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FOTOGRAFIA | RELEITURAS DE FRIDA KAHLO
from Cultcom #6
Com as tintas de Frida Kahlo
Mostra virtual com releituras fotográficas inaugura a Galeria CAM e leva a obra da mexicana ao público em isolamento
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_ POR JUNIOR CONEGLIAN
OS ALUNOS DO CURSO de Fotografia da Universidade de Guarulhos (UNG) criaram reinterpretações sensíveis das obras da artista mexicana Frida Kahlo (1907-1954). Batizada de “Releituras em Foco: Frida Kahlo”, a mostra estreia em 9 de abril, na abertura da galeria virtual CAM, no Instagram (@galeriacam_ ung). “Queremos compartilhar arte e fotografia por meio da tecnologia para levar um alento ao público nesse período de quarententa, por causa do coronavírus”, diz o professor Alex Francisco, que organiza o projeto.
Entre as releituras estão os famosos retratos da artista, que pertenceu ao movimento realismo mágico, mas foi associada ao surrealismo por causa dos temas inquietantes. Frida ficou conhecida tanto pelas pinturas coloridas quanto pelos traumas físicos e psicológicos sofridos ao longo da vida. Era também revolucionária e se tornou nome conhecido e respeitado no movimento feminista.
Desprezando as convenções de beleza de sua época, a pintora retratava aspectos diferentes de si e é a ótica da internalização e individualidade que inspirou os alunos. “Na pesquisa, conheci o retrato de uma amiga de Frida, a Natasha Gelman, uma migrante da Tchecoslováquia, casada com Jacques. Ambos foram muito amigos do casal Frida e Diego [Rivera, pintor, 1886-1957]. Natahsa está representando o estilo clássico de uma mulher da época, diferente do estilo de Frida. Natasha tinha influencias europeias em suas escolhas de maquiagem, roupa e penteado”, conta o estudante Bruno Faria, 24 anos, sobre a interpretação que fez da obra “Retrato da Senhora Natasha Gelman” (1943). “Natasha representa uma mulher empoderada do século XX. Então, escolhi uma modelo que me fizesse ver todos esses atributos em uma mulher, porém, do século XXI”.
Para a aluna Beatriz Alves, 22 anos, a simplicidade e a intensidade de Frida foram importantes ao escolher reinterpretar “Autorretrato com Colar”,

de 1933. A imagem foi produzida no Laboratório de Fotografia da UNG. “Minha releitura explora a sexualidade fluida, mas sem a identificação de um gênero. O colar de pérolas representa feminilidade, criatividade e pureza. Os olhos vermelho e azul sugerem tanto o sofrimento, quanto sua força diante do despreparo do atual governo e sua postura discriminatório”, comenta.
Já o estudante Julian Oliveira, 24 anos, traz na releitura de “Autorretrato como Tehuana, ou Diego em Meu Pensamento” (1943) um visual que poderia ser classificado como surrealismo pós-humano. “A inspiração na tecnologia é muito presente na imagem, e esse ar de distopia e fascinação pelo tecnológico também. Tentei projetar essas referências na fotografia também com elementos marcantes, como os olhos cegos e o foco em uma marca conhecida mundialmente, além do simbolismo na testa, que hoje é desejado por quem tem uma rede social”, explica. c

