Jornal Na Jogada 12/2011

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Foto de William Von-Held

Cabo Frio – Dezembro de 2011 – Ano IV – Edição nº 20 – Distribuição Dirigida – www.najogada.com.br

Leandro eterno Ídolo do esporte cabofriense e integrante de um dos maiores times da história do futebol brasileiro, Leandro deu entrevista exclusiva ao Na Jogada falando sobre a vitoriosa trajetória no Flamengo e na Seleção. A matéria tem ainda depoimentos de três feras do time campeão mundial em 1981: Zico, Andrade e Júnior. Reportagem especial nas páginas 8, 9, 10 e 11

Léo Borges

E MAIS: Léo Borges

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Com Têti de volta, Cabofriense já pensa na série B O meia-atacante Têti é o mais novo reforço da Cabofriense para a Série B do Campeonato Carioca do ano que vem. O jogador, criado no clube e ídolo da torcida, retorna depois de três anos e meio desde sua última passagem.

Cabeça no Tamoyo!

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O sucesso do Bandeira Real

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Kroll tem desafio no basquete Página 7


opinião

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Um ano maravilhoso, outro que promete! Antes de qualquer coisa, quero agradecer a Deus por tudo que ele me proporcionou neste ano. Um ano abençoado, sendo premiado no Rio de Janeiro no importante prêmio João Saldanha, organizado pela Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (ACERJ) junto com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI); e também com o troféu do VIII prêmio de Comunicação de Cabo Frio, recebido pelo site www. najogada.com, através do repórter Luis Soares. Um ano de crescimento profissional e pessoal. Tive a felicidade de cobrimos para o Grupo Na Jogada (Site, TV e Jornal), vários eventos importantes e de qualidade na nossa cidade e no estado. Mas, sem meus companheiros de batalha não conseguiria nada disso. Quero agradecer a todos que ajudaram de maneira direta e indireta. Ninguém chega a lugar nenhum sozinho. E mais uma vez quero agradecer a Deus, pois NADA na minha vida acontece sem sua permissão. Obrigado, Senhor. Espero que 2012 seja ainda melhor. A cada ano que passa, vamos crescendo mais e mais na nossa cidade, levando informação com conteúdo e seriedade. Ninguém aqui cobre o nosso esporte e o valoriza como a gente. E podem ter certeza que estamos investindo - da maneira que podemos, já que não temos apoios - para que a cobertura melhore ainda mais. Obrigado a todos que gostam do nosso trabalho, sem vocês não estaríamos aqui. O nosso combustível é vocês e graças a Deus o nosso “tanque” está cheio, pois temos a maior audiência em tudo que fazemos. O sucesso é nosso. Quero fazer um agradecimento especial ao meu amigo Zé Ricardo, por ter me ajudado neste ano. As coisas que obtive com sua ajuda só melhoram meu trabalho, que deram um salto de qualidade enorme. Tenho que agradecer muito sua amizade e carinho comigo. Obrigado amigo, que o Senhor lhe retribua em dobro!

Esta edição está super especial e espero que vocês gostem. Bom feliz 2012 para todo mundo e que Deus esteja sempre no centro dos seus corações. A entrevista com Leandro “peixe frito” era um desejo meu de algum tempo e graças a Deus deu tempo para fazer neste mês, fechando com chave de ouro o nosso ano. Um cara simples, atencioso e solícito. Consegui entrevistar também Zico, Júnior e Andrade; foi o ápice pra mim, pois foram grandes jogadores do futebol nacional e mundial. Queria agradecer ao William Von-Held pelo apoio, aos meus amigos Thiago Freitas e Thiago Andrade, e principalmente a Luana Macêdo, que levou horas e horas para transcrever as perguntas e respostas, me ajudando bastante. Algo que me chamou muito a atenção na elaboração e apuração desta entrevista especial foi a humildade e a simplicidade destes ex-atletas de grande qualidade. Em nenhum momento ficaram de marra ou não quiseram falar, pelo contrário. Algo que já esperava que fosse assim. O que me entristece é ver jogadores renomados na nossa cidade, que não jogaram e não vão jogar nem 5% desses monstros sagrados, tirando onda, cheios de marra e com um rei na barriga. Deveriam seguir o exemplo desse quarteto de ouro do nosso futebol. Segundo Leandro, cada vez que aquele timaço do Flamengo era campeão, mais humilde eles ficavam. Zico fechou a entrevista desejando feliz natal pra mim e toda minha família, enquanto Andrade disse que tinha sido um prazer falar comigo. Quanta diferença, né? Aprenda, garotada! Desça do salto antes que ele quebre e você pague mico. Espero que 2012 seja um divisor de águas para o nosso esporte. Que muita coisa possa melhorar e acontecer. Fiquem todos com Deus! Se você quer entrar em contato para dar sugestões, elogios ou críticas nos mande um email para: contato@najogada.com.br ou leonajogada@hotmail. com . Até a próxima edição!

(*) Léo Borges começou sua carreira em 2006, com o site Na Jogada. Passou pelas rádios Costa do Sol e Sucesso, pelos jornais Lagos Jornal e Folha dos Lagos e nas TV’s Lagos (Canal 7), Cabo Frio TV (Canal 10) e atualmente na Jovem TV (Canal 8). Escreveu matérias para sites como O Lance!, Jornal dos Sports, O Dia, Jornal do Brasil online, dentro outros sites e jornais esportivos.

NA JOGADA - dezembro/2011

Feliz 2012! Este ano de 2011 foi importante na vida pessoal e vida política. Tive o prazer de poder ajudar muitas modalidades do nosso esporte e como vereador, cumprir o meu dever, que é de fiscalizar e principalmente como um homem do esporte, fiscalizar a Secretaria de Esportes, não concordando com muitas coisas que acontecem por lá. Sempre fui um militante do esporte e sempre vou lutar, seja em qual situação estiver. Tive o prazer de ajudar e ver crescer ainda mais a Copa Guia Forte de Futebol Society, um campeonato muito bem organizado e que vai pegando tradição no nosso esporte. Parabenizo o Beto e todos da sua equipe pela brilhante organização. Fazem com amor e carinho, como deve ser tratado o nosso desporto. Fico feliz de ter ajudado diretamente no campeonato de futebol de praia, que não vinha sendo organizado pela Liga Cabofriense de Esportes Praianos, assim como outras modalidades, como a natação e vários atletas individuais. Na Câmara de Vereadores pude ajudar na aprovação de vários projetos e pedidos de subvenção, assim como homenageei muitos desportistas da cidade com Moção de Aplausos, como as equipes da ADDP e do Rosa de Saron, que mantém o futsal. Vou estar sempre lutando para o melhor da minha cidade e também para o nosso esporte. Para finalizar, quero desejar a todos um feliz 2012, que seja repleto de saúde, paz, amor, prosperidade e de muito esporte! (*) Zé Ricardo é vereador e foi secretário de Esporte e Lazer de Cabo Frio entre 2005 e 2008

Expediente Jornal Na Jogada

Uma publicação de NaJogada Comunicações Ltda. CNPJ: 13.429.272/0001-53 Fundador e editor: Léo Borges Jornalista responsável: Roberta Costa - MTB: 30034-RJ Diagramação: Eliana Lopes Redação e Projeto Visual: Anderson Lopes Publicidade: Henrique de Oliveira, Vladimir Rojas, Eliana Lopes e Anderson Lopes Colaboradores: Luana Macêdo, Dayanne Neves, Luis Soares e André Santos Impressão: Areté Editorial Jornal Lance - 3 mil exemplares Obs.: Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do jornal.

Ronaldo Angelim, Bernardo, Junior César; e os jornalistas Cris Dissat, Mariana Ricci e Thiago Andrade: tá todo mundo lendo o Na Jogada


NA JOGADA - dezembro/2011ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO FUTSAL

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Bandeira Real

~ Fábrica de campeoes Clube é um dos maiores vencedores nas divisões de base de Cabo Frio Léo Borges

Uma máquina de conquistar títulos. Assim pode-se definir a Sociedade Esportiva Bandeira Real nas divisões de base do futsal cabofriense. Fundado em 15 de abril de 2004 e em atividade desde 2008, o clube vem mostrando que o projeto é sério, com trabalho social, educacional e esportivo para a garotada. Atualmente, a equipe da categoria sub17 é o carro chefe do clube. Além de ser campeã municipal na sua categoria, a base do time desbancou o Rosa de Saron, tricampeão sub20, e ficou com o título na categoria. Além disso, essa mesma base defendeu o Cabo Frio Futsal no Estadual sub17, competição em que o time da cidade chegou às quartas de final. O sucesso do Bandeira Real começou antes mesmo da entrada efetiva do clube em atividade. Herônio Rangel, fundador e atual presidente, era um dos responsáveis pelas categorias de base do Mixto Esporte Clube, tradicional agremiação da cidade. Depois de alguns desentendimentos, Rangel teve a ideia de colocar o Bandeira Real para funcionar. - Trabalhei por cinco anos com as categorias de base do Mixto, onde fomos campeões diversas vezes. Em 2008, eu renunciei à presidência do Mixto e dei entrada papelada da Sociedade Esportiva Bandeira Real, que já existia desde 2004, mas não demos entrada na documentação. A partir de 2008, nós começamos a trabalhar no Bandeira Real, em uma equipe formada pelo meu filho Alexandre Bandeira, depois veio Bruno Rodrigues e outros treinadores que participaram dessa vitoriosa

campanha - comentou Heronio, que reconhece a importância dos patrocinadores para o clube. - Esse trabalho está se desenvolvendo, ficamos três anos correndo atrás de patrocínios. Neste ano nós entramos com projeto de subvenção na prefeitura e graças a Deus fomos agraciados. Temos todos os documentos, o clube é considerado de utilidade pública, por esse motivo nós tivemos o direito de entrar com o pedido de subvenção junto à prefeitura. Estamos prosseguindo, agradeço muito a quem ajudou, aos pais e principalmente aos atletas, porque sem eles não faríamos nada. Com os apoios, tivemos dois títulos importantes esse ano, no sub17 e no sub20 – afirmou Rangel, que fez questão de agradecer os patrocinadores: Millenium, Padaria Cecília, Fácil Móveis e Passo Feliz Sports. Uma das preocupações do trabalho no clube é com a parte educacional da molecada. Se não tiver bem na escola, nada de futsal. A medida tem dado certo e a criançada tem apresentado boas notas, algo que também orgulha o presidente. Para ele, todas as áreas têm que andar juntas. - As partes sociais e esportivas têm que trabalhar juntas, fazer com que a criança se firme no esporte e nos estudos. O esporte é bom, mas a educação tem que vir junto, pois nem todos vão mais tarde se tornar um atleta de renome, que possa representar o país. Por isso eles estão sendo formados primeiro como cidadãos. A nossa ideia aqui no clube sempre foi de fazer o bem ao atleta, cobrando o desenvolvimento na escola também, eles tem que ter na apresentação da inscrição a declaração escolar. Não abrimos mão disso – disse. Desde que começou a funcionar, o Bandeira Real conquis-

Bandeira Real conquistou o título em três categorias no municipal: Sub 11, 17 e 20 tou muitos títulos (ver no box). Feliz com os resultados obtidos, Rangel dedicou as conquistas para os jogadores e treinadores. – Como presidente, diretor, técnico a gente extrapola, se empolga. Mas é uma felicidade muito grande ter os garotos como campeões, estou orgulhoso. São tantos troféus e alegrias que eles nos proporcionaram, às vezes não tivemos um título, mas a gente sabe que os garotos trabalharam direitinho, que os professores fizeram o trabalho durante o ano certo; nós ficamos muito felizes com o desenvolvimento dos meninos. Entre os projetos futuros do Bandeira Real estão a participação na Super Liga Futsal Rio – entidade que promove competições paralelas às da Federação

de Futsal do Rio – e criar uma equipe adulta de futsal. Os primeiros passos já foram dados. Disputar competições fora da cidade também é importante para o crescimento e rodagem dos atletas. – Às vezes eu vejo as meninas jogando vôlei e tenho vontade de ter no Bandeira Real. O time no futsal adulto talvez seja necessário, porque a gente que trabalha com categoria de base não pode deixar os garotos fora. A ideia que ainda vamos conversar é colocar o adulto no futsal, alguns atletas já me pediram e outras pessoas de fora também. A outra coisa é participar da Super Liga, acho que está na hora do Bandeira Real participar também. O Rosa de Saron já participou e fez uma

boa campanha, assim como o Grêmio Samburá também. Vamos participar novamente da Copa Guia Forte de society, do Festival de Futsal em Araruama, da Copa de Integração das Escolinhas, e outras competições importantes – disse Rangel, não se esquecendo de agradecer a todos aqueles que ajudam e estão no Bandeira Real. – Agradeço muito à minha esposa (Valéria Bandeira), meus filhos, à diretoria. Esse é um projeto da família Bandeira, quem sempre que pode ajuda aqui com coisas que precisamos. Os pais sempre ajudam também, são vários que vieram comigo desde o Mixto. Obrigado a todos que estiveram conosco e nos ajudaram – concluiu.

Os títulos Sub-9: campeão da IX Copa Ciona (2009), vice-campeão do Municipal (2009 e 2011) e vice-campeão da I Copa Tardelli Sports (2009). Sub-11: campeão da IX Copa Ciona (2009), bicampeão do Municipal de Futsal (2009 e 2011), campeão da II Copa Tardelli Sports (2010), vice-campeão Municipal (2010) e vice-campeão da I Copa de Futsal Araruama Solidária (2011). Sub-15: campeão do Municipal (2010), campeão da X Copa Ciona (2010) e vice-campeão da IX Copa Ciona (2009). Sub-17: campeão do Municipal (2011) e vice-campeão (2010). Sub-20: campeão Municipal (2011). Futebol: vice-campeão do Campeonato Municipal de Futebol Amador (2010) e vice-campeão da II Copa Integração de Futebol das Escolinhas de Cabo Frio (2011).

Que o Natal seja mais um momento em que as pessoas acreditem que vale a pena viver um Ano Novo. Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

Zé Ricardo


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ESPECIALFUTSAL DE ANIVERSÁRIONA JOGADA - dezembro/2011

Cabeça acerta com o Tamoyo e quer o título para o alviverde Após quase sete anos a frente do Rosa de Saron, o técnico troca de camisa em 2012 Léo Borges

Mercado em ebulição

Na próxima temporada do futsal cabofriense de 2012 algumas novidades vão acontecer. Após quase sete anos a frente do Rosa de Saron, o técnico Antônio Wagner Freire, o Cabeça, agora vai comandar o time adulto de futsal do Tamoyo Esporte Clube. O alviverde da Nilo Peçanha terá um novo treinador que já está pensando em como será o novo desafio a frente de uma das equipes mais tradicionais do esporte cabofriense. Cabeça está preparado para este desafio e apontou qual é o objetivo para a próxima temporada da equipe adulta do Tamoyo: ser campeão. - Umas das coisas que conversamos muito no Tamoyo, é que precisa ser feito um trabalho no adulto que não vinha sendo feito. Na verdade, eles reuniam jogadores que sempre jogaram no clube, amigos. Em 2011 não teve Tamoyo, que é o clube da cidade que todos gostam e de maior tradição. Eu tenho uma forma, uma crença de trabalho que eu acredito, mas vamos sentar com os outros treinadores que já estão lá, no sub15, sub17, sub20, e vamos fazer um trabalho unificado, para que possamos trabalhar em prol disso. Vamos nos reunir ainda esse ano para que possamos traçar um projeto para 2012, para fazer do Tamoyo a equipe que ela sempre foi bastante vitoriosa. Vamos buscar os títulos de uma maneira planejada e organizada – explicou Cabeça. A frente de um dos maiores clubes da cidade em termos de tradição e rivalidade, o treinador

Fundador do Rosa de Saron, Cabeça deixou o clube para assumir o Tamoyo disse ainda sobre o auxílio que a história e a estrutura podem dar para o novo trabalho que será desenvolvido no próximo ano. - No Rosa de Saron nós fizemos um trabalho social de bairro sem estrutura nenhuma. Quando chovia não tinha treino, eu tinha que ser roupeiro, me preocupar com material e tudo isso. No Tamoyo a tendência é que tudo seja melhor, trabalhando direito e de forma organizada, como estão se mostrando, tudo de um jeito transparente e claro. Eu acredito nisso, para mim é motivador, para quem quer crescer – contou Cabeça. No novo trilho que o técnico vai seguir, Cabeça sabe que a pressão será presença constante. Ainda sim, o treinador fala em títulos e de recolocar o alviverde da Nilo Peçanha entre as potências, de onde nunca deveria ter saído na cidade.

- Se sou levado para o Tamoyo, já existe uma pressão pelo trabalho que já vinha fazendo anteriormente. Se conseguirmos implantar essa forma de trabalho, em unidade, eu acredito que o Tamoyo vai ser no futuro o clube a ser batido, não digo apenas pelo adulto, mas em todas as categorias. Não em 2012, não é um trabalho rápido, leva tempo. É importante ser campeão, mas mais ainda chegar. Nós queremos chegar agora com o Tamoyo, queremos vencer o Municipal de 2012, vamos buscar títulos, mas acima de qualquer coisa, queremos fazer um trabalho para o Tamoyo voltar a ser o que sempre foi. Sabemos como é difícil vencer a ADDP na cidade pelo trabalho e pela condição dos jogadores, mas vamos buscar superar isso – contou. Recomeçando um projeto

após anos, Cabeça espera ter uma grande felicidade com o Tamoyo: Fazer parte da história, parte de um grupo que quis acordar um gigante do esporte local. - A minha vaidade, no bom sentido lógico, é ver esse clube gigante acordar e fazer parte disso, conseguir ajudar. O nome é Tamoyo Esporte Clube e a gente não vê o esporte do Tamoyo ser tão falado no adulto; só vimos no sub17 e sub20. Quando eu jogava no Tamoyo os diretores falavam com a gente, éramos sub20, mas eles tinham um carinho, ficavam vendo os jogos. Quando jogávamos contra a Cabofriense tinha um grupo de pais e diretores que gostavam de ir aos jogos. Você via a alegria de ser Tamoyo no olho dessas pessoas, quero ver isso novamente – finalizou o novo treinador.

São nos pequenos gestos e atitudes do nosso dia-a-dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam. Que o espírito natalino encha os nossos corações. Boas Festas e Feliz Ano Novo!

A temporada 2012 do futsal nem começou e a movimentação nos bastidores para reforçar as equipes do Rio está intensa. Na próxima temporada mais dois jogadores cabofrienses vão levar o nome da cidade da Região dos Lagos na Liga Futsal. Arthur e Fabrício se transferiram para o Poker/Petrópolis, que fez uma reformulação total em seu elenco. Fabrício estava no Macaé Sports, onde atuou durante dois anos. Arthur esteve também no Macaé, mas jogou cerca de três meses no Belenenses, de Portugal. O troca-troca também acontece entre os técnicos. Savio Badini deixou o Macaé e foi para o Umuarama, substituir Fernando Malafaia, que retornou para o futsal carioca. Malafaia vai dirigir o Vasco da Gama. O treinador cruzmaltino fez, recentemente, muitos elogios ao futsal de Cabo Frio. – Cabo Frio sempre foi uma potência, um celeiro de craques do Futsal. Eu joguei com Hélcio e Tonho no Monte Sinai, mas isso tem muito tempo. Torço para que a cidade e os times possam se estruturar para que Cabo Frio possa voltar a ser forte no futsal, porque tem excelentes jogadores na cidade. Que consiga apoio e volte a ser potência – disse Malafaia, que foi várias vezes campeão estadual com o PEC.

Silvan Escapini


FUTSAL

NA JOGADA - dezembro/2011

5 Arquivo pessoal

Wellington No começo, as dificuldades. Wellington Junior ia de bicicleta do Jardim Esperança ao Ginásio Poliesportivo Aracy Machado, no Portinho, onde treinava a equipe do Cabo Frio Futsal. Raramente faltava a um treino. A perseverança e o esforço foram compensados e o jogador de 31 anos ganhou a oportunidade de cruzar o mundo e desbravar o futsal chinês, no Shenzhen Nanling Iron Wolf Futsal. Em entrevista ao Na Jogada, Wellington conta que a saudade da família e do Brasil pesam, mas que está preparado para o desafio de vencer no distante oriente. O primeiro passo para a mudança radical foi uma mudança um pouco menor. Wellington percorreu os poucos quilômetros que separam a Região dos Lagos do Norte Fluminense e trocou o Cabo Frio Futsal pelo Macaé Sports, em 2010. A experiência, para ele, foi essencial no processo de crescimento, não só profissional, mas também no aspecto pessoal. - Adquiri muita experiência em Macaé, não só como atleta, mas também como homem, pois tive que morar longe da minha família. Eu poderia dizer que estava me preparando para hoje estar aqui, na China, e passar todas as festividades longe da família – disse o ala. Foi enquanto atuou pelo Macaé que surgiu a oportunidade para se transferir para o futsal chinês. Wellington conta que recebeu a sondagem do Iron Wolf, mas não aceitou de primeira. Antes, buscou informações sobre o clube e o país, e, diante da resposta que recebeu, decidiu aceitar o desafio. - Primeiro fui procurar saber se era uma boa “barca” e se a pessoa que estava me indicando era de confiança. Quando confirmei, resolvi arriscar. Hoje estou muito feliz aqui – contou Wellington, que está morando na China há quatro meses. Depois de jogar uma das competições nacionais mais for-

Vitória da perseverança Agora jogando na China, ala vê persistência se transformar em sucesso profissional tes do mundo, a Liga Futsal, o ala foi para o desconhecido futsal chinês. Para ele, a diferença técnica é grande, mas o futsal da China não pode ser desconsiderado. - Aqui tem umas cinco equipes fortes. Quatro delas contam com brasileiros e a outra é a base da seleção chinesa. No resto, o nível é fraco – analisou. Uma dessas equipes fortes é a Iron Wolf, onde atua Wellington. O time lidera a Liga Chinesa, cinco pontos a frente do segundo colocado, motivo de orgulho para a cidade de Shenzhen Nanling, de cerca de nove milhões de habitantes. Mas se no futsal Wellington é motivo de alegria para os moradores de Shenzhen, nas ruas da cidade é motivo de estranheza. O biótipo tipicamente brasileiro do jogador chama a atenção pelas ruas. – O brasileiro é diferente e eles são todos iguais, então quando a gente passa, eles ficam olhando – diverte-se

Wellington. Na China, Wellington conta que foi bem recebido. Mas mesmo com o apoio dos chineses, teve um pouco de dificuldade para se adaptar. – Estranhei o fuso horário, o idioma e a comida. No nosso primeiro amistoso, nos levaram para comer em uma sala reservada. Os dirigentes do clube começaram a pedir os pratos e eu não entendia o que era. Quando a comida veio, chegou uma sopa com três pés de galinha em cada tigela, uma galinha branca e uma carne que até hoje não sei o que é. No final, veio um camarão, que foi a melhor coisa – lembrou o ala. Apesar das dificuldades, Wellington garante que já está adaptado ao novo país. – No começo foi complicado, mas depois consegui me adaptar e hoje vivo aqui como se fosse no Brasil. A saudade é grande. Foi difícil deixar namorada e família no Brasil, arrumar as malas e vir para a China, mas

é um sonho que estou realizando. Espero ficar aqui um bom tempo para realizar as coisas que quero no futuro, então tenho que ser forte – afirmou o jogador. A carreira: Cabo Frio Futsal, títulos e amizade Quando menino, Wellington sonhava em ser jogador de futebol de campo. A intimidade com a bola ajudou Wellington a fazer do futebol a sua profissão, mas em vez do campo, ele acabou nas quadras. Começou no Tamoyo, onde foi tricampeão sub20 e teve dois títulos no adulto. Em 2006, Wellington foi para o Cabo Frio Futsal. A equipe, que tinha orçamento e estrutura para ambicionar títulos estaduais e participação na Liga Nacional, exigiu mais de Wellington, que deixava o futsal amador para ingressar no esporte profissional. Um grande aliado nessa transição foi o trei-

nador Sávio Badini. – Em 2006 fui para o Cabo Frio Futsal e no ano seguinte estava lá, com o Sávio. Ele nos cobrava muito, porque sabia que podíamos evoluir – lembrou o jogador que, sob o comando de Sávio, conquistou dois títulos cariocas (2007/08) e um estadual (2010). Feliz com a carreira e com os rumos que a sua vida tomou, Wellington aconselha os meninos que, como ele, ainda dependem de suas bicicletas para irem ao treino. – Gostaria de deixar bem claro para os amigos e praticantes de futsal em Cabo Frio que é importante que eles estejam preparados para todos os momentos, pois quando a oportunidade chega temos que agarrar com unhas e dentes. Cabo Frio tem muitos atletas de potencial. Hoje eu estou aqui na China, amanhã pode ser vocês. Então, treinem e sempre dêem o máximo para estarem preparados – finalizou.


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CABOFRIENSE

NA JOGADA - dezembro/2011

Têti retorna à Cabofriense Jogador é contratado com a missão de voltar à Série A Léo Borges

O meia-atacante Têti é o mais novo reforço da Cabofriense para a Série B do Campeonato Carioca do ano que vem. O jogador, criado no clube e ídolo da torcida, retorna depois de três anos e meio desde sua última passagem. Desde então, o jogador de 32 anos passou pelo futebol português, Boavista-RJ, América-RJ, Criciúma-SC, Brusque-SC, Santa Cruz-PE e Caxias-RS, sempre com grande destaque. Apesar do vasto mercado conquistado, Têti retorna ao clube com o objetivo de deixar novamente o tricolor praiano na Série A do Campeonato Carioca. - Pra mim está sendo uma felicidade muito grande estar voltando a jogar pela Cabofriense. Desde o momento que eu saí, sempre acompanhava o clube de onde eu estava. Estar mais uma vez retornando é um prazer muito grande, que eu possa juntamente com meus companheiros que estão chegando ajudar a equipe da Cabofriense a conquistar seu objetivo que é voltar para a primeira divisão – disse. O momento vivido pela Cabofriense não tem sido fácil. Em três anos teve dois descenso e um acesso. Têti chega em um momento importante, já que além de líder dentro de campo, sempre um foi um dos ídolos da torcida, junto com o goleiro Flávio. - Nós jogadores somos avaliados por desafios, então nesse momento o clube passa por uma formação de equipe, acredito que é um time forte que vai buscar realmente essa vaga na primeira divisão. Todos nós sabemos que é um ano importante para a cidade, e a equipe vai fazer de tudo para que possa conseguir o seu objetivo, que é

Têti (de cinza) volta à Cabofriense com a responsabilidade de comandar o Tricolor colocar a Cabofriense na primeira divisão e não sair nunca mais – espera o jogador. Além de recolocar o clube na Série A do Campeonato Carioca, a família foi outro ponto que pesou para a decisão de Têti. Os dois fatores juntos foram determinantes para que mais um desafio seja cumprido na vida desse meia-atacante de qualidade. - Voltar para Cabo Frio é muito importante também pelo lado da minha família, onde vou poder ficar mais perto. É claro que isso foi um dos fatores que pensaram na minha decisão de aceitar a proposta. Mas eu sempre falei que a Cabofriense é meu time de coração. Sou um cidadão cabofriense e espero que eu possa fazer o meu melhor neste momento em que o clube passa por uma fase de reformulação. O torcedor da Cabofriense pode se preparar para ver outro Têti em ação com a camisa do tricolor praiano. Nas passagens anteriores pelo clube, o jogador sempre jogava como meia,

finalizando pouco e tendo com principal característica a bola parada e o passe de qualidade. Nos últimos anos, vem acumulando gols e mais gols por onde passou, mudando um pouco suas características. No começo deste ano era um dos principais artilheiros do país. - No começo desta temporada eu consegui fazer muitos gols, era um gol por partida, tinha nove gols em nove jogos, pelo Brusque. Era uma média muito boa, depois tive a oportunidade de ir pro Santa Cruz, onde na estréia tive uma contusão grave. Voltei no final do campeonato pernambucano, pude ajudar meus companheiros a levar aquele título e foi super importante. Depois fui contratado pelo Caxias e em quatro jogos fiz três gols. Foi um ano importante – comentou o jogador, que contou como vem jogando. - Continuo jogando como meia-atacante, mas não tenho mais aquela velocidade de antigamente. Procuro sempre aproveitar bem as oportunidades de

Que o Natal de vocês seja a esperança do ano que está por vir, com todas as realizações possíveis e imaginárias. Feliz 2012! Valdemir Mendes Presidente da AD Cabofriense

poder chegar na área. De uns anos para cá eu venho chegando bem na área e aproveitando as oportunidades, fazendo muitos gols. Espero que eu possa continuar fazendo esses gols, só que agora pela Cabofriense – afirmou o jogador, finalizando deixando um recado para a torcida. - Nos últimos clubes que passei sempre consegui títulos e acessos. Fui campeão da Série B do Carioca com o América, em 2009, campeão da Copa Santa Catarina com o Brusque, em 2010, conseguimos o acesso com o Criciúma na Série C do Brasileiro, também em 2010 e campeão do campeonato Pernambucano neste ano. Aqui na Cabofriense não vai ser diferente. Vou fazer o meu melhor para poder ajudar meus companheiros. Vou trabalhar forte pra quando começar a Série B eu possa continuar fazendo tudo aquilo que eu venho fazendo nos últimos anos na minha carreira, conseguindo títulos e com os objetivos alcançados – finalizou o reizinho da Cabofriense.

Clube se prepara para a série B

A Cabofriense está voltando suas forças para o campeonato carioca da segunda divisão que começa no dia 4 de fevereiro, contra o Goytacaz, em Campos. O Tricolor Praiano está se preparando para disputar a competição no CT do clube, em São Jacinto, zona rural de Cabo Frio. Após apresentar a equipe no último dia 15, a equipe foca agora no preparo físico e entrosamento, já que a chave da Cabofriense é considerada o “grupo da morte”. Da equipe presente no clube, são cerca de 20 contratações. Tentando voltar a Série A do Carioca, o tricolor praiano terá jogadores de experiência na competição, como o lateral-esquedo Da Costa,ex-América e Madureira; os zagueiros Alan Kardec, ex-América e Vinícius Bradok, ex-Mesquita, os atacantes Edivaldo, ex-América e Duque de Caxias e Miguel, ex-Friburguense e Olaria, dentre outros. Outros contratados são conhecidos do torcedor. Retornam a Cabofriense os volantes Marcelo Cardoso e Júnior, os meias Diego Cocada e Têti, além do centroavante Alexandre Calango. Além dos reforços, muitos jogadores que disputaram a Copa Rio pelo clube continuaram, como os goleiros Flávio e Washington, o lateral Matheus, os zagueiros Filipe Reis, Allan e Thuram, os volantes Morais, Filipinho e Marcelinho, os meias Maxsuel, Luís Marcelo e Diego Salles, além do atacante Epifânio.

Feliz Natal! Mais um natal que se passa, e eu continuo sempre a lhe desejar muitas alegrias e muitas benções... Que Jesus te ilumine hoje e sempre... Feliz 2012!

Marcello Corrêa


BASQUETE

NA JOGADA - dezembro/2011

Guilherme Kroll

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Raphael Bozeo

O homem da

revolução Gerente Executivo da LBCF promete mudanças e acredita no desenvolvimento da modalidade na cidade

Desde que foi fundada, em 2004, a Liga de Basquete de Cabo Frio (LBCF) cresceu bastante. Além de organizar os campeonatos municipais, a entidade montou equipes que conquistaram títulos, como o Rio Open juvenil, foi duas vezes vice-campeão Estadual para o “todo poderoso” Flamengo, tricampeão dos Jogos Abertos do Interior (JAI) e campeão dos Jogos Abertos Brasileiros (JAB’s). Mas neste ano, a Liga passou por dificuldades financeiras e vai aos poucos respirando após a crise enfrentada. Para 2012, muitos projetos e mudanças na condução da administração. Para isso, o presidente Fábio Costa contratou Guilherme Kroll para gerente executivo da Liga. Formado em educação física, jornalismo e psicologia; e militante no basquete desde que nasceu, já que seu pai fora treinador e jogador, Guilherme Kroll tem bagagem suficiente para o cargo. Trabalhou por mais de 25 anos como técnico, oito anos como superintendente técnico da Federação de Basquetebol do Rio (FBERJ) e vê neste novo desafio a chance de fazer um projeto modelo para o

basquete não apenas municipal, mas de âmbito nacional. Nos últimos cinco anos, Kroll trabalhou no futebol profissional, também como gerente executivo no Macaé Esporte e no Volta Redonda. Demonstrando otimismo, Guilherme Kroll espera revolucionar a Liga. O trabalho já começou. Na Jogada: Reestruturar a Liga foi fundamental para seu acerto na Liga? Guilherme Kroll: O basquetebol existe em Cabo Frio e em outros lugares por heroísmo, por conta dos ídolos, como aqui com o Sérgio Macarrão, através de pessoas abnegadas, que se somadas, não chegam a cinquenta. Não é isso que nós desejamos, queremos que a modalidade seja praticada por 80% de Cabo Frio. O basquete talvez seja de todas as modalidades, a que mais leva há inclusão, pois gera atração em todas as camadas sociais, em todas as faixas etárias, e tem que ser massificado e utilizado como ferramenta de educação. É lógico que as equipes de alto nível tem que existir, para que se possa ter o espelho, o modelo. O grande interesse que temos é ver o basquete ser algo fundamental dentro da cultura, dentro da sociedade cabofriense. NJ: Isso é mais uma motivação?

GK: Eu torno a dizer que o basquete para cinquenta pessoas não tem representatividade. Nem sei dizer se é unido ou desunido, só posso afirmar que não tem representatividade. Temos que fazer basquete para 50 mil pessoas. É esse o basquete que vamos fazer agora. Sempre dividi minha vida profissional em pessoa física e pessoa jurídica. Há cinco anos, como pessoa física, exerço a função de gerente de futebol profissional. Hoje minha cabeça mudou, sou gerente executivo da Liga de Basquete de Cabo Frio. Eu garanto que enquanto o basquete da cidade não estiver alavancado, mais de mil praticantes, bem forte, eu vou estar aqui. No dia que aqui começar a funcionar, talvez eu parta para outro desafio. NJ: Ano que vem promete ser de muito trabalho. Quais são suas expectativas para 2012? GK: Só o fato de eu estar aqui já prova tudo o que eu possa dizer. Eu estou apostando nisso, estou absolutamente encantado com o apoio que a Prefeitura de Cabo Frio vem dando não só para a Liga de Basquete, mas como para todas as outras. Essas Ligas recebem o apoio exato e que merecem receber. Temos três ginásios de alto nível e mais uma infinidade de quadras cobertas por aí. O apoio está sendo total do ór-

gão público. Agora, as pessoas do esporte têm que entender que praticar esporte dá sede e não pode todo mundo correr para o mesmo bebedouro, que é a Prefeitura. Nós temos que entender que existem 200 bebedouros. Claro que o bebedouro da Prefeitura é legal, mas para aquilo ali ele já está funcionando. Agora nós temos que construir outras fontes para que possamos conseguir recursos de outras formas e fazer de Cabo Frio a capital do esporte. NJ: Existem quatro projetos para 2012. É o começo da formação de novos atletas? GK: Com certeza e vou além. Temos que começar pelo mini basquete, mini vôlei, mini futsal, mini tênis, sempre com regras adaptadas, uniformes adaptados para a criançada toda conseguir aprender os gestos corretos, sem precisar fazer sobrecarga, porque a bola é mais pesada ou o aro está muito alto. Tão importante quanto isso é a criação de outro movimento paralelo que eu batizo de “Ama Basquete”, que é a associação de pais e amigos da modalidade. Se nós formos lançar uma atividade de basquetebol em que a criança pratique terça e quintas-feiras, por exemplo, nós vamos ter uma terceira prática que será no sábado, com a participação dos pais, amigos e vizinhos dessas crianças. Eles vão estar presentes e é isso que nós queremos. Nós precisamos em todas as modalidades esportivas que elas cresçam de importância, que os pais vejam no esporte a diferença de simplesmente jogar bola. NJ: A expectativa é grande para o Ama Basquete e o Mini Baquete? GK: No meio de janeiro já vamos estar com todo o material desmontável, transportável,

itinerante. Onde tiver entre dez e cinquenta crianças na faixa de até 13 anos, vamos comparecer gratuitamente, é só nos procurar. Chegamos lá, montamos nossas tabelas, levamos nossas bolas, levamos profissionais graduados e vamos fazendo a degustação, o “workshop” do basquete, criando um gosto pela modalidade. A partir de fevereiro vamos desenvolver turmas e naturalmente vamos ter equipes competitivas, dentro da nossa realidade. Com isso o gosto vai se perpetuando, se multiplicando e cada vez mais o basquetebol vai ganhando importância na nossa cidade. NJ: O basquete de Cabo Frio vem fazendo bonito nos últimos anos. O que você acha que o passado pode ajudar nesse recomeço da Liga? GK: Ajuda muito. Cabo Frio tem história no basquete. Sérgio Macarrão costuma dizer que a cidade tem muita história no passado e tem uma história que começa em 2004, com a fundação da Liga de Basquete. Macarrão é uma figura que Cabo Frio sempre vai dever muito a ele qualquer conquista, qualquer louro terá que ser creditado ao Macarrão, que é um ídolo do basquete nacional e uma referência, inclusive pessoal, para mim. Cabo Frio conseguiu ser campeão Estadual juvenil, em 2007, conseguiu ser campeão dos Jogos Abertos do Interior (JAI) e dos Jogos Abertos Brasileiros (JAB’s), neste ano. Agora isso tudo não adianta nada, não traz benefício nenhum se não houver a massificação e o poder público tem o projeto Novo Cidadão com tudo para dar certo. Se a modalidade de basquete não está funcionando, tem que funcionar, porque às vezes algumas porquinhas têm que ser apertadas, só isso.


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NA 2011 NAJOGADA JOGADA- -novembro dezembro/2011

ESPECIAL/LEANDRO reportagem de capa

NA JOGADA - dezembro/2011

Reprodução de internet

William Von-Held

Chegada ao Flamengo “Eu sempre gostei muito de futebol, era chamado nos dias de hoje de fominha. Aqui em Cabo Frio eu jogava na praia, futsal, futebol de campo, em todas as peladas eu estava. Minha vontade de ser jogador profissional e, principalmente, no Flamengo era imensa, já que era meu time de coração. Então fui fazer um pré-vestibular no Rio, em 1976, e surgiu uma oportunidade de fazer um teste no Flamengo. E foi engraçado, porque não estava programado de fazer o teste. Fui com meu primo à praia do Leblon e, na volta, o ponto final era em frente à Gávea. Aí meu primo disse: “Faz um teste no Flamengo”. Aí eu disse que só fazia se ele pedisse, porque eu era muito tímido. Ele conseguiu e marcaram o teste. Nem chuteira eu tinha, peguei emprestada e o número dela era dois a mais do que eu calço. Fiz o teste e fui aprovado em apenas dois treinos. Aconteceu tudo rápido”.

José Leandro Souza Ferreira seria mais um brasileiro comum se seu talento não tivesse sido descoberto e aproveitado. A história começou há 35 anos, por um dos acasos da vida. A caminho de prestar o vestibular, no Rio de Janeiro, o ônibus onde estava parou em frente à Gávea, sede do Flamengo, e, dali em diante, a história de amor de Leandro com o Flamengo e com o futebol ganhou outro patamar. A intervenção dos “deuses do futebol” foi fundamental para que o talento desse cabofriense não fosse perdido. Ainda jovem, Leandro foi dado como “desenganado” para o futebol por causa das suas pernas arcadas e de seu já problemático joelho. Mesmo assim, a carreira prosseguiu, e por 14 anos, um dos melhores jogadores em sua posição em todos os tempos defendeu apenas duas camisas: a do seu Flamengo de coração e a da seleção brasileira. O desfile pelos gramados do mundo inteiro foi curto, encerrando precocemente a carreira aos 29 anos. Tempo suficiente para inspirar e eternizar sua grandeza, retratada em forma de estátua na Praia do Forte, principal ponto turístico de Cabo Frio, “quintal” da sua casa, onde jogou futebol por muitos anos. Considerado por muitos o maior lateral-direito de todos os tempos, o cabofriense Leandro conta um pouco da sua história em uma entrevista especial onde fala da sua carreira, sobre seu tempo no Flamengo, sobre a seleção e até da Cabofriense. Leandro abriu o verbo e não titubeou ao responder perguntas polêmicas sobre sua carreira e sobre seu tempo como jogador. Até hoje idolatrado pela torcida do Flamengo, conta de tudo um pouco.

Pai e filho torcedores rubro-negros “O Flamengo não é o Flamengo pós-Leandro jogador. É de nascença. Meu pai, a gente não mede o sentimento rubro-negro. Sempre falam que um é mais rubro-negro que o outro, mas considero papai um dos maiores rubro-negros que existe e que eu conheço. Sabe torcer, sabe perder, é sarcástico nas brincadeiras. O pessoal em Cabo Frio sabe que não dá para sacanear ele, tá sempre com uma saidinha, uma resposta pronta. Na derrota ou na vitória. De radinho de pilha, ele me levava, aos domingos para deitar na cama dele. Em 69, tinha 10 anos, uma passagem curiosa: a gente estava assistindo a uma final do Fla-Flu e o Fla tava perdendo. O rosto dele meio triste, preocupado. Aí eu saí e fui na sala, ajoelhei e rezei. Pedi “Papai do Céu, faz o Flamengo empatar pra ver uma alegria no papai”. Aí o Dionísio empatou com um golaço de cabeça. Comprei um vinil, era o Jorge Cury narrando: “Murilo ultrapassa a linha divisória do gramado e levanta a boca da meta, Dionísio de cabeça, é golaaaaaço”. É assim a minha ligação com o Flamengo, de sair daqui com grupo para o Maracanã. Fundaram até uma torcida aqui em Cabo Frio do Flamengo. Acompanhei isso tudo, depois virei jogador, com todas as feras no Flamengo ao meu lado, Zico, Júnior, e aí você perde um pouco do torcedor, passa a jogador, só que com a responsabilidade, o lado torcedor de criança passa para dentro do jogador. Toda vez que entrava em campo, me transformava, era o vermelho e preto em pele mesmo. Sempre dei tudo pelo Flamengo, quando era uma derrota iminente, eu ficava pensando na tristeza, na vibração todinha do torcedor. Ele é um dos alicerces, me ensinou muito. Diziam no Maranhão que eu não joguei nem metade do que meu pai jogou. Ponto de apoio da minha família, ele que acreditou em mim. Minha mãe fez ele ir no Flamengo perguntar se eu tinha chance. Acho que dentro da educação, gerou tudo, você se forma dentro de casa para o bem e para o mal.” De torcedor para jogador “Foram 16 anos. Passa muito rápido. A minha carreira foi meteórica, não pensava em ser jogador profissional. Fui para o Rio e fui para a praia. Lá pedi para treinar. Foi uma, duas e deu certo. Em dois anos já estava no profissional, disputando o Carioca e sendo campeão. Uma loucura, cara! Você sabe o que foi?! Eu sou reconhecido no Rio, nos shoppings e até em outros estados. Você saber que fez alguma coisa de grande, de importante e que a gente nem pensava nisso. Aqui de Cabo Frio, a vida da gente dá umas reviravoltas meio malucas. Com o talento que Deus me deu eu soube aproveitar. Treinava muito, gostava do que eu fazia, não queria e não gostava de perder.” Flamengo, único clube “Em 79 eu tive um problema no joelho, voltei a sentir dor depois da operação em 78, aí o Flamengo não podia ficar só com um lateral e contratou o Carlos Alberto. Fui para o Internacional e fiz o primeiro exame lá. Tinha passado, fiz o coletivo, e o Ênio Andrade tinha me escalado para jogar contra a Ponte Preta, já no domingo, pelo Campeonato Brasileiro. Aí eu fiz o outro exame, e o outro médico achou que a minha contratação não seria boa, dizendo que eu teria no máximo mais dois anos de vida no futebol. Graças a Deus ele botou esse médico na minha frente e eu retornei ao Flamengo. Foram dias difíceis até o final de 80. Depois, em 81, eu vim a ser convocado pelo Telê, e teve a minha estreia como titular jogando o jogo todo. O Telê me botou no jogo contra a Bulgária e foi no Estádio do Beira Rio. Ganhamos de 3 a 0 e eu fiz um gol. Um tapa de luvas que eu dei no médico lá.” Lateral ousado e zagueiro clássico “Algumas pessoas me chamavam a atenção. Eu tive uma birrazinha com o Ron-

dinelli por isso, mas eu não fazia de propósito, eu não queria fazer firula. Na verdade como eu não gostava de dar chutão, eu via a possibilidade de sair jogando e fazia isso. Eu fazia numa de limpar a jogada, não de menosprezar o adversário. Eu queria fazer a jogada para ajudar meu time. No futebol, você tem segundos para decidir o que fazer, e eu decidia por fazer isso.” História com o goleiro Raúl na final do Brasileiro de 82 contra o Grêmio “Não era só com o Raul, né? Mas por termos ficado juntos muito tempo, éramos companheiros de quarto na concentração, sempre brincávamos. O Flamengo no todo era uma grande família, todos torciam pelo sucesso do outro. Quando você tem uma amizade, acaba brincando com a pessoa. E o Raul conta nas entrevistas, sempre que perguntam de mim, sobre a final do Brasileiro contra o Grêmio, lá no Olímpico. O Grêmio estava pressionando muito agente, e sempre que a bola sobrava para o Raul, ele dava chutões na bola. Aí eu virei pra ele e disse: “Essa bola não vai adiantar Raul, ela vai voltar, é pior. Joga aqui pra mim”. E ele teimoso não queria mandar a bola. Mas eu estava reclamando tanto que ele, com raiva, mandou uma “pedrada” pra mim. Aí eu matei no peito e dei um lençol no Odair e sai jogando tranquilo. Voltei falando assim: “Joga em mim porque eu jogo pra cara... mesmo. Confia em mim, pô”. (Risos)” O apelido “Peixe Frito” “Na verdade tem várias versões. Que eu me lembre, tinha uma barraca, não sei se de Kikinho ou de Babau mesmo, que vendia um peixe frito e onde eu tomava um chopinho. Daí caiu lá na Rádio Globo que a barraca era minha e colocaram Leandro Peixe Frito. Mamãe ouvia, botou o rádio de manhã cedinho e aí tinha uma chamada: ‘acorda Peixe Frito, como tá o tempo em Cabo Frio?’. Ela ficava injuriada. Falava: ‘botei um nome tão bonito, Leandro, no meu filho para chamarem ele de Peixe Frito…’ (risos).” Ano de 81, o melhor da carreira “Eu subi em 78, fiz 11 jogos pelo Flamengo, quando fomos campeões cariocas, e o Toninho era o titular. Em 80 fiz algumas partidas pelo Brasileiro, mas me firmei mesmo em 81, como titular da posição, com a saída do Toninho. Teve a oportunidade do Telê Santana, que me convocou pela primeira vez, e acho que dali eu engrenei, eu realmente subi na carreira” Trinta anos da conquista do Mundial “Fica uma saudade grande. Às vezes me pego recordando lances do jogo e parece que foi ontem, mas já se vão 30 anos. Foi um ápice de um grupo vitorioso, bem unido, um grupo formado praticamente todo ele dentro do Flamengo. Essa é uma grande diferença em relação aos clubes atuais. Não existia nenhum tipo de vaidade, mas sim uma amizade e cumplicidade muito grandes. Além dos jogadores que formaram esse time de um nível técnico muito bom, a gente tinha essa amizade que faz com que um grupo seja vencedor. A gente olhava para cada companheiro e via o brilho nos olhos de querer ganhar, de querer melhorar cada vez mais. E o Flamengo tinha uma virtude muito importante: quanto mais títulos ganhava, mais sereno ficava, mais humilde, mas sempre querendo ganhar. A homenagem que recebemos agora foi muito legal. Praticamente todos os jogadores estavam lá, e rever aqueles companheiros daquela época de tantas batalhas, de tantas lutas em campo e fora do Brasil, em torneios pela Europa, você sente que ainda resiste aquela amizade gostosa, pelo carinho com que a gente é recebido pelos companheiros. Acho que a torcida do Flamengo jamais vai esquecer, e a gente fica torcendo muito para que outros títulos possam vir. Tomara que a gente consiga nessa próxima Libertadores, mas o que fica mesmo é a saudade, uma saudade gostosa, boa de sentir”.

William Von-Held

Leandro

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Reencontro com os ex-companheiros “Eu costumo dizer que a gente merecia ter mais tempo para a gente conversar, fazer uma roda nossa de ano em ano, pra bater papo, pra relembrar, porque tem muita coisa. Passamos muito tempo juntos e, normalmente, uma homenagem é um momento muito rápido de encontro. Mesmo assim cabe um abraço, contar alguma história... As lembranças são muito boas e a gente sente que cada um tem orgulho do outro” Histórias da final do Mundial “Final do jogo. Logicamente, tinha alguns torcedores do Flamengo que viajaram, fizeram aquele sacrifício todo. Na entrada do estádio, os próprios japoneses organizadores estavam distribuindo bandeiras de ambos os clubes. Eu lembro que na época o Liverpool tinha até mais bandeiras, eles optaram mais pelo Liverpool por ser um clube mais conhecido, e que tinha sido o time da década. Então, no final da partida, faltando dois minutos, a vitória já tava certa. Todos sabíamos que o título era nosso, e eu, por um instante, me peguei pensando: “Cadê minha torcida?”. A gente tava acostumado com o Maracanã, comemorar junto com aquela galera toda e depois nas ruas ver o Rio, o Brasil todo colorido de vermelho e preto. Senti falta da torcida. Foi aí que fechei os olhos e mentalizei aquela massa toda do Maracanã e pude comemorar dessa forma com eles. Quando acabou o jogo, ficou um negócio meio frio, tava contente e tal, mas não tinha aquela vibração, aquela energia e o calor que vinha da arquibancada” Liverpool, o Barcelona de 81? “Em termos de título sim. Como eu disse, eles eram o time da moda, que tinha conseguido três ou quatro títulos da Champions League e era o todo poderoso. Esses dias eu vi uma entrevista de um dos jogadores que se assustou com o nosso time e acho que eles pecaram em não procurar saber pontos fortes e fracos do Flamengo. Nós tínhamos feito um torneio em Napoli, na Itália, e jogamos com os melhores times do país, vencemos as três partidas e fomos campeões. Naquela época mesmo tinha surgido o Crawl, da seleção holandesa, e ele disse que nosso time era de outro planeta, como estão se referindo hoje ao Barcelona. E o Liverpool não ficou sabendo disso, achou que fosse entrar em campo e ganhar um time fácil. Quando viram nossa estatura, sambando, batucando, acharam que seria tudo muito fácil pra eles” Flamengo 81 x Barcelona atual “O Zico acha que daria Flamengo por 4 a 2; eu acho que ia ser um grande jogo, muito bem disputado e de um altíssimo nível. Duas equipes com grande jogadores daria um prazer enorme assistir a um jogo desse, mas eu ainda acredito que daria Flamengo” Toque de bola brasileiro: base do sucesso do Barcelona “Esse toque de bola o Flamengo sempre teve. É uma escola do Flamengo também, e quando o Coutinho chegou à Gávea, ele aprimorou mais ainda isso. Com posse de bola, a gente corre menos risco de levar gols. Por isso ficávamos girando a bola de um lado para o outro, fazíamos treinamentos, o que deve fazer o Guardiola hoje. A gente treinava muito isso, e ficava sem precisar entrar no gol. Para abrir essa defesa, era o pêndulo de que o Coutinho falava. E a posse de bola tava sempre com a gente, e leva uma vantagem danada quem fica com ela” Reinventar a posse de bola: a chave para o futebol brasileiro “Hoje em dia, você vê, chega um garoto de estatura mediana, ou mais baixa, e não tem chance nos clubes. Atualmente eles preferem um garoto forte, alto e de menos habilidade, ou quase nenhuma. Você bota um preparo físico nesse jogador, (continua na página 10)


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OUTROS ESPORTES ESPECIAL/LEANDRO

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Arquivo pessoal

(continuação) coloca para marcar, e tudo isso nas categorias de base, onde você aprende a cabecear, aprimorar matada de bola, passe de esquerda, de direita... Havia esse compromisso por parte dos professores na época. Os campos também são outra questão importante, pois como você vai treinar um garoto, um passe de primeira, com um campo cheio de buracos? Lá na Europa tem isso, o campo de treinamento talvez seja melhor do que o que eles jogam”

A desistência de ir à Copa em 86 “Não me arrependo, mesmo sabendo que perdi muita coisa. Já tinha firmado patrocínios, contratos, mas eu senti e percebi como todo mundo me apoiou. O corte do Renato eu não achei justo, ele tava numa excelente fase, tava jogando muito, e o Telê já tinha uma birra anterior do Grêmio com Renato. Eu senti muito e posso ter errado no momento de dizer que não iria, que foi em cima da hora, mas aquilo vinha martelando na minha cabeça, me remoendo. No amistoso antes da ida, eu também já não fui bem, não tava com a cabeça legal, achei que não deveria ir”

Derrota na Copa do Mundo de 82 “Eu fiquei decepcionado, sim. Apesar de ter sido o mais jovem daquela seleção em campo, já tinha uma certa experiência. Então, você sabe que quando você tá numa disputa pode perder de uma hora para outra e tem que estar preparado pra isso, apesar de que nem sempre todo mundo tá preparado para uma derrota, principalmente como foi aquela, muito dolorida. Mas o que eu mais senti naquela perda foi que dentro da seleção tinha uma geração de jogadores gênios: Cerezo, Falcão, Sócrates, Júnior, Zico... Eu olhava, às vezes, como se fosse à última oportunidade deles de serem campeões do mundo e, por merecimento, ficarem marcados, de coroar a carreira deles por tudo que eles fizeram no esporte. Ao mesmo tempo eu me via ali no meio deles, que poderia ter outra oportunidade por ser mais jovem. O que eu mais lamentei foi não ver esses caras campeões, eles merecerem demais”

A decisão de parar de jogar “Eu parei em 90. Fiz alguns jogos ainda pelo Campeonato Carioca e parei. Meu último jogo foi contra o Bangu, quando a gente perdeu de 2 a 1 em Moça Bonita. À noite, comuniquei, na verdade a um tricolor, que trabalhava lá na época, que era o Francisco Horta. Eu tentei voltar e poderia até continuar jogando ali como zagueiro, mas eu não ia render o que eu rendia. Eu sempre gostei de apresentar um bom futebol primeiro para mim, depois para a torcida, mas não tive depressão nenhuma, porque na verdade meus problemas físicos no joelho já vinham de longa data. Quando os médicos fizeram um exame mais minucioso, não acreditaram que eu ainda jogava bola, isso em 84. Minha artrose no joelho era de uma pessoa de 60 anos, uma parte da medicina que não tinha explicação. Então, eu já vinha me preparando há bastante tempo, pra uma possível parada definitiva, bem antes. Foi lúcida minha decisão, e sem dano nenhum.”

Interesse do Barcelona em 82 “Na época era muito difícil um zagueiro ser contratado. Acho que, bem antes, o Luis Pereira foi para o Atlético de Madrid, e o Edinho saiu para a Udinese. A gente não tinha esse hábito; saiam daqui atacantes, goleadores que eles levavam mais. Mas eu não me preocupava com isso, não. Acabava meu contrato eu queria renovar logo, era do Flamengo que eu gostava, não tinha jeito. Houve uma proposta a qual fiquei sabendo pelo Michel Assef. Ele me chamou no vestiário e me disse que o Barcelona tinha ido atrás de mim, mas devido aos problemas do joelho eles descartaram. Mas foi uma consideração, logo depois da Copa. O futebol espanhol já estava de olho na nossa seleção” Arquivo pessoal

Copa de 2014 “Dizem que vai dar tudo certo, né? Tomara que dê, mas eu to achando tudo muito atrasado, principalmente aeroportos, que é uma preocupação muito grande. Brasileiro tem sempre aquela crença de que vai dar um jeitinho e que em cima da hora vai dar tudo certo. Mas o negócio é muito sério, tem que estar tudo preparado antes. Em relação à seleção, me preocupo bastante. Os jogadores que vem jogando são esses, e ele convocou os melhores. Muita convocação, chegando a 100 e 150 atletas. Antigamente você tinha 20, 25, e sabia exatamente aqueles que faziam parte do grupo. O Mano tem que pensar em fixar um grupo menor, focar nesse grupo e trabalhar nele. Se aparecer alguém, você incorpora nele, vai formar um grupo e trabalhar junto”. Otimismo em relação à seleção “É difícil, estamos a quase dois anos da Copa, tá muito em cima. É pegar essa base, trabalhar em cima e treinar. O Brasil não tem mais aqueles gênios, tirando Neymar e Ganso, que teve problemas de contusão. Temos bons zagueiros, laterais e se não aparecer ninguém de entrosamento dá para tentar” Zico dirigente do Flamengo “O Zico tinha que vir como presidente do Clube, pra ele ter poderes, apesar de ter o conselho. Acho que o Zico quis tentar mudar alguns conceitos na Gávea, mas existem pessoas ali atrás que não querem as mudanças, porque não farão bem para elas. Assim tá bom, e assim elas continuam ganhando seu dinheiro. Por outro lado, o Zico, como entrou para trabalhar no Flamengo, deveria separar qualquer negociação com CFZ, por mais que tenha sido a intenção somente de ajudar, ele podia ter tomado mais cuidado nesse sentido, para evitar que as pessoas pensassem de outra forma. Na homenagem eu me senti um pouco

constrangido, disse que não ia, mas o Júnior me ligou dizendo que ia e que quase todos estariam lá. Me constrangeu um pouco. É meio como ir e o cara que deu isso tudo, o “rei”, não ir. Todo o grupo fazia parte, mas sabemos que ele decidiu mesmo não estar lá. Mas o Júnior me ligou e afirmou que quase todos estariam lá e que o Zico tinha passado uma mensagem. A mensagem dele foi muito legal. Nos disse que não poderia ir, elegantemente, porque tinha compromissos no Iraque, mas sempre deixando bem claro que a paixão dele é o Flamengo, que ele ama. Que era um momento especial para todos nós e que gostaria de estar lá com a gente. Mas é sempre ruim, a gente queria todo mundo lá, principalmente ele” Patrícia Amorim “Tirando a ‘briga’, que não foi dela, mas ela tinha o poder de decisão, com o Zico, tá tudo bem. Ela tem boas ideias, inovou muita coisa... O lema do Flamengo sempre foi um, mas você pensa em uma coisa, entra outro presidente e não acompanha o raciocínio. Acho que a Patrícia tá certíssima em revitalizar o “Ninho do Urubu”. Sempre teve o lema de que craque o Flamengo faz em casa. Se o Flamengo tivesse esse CT há mais tempo já poderia ter a renovação do time, como o Barcelona, quem sabe. O Flamengo renovava naquela época, o time campeão em 81 foi o de gerações em campo. O Flamengo não é time mais para se concentrar em hotel, tem que ter a própria concentração” Flamengo atual: esperanças de título na Libertadores? “Sinceramente, com esse time, não. Não mudou nada ainda. No início do Brasileiro, mesmo com a conquista do Carioca, invencibilidade grande no campeonato, eu falava pro meu pai: ‘É um jogo bom e outro ruim, depende de dois jogadores’. Não é um grupo que tem que ser compacto. Pode perguntar a qualquer rubro-negro e ele vai te dizer, o Flamengo chegou longe mais pelos nomes e pela torcida e pela camisa, quando a gente mais precisou dos jogadores eles se esconderam ou estavam preocupados com outras coisas, não tiveram compromisso com o clube e nem com a torcida. Tem que fazer uma reformulação. Contratar jogadores, laterais, meio-campo, o time que quer ser campeão não pode ter três cabeças de área jogando, passes errados de um para o outro. Willians parece que devolve a bola pro adversário porque se ele não roubar se sente mal. Eu não confio nesse time atual, não, só se mudar muita coisa.” Oportunidade de voltar a trabalhar com futebol “Como treinador jamais. Jamais é complicado, né? Mas difícil, treinador não é para mim, eu fico muito nervoso. Como dirigente sim, como fui do Flamengo, como fui da Cabofriense, passando para a primeira divisão. Como dirigente, talvez sim. Eu lamento até hoje


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FUTSAL ESPECIAL/LEANDRO

isso, certamente eu poderia ter dado alguma coisa ainda para a Cabofriense. Lembro que na época a Cabofriense tava com um investimento legal, times bons, poderia ter jogado aqui pelo menos uns dois anos e ajudado o time de alguma forma. Estamos à disposição” Cabofriense “Encontrei com o presidente Valdemir e ele me disse que ia disputar a segunda divisão, que o CT estava bom e surgiu até a possibilidade de colocar meu nome no Centro de Treinamento. Queria me levar para ver e tudo. Eu perguntei e ele me falou da segunda divisão, a Cabofriense tem que trabalhar categoria de base também porque não tem suporte para contratar, e quando contrata acaba o campeonato e vai todo mundo embora e volta à mesma rotina. Passa a ser tachado como apenas um clube de campeonato, de época, de período de poucos meses. Aí as pessoas já vêm pensando que vai ficar um pouco, receber e já pensando em outro clube que pode ir depois. Se começar a fazer um trabalho de base aqui, a gente pode conversar” Tamoyo Esporte Clube, o outro clube do coração “Eu vivia na Associação (Atlética Cabofriense), né? Foi fundada pelo meu tio junto com o Alair Corrêa. Era atrás da casa dos meus avôs. O meu tio me levava para os jogos, tenho até foto pequeno com a camisa da Associação. Tricolor, né? Mas a minha infância toda eu fui para o Tamoyo, tinha a sede, era aqui no Centro também e a gente frequentava bastante também. Tinha o quadro social e o futebol de salão, onde eu comecei. Cheguei a jogar no Tamoyo como zagueiro central algumas partidas com 15 anos, mas o Tamoyo só tinha o aspirante, como era chamado. Não tinha as categorias de base” Rivalidade local “Futebol sempre foi minha paixão, a bola sempre foi. Eu não sabia o que era futebol, mas bola sabia. Mas acompanhava. Eu peguei jogo no Aracy Machado, campeonatos muito bons, Mamaco, Teno, Moisés, Hélcio, Chico, nós tínhamos uma rivalidade imensa. Era aquela gritaria toda, o pau quebrava mesmo, o bicho pegava. Era uma época boa, que a gente lembra de domingo de jogos e era farra geral. Flamengo e Vasco, Flamengo e Bahia, jogos que aconteceram no Barcellão, em Arraial do Cabo” Infraestrutura esportiva de Cabo Frio “O material humano ta aí, a garotada tá aí, é maneiro, muito legal de você tirar essa garotada das drogas e de outras coisas ruins. Temos as condições, que são justamente esses centros esportivos, esses ginásios são bons, os poliesportivos, como o Aracy Machado, aquela área que vai sair o complexo. Temos opções para vários tipos de modalidades esportivas. No atletismo, por exemplo, temos bons atletas aqui na cidade. Quer dizer, o negócio é incentivar, aproveitar essa deixa da Copa do Mundo e das Olimpíadas. De repente, procurar um político para ter uma ajuda de fora, é uma cidade próxima do Rio de Janeiro. O caminho é esse, atletas nós temos. Só precisamos de trabalho e condições” A estátua “Geralmente, estátua se dá a quem já morreu. O Alair (Corrêa, ex-prefeito de Cabo Frio) me surpreendeu e sou muito grato a ele. Não é uma coisa simples você ser eternizado ali na praia. Foi muito bacana, minha família ficou muito orgulhosa, muito satisfeita com o carinho dele. Eu lembro que, sem demagogia, um dos momentos mais felizes e importantes da minha carreira foi na copa de 82, num Brasil e Argentina. Nós estávamos perfilados, entrando em campo para ouvir o Hino Nacional, e eu dei uma olhadinha para cima e tava minha mãe segurando uma bandeira que ela fez aqui e a mãe do Zico do outro lado. Na bandeira estava escrito assim: “Leandro, Cabo Frio está com você”. Aquilo me encheu de orgulho e, imagina, as cartas que eu recebi do colégio, dos professores, de alunos na campanha do Mundial. E você ter a estátua passa um filme geral de você brincando em Cabo Frio, da sua infância, de pelada na rua, de praia e clube. Realmente é uma coisa que eu não sonhava em ter, por mais que tenha feito alguma coisa, uma estátua é uma coisa muito séria, muito forte”.

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Os craques falam sobre Leandro Zico, Júnior e Andrade são só elogios ao companheiro de Flamengo e seleção brasileira

Leandro fez parte da geração de ouro do Flamengo, na década de 80, que conquistou quatro campeonatos brasileiros, uma libertadores, um mundial interclubes e muitos outros títulos. Por muito pouco essa bonita história quase não aconteceu, já que Leandro foi emprestado ao Internacional, em 1979, com passe fixado. Passou pelos exames médicos, mas por obra divina, o médico do Inter vetou sua contratação, devido a problemas anteriores do joelho. Dali por diante, surgiu um dos maiores ídolos da história do Flamengo. Companheiros dessa geração de ouro, Zico, Júnior e Andrade não cansaram de elogiar o “Peixe Frito”, tanto pela sua qualidade técnica, quanto pelo seu carisma e “coração de ouro”. Segundo Zico, Leandro tinha uma habilidade fora do comum, além de saber trabalhar bem a bola com as duas pernas, sem deixar cair à qualidade no passe. – Um dos maiores jogadores que eu tive oportunidade de jogar. Foi o primeiro jogador que eu vi trabalhar bem tanto com a perna direita quanto com a perna esquerda, uma facilidade que ele tinha enorme. Um cara espetacular que sempre colocava a emoção acima de tudo, um profissional dedicado e tenho a felicidade de ter jogado junto com ele durante alguns anos – elogiou Zico, se recordando das saídas de bola do ex-companheiro. – A bola saia sempre limpa e isso facilitava pra todo mundo. Era muito bom vê-lo jogar, pela facilidade que ele tinha em jogar bola, né. A qualidade de Leandro para sair jogando com a bola lhe rendeu discussões com o zagueiro Rondinelli e com o goleiro Raul. A autoconfiança e o trato com a bola permitiam a ele arriscar. Para Andrade, o lateral-direito improvisava a todo instante. – Todos nós sabíamos da capacidade do Leandro, pois ele era capaz de fazer coisas que ninguém esperava, coisas fantásticas, que só jogadores acima da média e de muita qualidade fazem. Jogava com as duas pernas com facilidade e pra mim foi uma felicidade e um prazer jogar ao seu lado. Ele é o típico do jogador brasileiro, sempre improvisando alguma jogada. Na posição dele foi o melhor que eu vi jogar – afirmou. Considerado por muitos como o melhor lateral-direito de todos os tempos, Leandro passou atuar na zaga por conta dos problemas no joelho. Na zaga continuou como um dos melhores na posição, mostrando que poderia jo-

gar em alto nível em qualquer posição. Apesar de ter ido bem de zagueiro central, Andrade acredita que não existiu e não vai existir lateral melhor que o cabofriense. – Não tenha dúvidas que ele foi o melhor lateral de todos os tempos. Posso afirmar com toda a certeza e olha que eu vi muita gente jogar naquela posição, mas igual o Leandro eu não vi. Tive o prazer de jogar ao lado dele, o que é melhor ainda. Igual a ele não vi ainda e com certeza do nível dele não vai aparecer outro. A qualidade dos dois laterais – Leandro e Júnior – rubro-negros era tanta que ambos foram titulares da Seleção Brasileira na Copa de 82. Amigos até hoje, Júnior falou com muito carinho do ex-companheiro. – Ele foi pra gente uma espécie de ídolo também. Tenho uma relação muito legal com ele, um cara que a gente viu crescer junto, fora a qualidade e a capacidade técnica, que não vale nem a pena a gente ficar ressaltando. Um cara sempre de grupo, que sempre procurou ajudar as pessoas, com um coração altamente generoso, uma pessoa bem quista por todo mundo e que é quase impossível ninguém gostar dele – comentou o “Capacete”. Leandro nunca negou ser torcedor do Flamengo. Sempre diz que acompanhava o time com o seu pai, no rádio, e sempre que podia ia ao Maracanã. Era rubro-negro “roxo”. Quando virou jogador do clube, acabou levando esse lado de torcedor com ele, o que Zico não esquece até hoje. – A mais emocionante foi quando nós ganhamos a Libertadores e ele vibrou muito, parecia um torcedor do Flamengo, o que ele realmente era. Uma imagem marcante, ele comemorando com a torcida, com aquela emoção de ter conquistado um troféu importante para o clube – finalizou o Galinho. Estátua: homenagem justa Em 2003, o então prefeito de Cabo Frio, Alair Correa, resolveu homenagear dois ídolos do esporte cabofriense com a estátua em frente à praia do forte: Leandro e Victor Ribas, surfista profissional e que por muitos anos foi o melhor surfista brasileiro. A homenagem marcou a vida de Leandro e seus familiares. Para Andrade, algo mais que merecido, já que além de um exemplo no futebol e como pessoa, Leandro levou o nome de Cabo Frio para o mundo inteiro. – Estive em Cabo Frio e tive a oportunidade de conhecer a estátua. Eu acho que foi merecidamente, por tudo que ele fez pelo futebol. Cabo Frio abraçou e não podia ser diferente, pelo que ele representou para o Flamengo, futebol brasileiro e mundial e divulgando a sua cidade. Então essa estátua é mais que merecida – concluiu.


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FUTSAL COLUNISTAS

O que devemos aprender com o Barcelona

FIFA.com

Ainda repercute com força a vitória espetacular do Barcelona sobre o Santos na final do Mundial de Clubes da Fifa, no dia 18. A superioridade do time catalão foi tão flagrante, do início ao final de jogo, que o placar acabou sendo modesto. Mais que isso: deu ao Barça mais um título no memorável ano que tiveram em 2011. Para todos nós que trabalhamos com esporte coletivo, há duas coisas indispensáveis que devemos aprender com esse time fantástico dirigido por Josep Guardiola e quase todo montado em La Masía, a academia de futebol do clube. A primeira é a valorização e o direcionamento do trabalho de base. Devemos estimular, na formação dos jovens, a inteligência. Fazer com que eles sejam cada vez mais capazes de resolver os problemas que a partida – seja ela de qual modalidade for – apresenta. Estimular também a técnica, os fundamentos. Fazer com que o prazer que a gente tinha em bater pelada quando moleque volte e seja refletido nos pequenos jogadores. As crianças precisam ter prazer em jogar, ainda que seja com responsabilidade inerente ao jogo. Elas devem brincar e podem ter autonomia para resolver o jogo – as duas coisas não são concorrentes. A segunda questão é mais específica pra quem trabalha com futsal. Muito do que o Barcelona faz é futsal na sua essência. A valorização da posse da bola –

que, como Guardiola mesma diz, impede que o time sofra gols e cansa o adversário – as trocas constantes de posição, a aproximação entre os companheiros para que sempre haja pelo menos dois jogadores em condição de receber um passe… isso tudo é o que qualquer boa equipe de futsal deve perseguir. Não dá pra trazer a questão estrutural pra realidade de Cabo Frio: o Barça é hoje uma das maiores marcas do planeta. Nem dá pra se montar um time como esse a toda hora – até porque não se acha um Xavi, um Iniesta e um Messi em qualquer lugar a todo o momento. Mas dá pra reavaliar o trabalho que é feito hoje e adaptar, dentro desses dois pontos, para a nossa realidade. Basta sair da zona de conforto, buscar conhecimento e tentar novas possibilidades. *** Aproveitando a oportunidade, quero agradecer aos jogadores da equipe sub20 da ADDP pela temporada de 2011. Termino o ano orgulhoso do convívio e de tudo que conseguimos construir ao longo do ano. 2012 já chegou e logo nos encontraremos novamente para mais trabalho. Agradeço também aos adversários, pelas dificuldades impostas, vitórias e derrotas. Uma coisa que aprendi e faço questão de repetir sempre: adversário não é inimigo. Sem adversário, não há jogo. Feliz 2012 para todos!

NA JOGADA - dezembro/2011

Luana Macêdo A análise diferente de uma partida especial Para quem é da imprensa, como nós do Na Jogada, cada campeonato que inicia é uma nova meta a ser cumprida, vamos trabalhar e fechar a cobertura deste tal evento da melhor maneira possível. Esse ano não foi diferente, passamos pelo society, pelo futebol de areia, pelo futebol amador, pelo campo em diversas categorias e torneios, vôlei, atletismo, basquete, futsal entre outros. Durante isso a gente se desdobra querendo levar para você leitor, telespectador ou internauta a essência do que houve na partida, independente do piso onde ela ocorreu. Amamos o esporte e a profissão que escolhemos, por mais que ás vezes ela seja árdua e complexa. Quando essa edição da minha simples coluna cor de rosa chegar as suas mãos, leitor, o Natal já terá passado e 2012 será um futuro incessantemente presente. Chegou o momento do ano que é a hora da comentarista aposentar por algumas semanas a análise crítica e deixar entrar em campo, ou nas linhas , a visão emocional, diferente de algumas grandes partidas que eu pude presenciar nesses dias. No dia 16 desse mês vi o Correão lotado, chovia, e meus amigos foi uma chuva torrencial que me deixou aflita, temi que o público talvez não comparecesse para prestigiar a partida. Foi um momento de tensão e reflexão para mim. Depois de longos minutos aquáticos as nuvens já mais leves após descarregarem bastante água passaram. E para a minha felicidade um sol cor-de-rosa apareceu, não como minha coluna já citada, mas com um tom de laranja que passava uma gostosa sensação de aquecimento e anunciava que o verão tava vindo já já. Anunciou muito mais. A torcida chegou, compareceu em peso, bateu a expectativa e superou o público de 2010, do Futebol Solidário das Estrelas. Ninguém estava lá para ver a Cabofriense jogar, estavam para ver alguns de seus ídolos, e estavam para garantir um fim de ano com um pouco mais de conforto para instituições necessitadas. Em momento algum me pus no papel de analista, não tinha essa pretensão para aquela noite beneficente. Preferi reparar os sentimentos que estavam presentes naquele estádio, bondade, diversão, compaixão, alegria e felicidade. E essa última como tinha, sorrisos não faltaram para ornamentar aquele jogo. Jogadores felizes por confraternizarem, e torcida indo na mesma onda. Foi delicadamente sutil. Mentira, foi uma massa de risadas altas, momentos inusitados nada sutis, mas muito marcante. Pouco importante quem venceu a partida, devo confessar que não me lembro do placar, mas lembro de um belo gol marcado por Fernando Bob e de ver André dividindo o campo com seu pai. Nada importa quem venceu o jogo, é necessário saber que Cabo Frio assumiu e fez do Futebol Solidário um sucesso sem contestações. A tempestade quis botar um empecilho, mas o sol rosa/laranja convenceu que aquele não era o momento. Parabéns a quem participou do evento, dentro de campo, dentro do espírito, na torcida, na organização. A gente sabe que no futebol, um esporte coletivo o ápice do esporte é uma obra de pai único, quem marca o gol leva para a artilharia. Mas nesse caso, meus caros o futebol foi coletivo, o gol foi coletivo. Acho que fundamos o Solidariedade Futebol Clube. Não requer explicar mais nada, o nome fala por si só. Sem demagogia, com simplicidade e prontíssimo para fazer o bem. É goleada na certa. (*) Luana Macêdo é jornalista e integrante do programa Na Jogada, na Jovem TV


NA JOGADA - dezembro/2011

FUTEBOL AMADOR

13 Fotos de divulgação

Time de “Quinta”,

futebol de primeira Fundado há sete meses, Quinta Categoria já é destaque na região Fundado em 14 de maio de 2011, o Quinta Categoria Futebol Clube tem dado muita alegria aos “quintistas” de plantão. Sob o comando do presidente Vinícius Peixoto, o time já conquistou dois títulos importantes em apenas sete meses de fundação. Com um elenco de peso, tem mostrado a que veio e desenvolvido um ótimo trabalho durante toda temporada de 2011, obtendo vitória na Copa Gospel de Arraial do Cabo e na Copa Lagos de Futebol. Mesmo sendo um time de futebol amador, já tem em sua agenda grandes disputas até mesmo contra clubes profissionais, como é o caso do Vita Club, time do Congo. A história do Quinta começou em Arraial do Cabo, e o Barcellão foi palco do jogo de estréia, tendo com primeiro adversário o Bola Parada. Daí então começou a trajetória de sucesso desse grupo de amigos. O nome foi escolhido propositalmente, já que as reuniões e “peladas” eram sempre às quintas-feiras, surgiu daí o Quinta Categoria.

- O diferencial do nosso time é que independente das vitórias e derrotas, estamos sempre unidos e nada é motivo de confusão, pois o time é formado por amigos para primeiramente se divertir e o que vier é lucro - diz o goleiro Guima, escolhido por unanimidade o melhor goleiro nas duas competições. O presidente Vinícius completa dizendo que os títulos conquistados, são resultado da dedicação, amizade e compromisso de todos os jogadores, e que as vitórias vieram de uma forma rápida, não esperada em um prazo tão curto, o que mostra o empenho com que esses guerreiros “quintistas” desenvolvem seu trabalho. Em pouquíssimo tempo o Quinta Categoria passou estampar as capas dos principais veículos impressos da região, fazendo com que o talento que é notório em cada um dos integrantes, pudesse vir a ser reconhecido. Mas a vida dos jogadores não é só “mar de rosas”. Como todo time em começo de carreira, existem as dificuldades, que com um jeitinho bem brasileiro

Que a felicidade e as alegrias do Natal perdurem durante todo o ano que se inicia... Feliz 2012! Boas Festas!!

Fernando do Comilão

e bastante jogo de cintura esse time tem conseguido passar por cima de todas as barreiras e se consagrar no meio futebolístico. O entrosamento da equipe se torna muito aparente nos campos, o que tem dado o que falar. Não precisa entender muito de futebol para perceber que o time cabofriense tem tudo pra cair no gosto do povo. Em parceria com Arraial do Cabo, o Quinta Categoria tem “passe livre” no único estádio da cidade, o que mostra o incentivo merecido dado pela prefeitura, tendo em vista todo o esforço do grupo. - Fechamos com a secretaria de esportes de Arraial um apoio pra utilizarmos o estádio sempre que precisássemos. Sem isso seria impossível mantermos o entrosamento que temos hoje e conquistar o que os títulos desse ano - afirma Téo Arrabal, artilheiro da Copa Gospel de Arraial. De acordo com informações da própria diretoria do clube, o Quinta tem conseguido se destacar nas competições, tendo um número de vitórias bem superior ao de derrotas e

empates. Com 30 jogos disputados, foram 22 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, com 92 gols marcados e 42 gols sofridos, o que tem mais uma vez garantido o sucesso da equipe de Cabo Frio. O time já tem confirmados para o ano que vem participação no Campeonato Municipal de Arraial, a convite da secretaria de esportes, seguido

pela Copa Gospel e logo após a Copa Lagos. Algumas outras competições ainda não estão confirmadas. Para mais informações: w w w. q u i n t a c a t e g o r i a f c . com. No site, está disponível todo o histórico do clube, datas de jogos, elenco, fotos, e tudo mais para tirar as dúvidas dos torcedores do Quinta Categoria. (por Talita Garcia)

O goleiro Guima é um dos destaques da equipe

O Natal é sinônimo de alegria. A esperança é a realidade do novo ano. Feliz 2012!

Dr. Taylor Jasmim


geral

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NA JOGADA - dezembro/2011

Um sonho que sai do papel Complexo Olímpico Aracy Machado começa a ganhar forma Blog Esportes de Cabo Frio/esportesdecabofrio.blogspot.com

O maior sonho dos esportistas cabofriense está saindo do papel: a construção do Complexo Olímpico Aracy Machado. No final do mês de outubro, começaram as obras da pista de atletismo, campo de futebol com drenagem e irrigação, campo de grama sintética, vestiários, salas e estacionamento. Nesta primeira etapa das obras está sendo construído o campo society, as arquibancadas, vestiários, salas e estacionamento. Na segunda etapa será feito as obras do campo de futebol e a pista de atletismo com medidas oficiais (400m com oito raias). Além disso, haverá espaço para as chamadas “provas de campo”, como lançamento de dardo, arremesso de peso, martelo, salto em distância, dentre outros. A construção do complexo é considerada de fundamental importância para que Cabo Frio possa pleitear o direito de integrar a seleta relação de cidades capacitadas para servir de aclimatação para equipes e atletas que vão participar dos Jogos Olímpicos de 2016. A cidade está pré-selecionada e precisa cumprir algumas exigências. Mas, sem o complexo isso não seria possível. Antigo sonho dos desportistas locais, o complexo será inaugurado em 2012, segundo o prefeito Marquinho Mendes, principal entusiasta da obra. - No ano que vem, junto com a população nós estaremos inaugurando o maior centro de lazer de Cabo Frio. Temos um espaço privilegiado e estamos trabalhando muito para entregar essa grande obra – disse em entrevista ao Na Jogada. Outro entusiasta desta obra

O trabalho no Complexo Olímpico Aracy Machado acontece a todo vapor. A obra será entregue em 2012 é o chefe de gabinete da Prefeitura de Cabo Frio, Alfredo Gonçalves, que não vê a hora de inaugurar esse importante espaço esportivo. Segundo ele, o legado desta obra será pra sempre, não deixando com o que as crianças fiquem desocupadas. - O legado desse complexo é ser de 100% das crianças de Cabo Frio praticando esportes e com ocupação. É um sonho que está se realizando. No primeiro comício que eu participei, há oito anos atrás, que foi no Itajuru, eu já havia falado que o meu sonho é fazer da área Aracy Machado, uma área social e importante da cidade de Cabo Frio. Um complexo que possa contemplar as nossas crianças e os nossos jovens. Graças a Deus esse sonho está acontecendo pelas mãos do prefeito Marquinho Mendes, que olhou para o esporte e

continua olhando até hoje. Complexo Olímpico: uma ideia de 15 anos O sonho da construção de um complexo esportivo na área do antigo estádio Aracy Machado não é uma história recente. Nos anos 90, a sociedade civil se mobilizou de tal maneira que o movimento “Esporte Sem Teto” fez com que a Prefeitura investisse na área. Em 1995, o então secretário de esportes, Flávio Tiziu, conseguiu junto com o prefeito José Bonifácio, desenvolver um projeto global de planta baixa do complexo, que incluiria um ginásio, uma pista de atletismo, a reforma do campo de futebol e um parque aquático. Foi feita a fundação do ginásio, que acabou sendo inaugurado somente em dezembro de 2004. “A idéia era geral. Era um anseio da comunidade esportiva. Os gi-

“Que o Natal seja mais um momento em que as pessoas acreditem que vale a pena viver um Novo Ano. ”

Rogério do Laboratório

násios de Tamoyo e Cabofriense estavam ficando pequenos. A semente foi plantada ali”, recorda Tiziu. Jornal Na Jogada cobrou a construção desde maio do ano passado Ano passado, o Jornal Na Jogada cobrou das autoridades públicas a construção deste importante espaço de esportes para a cidade de Cabo Frio. As edições 13 (Maio) e 18 (Novembro) mencionaram sobre a construção. Em maio de 2010, o Na Jogada saiu com a capa “Um sonho dos esportistas”, com foto aérea sobre o terreno do Aracy Machado. Na edição de novembro/10, o prefeito Marquinho Mendes foi perguntado em entrevista exclusiva sobre o complexo e confirmou o início daconstrução em primeira mão ao jornal.

- Nós temos um espaço privilegiado, que é o espaço do complexo Aracy Machado. Já temos o Ginásio e encaminhamos o projeto ao Governo Federal de implantação da pista de atletismo, campo, piscina, um grande parque de esportes naquele local. Nós estamos trabalhando muito e espero que ano que estar começando essa grande obra.

“Que Deus, em sua infinita bondade, abençoe e encha de paz nossos corações da noite de Natal. Boas Festas!”

Fabinho da Saúde


NA JOGADA - dezembro/2011

GERAL

15 Fotos de Léo Borges

II Futebol Solidário das Estrelas supera a primeira edição

Show de bola e de solidariedade Neste fim de ano algumas instituições tiveram um Natal diferente e reconfortante. No último dia 16, o II Futebol Solidário das Estrelas lotou o Estádio Correão, levando quase três mil pessoas para as arquibancadas, e arrecadando mais de duas toneladas e meia de alimentos não perecíveis, que foram doados para instituições carentes. Primeira edição no campo, o jogo foi um sucesso dentro e fora das quatro linhas. A partida entre os Amigos do André e Amigos do Fernando Bob levou famílias aos estádios para ver jogadores como Júnior César, do Flamengo, Leandro Eusébio, do Fluminense e João Filipe, do São Paulo. Para o jogador cabofriense Daniel Tijolo, que está no futebol japonês, reencontrar o Correão

cheio foi uma sensação excelente. - Eu sou acostumado a ver essa arquibancada cheia, desde a época em que eu jogava na Cabofriense. Então voltar a esse estádio e poder ver lotado, principalmente para um motivo tão especial como esse, de ajudar as pessoas nesse fim de ano, com certeza é uma sensação excelente. Que bom que as pessoas abraçaram a causa e puderam vir, nem mesmo a chuva atrapalhou, foi um sucesso – contou Tijolo. Fernando Bob, que participou da primeira edição da partida beneficente em 2010 e liderou um dos times esse ano, também agradeceu a quem compareceu, e se mostrou satisfeito ao presenciar o campo cheio. - É bom vir aqui para ajudar, é uma felicidade, muito melhor para nós, um bom jogo e uma boa intenção com essa reunião – afirmou Bob Após retornar ao Brasil para jogar no Atlético-MG, André também falou da segunda edição do jogo beneficente.

- A gente fica feliz de poder estar aqui dando alegria para a torcida, porque eles gostam de futebol, e acima de tudo ajudar a quem precisa, que é o mais importante nesse momento – comentou o atacante. Para Rodrigo Barreto, um dos organizadores do evento a expectativa para essa edição foi superada, e em 2012 ele espera que seja ainda melhor. - A gente fala que quando um evento termina a gente já pensa no próximo, e aqui não é diferente. Mas esse ano a arrecadação superou o que a gente tava esperando, as pessoas abraçaram a causa, desde o André e o Bob que levaram seus amigos até as pessoas que comparecem mesmo com muita chuva e lotaram o Correão. Foram quase três mil pessoas que levaram os alimentos não-perecíveis e fizeram esse fim de 2011 mais reconfortantes para as entidades que foram ajudadas. Acho que já entrou no calendário do futebol de Cabo Frio, tomara que no próximo ano seja sucesso mais uma vez – concluiu Rodrigão.

Que o espírito de Natal desça e se esparrame em todas as direções, em todas as almas, consciências e corações, glorificando a Deus nas alturas e irradiando a paz na Terra não apenas aos homens de boa-vontade, mas a TODOS os homens: que a PAZ se instale nas mentes e atitudes, especialmente daqueles que ainda não encontraram a boavontade... Feliz Natal e próspero ano-novo!

Silas Bento

Um dos “donos” da festa, André (com a bola) disputa o lance com Daniel Tijolo

Rodrigo Barreto e Gugu Paixão, organizadores da festa

O time de Fernando Bob venceu o jogo por 5 a 3


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GERAL RIBAS NA JOGADA - dezembro/2011 ESPECIAL/VICTOR

Mais investimento no esporte Alfredo Gonçalves diz que modalidades esportivas de Cabo Frio terão ano promissor Léo Borges

Alfredo Gonçalves jogando uma pelada no Correão

O ano de 2011 foi de muitas conquistas para o esporte cabofriense. Dentre os principais acontecimentos estão a entrega do Ginásio Poliesportivo João Augusto, em Tamoios; o começo das obras do Complexo Olímpico Aracy Machado e a marca de mais de 8 mil crianças cadastradas no projeto Novo Cidadão, desenvolvido pela Prefeitura da cidade, através da secretaria de Esporte e Lazer. No que depender do chefe de gabinete da Prefeitura de Cabo Frio, Alfredo Gonçalves, 2012 será ainda mais auspicioso. – Os investimentos vão acontecer, não tenha dúvida disso. Cabo Frio precisa se tornar a capital do esporte no estado do Rio de Janeiro. Tem tudo pra isso: esportes praianos, indoor, ao ar livre, enfim. Nós precisamos transformar nossa cidade em uma verdadeira referência esportiva do Rio. É um sonho antigo nosso e nós vamos fazer, vamos realizar. O prefeito Marquinho Mendes deu o pontapé inicial, fez muito pelo esporte. Agora nós temos que prosseguir e com certeza vamos fazer ainda mais – disse Alfredo, que aponta como prioridade da Prefeitura na área para o próximo ano a finalização das obras do Complexo Olímpico Aracy Machado e a construção de um parque aquático. Esportista desde a infância, Alfredo Gonçalves jogou futebol e futsal competitivamente. Agora, como homem público (primeiro como vereador e depois, como chefe de Gabinete da Prefeitura), vem acompanhando ainda mais de perto a prática esportiva organizada na cidade. Ele não esconde de ninguém que tem especial atenção pelo desenvolvimento do projeto Novo Cidadão, que é capitaneado pela secretaria de esportes. Alfredo visitou vários núcleos

do projeto nos últimos meses e, ciente da importância do “Novo Cidadão” no desenvolvimento esportivo na cidade, Alfredo sonha em poder ver o maior número possível de crianças praticando esporte na cidade. - O projeto Novo Cidadão é, junto com outros projetos implementados no governo do prefeito Marquinho Mendes, o coração de Cabo Frio. E temos que fazer esse projeto crescer, fazer com que ele chegue a 100% de atendimentos aos que necessitam de horário ocupado. Temos que tirar o tempo ocioso, colocar todas as crianças dessa cidade praticando esportes. A meta de Cabo Frio tem que ser essa. O Novo Cidadão é a revitalização dos nossos adolescentes, das nossas crianças, buscando um compromisso de saúde, futuro e perspectiva de vida – comentou Alfredo, ciente da importância do esporte na educação, saúde e na integração. Para o chefe de gabinete, a implantação do parque aquático, que está em estudos pela Prefeitura, pode significar um avanço ainda maior para o projeto. - Podemos evoluir sim, sempre. Além da transformação do Aracy Machado num complexo olímpico, um dos nossos sonhos que se torna realidade. Outra meta que perseguimos é a construção de uma piscina de porte olímpico. Hoje temos quase mil crianças sendo atendidas no projeto “Novo Cidadão” só na natação e tenho certeza de que, a partir da construção dessa piscina, esse número será infinitamente superior. Alfredo sintetiza a empolgação ao falar da prática esportiva na cidade. - Vivenciamos esporte24h por dia, gostamos de esporte, que faz integração das comunidades, população, do mais humilde ao mais rico. Numa partida de futebol você consegue ver esse dois extremos. O esporte integra e Cabo Frio tem que ser isso, unido, buscando fazer essa cidade crescer cada vez mais de forma ordenada e planejada. O esporte faz parte dessa estrutura como carro-chefe.


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