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Acessibilidade e inclusão: assuntos que devem ser tratados como prioridade

Augusto Piazza durante palestra motivacional (Foto: Arquivo Pessoal)

Por: Lucas Carvalho

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Um acidente automobilístico no bairro do Rio Vermelho, em Florianópolis - SC, alterou os planos na vida de Augusto Piazza. Aos 23 anos, o gaúcho radicado em Santa Catarina viu o chão se abrir ao perceber que havia ficado tetraplégico. Após um longo período de recuperação, deu continuidade aos planos que tinha antes do acidente. Uma das primeiras atitudes foi se formar em Administração.

Ao mundo, mostrou que estar na cadeira de rodas não o impedia de se destacar no meio profissional. Foi chefe da Auditoria Geral do Estado de Santa Catarina por oito anos. “Foi um período de muito aprendizado e crescimento pessoal e profissional. Era um trabalho de grande responsabilidade, mas foi uma experiência muito bacana para mostrar que apesar da minha limitação física, a competência se sobressai”, relata Augusto.

Tudo que Piazza realizou e conquistou vai contra o termo “capacitismo”, que significa diminuir e discriminar a pessoa com deficiência, seja com preconceito ou por achar que o indivíduo não é capaz de fazer algo por conta da deficiência.

Guilherme Costa em passeio turístico na Alemanha (Foto: Arquivo pessoal)

Acessibilidade no Brasil

Um exemplo de espaço que dá às pessoas com deficiência as condições para elas exercerem todas as suas potencialidades é o Centro Paralímpico Brasileiro (CPB), considerado um dos melhores centros de treinamentos do mundo. Lá existem espaços para a prática esportes como basquete, esgrima, tênis em cadeira de rodas, judô, triatlo, vôlei sentado e tênis de mesa, entre tantos outros.

A principal cidade brasileira modelo em acessibilidade é Uberlândia, no interior de Minas Gerais. A cidade tem rampas de acesso nas principais ruas do centro e nos bairros, 100% da frota de ônibus com elevadores para quem tem limitação na locomoção e piso tátil para orientar deficientes visuais nas calçadas, nos terminais rodoviários, na maioria das lojas e prédios públicos. Em 2010, Uberlândia foi considerada uma das 100 cidades mais acessíveis do mundo pela ONU.

As pessoas com deficiência (PCDs) se deparam com várias dificuldades por causa da falta de acessibilidade. O país ainda está muito longe se comparado com outros no quesito da inclusão, mesmo existindo várias leis que garantem os direitos desses indivíduos.

O desafio da inclusão fica em destaque quando vemos a presença das PCDs no mercado de trabalho. Menos de 1% do total de pessoas com deficiência com idade para trabalhar estão empregadas.

Também é legal destacar os atletas paralímpicos, que desmentem o que o capacitismo prega e se superam diariamente, obtendo desempenhos melhores que os de atletas olímpicos em algumas ocasiões.

Um desses atletas é Guilherme Costa, de 28 anos, que integra a seleção brasileira paralímpica de tênis de mesa. O atleta, que é cadeirante, comparou a realidade do Brasil com a de outros países. “Conheci mais de 18 países e os dois que mais me surpreenderam e que tenho como referência quando o assunto é acessibilidade são Estados Unidos e Alemanha. Em lugares como a Disney e um shopping na Alemanha não existem filas preferenciais porque lá você tem acesso aos brinquedos que são totalmente acessíveis, caixas feitos para atender cadeirantes, entre outras coisas. Achei muito interessante o fato de o local como um todo conseguir comportar e incluir as PCDs”, analisa Guilherme.

Cidades modelo no mundo

Exemplo de acessibilidade em Berlim (Foto: Acessibilidade no Pergamoun museum / Divulgação)

Fora do Brasil, um grande exemplo é Barcelona, na Espanha, que, depois de sediar as Paralimpíadas de 1992, viu a necessidade de se tornar uma cidade acessível. Bares, restaurantes, praças e pontos turísticos têm acesso facilitado.

Berlim, que recebeu da Comissão Europeia e do Fórum Europeu de Deficiência o prêmio Cidade Acessível, em 2013, se destacou por ter a maior parte de suas estações de metrô e pontos turísticos adaptados, como obras de arte que podem ser tocadas para que pessoas com deficiência visual possam sentir a peça.

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