new, de Albert Einstein. Pessoa que tenha marcado o seu percurso? A Prof. Doutora Ana Cláudia Paiva-Santos. Cor preferida? Poderá ser clichê, mas roxo sem dúvida! Um objetivo profssional para o futuro? Estimular na academia a investigação ativa na Dermofarmácia e Cosmética. Um objetivo pessoal para o futuro? Concluir o meu Doutoramento.

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Pelouro da Pedagogia

Os Inquéritos Pedagógicos são questionários realizados pelo pelouro da Pedagogia do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), direcionados para os alunos dos diferentes cursos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). Estes são são fundamentais para avaliar e melhorar o ensino e a qualidade pedagógica da FFUC, com objetivo de recolher a opinião dos estudantes, seja ela positiva ou negativa, relativamente ao funcionamento das Unidades Curriculares, métodos de avaliação adotados, cumprimento do Regulamento Pedagógico, entre outros aspetos. Posteriormente ao seu preenchimento, estes questionários são analisados pelouro da Pedagogia e são redigidos relatórios dos mesmos, onde são menciondos todos os aspetos mencionados pelos estudantes, dando ênfase às problemáticas mais acentuadas e a evolução e resolução de problemáticas em relação ao ano transato. Essa análise inclui tanto respostas quantitativas como qualitativas, proporcionando uma visão abrangente das experiências dos estudantes, permitindo que seja criado um registo estruturado das preocupações e sugestões dos inquiridos.

No final de cada ano letivo são agendadas reuniões de Conselho Pedagógico e reuniões Intercalares, onde são apresentados os dados proveninentes dos Inquéritos Pedagógicos do NEF/AAC e é efetuada uma discussão de resultados, comparando ainda estes com os resultados dos Inquéritos Pedagógicos da Universidade de Coimbra (UC), aqueles que são divulgados através da plataforma InforEstudante. A colmatação da informação que provém dos dois Inquéritos vem tornar mais eficaz e produtiva a discussão de ambos os resultados e prosseguir com a melhoria da qualidade pedagógica da FFUC.

É importante referir que o preenchimento dos Inquéritos Pedagógicos do NEF/AAC é anónimo e para que o processo referido anteriormente ocorra com sucesso, é necessária a adesão dos estudantes, uma vez que o testemunho de cada um é crucial para assegurar uma temática sólida e garantir que o processo seja eficaz e reflita fielmente as opiniões dos alunos. por Lara Fernandes e Rita Albano



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O Pilão: Entre 1989 e 2003, iniciou o seu percurso na área da investigação, integrando projetos de pesquisa em França, Espanha e Nova Zelândia. Como foi contactar pela primeira vez com a Investigação numa Universidade estrangeira/no estrangeiro? Maria da Graça Campos: “Em 1989 eu estava a terminar as Provas de Aptidão Pedagógica e Científica (o que neste momento é equivalente a um mestrado) quando fui a um Congresso no Porto, onde o professor palestrante abordou essencialmente os antioxidantes. Na altura esta era uma área emergente, com imenso sucesso, e cuja investigação se centrava, acima de tudo, no sul de França. Decidi dirigir-me ao professor e questionar quais seriam as hipóteses de eu poder integrar projetos nesse âmbito. Ele respondeu que poderia concorrer a uma Bolsa do Ministério de Ciência Francês. Concorri, ganhei a Bolsa e foi assim que comecei a trabalhar nessa área, em França. No entanto, ao fim de oito meses de trabalho, por questões pessoais, entendi que deveria voltar a Portugal, prescindindo do meu projeto de doutoramento, onde estudava a competição dos flavonoides e dos xenobióticos para a izoenzima CYP3A4. Durante a temporada em França, estudei através dos livros de um especialista em flavonóides chamado Kenneth Markham, que era o génio da área e que, segundo constava, estaria em Inglaterra. O Congresso Internacional dos Polifenóis em 1992, foi em Lisboa e eu fui apresentar uma parte do trabalho que já tinha desenvolvido. O Doutor Markham era palestrante convidado e durante a exposição do meu trabalho fez-me uma quantidade imensa de perguntas, até parecia um exame. Na verdade, ele apenas tentava perceber aquilo que eu sabia e no final convidou-me para trabalhar com ele. Foi uma proposta surreal. Delineámos as circunstâncias do projeto que eu iria desenvolver e estabelecemos

tudo. No último dia do Congresso, cruzei-me com o Professor Kenneth e a mulher e em conversa, o Doutor disse-me “Tem noção que eu vivo na Nova Zelândia?”. A verdade é que eu não tinha, então foi como receber um murro no estômago e tentar processar com um sorriso. Nova Zelândia… Mas não podia prescindir deste projeto, ainda por cima oferecido pela pessoa que foi. Queria aproveitar a oportunidade. Os colegas da FFUC diziam-me “Não encontraste um lugar mais longe para ir trabalhar?” e efetivamente passei a trabalhar a anos luz daqui após ter aceite. Por lá, concluí os trabalhos de investigação do meu doutoramento, que defendi na UC. Voltei mais tarde à Industrial Research, Ltd, em Wellington, Nova Zelândia para o pós-doutoramento. Regressada a Portugal, escrevi um livro sobre uma teoria que desenvolvi nesse período e voltei lá mais uma temporada para completarmos o texto e as figuras. O livro foi publicado pela Imprensa da Universidade no ano em que Kenneth se jubilou, o que foi uma feliz coincidência, pois ele e a mulher puderam vir à apresentação publica do mesmo. Antes de ir para o outro lado do mundo, em 1993, estive em Granada, Espanha, onde fui fazer um período Erasmus. Deste modo, tornei-me numa das primeiras pessoas em Portugal a integrar um programa de Erasmus, neste caso já numa parte de doutoramento. Mas basicamente aqueles primeiros anos da minha carreira no estrangeiro foram um bocadinho deixar-me levar pelo que a vida me trazia e aproveitar ao máximo as oportunidades que me foram dadas. Foi assim que eu fui de uma ponta à outra do mundo em poucos anos.” OP: Ser Investigador em Portugal traz inúmeros desafios, nomeadamente devido ao limitado envolvimento das empresas e às condições de trabalho precárias. Neste sentido, o que considera serem as principais diferenças entre o nosso país e o


resto da Europa. E a nível mundial? MGC: “A diferença que eu experienciei de forma mais vincada foi a nível da carreira de investigador na Nova Zelândia. Em Portugal até final dos anos 70, talvez até início dos anos 80, ainda tínhamos uma carreira de investigador sólida e viável mas que depois desapareceu. Neste momento está-se a tentar retomar essa via, mas sem a mesma solidez e normalmente associada à docência. Aliado ao ensino temos as duas vertentes e nós, enquanto professores universitários, além da investigação (que nos ocupa a maioria do tempo) também temos que lecionar e, portanto, estamos aqui um bocadinho divididos. Outra questão importante, é que nem toda a gente que deseja investir na ciência ambiciona lecionar como projeto de vida. Na Nova Zelândia a área que eu achei mais promissora foi a nível de investigação. Eles tinham não só a carreira de investigador como tinham um incentivo para angariar projetos de investigação. Na Industrial Research, Ltd (metade pública, metade privada) eram compensados pelos fundos que arranjavam para a instituição, portanto, enquanto que eu ou os colegas, por exemplo, aqui podemos ter um projeto com excelent financiamento mas no fim do mês, no geral, recebemos sempre o mesmo. Lá não, todos recebiam uma percentagem pela quantidade de dinheiro que angariavam para a instituição. Claro que não era exorbitante, mas era uma compensação que valia o esforço. Adicionalmente, tinham uma estratégia muito interessante e estimulante. Uma percentagem do financiamento do projeto revertia para um fundo comunitário de investimento em diversas vertentes de investigação, nomeadamente em áreas teóricas, em que nem sempre é possível arranjar grandes projetos e, portanto, também era de certo modo uma compensação aos colegas que trabalhavam em áreas complementares e que recebiam um extra por essa via. Tendo em consideração os salários, realmente considero um estímulo que eu não vi noutros países.”

OP: Ao longo do seu percurso profissional, desempenhou várias funções, quer a nível internacional, quer a nível nacional. Quais as aprendizagens e experiências que vivenciou, que a moldaram, de forma mais vincada, na profissional que é hoje em dia? “Fui coordenadora de um grupo internacional de investigação durante 15 anos e a convite dos vários colegas fiz conferências em muitos países. Terminámos com a elaboração de uma Norma ISO para controlo de qualidade de produto, o que foi uma experiência muito enriquecedora, porque envolveu vários continentes. No entanto, diria que foi o apoio a casos clínicos que culminou mais tarde na estrutura que hoje é o Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM) que me chegou mais ao coração. O nosso laboratório de Farmacognosia há muitos anos, tinha o intuito de investigar casos de intoxicação com plantas, tanto que, juntamente com o Professor Proença da Cunha, escrevi um livro só sobre a parte das intoxicações nos humanos e animais domésticos. Curiosamente depois disso, cerca 2004 e fruto também do aparecimento mais estruturado da Internet e da maior comercialização de suplementos alimentares, passámos a ter mais situações a requerer a nossa atenção. Ou seja, condicionou a que começássemos a ter mais casos associados a potenciais interações e, com vários colegas da FFUC de outros laboratórios, da FMUC e da FDUC, fundámos o Observatório de Interações Planta-Medicamento. Esta estrutura permitiu-nos, por um lado, dar Imagens 1- França, por volta de 1989 2-França, por volta de 1989 3- França, por volta de 1989 no laboratório 4- França, por volta de 1989 5- No laboratório com o Doutor Kenneth Markham na Industrial Research, Ltd. Lower Hutt, Nova Zelândia, 1995


mais apoio aos Profissionais de saúde e à Comunidade. Para nós não fazia e não faz sentido publicar em revistas de referência toda a nossa investigação, mesmo que tenham um fator de impacto fantástico, e depois termos aqui ao nosso lado no CHUC e no IPO, por exemplo, pessoas a morrer com situações que poderiam ter sido salvaguardadas com alguma da investigação que fazemos, sendo mais proactivos. Assim, e dada a implementação do OIPM e a quantidade de casos clínicos que nos foram chegando, entrei numa fase diferente na minha carreira, mais ligada para aos Hospitais, às Farmácias e à Comunidade. Aproveitámos também o que daqui se extrai a nível científico para a nossa investigação, enquanto trabalhámos de forma muito mais direta com os médicos e os cidadãos. Temos uma estrutura que nos permite levar informação para o exterior, sendo pró-ativos na divulgação cientifica através dos media que são nossos parceiros quase desde o início. E o mais importante de tudo é que passámos a ter os médicos muito alerta para estas situações, sendo eles que solicitam a nossa colaboração tanto nas situações reais como para dar formação nos hospitais, nas clínicas e até para preparar e levar materiais para os doentes. Assim, a pouco e pouco foi-nos chegando informação cada vez mais validada, ou seja, começámos a construir uma ciência mais proativa no mundo real. Lógico que esta área científica também existe em outros países. A maior diferença do que fazemos é que trabalhamos diretamente na realidade portuguesa. O que eu tinha feito anteriormente como investigação era mais a nível de Drug Discovery e agora é muito mais centrado a nível clínico usando, obviamente, muito do que eu aprendi em França e na Nova Zelândia. O mesmo se aplica ao trabalho que desenvolvo na Agência Europeia do Medicamento e na Comissão da Organização Mundial de Saúde.” UMA HISTÓRIA PARA CONTAR “Da primeira vez que estive na Nova Zelândia, entendi que deveria trabalhar também ao fim de semana, de modo a aproveitar o tempo ao máximo. Custosamente, consegui a autorização para o fazer sem supervisão. O laboratório localizava-se ainda um pouco longe de onde estava a viver, de modo que durante a semana eu tinha boleia mas aos fins de semana, por estar a trabalhar sozinha, ia de bicicleta, emprestada por um dos cientistas. Num dos dias que ia trabalhar para o laboratório e durante a viagem, estava muito mau tempo, tal que a dada altura caí e bati com o joelho no passeio. Não me podia queixar da lesão, pois corria o risco de deixar de ter licença para os fins de semana. Penosamente, no meio da tempestade e com dores, continuo o percurso para o laboratório. Surpresa a minha quando recebo chamada de um cientista (que estava alojado no mesmo local que eu), que ao tomar conhecimento da tempestade tinha ido ao laboratório com o pretexto de consultar um aparelho. Assim, ofereceu-me boleia mesmo sem ter o conhecimento da minha lesão, o que achei delicioso.”

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Talheres utilizados pelos Canibais para partir crânios e comer miolos. Tanto o utensílio da esquerda (martelo) como da direita eram usados pelas tribos Canibais das Ilhas Fiji.

Balança de campo utilizada para pesar ópio, na Tailândia.

Icon característico do Povo Mauri da Nova Zelândia.

Item característico tribal australiano.


C ´A Tuna às Costas Vem conhecer a Vida Tunante

PHARTUNA O Pilão: O que te motivou a entrar na tuna?

Phartuna: “É uma história engraçada e um pouco fora do comum até! Quando vi as tunas no 1° dia de aulas soube logo que queria entrar para uma delas. Conheci membros das duas tunas, que sempre me trataram da melhor forma possível e cheguei também a conviver com as duas tunas. Infelizmente, na primeira semana tive de ir ao hospital por questões de saúde e um dos elementos da Phartuna, agora o meu atual padrinho foi uma pessoa que me acompanhou e ajudou quando precisei mesmo não me conhecendo muito bem. A partir desse momento comecei a sair mais com ele, com a Phartuna e a frequentar os ensaios da tuna, assim como os convívios. Fiquei completamente cativado pelo ambiente, pelas pessoas que me rodearam e pelas músicas. Percebi que tinha feito uma escolha, a Phartuna e estou muito feliz por estar aqui.” Rafael Monteiro, Phartuno P: “Desde que me lembro que quando, mais tarde, frequentasse a universidade, queria fazer parte de uma tuna. No entanto, para me adaptar inicialmente à vida em Coimbra, não o fiz no primeiro semestre. Contudo, no 2° semestre, após ver o espírito académico dentro da Phartuna, a familiaridade entre as pessoas e o carinho com que me receberam nos meus primeiros ensaios como aspirante, percebi que a minha melhor decisão era fazer parte desta família.” Beatriz Neto, Caloira de Tuna

OP: Qual o teu nome de praxe e a história por detrás dele?

P: “O meu nome de praxe é Takéta, ganhei-o no festival dos Açores, em honra e uma caloira da Literatura (Tuna de Letras da Universidade do Minho, outra das tunas a concurso nesse festival) que tinha maneirismos e jeitos de falar idênticos aos meus. Tal como ela, tenho “alguma” dificuldade em estar quieta.” Carolina Martins, Pharcaloiro

P: “O meu nome de praxe é Bezuga das trotinetes. É uma longa história. Estava a andar de trotinete pela primeira vez e encontrei uma pequena inclinação e lembrei-me “oh tenho de travar, mas onde está o travão?”. Inocentemente pensava que o travão era no pneu de trás e não na manete então não consegui travar, pelo contrário fui ganhando velocidade. Ao ganhar balanço e de modo a me proteger e não ir até onde a vida me levasse, escolhi bater contra um carro. E foi assim que depois paguei 400 euros para arranjar o carro...” João Manuel, Mestre

OP: Qual foi um momento que te marcou em tuna?

P: “Em 7 anos de tuna, torna-se inegavelmente difícil escolher apenas um momento, mas quase de imediato me recordei de uma atuação em particular que me marcou. Viajámos até aos Açores, quase toda a atual Phartuna pela primeira vez, para um festival de tunas. Como de costume, no sábado à noite, antes da atuação da Noite de Festival, a atmosfera era de nervosismo. Não conhecíamos aquele público, a maioria nunca tinha estado sequer naquele local, estrearíamos vários elementos do nosso reportório naquela atuação e aprendemos muita coisa em pouco tempo, uma vez que aquela seria a nossa primeira atuação após o Boticários daquele ano letivo. O meu pensamento, enquanto elemento relativamente experiente da Phartuna, está nestes instantes em dezenas pormenores da nossa apresentação, constantemente a verificar se não faltará nada e se todos sabem o que têm de fazer, se não ficou nada por rever ou por praticar. Sabíamos que não era provável sermos os melhores da noite, mas penso ter sido por isso mesmo que a mesma se revelou tão impactante. De forma impressionante, entrámos em palco e, apesar do nervosismo, durante cada minuto daquela longa meia hora senti a tuna como uma só. Senti o empenho de cada um pelas suas tarefas, o carinho que nutrimos uns pelos outros, a euforia após cada aplauso, a união, independentemente do que ia correndo menos bem.

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Tocámos e cantámos, mas também sorrimos e saltámos, verdadeiramente unidos, o que, já em cima de palco, trouxe àquela sala uma energia contagiante. Não nos deixámos consumir pelo medo de errar, porque cada um de nós decidiu que, naquela noite, o mais importante seria desfrutar de tudo o que sentimos quando nos juntamos em palco a cantar e nos divertimos infinitamente. Findada a adrenalina que estes momentos sempre trazem, saímos de palco e, quando reparo no cenário à minha volta, contava pelos dedos das mãos as poucas pessoas que não se emocionavam. Entre abraços e sorrisos, escapavam-nos lágrimas de alegria e emoção, que, a julgar pela expressão surpresa de quase todos, ninguém esperava que surgissem. Afastei-me, e observava a tuna que me recebeu e guiou tão bem, que me ensinou tanto, que me ajudou a crescer e na qual, mais tarde, também eu ajudei outros a fazer tudo isso, a viver um momento de pura emoção, que se deveu integralmente a cada uma daquelas pessoas fantásticas. Numa fase em que já sentia a responsabilidade de garantir que, quando chegar a minha vez de ir embora, a Phartuna manterá a sua atividade, qualidade e, acima de tudo, o seu espírito inigualável, aquele foi sem dúvida um momento de certeza. Por isso escolho este como o meu momento marcante: porque sei que será difícil desabituar-me da rotina a que a tuna obriga e despedir-me de tantas pessoas especiais, mas, em momentos como este, fico segura de que, mantendo-se por cá aqueles que, naquela noite, mostraram sem qualquer medo tanto amor pelo que fazemos, tudo se manterá igualmente memorável.” Carmen Brito, Mestre

P: “Ver, durante a Queima das Fitas, os finalistas a despedirem-se e perceber que, quem realmente cria esta ligação que temos, são as pessoas e, no fundo, a tuna são os momentos que se criam e as memórias que levamos connosco.” Débora Oliveira, Pharcaloira

OP: Tens alguma tradição que não pode faltar antes de entrar em palco?

P: “Em festivais, lavo a cara se puder e respiro fundo 10 vezes de olhos fechados. Relativamente aos estandartes, também temos um ritual de boa sorte engraçado passado de geração em geração que guardamos para nós.” João Afonso Sousa, Pharcaloiro P: “Sim, tenho a tradição de dobrar a capa e colocá-la aos ombros e o número de dobras corresponde ao número de músicas que vamos tocar.” Tiago Sousa, Pharcaloiro

OP: O que te levou a escolher o teu instrumento?

P: “O que me levou a escolher ser estandarte, foi achar que seria algo diferente, um género de desafio para mim. Além disso, nas atuações que via achava que era visualmente muito bonito, então decidi experimentar e agora adoro fazer.” Sara Neves, Pharcaloiro P: ”O que me levou a escolher o meu instrumento (bandolim) é sobreponível com a razão que me levou a querer entrar na tuna. A música sempre esteve presente na minha vida e com a entrada na faculdade que levou a muitas mudanças na minha vida, a presença da música não podia mudar. Para além de querer que a música fosse uma constante ao longo do meu percurso académico, também fui à procura de um desafio e, por isso, encontrei no bandolim um objetivo que queria atingir. Um instrumento novo para uma nova fase da minha vida.” Rui Ferreira, Mestre


C ´A Tuna às Costas Vem conhecer a Vida Tunante

IMPERIAL TAFFUC O Pilão: O que te motivou a entrar na tuna?

Imperial TAFFUC: “Quando cheguei à faculdade, vinha determinado em focar-me nos estudos, dado que, nos anos anteriores, tinha estado ativamente envolvido em várias iniciativas na minha escola secundária. No primeiro dia, assisti à atuação das tunas e a partir daí comecei a acompanhar mais o seu trabalho e a conhecer as pessoas que faziam e fazem parte da mesma. Ao longo de várias semanas percebi que a Imperial TAFFUC, para além de ser mais do que um grupo de estudantes que se junta porque nutre um gosto pela música, é também um grupos de amigos que tem um espírito de entreajuda excecional e que nos ajuda a crescer ao nível pessoal, mas também interpessoal.” João Miguel Almeida Santana, Tuno IT: “No meu primeiro dia de faculdade, encontrei na praxe vários doutores. No entanto, foi com os que faziam parte da Imperial TAFFUC que me identifiquei mais. Contudo, foi após ver a atuação que a Imperial TAFFUC fez para os caloiros que decidi que queria experimentar um ensaio, uma vez que já tinha um certo gosto por música, mesmo sem saber tocar, nem cantar.” Afonso Olim Fernandes, Aspirante a Tuno IT: “A primeira atuação que vi da Imperial TAFFUC, na minha receção ao caloiro, fez-me ficar imediatamente agarrado e fiquei com a curiosidade de experimentar um ensaio e fazer parte deste grupo.” Pedro Santos de São José, Caloiro IT: “Desde muito cedo, eu quis entrar para uma tuna quando fosse para a Faculdade. Assim, quando comecei este percurso, deu para proporcionar esse desejo. No entanto, eu nunca pensei que ser da tuna seria algo tão especial como isto. Poderia ter escolhido outra tuna, mas desde o primeiro dia da receção ao caloiro sabia que esta seria a família que me ia acolher, mesmo ainda não tendo tido nenhum ensaio. Antes de ir aos ensaios, sentia-me perdido,

mas com a receção calorosa que tive, desde o primeiro dia que vim, senti-me integrado e, desde então, não quero saber de outra coisa a não ser isto.” Tomás Gaio Lopes, Aspirante a Caloiro

OP: Qual o teu nome de praxe e a história por detrás dele? IT: “O meu nome de tuna é Tunotaxomon, que deriva do facto de atualmente me encontrar no grau hierárquico de Tuno e de ter adormecido no festival que deu origem ao meu nome, na posição de múmia, lembrando Tutankamon.” João Miguel Almeida Santana, Tuno

IT: “O meu nome de praxe é All-in. Como o meu nome (Olim) tem uma fonética muito parecida com o meu nome de praxe, os mais velhos tinham tendência em chamar-me assim, e acabou por colar.” Afonso Olim Fernandes, Aspirante a Tuno IT: “O meu nome de tuna é Duvidoso. Recebi-o porque, nos meus primeiros tempos de tuna, tinha medo de cantar e tocar em público e estava,constantemente, a duvidar de mim próprio.” Pedro Santos de São José, Caloiro IT: “O meu nome de praxe é Mamose. Este nome foi-me dado através dos antigos tunos no jantar de tuna, apesar de até agora não o ter usado muito. No entanto vou começar a abraçá-lo calorosamente, não só pela importância dos antigos, mas também pela importância que teve para mim nessa noite, ajudando a integrar-me ainda mais nesta tuna.” Tomás Gaio Lopes, Aspirante a Caloiro

OP: Qual foi um momento que te marcou em tuna? IT: Pessoalmente, acho difícil destacar algum momento dado que todos me marcaram e marcam de forma diferente, desde os ensaios e jantares num registo mais informal, à presença em festivais em

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que estamos a representar a tradição Coimbrã em concurso com outras tunas. No entanto, dado que passámos por uma pandemia e que as atividades das tunas ficaram estagnadas, considero que o ex-líbris da minha passagem pela tuna foi a organização do V IMPERIVS que, não só foi o marcar do retorno do nosso festival ao ativo, como um grande desafio ao nível pessoal, dado que, ao momento, era Vice-presidente da tuna e tinha a meu cargo grande parte da organização do festival.” João Miguel Almeida Santana, Tuno IT: “Um dos momentos que mais me marcou foi o meu primeiro festival. Embora nem tudo me tenha corrido bem, tive um apoio incrível por todos os integrantes da Imperial TAFFUC, para além do facto de ter a oportunidade de pela primeira vez viver um clima tão tunante.” Afonso Olim Fernandes, Aspirante a Tuno

IT: “Nunca tinha pensado nisso, mas após uma reflexão, lembrei-me que tenho por hábito tocar na guitar ra o refrão da “2007”, um original da Imperial TAFFUC.” Afonso Olim Fernandes, Aspirante a Tuno

IT: “Faço sempre exercícios de respiração, um pouco antes de entrar em palco. Sinto que não há maneira melhor de me acalmar os nervos e deixa-me mais relaxado para cantar e tocar.” IT: “Sem dúvida, o meu primeiro ensaio. Recordo-me Pedro Santos de São José, Caloiro que estava muito ansioso e reticente, porque ainda não tinha conhecido muitas pessoas, desde que tinha entrado na faculdade. No entanto, mal entrei na sala OP: O que te levou a escolher o teu instrumento? de ensaios, senti-me completamente acolhido e no sí- IT: “Essa escolha foi relativamente simples. Quando entrei, não sabia tocar nenhum instrumento de cortio certo.” das ou percussão e sempre me fascinei pelos naipes Pedro Santos de São José, Caloiro de espetáculo. Sendo assim, foi só dedicar-me, estar IT: “O momento mais impactante da tuna, desde que em constante treino e evolução para que tudo o que estou aqui, foi o dia do backstage, pois foi aí que per- fazemos na frente de palco seja exímio.” cebi que era isto mesmo que eu queria e onde senti João Miguel Almeida Santana, Tuno

que já fazia parte deste grupo, mesmo ainda não tenIT: “A guitarra clássica, para além de um belo instrudo a oportunidade de subir a palco.” mento, é provavelmente a melhor base para todos Tomás Gaio Lopes, Aspirante a Caloiro os instrumentos de cordas. Como nunca tinha tocado nada antes, achei por bem escolhê-la, mas acabei por OP: Tens alguma tradição que não pode faltar andescobrir que este instrumento também tem muito a tes de entrar em palco? dar.” IT: “Tenho algumas tradições que costumo fazer quanAfonso Olim Fernandes, Aspirante a Tuno do subo a palco. Dado que faço parte dos naipes de espetáculo (pandeiretas e porta-estandarte, mais conheIT: “Sempre gostei de instrumentos de sopro em geral. cido como bandeiras), garanto que especificamente as Acho que são dos mais melódicos e mais bonitos que 2 pandeiretas com que costumo saltar são sempre as se pode tocar, assim, quando vi que a tuna precisava mesmas. Especialmente em atuações, costumo rever de alguém novo para tocar flauta transversal, não hementalmente as coreografias em que mais facilmente sitei em começar a aprender.” me posso enganar e o esquema de entradas e saídas. Pedro Santos de São José, Caloiro Ao nível mesmo pessoal, nos últimos instantes antes de entrar em palco costumo benzer-me, dar um beijo IT: “Eu quero tocar guitarra, porque é um dos instruna mão e apontar para o ar (para alguém especial que mentos que me fascina mais, desde sempre. Foi com acredito que acompanha todo o meu percurso de uma um enorme prazer que tive a oportunidade de começar outra perspetiva).” a aprender a tocar há 1 ano atrás e espero conseguir João Miguel Almeida Santana, Tuno acrescentar algo à tuna quando começar a tocar este instrumento, não só nos ensaios, mas também em atuações.” Tomás Lopes, Aspirante a Caloiro

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Pelouro das Relações Internacionais

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AGENDA FORMATIVA

Congresso de Microbiologia e Biotecnologia

25º Aniversário da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)

7 a 9 de dezembro

9 de dezembro

Universidade da Beira Interior

Hotel Fénix Lisboa

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13º Encontro Nacional de Cromatografia

10 a 31 de dezembro

17 a 19 de dezembro

Regime Assíncrono

Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

103º Aniversário da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

XXIII Jornadas Científicas de Análises Clínicas e de Genética Humana

18 de janeiro

3 e 4 de fevereiro

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Porto

Sunset Skin Summit - Workshop 3ºedição

XVI Jornadas de Farmácia Hospitalar

17 e 18 de fevereiro

23 e 24 de fevereiro

Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

Hotel Olissippo Oriente, Lisboa

8th ERPA Annual Congress Regulations and Compliance for Cosmetics

28th Congress of the European Association of Hospital Pharmacists (EAHP)

26 3 27 de fevereiro

20 a 22 de março

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