37ª Edição da Revista "O Pilão"

O PILÃO

NA SOMBRA DE

37 ª E DI ÇÁO

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M AI O 2 5

aNA fortuna

VOLUNTARIADO INTERNACIONAL peLOURO De INTERVENÇÃO CÍVICA E SOCIAL e Pelouro das relações internacionais

ARTIGO DE OPINIÃO

GRANDE ENTREVISTA COM

Ema Paulino

“Acredito que cada um de nós tem o poder de transformar a realidade à nossa volta. Se identificarmos algo que pode ser melhorado na Farmácia, no Sistema de Saúde ou na forma como os serviços são prestados, devemos agir. Muitas das mudanças que ajudei a concretizar começaram com pequenas ideias e conversas.”

DISTR IBUIÇÃO G RATUITA

Dia DA MULHER

FICHA TÉCNICA Revista do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra Grafismo e Paginação Leonel Guerra e Rita Tavares

Direção Editoral Leonel Guerra e Rita Tavares

Redação Leonel Guerra, Rita Tavares, Bárbara Anastácio, Beatriz Bento, Beatriz Faim, Carolina Jorge, Inês Silva, Joana Sousa, Maria Bonito, Maria José Santos, Matilde Campos, Pedro Teodoro

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Polo das Ciências da Saúde, Azinhaga de Santa Comba, 3000-548 Coimbra Contactos nefaac.pt o.pilao@nefaac.pt @opilao.nefaac /opilao.nefaac

Caros leitores, O 38º mandato foi pautado por um firme compromisso com a inovação dos conteúdos da Revista O Pilão e pela consolidação deste projeto como um elo fundamental de comunicação entre os Estudantes e o Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), sempre em sintonia com os seus interesses e necessidades.

Assumimos o propósito de dar voz aos Estudantes, destacando-se a rubrica “Let’s Talk, PhD?”, com a qual pretendíamos promover uma maior divulgação de trabalho científico e partilha de conhecimento.

Hoje, concluímos este percurso com a convicção de dever cumprido. Ao revisitarmos o nosso trajeto, reconhecemos com orgulho que alcançámos os objetivos a que nos propusemos: elevar a qualidade da Revista, promover a inovação desejada, dinamizar a nossa presença nas redes sociais — nomeadamente no Instagram — e alargar o nosso público. É, por isso, com um sentimento de missão cumprida que nos despedimos, orgulhosos do trabalho realizado e profundamente gratos a toda a equipa que contribuiu para o sucesso desta edição.

Para encerrar este ciclo de forma memorável, o pelouro d’O Pilão tem a honra de anunciar o lançamento da 37ª edição da Revista O Pilão. Nesta edição, apresentamos uma retrospetiva das principais atividades promovidas pelo NEF/AAC, com destaque para o XVIII Congresso Científico e para o programa de Voluntariado Internacional. Mantivemos igualmente o nosso compromisso com os Estudantes, trazendo de volta a rubrica “C’a Tuna às Costas” e abordando temáticas relevantes, como o artigo de opinião alusivo ao Dia Internacional da Mulher.

Esta edição não teria sido possível sem o valioso contributo de todos os que colaboraram connosco.

Assim, o pelouro d’O Pilão manifesta o seu sincero agradecimento à Exma. Dra. Ema Paulino, à Professora Doutora Ana Fortuna, a Raquel Pires, Maria José Santos, Débora Oliveira, Leonel Guerra, à Imperial TAFFUC e à Phartuna. Estendemos ainda um agradecimento especial aos pelouros de Educação e Promoção para a Saúde, Intervenção Cívica e Social, Formação, Pedagogia e Relações Internacionais do NEF/AAC, pelo empenho e dedicação demonstrados na conceção das rubricas incluídas nesta edição.

Com os melhores votos de sucesso para a época de exames que se avizinha, A Equipa d’O Pilão

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A NOSSA EQUIPA

lEONEL gUERRA

Rita Tavares

Bárbara Anastácio

Beatriz Bento

Beatriz Faim

Carolina Jorge

Inês Silva

Joana Sousa

Maria Bonito

Maria José Santos

Matilde Campos

PEDRO TEODORO

INTERESSAS-TE PELA ESCRITA E JULGAS QUE PODES ACRESCENTAR VALOR AO PILÃO? ENTRA EM CONTACTO CONNOSCO E VEM DAR VOZ AOS ESTUDANTES DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA!

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MENSAGEM DA PRESIDENTE BALANÇO DO MANDATO

SEMANA BIOMÉDICA

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ATIVIDADES DO NEF/AAC

DIRETIVA 2005/36/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

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FROM NEF TO YOU

POTENCIAL DAS ALGAS E PLANTAS COSTEIRAS NO COMBATE À RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS

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DIA DA MULHER

NA SOMBRA DE ANA FORTUNA

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II FARMÁCIA DOS PEQUENITOS

GRANDE ENTREVISTA EMA PAULINO CAPAS NEGRAS DE MEMÓRIAS

C’A TUNA ÀS COSTAS

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MENSAGEM DA PRESIDENTE BALANÇO DO MANDATO Chegamos ao final de mais um ciclo no seio do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, e é com emoção serena que escrevo estas palavras.

Um ano passou desde que lançámos os alicerces de um projeto ambicioso, desenhado com coragem, paixão e a forte convicção de que havia sempre mais por fazer, mais por construir.

Hoje, esse projeto já não é uma ideia: é história vivida.

A despedida deixa um sabor amargo. Um travo que se entranha e se afunda na alma de quem deu muito de si a um projeto que exige tanto.

Assim se sentem os dirigentes que, há cerca de um ano, aceitaram o desafio de dedicar tempo, energia e coração a esta Estrutura — que, a pouco e pouco, deixaram de ver apenas como missão, para reconhecer como Casa. Uma Casa que nos acolhe, nos desafia e nos transforma.

Uma Casa que é, por natureza, sublime, progressista e irreverente.

Em muitos momentos, demos por nós a pensar na sorte que é herdar uma estrutura tão bem sedimentada. Mas a solidez pode, por vezes, ofuscar a visão do que está por vir. Tínhamos nas mãos um desafio maior do que a nossa própria sombra. Diria até que a nossa sombra nos persegue, mas é irrelevante.

“E quantas vezes foi necessário descalçar essa sombra para voar — voar longe, voar rápido, voar juntos — em busca daquilo que os nossos Estudantes procuravam: soluções e oportunidades.”

Soluções face aos problemas diários enfrentados por cada Estudante — fossem eles de natureza pedagógica ou decorrentes das exigências da vida académica em Coimbra. Oportunidades que dessem resposta a desejos académicos, desportivos, culturais e sociais, sem esquecer os de caráter cívico e de nobres propósitos. E foi nesse caminho, movidos por essa missão, que transformámos intenções em ação.

“Fizemos história num projeto que já tem história. E, ainda assim, há sempre mais por fazer.”

Neste mandato, quisemos ir além do expectável.

Demos vida ao Voluntariado Internacional. Abrimos Coimbra ao mundo e trouxemos o mundo para dentro do NEF/AAC. Estreitámos laços com estruturas nacionais e internacionais, promovemos o intercâmbio de ideias e construímos pontes que, esperamos, perdurem muito para além de nós.

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Na Formação, reinventámos. Inovamos a nossa maior atividade de âmbito formativo, o XVIII Congresso Científico, com um olhar posto no futuro e nas competências que se exigem a quem será, em breve, profissional de Saúde, através de um concurso de pósteres científicos. Na Pedagogia, estivemos atentos, presentes e interventivos. Reforçámos o diálogo com os órgãos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) e criámos, através da rubrica “Let’s Talk, PhD?”, uma ponte entre gerações de conhecimento, dando palco aos Estudantes de Doutoramento e, com eles, inspirando os que estão ainda a começar.

Aos 36 dirigentes que caminharam comigo, deixo uma palavra de admiração e gratidão. A cor roxa que carregamos ao peito é um pacto com o Estudante, com a nossa Faculdade, com a Academia.

Aos nossos Estudantes — a nossa razão de ser — o nosso muito obrigado. Obrigado por confiarem, por participarem, por desafiarem. Vocês são a razão de tudo isto e é por vocês que crescemos cada vez mais.

Este ciclo encerra-se, mas o sentimento permanece. Levo comigo a honra de ter servido esta Instituição, a emoção de cada conquista partilhada e a certeza de que crescemos juntos — enquanto Núcleo, enquanto Estrutura e enquanto pessoas.

Se, ao início, vos pedi que se atrevessem a viver, hoje reforço esse convite. A Academia é um lugar de passagem, sim, mas também de transformação. Vivam-na sem reservas, por inteiro, com tudo o que isso implica.

A A c a d e m i a é f e i ta d e q u e m a v i v e . E n ó s v i v e m o - l a at é a o ú lt i m o s e g u n d o .

Por tudo e por tanto, Até sempre , NEF/A AC.

VII SEMANA DA BIOMÉDICA POR BEATRIZ BENTO Nos dias 8, 9 e 10 de abril teve lugar a VII Semana da Biomédica, um evento organizado pela Comissão de Curso da Licenciatura em Farmácia Biomédica (LFB), com a orientação científica dos Coordenadores do Curso, Professor Doutor António Ribeiro e Professora Doutora Margarida Castel-Branco. Embora centrada na Licenciatura em Farmácia Biomédica, esta iniciativa assume relevância para toda a comunidade académica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, dada a atualidade e inovação dos temas científicos abordados. O tema em destaque nesta edição foi “Vacinas de Nova Geração”.

Contámos com a participação, enquanto oradores, da Professora Doutora Olga Borges, do Professor Doutor Pedro Madureira e da Professora Doutora Dina Pereira, reconhecidos investigadores na área das vacinas.

A sessão de abertura foi conduzida pela Presidente da Comissão de Curso de LFB, Daniela Henriques, contando com as intervenções da Presidente do NEF/AAC, Raquel Pires, do Coordenador de Curso, Professor Doutor António Ribeiro, e do Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Professor Doutor Fernando Ramos.

A primeira palestra, intitulada “Vacinas de DNA para Administração Intranasal”, foi dinamizada pela Professora Doutora Olga Borges. Seguiu-se a intervenção do Professor Doutor Pedro Madureira, que apresentou o tema “Imunoterapia na Vacinação”.

A última palestra teve como foco “Combater o SARS-CoV-2 com Vetores Virais”, proferida pela Professora Doutora Dina Pereira.

O segundo dia foi dedicado à apresentação de Mestrados da Faculdade de Farmácia e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, com a participação de diversos docentes responsáveis pelos respetivos cursos.

No mesmo dia, teve lugar uma mesa-redonda moderada por Leonel Guerra, representante do 3º ano da Licenciatura em Farmácia Biomédica, que contou com a participação dos antigos Estudantes Marta Cordeiro, Dinis Pires e Diogo Pedroso — todos atualmente a frequentar programas de Doutoramento, com percursos académicos e profissionais distintos em diferentes áreas. Este momento proporcionou uma partilha enriquecedora de experiências académicas e profissionais, contribuindo para uma visão mais alargada das saídas possíveis após a conclusão da licenciatura.

O terceiro e último dia da VII Semana da Biomédica contou com uma atividade inovadora: uma visita dos Estudantes do 3º ano da Licenciatura em Farmácia Biomédica às instalações da empresa Bluepharma, localizadas em São Martinho do Bispo.

A Comissão Organizadora considera esta edição um verdadeiro sucesso, não só pela excelência dos palestrantes e pela atualidade dos temas abordados, mas também pelo crescente envolvimento da comunidade Estudantil, cada vez mais motivada na procura de conhecimento científico de elevada qualidade.

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O “V Twin net ” e m Hradec Králové e Praga por maria bonito Entre os dias 12 e 17 de março de 2025, um grupo de Estudantes da nossa Faculdade teve a oportunidade de participar no programa Twinnet, uma experiência de intercâmbio com a Spolek Českých Studentů Farmacie, Associação de Estudantes de Hradec Králové, na República Checa.

Durante cinco dias, os participantes mergulharam no ambiente académico e cultural do país, explorando desde a formação Farmacêutica local até aos marcos históricos mais icónicos de Praga.

Os primeiros três dias foram passados em Hradec Králové, uma cidade Universitária vibrante, onde os Estudantes visitaram a Faculdade de Farmácia, exploraram o seu Jardim Botânico e a sua estufa e participaram num workshop de soft skills. Além da vertente académica, houve ainda tempo para conhecer o centro histórico da cidade e desfrutar de momentos de convívio, como a noite de pizza e bowling.

O terceiro dia foi marcado por uma visita à Müller Pharma, uma das maiores indústrias Farmacêuticas do país.

Durante a visita, os Estudantes puderam conhecer os processos de fabrico e controlo de qualidade dos medicamentos, uma experiência enriquecedora para quem se prepara para ingressar no setor. A tarde foi passada na cidade de Pardubice, onde houve tempo para explorar o centro histórico e desfrutar da gastronomia local.

Nos últimos dois dias, a capital checa, Praga, foi o destino. Com um roteiro bem planeado, o grupo visitou os locais mais emblemáticos, como a Charles Bridge, o Orloj e a Praça da Cidade Velha. Além das visitas guiadas, os participantes tiveram a oportunidade de explorar o lado mais místico da cidade, conhecendo o Museum of Alchemists and Magicians of Old Prague e desfrutando de um jantar de despedida.

O Twinnet proporcionou não só uma experiência de aprendizagem, mas também a criação de novas amizades e memórias inesquecíveis.

A troca de conhecimentos e a imersão cultural tornaram esta viagem um marco na vida académica dos participantes, reforçando a importância dos programas de mobilidade Estudantil na formação de futuros profissionais.

Farmácia Piloto No passado dia 25 de fevereiro, o pelouro da Formação do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), em parceria com a Professora Doutora Victoria Bell, organizou a III Edição da Farmácia Piloto, uma atividade que pretende aproximar os Estudantes, essencialmente do 3º ano do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, à realidade da Farmácia Comunitária.

Esta atividade contou com uma sessão de Formação em Comunicação em Saúde, ministrada pela Dra. Cláudia Malafaia e pela Dra. Micaela Gonçalves, profissionais reconhecidas na área, enquanto representantes da Glintt. Posteriormente, realizou-se uma formação dedicada ao SiFarma, um dos softwares de gestão mais utilizados no setor Farmacêutico, que desempenha um papel essencial na organização e funcionamento das Farmácias Comunitárias.

Durante a tarde, teve lugar uma palestra dedicada à Implementação de Serviços Farmacêuticos, conduzida pela Dra. Catarina Dias. Para complementar o conhecimento adquirido ao longo destas sessões, foram ainda desenvolvidos vários casos práticos, permitindo aos participantes uma melhor compreensão da utilização do SiFarma e da implementação de serviços Farmacêuticos no contexto simulado de Farmácia.

Maria Gonçalves, aluna do 3º ano, considera que esta atividade foi “uma experiência muito enriquecedora devido à sua componente prática”. Os participantes reforçam a importância de aprender a trabalhar com o SiFarma, sendo crucial e uma mais-valia para o Estágio de Verão Extracurricular que os espera.

A atividade teve início às 9 horas e por volta das 18 horas, o pelouro da Formação procedeu à sessão de encerramento, onde reforçou o grande apoio logístico e educacional da Professora Doutora Victoria Bell, docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC).

Esta atividade apresenta-se como um primeiro contacto com a realidade da Farmácia Comunitária para muitos Estudantes, preparando-os para o futuro próximo e para a sua primeira experiência profissional.

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POR MATILDE CAMPOS

XVIII CONGRESSO CIENTÍFICO DO NEF/AAC

Nos dias 20 e 21 de março, realizou-se o tão aguardado e memorável Congresso Científico, promovido pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A edição deste ano destacou-se pela escolha de um tema de extrema relevância e atualidade: a microbiota, sob o título “A Microbiota Humana: O Elo entre Saúde e Doença”.

Ao longo dos dois dias de evento, a Faculdade de Posteriormente, decorreram duas apresentações Farmácia acolheu diversos oradores com vasta ex- de pósteres científicos: periência na área da investigação, que abordaram • O primeiro, apresentado pela Doutoranda Inês Faria Mó, analisou o uso inadequado de antibitemáticas fundamentais no âmbito da microbiota. óticos nas regiões Norte e Centro de Portugal, As suas intervenções proporcionaram uma valiosa com base num questionário aplicado à populatroca de conhecimento entre os especialistas convição, alertando para os riscos associados à sua dados e o público presente. utilização incorreta.

A sessão de abertura contou com a presença do • O segundo, apresentado pelo Doutorando Francisco Branco, versou sobre um modelo inovador Pró Reitor da Reitoria da Universidade de Coimbra, de bioimpressão da barreira hematoencefálica Professor Doutor Paulo Peixoto, do Diretor da Fain vitro, bem como sobre o microambiente tuculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, moral associado ao glioblastoma.

Professor Doutor Fernando Ramos, do Professor Doutor João Laranjinha, da Professora Doutora Bárbara Rocha, do Presidente da Direção Geral da De volta ao auditório central, teve lugar a Sessão Associação Académica de Coimbra, Carlos Maga- Plenária I, intitulada “Nutrição, Dieta e Modulação lhães e da Presidente do NEF/AAC, Raquel Pires, da Microbiota”, na qual a Professora Doutora Cláuque enalteceram, com entusiasmo, a realização de dia Marques explorou a influência da dieta na modulação da microbiota intestinal. mais uma edição deste importante Congresso.

Seguiu-se o Painel I, intitulado “Microbiota Huma- Seguiram-se mais apresentações de pósteres cienna: Conceitos Básicos e Importância”, apresentado tíficos: pelas Professoras Doutoras Ana Faria e Ana Sousa, • A Doutoranda Joana Cunha destacou o potencial dos lipossomas híbridos (HLs) como tecnoque introduziram os principais conceitos e a relelogia promissora no diagnóstico e tratamento vância da microbiota na saúde humana. de várias doenças.

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O Painel II, subordinado ao tema “Microbiota e Sistema Imunológico”, contou com a participação da Professora Doutora Amélia Sarmento, da Doutora Joana Gaifem e da Doutora Liliana Dinis.

Foram discutidos tópicos como o papel da microbiota na regulação do sistema imunitário, a relevância dos glicanos nesta interação e a ligação entre imunidade intestinal e doenças inflamatórias intestinais.

O dia encerrou com o Painel III: “Microbiota Cutânea”, onde as Professoras Doutoras Margarida Gonçalo, Teresa Gonçalves e Catarina Rosado abordaram temas interligados, desde doenças inflamatórias da pele, com forte ligação ao sistema imunitário, até às perspetivas futuras da cosmética, com destaque para a utilização de probióticos e os benefícios daí decorrentes.

No final do primeiro dia, foi anunciado o vencedor do Concurso de Pósteres Científicos, sendo atribuída a distinção à Doutoranda Inês Faria Mó, conforme decisão da comissão avaliadora.

O segundo dia do Congresso abriu com uma nova abordagem temática, focada no impacto da microbiota na saúde mental, sob o mote “Eixo Intestino-Cérebro”. O Painel IV contou com a participação do Professor Doutor Nuno Empadinhas.

Seguiu-se a intervenção da Professora Doutora Sandra Morais Cardoso, que aprofundou o papel do eixo intestino-cérebro na modulação de doenças mentais, com especial destaque para os padrões de disbiose frequentemente associados a estas patologias, incluindo o autismo.

A Doutora Susana Nobre abordou a influência da microbiota na saúde infantil em termos mais gerais, bem como estratégias práticas de intervenção para lidar com desequilíbrios microbianos nesta faixa etária.

Seguiu-se a segunda Sessão Plenária, sob o tema “A Atualidade e o Futuro da Farmácia Comunitária”. As intervenientes, Dra. Maria Mendes e Doutora Lúcia Santos, partilharam visões sobre formas de reforçar os serviços Farmacêuticos e sobre o papel do esforço individual na consolidação de um coletivo profissional mais coeso e inovador.

O último painel do Congresso, Painel VI, intitulado “Perspetiva Clínica da Microbiota”, iniciou-se com a intervenção do Professor Doutor Miguel Araújo Abreu, que alertou para a importância da utilização consciente de antimicrobianos e para a problemática crescente das resistências, uma das principais ameaças à Saúde Pública no contexto da abordagem “One Health”.

A Professora Mestre Maria João Campos centrou a sua intervenção nos pré e probióticos, apresentando recomendações práticas para o seu aconselhamento e dispensa no contexto da Farmácia Comunitária.

O Congresso foi encerrado com uma mesa-redonda que contou com a participação da Dra. Ema Paulino, da Professora Doutora Maria Teresa Herdeiro, do Dr. Carlos Borges Chaves e do Doutor Nelson Mota de Carvalho.

O debate incidiu sobre a utilização de antibióticos na prática clínica e os desafios emergentes associados ao seu uso excessivo, incluindo a resistência por parte de alguns utentes à adesão terapêutica.

O encerramento do segundo e último dia foi marcado pela atuação do grupo de fados “Inquietação”, que proporcionou um momento de celebração e partilha, encerrando o evento num ambiente de convívio e reconhecimento mútuo.

Diretiva 2005/36/CE do Parlamento Europeu e do Conselho A Diretiva 2005/36/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de setembro de 2005, visa criar um sistema de reconhecimento e regulamentação das qualificações profissionais na União Europeia (UE), através da implementação de um conjunto de regras comuns a todos os Estados-Membros, com o objetivo de harmonizar e facilitar a livre circulação de profissionais qualificados no espaço europeu.

Este enquadramento normativo permite uma prática profissional mais transparente e estandardizada.

A Diretiva Delegada (UE) 2024/782 da Comissão, de 4 de março de 2024, veio alterar a anterior Diretiva 2005/36/CE no que respeita aos requisitos mínimos de formação aplicáveis a várias profissões. Esta atualização introduz novos conceitos e ferramentas com o propósito de acompanhar a evolução científica e tecnológica que se tem verificado em diversas áreas profissionais, incluindo a Farmácia.

Relativamente às qualificações mínimas de formação exigidas aos Farmacêuticos, foram adicionadas quatro alíneas ao nº 3 do artigo 44º, a saber: • Conhecimentos adequados de Farmácia clínica e de cuidados Farmacêuticos, bem como competências para a sua aplicação prática; • Conhecimentos e competências adequados em matéria de Saúde Pública e respetivas implicações na promoção da saúde e na gestão de doenças; • Conhecimentos e competências adequados em colaboração interdisciplinar e multidisciplinar, prática interprofissional e comunicação; • Conhecimentos adequados de tecnologias da informação, bem como competências digitais e sua aplicação prática.

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Para garantir a conformidade com o artigo 44º da Diretiva, foram também introduzidas novas componentes que deverão constar nos planos de estudos das Instituições de Ensino Superior (IES) que lecionam o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Estas componentes incluem: • Genética e Farmacogenómica; • Imunologia; • Farmácia Clínica; • Cuidados Farmacêuticos; • Farmácia Social; • Saúde Pública, incluindo Epidemiologia; • Prática Farmacêutica; • Farmacoeconomia.

A implementação desta nova Diretiva possibilita uma revisão e reestruturação dos planos curriculares do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, permitindo as IES acompanharem os avanços científicos, tecnológicos e sociais que se têm verificado na área da Farmácia nos últimos anos.

Pelouro da Pedagogia

POR JOANA SOUSA

O Dia da Mulher celebra-se a 8 de março, mas, ainda no século XXI, a sua relevância continua a ser questionada

Esta data assinala as lutas históricas pelos direitos que, hoje, tendemos a considerar garantidos — pelo menos no nosso país — como o direito ao voto ou o acesso ao Ensino Superior. Contudo, continuam a existir inúmeros direitos pelos quais nós, mulheres, precisamos de lutar.

adenomiose passam a ter direito a três dias de faltas justificadas ao trabalho ou às aulas, por mês, sem perda de direitos. Esta medida representa um avanço importante na valorização da saúde feminina e no reconhecimento de condições frequentemente negligenciadas.

O feminismo, frequentemente interpretado de forma errada como uma tentativa de superioridade das mulheres sobre os homens, é, na verdade, uma luta pela igualdade entre géneros em todos os pilares da sociedade: política, justiça, mercado de trabalho e salários. Por essa razão, permanece um conceito essencial nos dias de hoje, especialmente em países onde há uma regressão acentuada dos direitos das mulheres, como é o caso do Afeganistão, onde estas são impedidas até de falar em público.

No entanto, para além dos direitos legais e laborais, é urgente abordar uma questão igualmente crítica: a violência sexual e verbal que continua a afetar mulheres em todo o mundo. Esta forma de violência, muitas vezes invisibilizada ou silenciada, manifesta-se de várias maneiras — desde o assédio nas ruas e nos locais de trabalho, até agressões físicas e verbais — deixando marcas profundas na autoestima e na saúde mental das vítimas.

Em Portugal, embora o direito ao aborto seja já uma conquista, não deve ser tomado como adquirido. Ainda hoje, o Parlamento Português discute propostas de alteração à lei da interrupção voluntária da gravidez, o que demonstra que a autonomia da mulher sobre o seu corpo continua a depender, em parte, de decisões externas, muitas vezes alheias à sua vontade individual.

A expressão My body, my choice (“O meu corpo, a minha escolha”), criada em 1969 por um movimento feminista, defende precisamente esse direito à autodeterminação sobre o próprio corpo — nas escolhas sexuais, matrimoniais e reprodutivas — e permanece, até hoje, um dos lemas mais emblemáticos e relevantes da luta feminista.

Importa também assinalar e celebrar as conquistas já alcançadas. Recentemente, o Governo Português aprovou uma medida significativa: mulheres com endometriose ou

A culpabilização da vítima ainda é uma realidade, dificultando a responsabilização dos agressores e o acesso à justiça. Frases como “ela provocou” ou “a roupa era inapropriada” perpetuam estereótipos perigosos que desvalorizam a gravidade das agressões e transferem a culpa para quem sofreu a violência. É, por isso, fundamental promover a educação para o consentimento e o respeito em todas as formas de relação, sublinhando que qualquer tentativa de manipular ou pressionar alguém para transformar um “não” num “sim” constitui também uma forma de violação.

A luta pela igualdade de género não é responsabilidade exclusiva das mulheres — é uma responsabilidade coletiva. O silêncio, a indiferença ou a conivência com discursos e comportamentos machistas alimentam a desigualdade e perpetuam a violência. O feminismo não é um “capricho”; é uma necessidade social e humana.

Que todos os dias 8 de março sirvam, não apenas para comemorar, mas, acima de tudo, para reforçar o compromisso da sociedade com a igualdade, a justiça e o respeito.

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Na Sombra de

Ana Fortuna PROFESSORA AUXILIAR NA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

NA SOMBRA DE O Pilão: Sempre manifestou interesse em realizar um Doutoramento?

Ana: Vou ser muito honesta: quando entrei na Universidade, acho que nem sabia o que era o Doutoramento. Só mais tarde percebi o que implicava e que os Professores Universitários são obrigatoriamente Doutorados para poderem integrar o Ensino Superior. Para além disso, a Carreira Docente inclui uma forte componente de investigação e isso foi, para mim, um verdadeiro sonho, pois permitia-me partilhar conhecimento e, simultaneamente, fazer investigação científica.

Sempre fui (e sou) organizada e empenhada, e, por isso, o trabalho exigente de um Doutoramento nunca me assustou. Tive várias propostas em diferentes áreas das Ciências Farmacêuticas, mas a Farmacologia sempre foi a minha área de eleição.

O meu interesse em realizar um Doutoramento surgiu, assim, da combinação do sonho de ser Professora e investigadora, a consciência do esforço e dedicação necessários, e a vontade de não fechar portas às oportunidades que a vida académica me foi oferecendo. O Doutoramento não foi um fim em si mesmo, mas um meio para me preparar para uma sociedade cada vez mais exigente e em constante evolução.

O.P: Durante o seu Doutoramento, qual foi o maior desafio?

AF: Conseguir lidar com o facto de não poder controlar os resultados e, com isso, aprender a gerir a frustração sem perder a motivação.

Na investigação, há muitos resultados expectáveis (pelo menos de acordo com as nossas hipóteses), mas que, infelizmente, nem sempre são observados. Inicialmente, 18

isso levou-me a ter falta de confiança em mim própria e no que estava a fazer. Mas aprendi e aceitei que os resultados são o que são. Cabe-nos interpretá-los, justifica-los, reformular hipóteses e complementar com outras metodologias.

Essa aprendizagem fez-me crescer, como investigadora e como pessoa. Deu-me ferramentas para aceitar o erro, para me adaptar com resiliência, e para perceber que o valor da investigação está tanto nas respostas como nas perguntas formuladas.

O.P: Como foi o percurso desde a Licenciatura até ao reconhecimento como uma das cientistas mais citadas do mundo? Há algum momento que considere o mais marcante?

AF: Foi um percurso longo, exigente (por vezes até desmotivante), mas sempre vivido com profissionalismo, honestidade, espírito colaborativo e, felizmente, com muito entusiasmo e alegria.

A defesa do Doutoramento foi, naturalmente, um dos marcos mais importantes: representou o culminar de muitos anos de esforço e o início de uma nova etapa profissional.

Enquanto docente e investigadora, diria que o momento mais marcante foi a aprovação do meu primeiro projeto de investigação para financiamento. Estes concursos são altamente competitivos e com baixas taxas de sucesso, por isso, esta conquista teve um significado muito especial.

Mais do que a validação do meu trabalho, foi a oportunidade de crescer cientificamente, de construir uma equipa forte e multidisciplinar, e de contribuir para a formação de novos investigadores.

Perceber que o nosso trabalho gera impacto, forma pessoas e abre novos caminhos é, para mim, a verdadeira recompensa deste percurso.

NA SOMBRA DE O.P: Desde 2011 que é Professora na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. O que a motivou para o Ensino? Qual acredita ser o maior obstáculo?

AF: O gosto pelo Ensino nasceu comigo. Não sei explicar porquê, pois não tenho Professores na família. Mas sempre senti um enorme prazer em partilhar conhecimento. O gosto pelo laboratório nasceu no secundário quando conheci pipetas, buretas, tubos de ensaio… Juntar o laboratório ao Ensino foi, desde cedo, um sonho que, com dedicação e trabalho, se tornou realidade.

Adoro ensinar. Adoro aprender. Quanto mais sei, mais gosto de partilhar. Poder acompanhar os Estudantes nesta dinâmica enche-me de orgulho e é das maiores fontes de motivação no meu dia-a-dia.

Mas acredito que é precisamente nestes momentos que tenho de reafirmar a minha missão: ser ponte, ser exemplo, e nunca desistir de criar espaços de verdadeiro diálogo, curiosidade e aprendizagem.

Acredito que, ao conseguir despertar interesse e motivação nesta sociedade “tão acelerada”, não estou apenas a ensinar conteúdos: estou, espero, a contribuir para inspirar futuros bons profissionais e bons cidadãos. E isso é, para mim, um privilégio imenso!

O.P: Se pudesse dizer uma coisa à Estudante de Ciências Farmacêuticas “Ana Fortuna”, o que lhe diria, nomeadamente como futura profissional na academia?

AF: Aproveita tudo ao máximo! A vida de Estudante é MESMO a melhor fase! Com respeito, companheirismo, tolerância e aceitabilidade, aprende e sê FELIZ!

Os obstáculos vão variando. No início da minha carreira de docente, era a preparação intensa de aulas e a insegurança natural de quem O tempo dá para tudo na vossa idade. Eu, por começa; com a pandemia de Covid-19, a tran- exemplo, não falhei uma Praxe, uma Latasição para ensino online. da, uma Queima ou um Convívio no Palácio dos Melos. Fui caloira, caloira infiltrada, Hoje, para mim, o desafio é ga- madrinha e até fiz o rasganço. Foi rara a aula rantir equidade: chegar a todos, (teórica inclusive) que faltei. O truque? ORadaptar métodos e conteúdos a uma GANIZAÇÃO e VONTADE. realidade cada vez mais diversa e exigente - sim, estimados Estudantes, vocês são, feliz- O.P: Como é ser uma investigadora tão atimente, muito exigentes! va em projetos europeus e nacionais? Alguma colaboração internacional que a tenha Manter os Estudantes motivados num mundo marcado? de estímulos constantes e imediatos é, sem AF: É um privilégio e uma grande dúvida, um dos maiores desafios atuais. Vive- responsabilidade. Estar envolvida em projemos numa era em que a atenção é disputada tos europeus e nacionais oferece oportunia cada segundo pelos ecrãs, e onde a exigên- dades únicas de crescimento, de partilha cia — por vezes imediatista — é enorme. É científica e humana. Permitem-nos sair da um público exigente, curioso, mas também nossa bolha, conhecer novas realidades e impaciente, que nos obriga a reinventar con- aprender com outras formas de fazer ciêntinuamente o modo como ensinamos. Nem cia. Tenho duas colaborações que me marsempre é fácil; é trabalhoso e desafiante, cam muito: uma com a Universidade de quer enquanto Professora, quer enquanto Parma e outra com a Universidade de Barcepessoa. lona, na área da administração intranasal de

NA SOMBRA DE fármacos, doenças neurodegenerativas e Contudo, continuo ainda à procura da resmodelação farmacocinética. A complemen- posta certa a este segredo! Se alguém o soutaridade científica é notável, e os frutos des- ber, por favor, partilhe comigo. tas parcerias começam a surgir, o que é muito gratificante. Espero, sinceramente, que es- O.P: Como avalia o futuro dos canabinóides tas ligações se mantenham e se fortaleçam, no tratamento da Doença de Alzheimer, porque a boa ciência faz-se também de boas tendo em conta a sua pesquisa?

AF:Esta investigação ainda está em curso, pessoas e de boas equipas. não posso adiantar muito...

O.P: Qual é o segredo para manter uma Não tenho dúvidas do potencial terapêucarreira tão diversificada e ao mesmo tem- tico dos canabinóides. No entanto, como po conseguir tempo para os seus interesses qualquer fármaco, se não forem administrados à pessoa certa, na dose certa e no mopessoais?

AF: Partilho algumas estratégias que adquiri mento certo, podem ter efeitos graves e até fatais. ao longo dos anos: 1. Organização e apontar tudo nas 3 agendas Neste momento, conhecemos apenas a ponta do icebergue: muito está ainda por invesque tenho!

2. Acordar bem cedo! Assim, aproveito tigar e as certezas científicas são escassas. para correr ou ir ao ginásio antes de levar Preocupa-me o fácil acesso a produtos à base as minhas filhas à escola. Este tempo para da planta da Canábis e a falta de literacia da mim é essencial para manter o equilíbrio e população em geral sobre este tema.

Cabe-nos, enquanto profissionais de saúde um bom humor.

3. Preparação atempadamente - não funcio- e investigadores — e a vocês, Estudantes da no bem sob pressão. Preparo as aulas com, FFUC — acompanhar a evolução do conhecipelo menos, uma semana de antecedência, mento nesta área e garantir que o uso destes e quando são aulas novas, aproveito o tem- produtos seja sempre seguro, informado e po das férias para as estruturar com calma. justificado.

Quando há submissão de projetos ou entregas de relatórios com deadlines que sabe- O.P: Entre os diversos prémios e reconhecmos que são inadiáveis, começo a delinear imentos recebidos, há algum que tenha um tudo com muitas semanas de antecedência. significado especial para si?

Inevitavelmente, os fins-de-semana e alguns AF: Todos são especiais, porque têm uma história e um conjunto de pessoas fantástidias de férias são passados a trabalhar.

4. Trabalho em equipa. Conciliar o ensino cas. Mas, sem dúvida, o Prémio de Inovação com o trabalho de laboratório é, sem dúvida, J. Norberto Pires foi particularmente mardesafiante. Há dias em que estou o dia todo cante. Atribuído em 2023, reconheceu um no laboratório, outros em que não ponho lá conjunto de trabalhos numa área que saía os pés. Felizmente, trabalho numa equipa de completamente da minha zona de conforto: investigação extraordinária, onde o espírito criação de modelos farmacocinéticos popude entreajuda e colaboração prevalecem. lacionais que são utilizados na prática clínica Investigadores, como a Professora Joana para individualização posológica de fármaBicker, são verdadeiros braços direitos e tor- cos. Mais do que um reconhecimento científnam tudo possível. E, claro, a minha família é ico, este prémio abriu portas para a verdao meu pilar e o apoio incondicional deles faz deira integração destes modelos na prática clínica, contribuindo diretamente para a toda a diferença.

NA SOMBRA DE melhoria do estado de saúde dos doentes — e isso é, para mim, o maior reconhecimento possível.

OP: Mudando um pouco a dinâmica desta entrevista, gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas de resposta rápida.

O.P: Que conselhos daria aos jovens que desejam seguir uma carreira científica em Portugal?

Uma cidade?

Easy one: Coimbra.

Acreditem. Nunca pensem que é impossível.

Não subestimem as vossas competências.

Procurem, desde cedo, integrar equipas de investigação durante a vossa formação. Vivam a realidade da ciência, os sucessos e os desafios, porque é nela que está a oportunidade de crescerem e conhecerem verdadeiramente esta carreira.

Vocês integram uma geração muito proativa e lutadora pelos seus direitos, usem essas capacidades para integrar equipas multidisciplinares e fortalecer uma ciência cada vez mais reconhecida, justa e próxima da sociedade.

Que cada passo que derem no vosso percurso científico seja feito com paixão, integridade e, acima de tudo, alegria. Ser feliz no que fazemos é a chave para deixarmos uma marca positiva naqueles que nos rodeiam.

Plano ideal para o fim de semana?

Não fazer nada e disfrutar de sítios novos com a minha família.

Hobby?

Corrida e desporto.

Uma frase que o identifique?

“Know all the theories, master all the techniques, but as you touch a human soul, be just another human soul.” - Carl Jung Pessoa que tenha marcado o seu percurso?

As minhas Professoras de Química e de Técnicas de Laboratório de Química do Ensino Secundário. Na minha altura, não havia as ofertas que existem atualmente (Dia Aberto, Universidade de Verão, entre outros), por isso, como estas Professoras eram Farmacêuticas, foi com elas que percebi que Ciências Farmacêuticas ia para além da Farmácia de Oficina. Se não fossem elas, hoje, muito provavelmente, não estaria nesta casa e não seria Farmacêutica.

Cor preferida?

Vermelho.

A verdadeira conquista não é apenas o que fazemos, mas como nos sentimos a fazê-lo.

Um objetivo profissional para o futuro?

Nunca perder o gosto e a motivação pelo Ensino e investigação Farmacêutica. Adoro o que faço, dedico-me a 100% e não me quero imaginar sem esta oportunidade.

Nunca percam o brilho do vosso olhar.

“Façam o favor de ser FELIZES!”

Um objetivo pessoal para o futuro?

Aprender uma língua nova.

Local favorito para sair à noite, enquanto Estudante?

Bigorna.

Entre os dias 6 e 14 de fevereiro, um grupo de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra teve a oportunidade de participar no programa de voluntariado internacional From NEF To YOU- Connecting Worlds, em São Vicente, Cabo Verde, dinamizado pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra.

Este projeto inovador permitiu conciliar formação, desenvolvimento pessoal e intercâmbio cultural. Durante este período, estivemos presentes em escolas, lares e associações locais, onde foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso e transmiti-los de forma dinâmica e adaptada ao público-alvo de cada sessão. Além disso, o facto de pertencermos a diferentes anos e cursos revelou-se uma mais-valia, permitindo a partilha e cruzamento de saberes, enriquecendo a experiência de aprendizagem de todas as Participantes.

As formações constituíram um dos eixos centrais da nossa intervenção, possibilitando a exploração de temáticas como a higiene oral, educação sexual, maternidade e automedicação.

Junto das faixas etárias mais jovens, a abordagem ao tema da higiene oral foi realizada através de dinâmicas interativas — como música, jogos e outras atividades lúdicas — tornando o processo de aprendizagem mais envolvente e eficaz. Já nas ações formativas dirigidas a outros grupos etários, houve espaço não só para a transmissão de conhecimento, mas também para a partilha de experiências e conselhos práticos, contribuindo para um momento formativo mais rico e bidirecional.

Como tantas vezes se diz, “levamos muito, mas trazemos ainda mais do que levamos”, e a nossa experiência não foi exceção. Cada uma de nós regressou com memórias e vivências marcantes, não apenas pelo que foi aprendido, mas também pelas pessoas extraordinárias que conhecemos, pelos laços criados e pelos momentos únicos que partilhámos.

Agradecemos, de forma especial, ao Volunturismo e a toda a sua equipa — Nídia, Melissa, Márcia, Éder, Stephen, Diana e Miguel — pela calorosa receção e por terem feito da ilha a nossa casa durante aqueles dias

Potencial das Algas e Plantas Costeiras no Combate à Resistência a Antibióticos O mundo atual enfrenta um desafio crescente com a resistência antimicrobiana, nomeadamente as bactérias multirresistentes.

Resistência antimicrobiana é a capacidade de um microrganismo, como bactérias, vírus, fungos ou protozoários, resistir aos efeitos de um composto que anteriormente era eficaz no tratamento de infeções por este causadas, colocando em risco a Saúde Pública e a eficácia dos tratamentos médicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a resistência antimicrobiana é diretamente responsável por cerca de 1,27 milhões de mortes e está associada a quase 5 milhões de óbitos por ano em todo o mundo. As projeções indicam que, sem ações efetivas, o número de mortes anuais associadas pode chegar a 10 milhões até 2050, destacando a urgência de investir em medidas como o desenvolvimento de novos antibióticos eficazes e seguros e o controlo rigoroso da sua utilização.

Com vista à descoberta e desenvolvimento de novos fármacos, continuam a surgir projetos sobre o potencial antimicrobiano de macroalgas e plantas halófitas de regiões costeiras de todo o globo, como o “Exploiting the Power of Portuguese Macroalgae and Halophytes: A Promising Approach to Tackle Antibiotic Resistance” da colaboração entre a Fundação FAM e a Universidade de Coimbra. Estes conjuntos de seres vivos surgem, assim, como fontes promissoras de compostos bioativos com propriedades antimicrobianas. Uma vez adaptados a ambientes salinos e extremos, em áreas costeiras, estes desenvolveram mecanismos únicos que conduzem à produção de uma rica diversidade de metabolitos secundários com diversas atividades biológicas, incluindo a capacidade de inibir o crescimento de agentes patogénicos, ou seja, atividade antimicrobiana.

Existem já vários compostos que foram isolados a partir destes grupos de seres vivos que apresentam potencial para combater a multirresistência, sendo alguns exemplos: • Fucoxantina: um carotenoide com atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, como Staphylococcus aureus e Escherichia coli; • Fucofloretoide: um sulfolípido que apresenta propriedades antifúngicas e antibacterianas, de eficácia contra Candida albicans e Aspergillus fumigatus; • Loliolida: um composto derivado de ácidos gordos com atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, além de inibir a formação de biofilmes; • Ácido eicosapentaenoico (EPA): um ácido gordo com propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, que atua contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.

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A utilização de plantas halófitas e macroalgas como possível origem destes compostos apresenta ainda um baixo impacto ambiental, já que estas são uma fonte renovável e sustentável. As plantas halófitas podem ser cultivadas em terras marginais e salinas, não adequadas para a agricultura convencional, utilizando água salobra ou mesmo água do mar, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos de água doce. Já as macroalgas são cultivadas em ambientes marinhos, onde desempenham um importante papel na absorção de dióxido de carbono e produção de oxigénio.

Em suma, A resistência antimicrobiana representa uma das mais graves ameaças à saúde global, exigindo abordagens inovadoras e sustentáveis para o desenvolvimento de novos tratamentos. As macroalgas e plantas halófitas mostram-se promissoras para a descoberta de novos compostos bioativos com propriedades antimicrobianas. A exploração responsável desses recursos, aliada a políticas de vigilância e uso adequado de antibióticos, pode desempenhar um papel fundamental no combate a esta crise.

O investimento em investigação e inovação tecnológica é essencial para superar esta ameaça, assegurando tratamentos eficazes para a população.

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Viver em Sabedoria: Uma Partilha de Gerações Pelouro de Intervenção Cívica e Social No âmbito deste projeto, tivemos a oportunidade de partilhar momentos verdadeiramente especiais com os nossos queridos idosos. Esta experiência revelou-nos a importância de escutar, acolher e aprender com aqueles que, ao longo da vida, acumularam tanta sabedoria e têm tanto a ensinar. A atividade foi marcada por muita interação, aprendizagem e troca de experiências, sublinhando o valor do convívio social e o respeito pelas histórias de vida que cada um carrega.

Ao longo das dinâmicas propostas, procurámos estimular a memória, a criatividade e o bem-estar emocional dos participantes. Incentivámos o diálogo, permitindo que cada idoso partilhasse um pouco da sua trajetória, fortalecendo laços e resgatando memórias afetivas.

Uma das experiências mais marcantes foi a participação num bingo muito especial: adaptado para incluir perguntas sobre saúde. Esta abordagem inovadora tornou o momento de aprendizagem mais leve e divertido, ao mesmo tempo que promoveu a partilha de conhecimentos e histórias de vida entre os participantes. Esta atividade deixou-nos uma forte impressão, reforçando a certeza de que pequenas ações podem ter um impacto profundo e duradouro.

Consideramos esta iniciativa profundamente enriquecedora e acreditamos que todos aqueles que tiverem a oportunidade deveriam vivê-la. Estamos ansiosas pela próxima atividade, certos de que momentos assim fazem toda a diferença na vida de quem dá e de quem recebe.

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I I Fa r m á c i a dos Pequeni tos Uma viagem ao universo Farmacêutico através dos olhos das crianças Entre os dias 25 e 28 de março de 2025, o Exploratório – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra acolheu a segunda edição da Farmácia dos Pequenitos, uma iniciativa promovida pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra. Esta ação aliou ciência, educação e cidadania, proporcionando uma experiência única e memorável. Com mais de 300 crianças participantes, a edição deste ano teve como principal objetivo aproximar os mais novos da profissão Farmacêutica, promovendo, desde cedo, a educação para a saúde e o conhecimento sobre o setor.

Apesar do contacto quotidiano com medicamentos, muitas crianças desconhecem o papel fundamental que o Farmacêutico desempenha ao longo de todo o circuito do medicamento. Neste contexto, a atividade assumiu a missão de dar a conhecer e desmistificar a profissão Farmacêutica, evidenciando a diversidade de funções exercidas e a relevância do seu contributo para a Saúde Pública.

Ao longo da iniciativa, os participantes percorreram cinco estações temáticas: Investigação, Indústria Farmacêutica, Controlo de Qualidade, Distribuição e Farmácia Comunitária. Em cada uma, as crianças tiveram oportunidade de experimentar, explorar e aprender através de atividades interativas, cuidadosamente planeadas e dinamizadas por Estudantes voluntários, com linguagem e materiais adaptados à respetiva faixa etária.

O feedback proveniente das escolas participantes e dos próprios Estudantes voluntários foi extremamente positivo. As instituições de ensino destacaram a qualidade da organização, a forte componente educativa da atividade e o entusiasmo demonstrado pelas crianças ao longo do percurso. Por sua vez, os Estudantes envolvidos referiram sentir grande satisfação por poderem contribuir ativamente para a valorização da profissão Farmacêutica e para o fortalecimento do vínculo entre a Universidade e a comunidade, numa experiência considerada marcante e enriquecedora sob múltiplas perspetivas.

A Farmácia dos Pequenitos assume-se, assim, como uma ferramenta de educação e sensibilização na área da saúde, de divulgação científica e de aproximação entre a Universidade e a sociedade. Esta segunda edição veio reforçar o potencial do projeto enquanto exemplo de boa prática, deixando a promessa de que continuará a crescer e a inspirar nos anos vindouros.

Grande Entrevista Com:

Ema Paulino Presidente da Associação Nacional das Farmácias

O Pilão: O que a motivou a seguir uma carreira em Ciências Farmacêuticas?

Ema: Cresci rodeada pelo ambiente das Farmácias, sendo Farmacêutica de terceira geração. Desde cedo, tive contacto com a realidade do sector, pois os meus avós e a minha mãe eram Farmacêuticos.

Acompanhei de perto o impacto positivo que uma Farmácia Comunitária pode ter na vida das pessoas, proporcionando acesso a medicamentos e apoio contínuo à saúde. Essa vivência despertou em mim um grande interesse pela área da saúde e pela relação direta com a população. Acredito que o Farmacêutico desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar e na garantia do uso responsável dos medicamentos. Sempre me senti motivada pela possibilidade de combinar conhecimento técnico e interação humana para fazer a diferença na vida das pessoas.

O.P: O que a levou a querer especializar-se e interessar-se na área de Farmácia Comunitária?

E: Sempre encarei a Farmácia Comunitária como um espaço essencial de proximidade com a população. Desde muito nova, observei o impacto direto que a Farmácia tem na vida das pessoas, tanto no aconselhamento sobre o medicamento como no apoio à gestão da sua saúde. A minha decisão de continuar o meu desenvolvimento profissional nesta área surgiu do desejo de dar continuidade ao legado da minha família, mas também da certeza de que a Farmácia Comunitária desempenha um papel crucial dentro do Sistema de Saúde. Por isso, fiz uma pós-graduação em Farmácia Comunitária na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e envolvi-me em várias Associações Farmacêuticas, Estudantis e, posteriormente, profissionais, para compreender melhor as necessidades do sector e contribuir para o seu desenvolvimento.

O.P: Pode-nos falar sobre como as suas experiências na Harvard Business School moldaram a sua abordagem na liderança e gestão em Farmácias Comunitárias?

E: Acredito que a gestão eficaz de uma Farmácia vai muito além do conhecimento técnico sobre medicamentos. Para garantir a sustentabilidade do setor

Marcos Importantes: • • • •

1999: Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) 2000: Secretária-Geral da European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA) 2001: Licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lisboa 2003: Início da representação portuguesa no Pharmaceutical Group of the European Union (PGEU)

e melhorar a prestação de serviços, é essencial adotar uma abordagem estratégica e baseada na evidência. Com isso em mente, participei no programa executivo “Value Measurement for Health Care” na Harvard Business School. Esta experiência permitiu-me aprofundar o meu conhecimento sobre a medição do valor nos cuidados de saúde, ajudando-me a estruturar melhor a gestão da Farmácia Comunitária e a otimizar o impacto das Farmácias na Saúde Pública.

O.P: Quais os maiores desafios que enfrentou como Presidente da Associação Nacional das Farmácias desde que assumiu o cargo em 2021?

E: Desde que assumi a presidência da ANF, a minha equipa e eu enfrentámos desafios significativos, especialmente no contexto da pandemia de COVID-19. Este foi um período de enormes exigências para as Farmácias Comunitárias, que tiveram de demonstrar a sua resiliência e capacidade de adaptação para responder a uma crise de Saúde Pública sem precedentes. Um dos principais desafios foi garantir o acesso contínuo a medicamentos e manter o funcionamento das Farmácias em segurança, assegurando que as pessoas continuavam a receber os tratamentos de que necessitavam, mesmo em momentos de grande incerteza. Paralelamente, as Farmácias tiveram de expandir rapidamente os serviços prestados, assumindo um papel crucial na realização de testes rápidos de antigénio, no aconselhamento à população sobre medidas preventivas e, mais recentemente, na administração de vacinas contra a COVID-19 e a Gripe.

Outro grande desafio foi a reestruturação do grupo ANF, de forma a promover maior eficiência nos serviços prestados às Farmácias e garantir que as empresas participadas adotavam uma estratégia sustentável e geradora de valor. Esta reestruturação envolveu uma análise aprofundada dos modelos de negócio e o redirecionamento de investimentos para áreas estratégicas. Além destes desafios operacionais e estratégicos, enfrentámos também a necessidade de reforçar o posicionamento das Farmácias dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A crise pandémica demonstrou o quão essenciais as Farmácias são para a Saúde Pública, mas ainda há um caminho a percorrer para garantir que o seu • • • • •

2004: Pós-graduação em Farmácia Comunitária pela FFUL 2005: Início da colaboração com a Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE) 2010: Membro da Direção de Prática Farmacêutica da FIP (FIP BPP) 2012: Conclusão da Pharmacy Leadership Academy (ASHP Foundation) 2013: Eleita Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Farmacêuticos

G R A N D E E N T R E V I S T A

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papel é formalmente reconhecido e devidamente financiado. Defendemos a contratualização de serviços que permitam às Farmácias expandir a sua intervenção, ajudando a reduzir a pressão sobre os cuidados primários e hospitalares, como a intervenção Farmacêutica em situações clínicas ligeiras.

Por fim, acredito que um dos desafios mais importantes foi manter a coesão e a confiança dos Farmacêuticos Comunitários. Trabalhei para reforçar o diálogo com os nossos associados, ouvir as suas preocupações e criar um plano de ação que respondesse às suas necessidades.

No entanto, ainda há desafios pela frente. É necessário consolidar a integração das Farmácias no Serviço Nacional de Saúde, garantindo um financiamento adequado para os serviços prestados. É fundamental encontrar soluções sustentáveis que assegurem a viabilidade económica das Farmácias e permitam a expansão das suas atividades, o que também passa pela capacidade de atrair e reter talento Farmacêutico, bem como garantir o acesso do Farmacêutico ao Registo de Saúde Eletrónico da pessoa, de forma a otimizar o nosso contributo enquanto parte da equipa multidisciplinar.

Hoje, mais do que nunca, estou convicta de que as farmácias comunitárias desempenham um papel insubstituível no sistema de saúde, e a ANF continuará a trabalhar para garantir que esse papel é cada vez mais valorizado e fortalecido.

O.P: Como prevê a valorização do Farmacêutico Comunitário?

E: A valorização do Farmacêutico Comunitário passa, em primeiro lugar, pelo reconhecimento formal do seu papel no Sistema de Saúde e da sua contribuição essencial para a transformação do investimento em medicamentos em resultados efetivos em saúde. Defendo que um dos pilares fundamentais dessa valorização é a implementação de um modelo de remuneração justo e sustentável para os serviços clínicos prestados nas Farmácias Comunitárias. Atualmente, muitas das intervenções que realizamos têm um impacto direto na saúde das pessoas e na eficiência do Sistema de Saúde, mas ainda não são adequadamente reconhecidas ou financiadas. É essencial que o Estado e as entidades de saúde compreendam que investir nos serviços Farmacêuticos não representa um custo, mas sim um investimento em Saúde Pública, capaz de reduzir hospitalizações, melhorar a gestão de doenças crónicas e aliviar a pressão sobre os cuidados primários. Além disso, a integração das Farmácias Comunitárias na rede de cuidados primários deve ser uma prioridade. As Farmácias são frequentemente o primeiro ponto de contacto dos cidadãos com o Sistema de Saúde, sendo acessíveis, próximas e altamente capacitadas para oferecer serviços que vão muito além da dispensa de medicamentos. A administração de vacinas, o rastreio e monitorização de doenças crónicas, o aconselhamento terapêutico e a gestão da polimedicação são algumas áreas onde os Farmacêuticos Comunitários já atuam e podem expandir ainda mais a sua intervenção. Outro fator crucial para a valorização do Farmacêutico Comuni

O.P: Qual foi a maior conquista para as Farmácias e Farmacêuticos comunitários alcançada ao longo do seu mandato enquanto presidente da ANF? Que desafios ainda estão por vir?

E: Uma das nossas maiores conquistas tem sido o reconhecimento das Farmácias como pilares essenciais da Saúde Pública, refletido nas diversas alterações legislativas promovidas tanto pelo anterior Governo como pelo atual. Conseguimos demonstrar que as Farmácias vão muito além do seu papel tradicional e já reconhecido na dispensa de medicamentos, desempenhando um papel crucial na testagem, vacinação e apoio à saúde da população.

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2014: Nomeada “Personalidade Farmacêutica do Ano” – Prémios Almofariz 2015: Participação no programa executivo “Value Measurement for Health Care” (Harvard) 2016: Destacada entre os 100 gestores da nova geração em Portugal (Innovation Circle) 2017: CEO interina da Federação Internacional Farmacêutica (FIP)

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2019: Representa a FIP na 72ª Assembleia Mundial da Saúde (OMS) 2021: Eleita Presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) 2022: Distinguida com o Prémio Carreira da AEFFUL 2020-2022: Presidiu à Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE)

tário é a transformação digital. O acesso aos dados de saúde das pessoas, como histórico terapêutico, estado vacinal e diagnósticos prévios, permitirá que os Farmacêuticos disponibilizem um acompanhamento muito mais personalizado e eficiente. Atualmente, a falta de integração digital entre os diferentes níveis de cuidados de saúde limita a nossa capacidade de atuar de forma mais proativa. É imprescindível um sistema interoperável, onde o Farmacêutico possa consultar e registar informações relevantes, contribuindo ativamente para um seguimento mais estruturado do paciente.

Por fim, acredito que a valorização do Farmacêutico Comunitário será impulsionada pela visibilidade e pelo reconhecimento público. A pandemia de COVID-19 demonstrou que as Farmácias Comunitárias são um pilar essencial na resposta a crises de Saúde Pública, e essa perceção precisa de ser ampliada e consolidada. Quanto mais conseguirmos demonstrar o impacto positivo do nosso trabalho, maior será o apoio da sociedade e das entidades reguladoras para integrar definitivamente os Farmacêuticos Comunitários como agentes essenciais dos cuidados de saúde primários.

O.P: Como Diretora-Geral da Ezfy, que impacto têm tido os Programas de Apoio à Pessoa que vive com doença nas comunidades locais?

E: A Ezfy é um movimento profissional que tem como objetivo envolver as Farmácias Comunitárias na implementação de programas estruturados de apoio a pessoas com doenças crónicas. Estes programas são fundamentais para melhorar a adesão à terapêutica, otimizar o acompanhamento farmacoterapêutico e garantir que as pessoas e os seus cuidadores recebam suporte contínuo para a gestão da sua condição de saúde. Uma das nossas principais iniciativas foi o desenvolvimento de uma ferramenta específica para auxiliar os Farmacêuticos na implementação da intervenção Farmacêutica. Esta ferramenta permite não só facilitar a prestação do serviço, como também registar de forma estruturada cada intervenção realizada, assegurando um histórico detalhado do acompanhamento da pessoa. Além disso, temos investido na análise dos dados gerados a partir dessas intervenções, transformando-os em informação relevante para dar visibilidade ao impacto das Farmácias Comunitárias na saúde da população. Ao trabalhar estes dados, conseguimos demonstrar, de forma quantitativa e qualitativa, os resultados positivos da intervenção Farmacêutica – seja no aumento da adesão terapêutica, na redução de complicações associadas a doenças crónicas

ou na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

O nosso objetivo é continuar a expandir estes programas, consolidando a Farmácia Comunitária como um parceiro essencial na prestação de cuidados de saúde, integrado no Sistema de Saúde e reconhecido pelo seu contributo clínico e social.

O.P: Como tem sido representar Portugal em organizações como a Federação Farmacêutica Internacional (FIP) e o Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU)?

E: Representar Portugal nestas organizações tem sido uma experiência enriquecedora e desafiadora.

Tenho a oportunidade de contribuir para a evolução da profissão Farmacêutica a nível global, influenciando políticas e partilhando boas práticas.

Um dos momentos mais marcantes da minha trajetória foi ser eleita para o Comité Executivo da FIP, tornando-me a primeira mulher a ocupar essa posição em 100 anos. Acredito que essa representatividade é fundamental para promover a diversidade e a equidade dentro do setor.

O.P: Como Vice-Presidente do Conselho de Administração da CUF, que estratégias considera fundamentais para promover a integração das Farmácias no sistema de cuidados primários?

E: A integração das Farmácias Comunitárias no sistema de cuidados primários deve assentar em três pilares fundamentais: o reforço dos serviços clínicos prestados, a digitalização e interoperabilidade dos Sistemas de Saúde e a criação de modelos de financiamento sustentáveis. As Farmácias são frequentemente o primeiro ponto de contacto das pessoas com o Sistema de Saúde, e a sua proximidade e acessibilidade permitem um acompanhamento mais próximo e eficaz. Para que essa integração seja plena, é essencial que as Farmácias assumam um papel mais ativo na triagem de utentes, no acompanhamento farmacoterapêutico, na administração de vacinas, em rastreios e na monitorização de doenças crónicas, permitindo a deteção precoce de problemas de saúde e melhorando a adesão às terapêuticas.

G R A N D E E N T R E V I S T A

G R A N D E E N T R E V I S T A

A certificação de competências e a definição de protocolos clínicos claros serão fundamentais para garantir a segurança e a eficácia desses serviços. A digitalização e a interoperabilidade dos Sistemas de Saúde são fatores essenciais para viabilizar essa transformação. Atualmente, a falta de acesso dos Farmacêuticos aos dados clínicos dos utentes limita a capacidade de atuação das Farmácias como unidades de prestação de cuidados. Para superar essa barreira, é necessário permitir o acesso ao Registo de Saúde Eletrónico, digitalizar o registo das intervenções Farmacêuticas e estabelecer canais de comunicação direta entre Farmacêuticos e Médicos, promovendo uma abordagem integrada e centrada no utente. Além disso, a otimização da prescrição e dispensa eletrónica permitirá uma maior fluidez nos processos, evitando interrupções terapêuticas desnecessárias e garantindo um acompanhamento mais eficiente. Para que esta ampliação de serviços seja viável e sustentável, é imprescindível criar modelos de financiamento adequados, garantindo que os Farmacêuticos sejam devidamente remunerados pelos serviços prestados. A contratualização de serviços Farmacêuticos pelo Serviço Nacional de Saúde, à semelhança do que acontece noutros países europeus, permitiria que a vacinação, a gestão da polimedicação e o acompanhamento de doentes crónicos fossem financiados pelo Estado, promovendo um impacto positivo na Saúde Pública.

Além disso, parcerias com seguradoras e planos de saúde privados poderiam garantir um acesso mais amplo a serviços preventivos e terapêuticos dentro das Farmácias. Incentivos baseados em resultados em saúde, como a melhoria da adesão terapêutica ou a redução de hospitalizações evitáveis, também ajudariam a consolidar este modelo. A modernização dos cuidados primários passa, inevitavelmente, pelo reforço do papel das Farmácias Comunitárias como unidades de prestação de cuidados de saúde.

Se conseguirmos combinar a expansão dos serviços clínicos, a digitalização e um modelo de financiamento sustentável, as Farmácias poderão assumir um papel ainda mais relevante na prevenção de doenças, no acompanhamento de doentes crónicos e na melhoria da eficiência global do Sistema de Saúde. Esta evolução não beneficiará apenas as Farmácias e os profissionais de saúde, mas, acima de tudo, os cidadãos, que terão um acesso mais rápido, seguro e eficaz aos cuidados de que necessitam.

O.P.: Que conselhos daria a jovens Farmacêuticos que pretendem destacar-se na área?

E: A digitalização desempenha um papel fundamental na modernização do setor Farmacêutico, permitindo

que as Farmácias se tornem mais eficientes, integradas e centradas na pessoa. Para além de otimizar os processos internos e reduzir tarefas administrativas, a tecnologia tem o potencial de transformar a forma como os Farmacêuticos interagem com os utentes e com outros profissionais de saúde. No entanto, é essencial que essa transição digital não se limite à mera digitalização de processos manuais, mas que traga benefícios concretos para a eficiência operacional, a experiência da pessoa e a colaboração dentro do Sistema de Saúde. Um dos principais impactos da digitalização é o aumento da eficiência no backoffice das Farmácias, permitindo uma melhor gestão de stocks, encomendas automatizadas e maior precisão no controlo da rastreabilidade dos medicamentos. Com o recurso à inteligência artificial e à análise de dados, é possível prever padrões de consumo, reduzir desperdícios e otimizar a reposição de produtos, garantindo que as Farmácias disponham sempre dos medicamentos e produtos de saúde adequados às necessidades da população. Além disso, a digitalização dos processos administrativos reduz a carga burocrática sobre os Farmacêuticos, libertando mais tempo para o atendimento clínico e para um acompanhamento mais personalizado dos utentes.

A interoperabilidade dos sistemas digitais é outro aspeto crítico para maximizar os benefícios da transformação digital no setor Farmacêutico.

A integração dos sistemas das Farmácias com os Registos de Saúde Eletrónicos permitirá que os Farmacêuticos tenham acesso a informações clínicas essenciais. Tal não só melhora a segurança do utente, ao evitar interações medicamentosas indesejadas e a duplicação de tratamentos, como também fortalece a colaboração entre Farmacêuticos e Médicos, promovendo um modelo de cuidados coordenados e personalizados. Por fim, a digitalização pode reforçar o papel das Farmácias na promoção da adesão terapêutica e na gestão de doenças crónicas, através de sistemas que enviam lembretes automatizados para a toma de medicamentos,

programas de acompanhamento digital e análises preditivas para identificar utentes em risco de abandono do tratamento. Estes avanços não só melhoram os resultados clínicos, como também reduzem o impacto financeiro associado a complicações evitáveis e hospitalizações desnecessárias.

A verdadeira transformação digital das Farmácias deve, portanto, ir além da automatização de tarefas e envolver uma mudança estrutural na forma como os serviços são prestados. Com a adoção de novas tecnologias, a integração com outros serviços de saúde e um foco na experiência do utente, as Farmácias Comunitárias podem consolidar-se como unidades essenciais de prestação de cuidados, mais eficientes, acessíveis e alinhadas com as exigências de um Sistema de Saúde cada vez mais digital e interligado.

O.P.: Que conselhos daria a jovens Farmacêuticos que pretendem destacar-se na área?

E: O meu principal conselho para os jovens Farmacêuticos é que não tenham medo de aceitar desafios. Sempre procurei novas oportunidades, mesmo quando não sabia exatamente qual seria o resultado, e acredito que essa atitude foi determinante no meu percurso profissional. Destaco também a importância da formação contínua. O setor Farmacêutico está em constante evolução, e estar atualizado sobre novas terapias, tecnologias e abordagens de gestão é fundamental para se destacar. Além disso, aconselho os jovens a se envolverem em organizações profissionais e redes de contatos, pois isso permite trocar experiências, aprender com outros profissionais e ter acesso a oportunidades que podem moldar as suas carreiras. Por fim, é essencial ter uma mentalidade colaborativa. Ninguém constrói uma carreira sozinho, e rodear-se de pessoas que apoiam e desafiam a crescer faz toda a diferença. Trabalhar em equipa, partilhar conhecimento e contribuir para o desenvolvimento da profissão são atitudes que sempre me ajudaram e que recomendo fortemente.

O.P: O que aprendeu ao longo dos anos ao liderar organizações como a Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE) e o World Pharmacy Council?

E: Ao longo dos anos, aprendi que o maior desafio de liderar uma organização, seja nacional ou internacional, reside na capacidade de envolver pessoas e construir consensos. É essencial garantir que todos sintam que fazem parte do processo e que a sua voz é ouvida. Para alcançar mudanças reais, é fundamental unir diferentes perspetivas e encontrar um caminho comum. Outra lição importante foi a necessidade de demonstrar, com dados

concretos, o valor da profissão Farmacêutica. Muitas vezes, sabemos que os Farmacêuticos desempenham um papel essencial na Saúde Pública, mas precisamos de evidências claras para convencer líderes de opinião, aqueles que tomam as decisões, e garantir apoio institucional. Além disso, liderar organizações internacionais exigiu de mim adaptação às diferentes culturas e realidades profissionais. Cada país tem um Sistema de Saúde diferente, e soluções eficazes num contexto podem não ser aplicáveis noutro. Por isso, é fundamental ter uma visão global, mas sempre respeitando as particularidades locais.

O.P: Quais os maiores desafios que encontrou ao longo do seu percurso na Ordem dos Farmacêuticos?

E: Na Ordem dos Farmacêuticos, enfrentei desafios relacionados com a velocidade das mudanças e a necessidade de garantir que a voz dos Farmacêuticos fosse ouvida nos momentos críticos da tomada de decisão. Muitas vezes, as decisões políticas e regulatórias avançam rapidamente, e precisamos estar sempre prontos para responder e defender os interesses da profissão. Outro grande desafio foi a diversidade de contextos dentro da própria profissão Farmacêutica. A Farmácia Comunitária, Hospitalar, Industrial e de Investigação têm necessidades e perspetivas diferentes, e a Ordem precisa de atuar de forma equilibrada para representar todos os profissionais. Além disso, a internacionalização do setor trouxe novos desafios, pois as políticas europeias e globais influenciam cada vez mais a prática Farmacêutica. Foi essencial manter-me informada sobre essas mudanças e trabalhar para que os Farmacêuticos portugueses tivessem voz nesses debates.

G R A N D E E N T R E V I S T A

G R A N D E E N T R E V I S T A

O.P: Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos futuros profissionais de saúde que se encontram a ler esta entrevista?

E: A minha principal mensagem para os futuros profissionais de saúde é que nunca subestimem o impacto que podem ter. A Farmácia é uma profissão de proximidade, e cada interação com uma pessoa pode fazer uma diferença enorme na sua vida.

Acredito que cada um de nós tem o poder de transformar a realidade à nossa volta. Se identificarmos algo que pode ser melhorado na Farmácia, no Sistema de Saúde ou na forma como os serviços são prestados, devemos agir. Muitas das mudanças que ajudei a concretizar começaram com pequenas ideias e conversas.

Por isso, desafio os jovens profissionais a serem agentes de mudança.

Se não nós, quem?

Se não agora, quando?

Devemos estar preparados para os desafios, procurar constantemente conhecimento, envolver-nos em associações e, acima de tudo, acreditar no valor da nossa profissão. O reconhecimento do nosso trabalho e da nossa importância dentro do Sistema de Saúde depende daquilo que fazemos no dia a dia.

Capas Negras de Memórias Maria José Santos, 5ºMICF

Ainda é difícil acreditar que estou a escrever um testemunho sobre o meu percurso académico.

Ainda é difícil acreditar que a próxima fase será despedir-me desta etapa da minha vida.

Foi em setembro de 2020, em plena pandemia, que recebi o e-mail a informar que tinha sido admitida na minha primeira opção – o curso de Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia. Era um novo ciclo de estudos. E o que posso dizer do meu trajeto universitário que ainda não tenha dito? Que não tem sido fácil, mas o importante é que tem sido positivamente marcante.

O primeiro ano, o ano da pandemia de COVID-19, que eu pensava que seria caótico, por incrível que pareça, foi o mais suave de todos.

Obtive a minha melhor média anual e foi o menos cansativo, com menos deslocações entre a Figueira da Foz e Coimbra. Tudo era online ou digital, como se queira chamar, pelo que nunca senti diferenças entre mim e os restantes Estudantes. Todos trabalhávamos da

mesma forma, todos recebíamos a informação da mesma maneira. Contudo, também houve o reverso da medalha. Não conhecia a maioria dos meus colegas fisicamente, não fui caloira, não fui praxada. A partir desse momento, a minha integração nem sempre foi fácil, sendo que os altos e baixos do meu estado de saúde contribuíram muito para isso. O facto de não ter conseguido participar em nenhum carro da Queima das Fitas e de não ter sido aceite no programa Twinnet, pois a República Checa, onde o programa decorreu, não dispunha de condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, foram acontecimentos que me deixaram uma grande mágoa. Felizmente, outros fatores contribuíram de forma muito positiva para todo este percurso. Aprendi com Professores que, mais do que ensinar, ajudaram – alguns deles sem que sequer lhes tivesse solicitado, mas que o fizeram simplesmente por me conhecerem.

Depois, existe toda uma equipa que atua nos bastidores, mas que para mim sempre foi incansável no apoio e simpatia: o pessoal de apoio aos laboratórios, a equipa da reprografia, o pessoal de controlo do portão da garagem, a equipa de limpeza e os seguranças. Espero não me esquecer de ninguém.

Trabalhei com a equipa do NEF/AAC, uma experiência que recomendo vivamente. Tive colegas que me enviavam apontamentos das aulas, resumos, resumos de resumos, fotografias de post-its, questões e respostas, por vezes sem que eu sequer pedisse. Especialmente, recebi o Prémio Iniciativa do NEF/AAC, que distinguiu uma das minhas páginas do Instagram, “Barreiras Invisíveis”, criada com o intuito de mudar mais do que barreiras físicas – mudar mentalidades.

Não posso deixar de referir que tive a oportunidade de frequentar dois estágios de verão, um em Farmácia Comunitária e outro em Farmácia Hospitalar. Mais do que uma aprendizagem e uma preparação para o mercado de trabalho, foi uma experiência para aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, ganhar formação, experiência e conhecer novas pessoas. Se tivesse de eleger o fator mais marcante do meu percurso académico, escolheria, sem dúvida, os estágios de verão.

Não há um fim aqui e agora. Por motivos de saúde, tenho o estágio suspenso e ainda tenho algumas Unidades Curriculares por concluir.

Quero muito que este seja o meu último ano e continuo a trabalhar para isso!

O percurso académico é, e será sempre, uma das etapas mais importantes da minha vida!

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Débora Oliveira, 3ºLCB Com o fim destes três anos a aproximar-se, recordo o meu percurso na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra com um misto de emoção e saudade. A verdade é que foram anos intensos, repletos de altos e baixos, mas, acima de tudo, traduzem-se em momentos que certamente levarei comigo para toda a vida.

Apesar das dúvidas iniciais ao ter ingressado na Licenciatura em Ciências Bioanalíticas, não sendo esta a minha primeira opção, com o tempo percebi que este era o percurso certo para mim e decidi permanecer. Foi assim que descobri aquele que se viria a tornar o elemento mais especial ao longo deste trajeto: a Phartuna.

Uma verdadeira família, cujo significado e importância eu desconhecia até então. Cada ensaio, cada conversa, cada momento de partilha em palco e até mesmo cada lágrima derramada fizeram deste grupo o lugar onde mais cresci e onde, sem dúvida, encontrei o meu verdadeiro espaço.

Paralelamente, a experiência de viver noutra cidade, sair da minha zona de conforto e adaptar-me a novas realidades durante o meu semestre de Erasmus ensinou-me mais do que imaginava, inclusive sobre mim própria. Essa vivência permitiu-me regressar a Coimbra com um novo olhar sobre o que esta Cidade representa para mim.

Ter tido a oportunidade de integrar esta Casa que é o NEF/AAC e testemunhar de perto o empenho de cada um na busca por deixar a sua marca e continuar a elevar o nome desta Faculdade é algo que me enche de orgulho. Coimbra oferece-nos um leque vasto de oportunidades, e um dos maiores conselhos que posso dar é aproveitar cada uma delas ao máximo, independentemente da vertente em que se insiram, pois são também essas experiências que nos enriquecem de forma única, para além do percurso académico.

Ainda sem certezas absolutas sobre o que o futuro me reserva, serei eternamente grata pela oportunidade de pertencer, ainda que temporariamente, a esta Cidade tão especial, onde sei que, para sempre, vou querer regressar.

Um enorme obrigada ao meu curso, amigos, à Phartuna e a Coimbra, porque um pouquinho de vocês estará sempre comigo.

LEONEL GUERRA, 3ºlfb

Cheg u e i a C o im b r a c o m u m a m al a n a m ão e u m so n h o. Tr az i a comigo i nc e r t e z a s, p o is n ã o sa b ia se i a fazer am i go s, se i a go star do curso, s e a c i da d e q u e s em p re id eal i zei d esd e u m a si m p l es v i si ta de e st u d o n o 8.º a n o i a, d e facto, aco l h er- m e .

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Mas bastaram poucos dias para me apaixonar. Apaixonar-me perdidamente por Coimbra, pela sua luz particular, pelas suas gentes, pelo seu fado triste que ecoa nas pedras da Alta.

Três anos depois, faltam-me as palavras quando mais preciso delas. Como se escreve o que se viveu com a alma? Só mesmo Coimbra é que há de saber guardar esses segredos. O curso fez-se, as amizades criaram-se e o amor por esta cidade e pela Academia cresceu com raízes profundas.

Gostei do curso, mesmo não sendo o que idealizava. Mas encontrei muito mais do que esperava. Encontrei pessoas incríveis que me acompanharam nesta caminhada e que merecem todo o meu reconhecimento, por me manterem assente nos momentos mais difíceis, por me apoiarem. E encontrei também o NEF/AAC, uma verdadeira família.

Uma Casa feita de Estudantes para Estudantes, onde aprendi o verdadeiro significado de trabalhar em prol dos outros.

Uma coisa é certa: o sonho ainda está por cumprir, é verdade, mas nunca duvidei de que estou no lugar certo.

Hoje, sei com toda a certeza que, em Coimbra, cada memória é um abraço que o tempo jamais desfaz. Aqui, o mundo basta. Não se quer mais do que simplesmente existir, viver e sentir.

De Coimbra levo as memórias mais bonitas, um amor que não se mede e uma saudade que já cresce todos os dias, mesmo antes de partir, pois deu-me tudo, os momentos mais felizes da minha vida, mas também aqueles que me fizeram crescer à força.

Sei que Coimbra não se explica.

Coimbra sente-se, vive-se e, acima de tudo, leva-se para sempre.

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C’a tuna às costas Vem Conhecer os CDs das Tunas

O Pilão: Por que decidiram lançar um CD? Phartuna: O CD “Gerações”, o segundo da Phartuna, começou a ser pensado em 2019, como uma forma de gravar, registar e divulgar o repertório que estávamos a criar. Desde o lançamento do nosso primeiro CD, “Intemporal”, tínhamos composto novos originais, instrumentais e adaptações que queríamos partilhar, porque representavam uma nova fase da nossa evolução musical. A melhor forma de fazer isso foi então gravar um CD, algo que pudesse ficar para a História da Phartuna.

Também surgiu o desejo de gravar o CD num estúdio, para que o novo repertório fosse registado de forma mais profissional e com uma qualidade sonora superior. Assim, “Gerações” é o nosso primeiro álbum de estúdio.

Além disso, vimos que outras tunas estavam a utilizar plataformas digitais para promover a sua música e alcançar mais pessoas. Decidimos, então, que o nosso CD também deveria estar disponível nesses formatos. Aproveitámos o lançamento de “Gerações” para dar esse passo. Hoje, o CD está disponível em plataformas como Spotify, Deezer, Tidal, Apple Music, YouTube Music, iTunes, Shazam, entre outras.

OP: Como foi o processo de lançamento?

P: O lançamento de “Gerações” foi um processo longo e cheio de desafios, que se estendeu por cerca de cinco anos. Depois de começar o contacto com o estúdio, selecionar o repertório e trabalhar na revisão das vozes, começámos as gravações. No entanto, pouco tempo depois, a pandemia de COVID-19 chegou a Portugal e as idas ao estúdio foram adiadas sem saber quando poderíamos voltar.

Finalmente, só conseguimos terminar as gravações no final de 2021, início de 2022, após muitos testes negativos de COVID (e alguns positivos, o que fez o processo ser ainda mais demorado).

Tivemos também de passar por algumas dificuldades burocráticas, como esperar por respostas da Sociedade Portuguesa de Autores. Um dos maiores desafios foi conseguir a autorização dos Ornatos Violeta, banda detentora dos direitos autorais da nossa versão da música “Dia Mau”, que consta no álbum.

Só em 2024 conseguimos finalmente as autorizações necessárias para lançar o CD. Depois, foi a vez de concluir o design do álbum e do livrete, fazer a impressão e começar a divulgação, culminando num jantar de gala de lançamento no Centro Cultural Dom Dinis. Este evento reuniu várias “Gerações” da Phartuna, incluindo os membros ativos e antigos que participaram neste processo, além de amigos e patrocinadores.

OP: De que maneira o CD tem impacto na vossa história?

P: “Gerações” é, sem dúvida, um marco na história da Phartuna. Sendo o nosso segundo álbum, este regista músicas que têm um significado muito especial para nós, com destaque para todas as “Gerações” que fizeram parte dele. Esse momento também representa a transição do formato físico para o digital, com a divulgação do CD nas plataformas digitais, facilitando o acesso à nossa música.

Este CD foi uma oportunidade para expandir o nosso alcance, permitindo que mais pessoas ouçam o nosso trabalho. Para nós, é sempre bom saber que as nossas músicas podem ser ouvidas e partilhadas em qualquer parte do mundo.

Este projeto, que passou pelas mãos de tantas gerações e mandatos, representa uma grande superação. Unindo ainda mais todos os que participaram: os que começaram, os que não desistiram nos momentos difíceis e os que finalmente realizaram este grande objetivo.

Pa ra a Ph a rt u na , e ste CD é a imo rta li z aç ão d e um m o m e n to da n o s sa h i s tór ia , que ficará para as “Geraç õ e s ” pas sa das , a p r e s e n te e as futuras .

C’a tuna às costas Vem Conhecer os CDs das Tunas

O Pilão: Porque decidiram lançar o CD? Imperial TAFFUC: A decisão de lançar um CD surgiu como um passo natural na trajetória de crescimento da nossa Tuna. O primeiro CD, Memórias, lançado no ano letivo de 2013/2014, foi uma consequência direta da nossa estreia como organizadores de um festival de tunas – o Festival Comemorativo do V Aniversário da Imperial TAFFUC – e ocorreu imediatamente antes da nossa primeira digressão europeia. Para nós, esse foi o momento certo, tanto em termos de experiência e qualidade musical, como de repertório.

Como grupo que se dedica exclusivamente a apresentar temas originais em palco, a gravação de um CD representou a forma mais acessível de partilhar e divulgar o nosso trabalho – não apenas com amigos e familiares, mas também com todos aqueles que apreciam a nossa música e que encontramos ao longo das nossas viagens e atividades. Além disso, o CD permitiu-nos eternizar um período específico da nossa história e guardar as vozes que marcaram as nossas vidas de uma forma que só Coimbra sabe proporcionar.

O segundo CD, intitulado IMPERIVS, lançado em 2016, surgiu num contexto um pouco diferente. Depois de quase uma década de dedicação por parte de todas as gerações que passaram pela nossa Tuna, concretizámos finalmente o nosso sonho, ter um festival próprio. Ao contrário do evento comemorativo e pontual que realizámos anos antes – concebido como um projeto-piloto para o que viria a ser o IMPERIVS –, este festival tornou-se uma presença fixa na nossa vida enquanto grupo.

Para imortalizar esse momento e todos aqueles que dele fizeram parte, incluindo o nosso querido público, decidimos gravar ao vivo essa experiência. Hoje, quase dez anos depois, consideramos essa decisão uma das melhores que tomámos.

OP: Como foi o processo de lançamento?

IT: O lançamento do primeiro CD foi especialmente desafiante devido à nossa falta de recursos, mas revelou-se uma experiência inigualável. Gravámos cada faixa individualmente – naipe de instrumentos por naipe, naipe de vozes por naipe – ao longo de um intenso fim de semana (sexta, sábado e domingo) nos auditórios da unidade central, gentilmente cedidos pela FFUC. O nosso equipamento não era o ideal, a acústica da sala estava longe da perfeição e o tempo era curto, o que nos obrigou a limitar ao máximo o número de repetições na procura da versão perfeita. No entanto, enfrentámos este desafio juntos, divertimo-nos imenso e guardamos memórias muito especiais dessa experiência. O nosso esforço valeu a pena: apesar da grande tiragem inicial de CDs, rapidamente tivemos de encomendar uma nova remessa.

O segundo CD representou um desafio completamente diferente. Optámos por contratar uma equipa de som profissional para gravar o álbum ao vivo, o que trouxe uma nova complexidade ao processo. Ao contrário da gravação em estúdio, aqui não havia espaço para segundas oportunidades. Sabíamos que aquele momento era único e, por isso, trabalhámos arduamente para garantir que a gravação capturasse não apenas o nosso melhor musicalmente, mas também o espírito e a energia daquela noite inesquecível.

OP: De que maneira o CD tem impacto na vossa história?

IT: Ambos os álbuns desempenham um papel fundamental na nossa trajetória. O Memórias foi o primeiro e, por isso, abriu caminho para tudo o que veio depois. Sem ele, a nossa digressão teria pouco sentido, e o IMPERIVS não teria sido possível na altura em que foi concretizado. O seu lançamento desbloqueou uma série de oportunidades que marcaram a nossa evolução. Já o IMPERIVS representa a realização de um sonho de várias gerações, reunindo elementos da nossa Tuna desde a fundação.

Hoje, é o CD que levamos connosco para as nossas atividades, um testemunho vivo do nosso empenho e dedicação.

De s de e ntão, c ontinuámos a c re s c e r s i g n i fi c ati va m e n te e , q ue m sa b e , s e u m dia não ju ntarem o s m a i s um C D a e s te s d o i s ?

AGENDA FORMATIVA

Conferência MedTech Portugal: Perspetivar o Futuro, APIFARMA 13 de maio

2025 EAFP Annual Conference 13 a 15 de maio

Centro de Congressos de Lisboa

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

15ª Reunião de Oncologia, APFH

V Jornadas Farmácia Comunitária, Ordem dos Farmacêuticos

16 e 17 de maio

31 de maio

Peniche

Lisboa

61st AESGP Annual Meeting

3ª Edição: Melhor Informação Mais Saúde, Ordem dos Farmacêuticos

2 a 4 de junho

17 de junho

Warsaw, Polónia

Sede da Ordem dos Farmacêuticos, Lisboa

83rd FIP World Congress of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences

Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia, APEF

31 de agosto a 3 de setembro

26 a 28 de setembro

Copenhaga, Dinamarca

Coimbra

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