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EXPOSIÇÃO | ‘O PASQUIM 50 ANOS

A memória que nos contam

Sesc Ipiranga apresenta a história de O Pasquim em exposição com acervo dividido em espaços temáticos

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_ POR JOSÉ NETO

Foto Guilherme de Sousa

CRIATIVO, DEBOCHADO E sem papas na língua. Esses são alguns dos adjetivos que fizeram a fama de O Pasquim (1969-1991), uma das publicações mais importantes do período da ditadura civil-militar (19641985). Após começar como um jornal de bairro na zona sul do Rio de Janeiro, e entre a boemia e a intelectualidade da patota pasquineira, o semanário marcou época com ousadia e irreverência, sendo até hoje pauta obrigatória nas aulas de jornalismo, além de estar eternizado na memória dos que tiveram a oportunidade de ler, viver, rir e apreciar o que nele foi noticiado.

Para rememorar a trajetória do jornal, o Sesc Ipiranga, em São Paulo, apresenta a exposição “O Pasquim 50 Anos”, em cartaz até 12 de abril. Com curadoria de Fernando Coelho dos Santos, Zélio Alves Pinto, e expografia de Daniela Thomas, a mostra aborda a trajetória do jornal como se o próprio contasse sua história. “Conseguimos apresentar no espaço um ‘tantim’ de cada aspecto da história do jornal de forma alegre e substantiva”, diz Santos.

Em uma área da exposição chamada “O Som do Pasquim”, o público pode fazer um passeio musical ao ouvir os vinis lançados ao longo da história do jornal. A playlist traz Tom Jobim (19271994), Caetano Veloso, Jorge Ben, entre outros, além do álbum “Anedotas do Pasquim”, com piadas contadas por Ziraldo, Chico Anysio (1931-2012), Golias (1929-2005) e Zé Vasconcellos.

No espaço “Gripe do Pasquim”, está um dos momentos mais tristes: a prisão de onze integrantes do semanário. A criativa cenografia remete a uma cela, que traz um vídeo de Ziraldo e Jaguar falando sobre o acontecido. “Foi para deixar registrado uma época do jornal de enorme relevância. Deu-se o nome de ‘Gripe’, pois não se podia contar que a maioria do pessoal estava preso”, explica Santos. “Procuramos colocar diversas publicações que foram retiradas das bancas, causando enorme prejuízo, para mostrar o que se tinha publicado e tinha

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sido censurado”, complementa.

Dentre os muitos feitos apresentados sobre o tabloide, a exposição também mostra a herança deixada pelo jornal por meio de charges e capas históricas com seu ativismo satírico, que reforçam as novas formas de fazer jornalismo que O Pasquim criou. O jornal inovou ao publicar entrevistas tal como elas eram gravadas e que traziam comentários dos jornalistas, risadas, interrupções dos entrevistados, tudo em linguagem coloquial. “Eles criaram novos horizontes à imprensa, alternativa e tradicional. Eles criaram uma nova forma de apresentar o conteúdo, na diagramação, na colocação de comentários no trabalho dos colaboradores”, relembra Santos.

Simultâneo à exposição, a Fundação Biblioteca Nacional lançou um site dedicado ao semanário. Na plataforma estão digitalizadas todas as 1.072 edições de O Pasquim, e também uma seção de memórias com textos produzidos pelos colaboradores do jornal. c

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1. Algumas das capas históricas publicadas pelo O Pasquim

2. Cabine “O Som do Pasquim” permite ouvir os discos lançados na época do jornal

Serviço Exposição “O Pasquim 50 anos”

Quando: até 12 de abril, de terça a sexta, das 9h às 21h30; Sábados, das 10h às 21h30; e domingos e feriados, das 10h às 18h30 | Onde: Sesc Ipiranga - Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo - SP | Grátis | Inf.: (11) 3340-2000

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