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GRAFITE | ARTE PARA COMBATER A COVID-19
from Cultcom #6
Arte nos muros da cidade
Conheça o coletivo de grafiteiros que revitaliza locais abandonados e leva arte no combate o coronavírus
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_ POR LUANA CIANI
O grafiteiro Leonardo Oliveira, o Uebis, no mural feito no Parque Cecap
UM GRUPO DE grafiteiros se reuniu no final de março para produzir um mural solidário no Centro de Combate ao Coronavírus, o hospital de campanha montado no Parque Cecap. A iniciativa da Prefeitura de Guarulhos em parceria com o Sesc propõe usar a arte para dar leveza a um momento tão delicado.
Para isso, um crew (como é chamado um coletivo de grafiteiros) reuniu 18 artistas de diversos bairros da cidade e que, há alguns anos, realizam trabalhos sociais revitalizando lugares abandonados e ensinando a arte do grafite a jovens por meio de palestras.
A ação foi coordenada pelo artista plástico Leonardo Oliveira, o Uebis, e resultou em um muro em que estão desenhos de conscientização da saúde, entre outros temas. “Nossa ideia foi trazer desenhos muito coloridos e alegres para transformar o lugar em um local que seja agradável de ver, apesar de ser um espaço que trata de um assunto tão sério”, diz. “Precisamos que as pessoas que passam por aqui e estão vivendo um momento crítico e complicado vejam beleza. A arte cura”.
Levar mensagens de paz e quebrar preconceitos por meio da arte é o que motiva Thiago dos Santos, que participa do coletivo, a se expressar por meio do grafite. “Sou formado em Design Gráfico, mas desenho desde criança. Sofri muito com o preconceito e o racismo, e isso me deu forças para mostrar minha arte”, conta ele, que é apaixonado por quadrinhos e, por isso, recebeu o apelido de PretoMan. “Me sinto poderoso com este nome, disposto a enfrentar meus medos”, complementa.
Sérgio Vieira, o Biro, também é um dos artistas que assina o muro no Parque Cecap. Ele trabalha com grafite desde 1995, e hoje, envolvido com a ilustração, pintura em tela e em muros de comércios e ações sociais, acredita que a arte urbana precisa de mais reconhecimento. “Enquanto poucos ganham muito dinheiro com a arte, muitos artistas independentes são discriminados pelas grandes marcas e pela sociedade”, diz. “Apesar da discriminação, o grafite é a arte da
moda e me sinto livre para expressar nas paredes o que realmente sinto”.
Enquanto expressa o que sente, cada artista se desencolve dentro do grafite. É o caso de Marcos Paulo, o Pato, 42 anos. Artista plástico e tatuador, ele se inspira em Salvador Dalí (19041989), Pablo Picasso (1881-1973) e Frida Kahlo (1907-1957). “Busco uma identidade e quero aplicar conceitos em minhas obras Nessa área é preciso ter persistência. Não é fácil, ainda mais para quem busca alcançar a perfeição”.
O coletivo é também formado pelos artistas plásticos Fernando Manoel (FND), Elisabeth Nataly (Beth), Luiz Carlos Sampaio (Samp), Matheus Moreira de Oliveira (Savana), Diego Canário (Spin), Daniel Gomes da Silva Junior (Menos1), Márcio dos Santos Cardoso (Bigzullu), João Paulo (Jota Pe), Marcos Paulo Feliciano (Pato), Valdir de Lima Oliveira (Bemik), Adriano Nery Da Silva (Soró), Jonathan Cerconi Pires (Goró), Wagner Alan Rodrigues (Bugi), Rafael Cassiano (Bera) e Ricardo da Silva Lopes (Porx). c

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Foto Divulgação / PMG
1. Mural do hospital de campanha também faz homenagem aos profissionais de saúde
2. O grafiteiro Sérgio Vieira, o Biro, e sua pintura de Marielle Franco (1979-2018)
Foto Arquivo Pessoal
