Jornal Dez #23

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

“CRISE DE NERVOS”

Nº23


14/11/12

“Joga-se melhor com 11... E se é com 12, melhor ainda” Di Stefano

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14/11/12

JOGO DE NERVOS Texto: Francisco Baião Fotos: Getty Images

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porting e Sporting de Braga defrontaram-se, este domingo, no Estádio de Alvalade, em encontro a contar para a 9ª jornada da Liga Zon Sagres na ressaca de uma semana europeia que voltou a não deixar boas recordações a nenhum dos dois emblemas que ocupam as últimas posições no Grupo G da Liga Europa (o Sporting) e no Grupo H da Liga dos Campeões (o Sporting de Braga). As duas equipas jogaram perante o seu público a meio da semana, ambas estiveram a vencer e ambas deixaram fugir o triunfo nos últimos minutos da partida, com o Sporting a ceder um empate comprometedor frente ao Genk (a uma bola) e o Sporting de Braga a ser derrotado, por 1-3, frente ao Manchester United. O Sporting entrava em campo com a pesada herança de ter igualado o pior registo da sua história (8 jogos consecutivos sem conhecer o sabor da vitória) e fragilizado pela forma como, três dias antes, em inferioridade numérica, conseguiu fazer o mais difícil perante o Genk, ao colocarse em vantagem e ceder o empate já à entrada para o período de descontos e com novidades no onze, como foi a chamada de Eric Dier para o lugar de defesa direito, devido às ausências de Arias e Cédric, sendo mesmo dos pés do jovem inglês da equipa B leonina que partiu o centro para o remate vitorioso de Wolfswinkel que, logo aos 4 minutos de jogo dava vantagem aos leões. Mas se o jogo começou com um golo, deixando antever um jogo ainda mais aberto, o resto da partida encarregou-se de confirmar que, frente-a-frente, estavam

duas equipas com vontade de ganhar e de proporcionar um grande espectáculo, e foi o que aconteceu, valendo grandes intervenções dos dois guardaredes para que o marcador não voltasse a sofrer alterações. O primeiro grande momento de Rui Patrício na partida aconteceu logo aos 14’ com o guarda-redes da selecção nacional a voar para travar o cabeceamento vitorioso de Éder que, servido por Ruben Amorim, esteve muito perto da igualdade. Mas o Sporting não se encolheu e, à passagem da meia hora, Wolfswinkel lançado por Elias, permite uma boa intervenção a Beto que evita o 2-0 e, seis minutos mais tarde, invertiam-se os papeis (foi o holandês a servir o brasileiro) mas o resultado seria idêntico, uma vez que Beto conseguiu travar a finalização de Elias, levando para o intervalo a vantagem de 1-0 para os leões. A segunda parte começou um pouco mais calma, mas, a última meia hora de jogo seria de nervos em Alvalade. Os primeiros a criar perigo depois do intervalo até foram os homens da casa com o regressado Capel (boa exibição frente ao Genk e nova exibição positiva frente aos bracarenses) mas o destino do seu remate foi o mesmo dos seus companheiros de equipa, com o corpo de Beto a evitar que a bola prosseguisse caminho para a baliza minhota. Mas daí para a frente, o Sporting de Braga subiu no terreno e obrigou o Sporting a defender e a equipa leonina desapareceu ofensivamente, deixando o seu guarda-redes brilhar a alto nível. Depois de Éder ter cabeceado por cima aos 65’, é Hugo Viana


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que, aos 70’, lança uma bomba na direcção da baliza contrária, com o guarda-redes do Sporting a afastar como pôde pela linha final. Entravasse no último quarto de hora da partida e o Sporting de Braga chega mesmo ao golo por intermédio de Alan que, no entanto, viria a ser invalidado. Mas a equipa bracarense não baixava os braços e, nos últimos instantes da partida esteve, por duas vezes, muito perto da igualdade valendo, numa delas, uma super-Patrício a evitar um golo certo de Douglão na sequência de um pontapé de canto e, já em período de descontos, Alan acerta no poste direito da baliza leonina, naquela que seria a última oportunidade do jogo. Com este triunfo, os leões sobem ao décimo lugar da classificação, aumentando para 4 a diferença para os dois últimos e reduzindo para sete a diferença para o Sporting de Braga, que ocupa o terceiro lugar já assumido como objectivo por parte dos de Alvalade para atingir a Liga dos Campeões da próxima temporada. Na próxima jornada (a disputar apenas no dia 25 de novembro em virtude dos jogos da Taça de Portugal) haverá um Moreirense – Sporting, com o clube de Alvalade a regressar ao terreno dos minhotos após a eliminação na Taça de Portugal e um escaldante Sporting Braga – FC Porto, jogo que os bracarenses têm de, obrigatoriamente, vencer já que uma eventual derrota poderá afastar ainda mais os bracarenses da frente do campeonato, deixando a luta entregue a FC Porto e Benfica.


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MAIS 3 PONTOS NO DRAGÃO Texto: Francisco Baião Fotos: Getty Images

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C Porto e Académica de Coimbra defrontaram-se, este domingo, no Estádio do Dragão, em encontro a contar para a 9ª jornada da Liga Zon Sagres na ressaca de uma semana europeia de boas recordações tanto para uma como para a outra equipa uma vez que o FC Porto, apesar de ter somado o primeiro empate na Liga dos Campeões, deixando o seu percurso 100% vitorioso, carimbara, na terçafeira, em Kiev, a qualificação para os oitavos-de-final da Champions (algo que na temporada passada não havia conseguido) e a Académica de Coimbra tinha recebido e vencido o Atlético Madrid por 2-0, regressando aos triunfos europeus 43 anos após a última vitória. Mas as marcas não se ficam por aqui e, na quarta-feira, após a derrota do Shakhtar Donetsk frente ao Chelsea (3-2) em jogo a contar para a Liga dos Campeões, os azuis e brancos do Dragão tornaram-se na única equipa europeia (a participar nas competições da UEFA) que ainda não perdeu esta temporada e os estudantes terminaram uma série de 16 jogos sem perder para as competições europeias. Mas todos estes motivos de orgulho para ambas as equipas pareceram pesar mais nas pernas dos jogadores que propriamente motiva-los, isto, obviamente, se tivermos em conta a primeira parte que esteve longe de encantar, com o FC Porto muito lento e sem ideias e a Académica a dar sempre a ideia de que se contentaria com a igualdade, não criando grandes lances de perigo para a baliza de Helton. O FC Porto até entrou bem na partida, tendo desperdiçado uma bela ocasião por Jackson Martinez aos 9’ quando, lançado em velocidade para as costas da defesa, não

aproveita uma saída disparatada de Ricardo para inaugurar o marcador, fazendo o seu chapéu sair ao lado da baliza contrária mas a primeira parte não teria muito mais para dar, sendo, por isso, sem surpresa que a partida chegaria ao intervalo como começara. Para a segunda parte tudo mudou, e para melhor com o espectáculo a subir de produção e com as duas equipas à procura do golo, sobretudo porque, logo aos 5’ da etapa complementar, James Rodriguez, servido por Lucho, inaugurava o marcador, obrigando a Académica a deixar o seu jogo mais defensivo, caso quisesse pontuar no Dragão. O segundo golo dos da casa não tardaria muito mais com João Moutinho, novamente servido por Lucho, a fazer, do meio da rua, um golo de levantar o estádio (o seu 1º esta temporada) elevando para 2-0 e deixando no ar a sensação que o resto da noite seria descansada para os seus adeptos. No entanto, depois de Atsu ter desperdiçado o 3-0 na cara de Ricardo, permitindo a defesa do guardaredes da Académica, seria a briosa a reduzir a desvantagem, à entrada para os últimos 10 minutos, com Wilson Eduardo (o herói da semana ao apontar os dois golos com que a Académica bateu o Atlético Madrid) a fazer, também de muito longe e num pontapé de ressaca, um golo vistoso se bem que Helton não tenha ficado muito bem na fotografia. Oito meses depois (em que se realizaram sete jogos) o FC Porto voltava a sofrer um golo no seu terreno para a Liga e, curiosamente, a equipa que marcara o último da temporada passada, foi a primeira a marcar na nova época, cabendo a Wilson Eduardo suceder a Edinho cumprindo uma espécie de tradição, uma vez que, pela quarta


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temporada consecutiva, os estudantes marcam no Dragão. Até final pouco mais houve a acrescentar, pelo que, para além do golo sofrido no Dragão, um outro dado salta à vista nesta partida: Jackson Martinez ficou em branco, após sete jogos consecutivos, para a Liga, a facturar, repetindo algo que só tinha acontecido na primeira jornada do campeonato. Com este triunfo, os comandados de Vítor Pereira continuam na liderança da prova, agora com 23 pontos (tantos quantos o Benfica), enquanto a Académica baixou ao 13º posto com 8 pontos, dois de vantagem sobre o último classificado. Na próxima jornada (a disputar apenas no dia 25 de novembro em virtude dos jogos da Taça de Portugal) haverá um Académica – Gil Vicente e um escaldante Sporting Braga – FC Porto, jogo que poderá afastar ainda mais os bracarenses da frente do campeonato em caso de derrota, deixando a luta entregue a FC Porto e Benfica.


BENFICA

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SORRIU LIMA NA FOZ DO AVE Eduardo Pereira Fotos: Getty Images

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quinta vitória consecutiva do Benfica para a Liga portuguesa saiu do pé direito de Lima, que resolveu o jogo momentos antes do intervalo e manteve os encarnados em igualdade pontual com o F.C. Porto no topo da tabela. A deslocação a Vila do Conde deixou mazelas no plantel de Jorge Jesus, que viu Enzo Pérez, Garay e Salvio queixarem-se de contracturas e entorses nos membros inferiores. Os dois primeiros acabaram mesmo por ser posteriormente dispensados dos trabalhos da selecção argentina. Num campo onde o líder dragão já havia deixado dois pontos esta época, esperava-se que o Benfica sentisse mais dificuldades do que nas vitórias sobre Gil Vicente e V. Guimarães, ambas por 3-0. Sabendo, à hora do início do jogo, que o conjunto portista até estava a bater a Académica por duas bolas a zero, a conquista dos três pontos nos Arcos revestia-se de suma importância e, nos primeiros minutos, a equipa de Jorge Jesus mostrou que tinha o objectivo de vencer bem claro na sua cabeça. O jogo começou com domínio repartido mas foram Cardozo e Lima quem primeiro pôs em risco as redes contrárias. Tarantini seguiu o exemplo e fez o mesmo junto à área encarnada, deixando antever uma noite de bom futebol. Aos 23 minutos, Cardozo acerta no ferro da baliza de Oblak, aos 27 é Matic quem obriga o guardião vilacondense a mergulhar para evitar o golo e, aos 29, primeira contrariedade para Jesus: Enzo Pérez lesiona-se sozinho e cede o lugar a Bruno César. Ainda assim, as oportunidades de golo continuavam a aparecer mais amiúde perto da área do Rio Ave, com o Benfica a evidenciar um domínio quase completo do encontro e a não conceder espaços aos homens da casa para visar as redes de Artur. Ola John, aos 43 minutos, também tentou

a sorte e desferiu potente remate de pé esquerdo, à entrada da área, que um muito atento Oblak desviou para canto. Já nos descontos da primeira parte, Matic surge de novo na área, a desviar de cabeça para o centro, onde Lima aproveitou uma clareira para rematar forte e colocar o Benfica em vantagem na saída para os balneários. A exibição encarnada era agradável e a sua superioridade não parecia estar ameaçada por um Rio Ave completamente manietado e que só por um par de ocasiões logrou desenlear-se da teia benfiquista. As previsões apontavam, por isso, para mais uma vitória sem problemas mas, na segunda parte, o rumos dos acontecimentos não foi exactamente esse. Os papéis como que se inverteram e foi o Rio Ave quem começou a acercar-se mais vezes da área contrária, dando a Artur bastante mais trabalho do que o brasileiro imaginaria ao intervalo. João Tomás, completamente solto de marcação, aos 49 minutos, falhou a baliza por escassos milímetros e deu a entender que o empate andaria por perto. Não obstante, o encontro caiu num ritmo de parada e resposta inconsequentes, durante uma boa dezena de minutos, até que, cumprida uma hora de jogo, Cardozo respondeu à letra à ocasião de João Tomás, fazendo a bola passar igualmente perto do poste, com um potente remate de fora da área. Jorge Jesus procurava renovar a energia atacante e, pouco depois, retirava um Salvio bastante discreto e com queixas a nível físico, lançando Gaitán para imprimir maior velocidade à ofensiva benfiquista. Foram, porém, os homens da casa quem voltou a intensificar a pressão, a partir do minuto 75, com ameaças constantes à área encarnada e com o Benfica a ser claramente incapaz de refrear os


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“Saem pretos de toda a parte como se fosse uma máquina de churros” Jesus Gil y Gil

ânimos vilacondenses. Com o jogo fora de controlo, os encarnados não conseguiam manter a bola no seu meio-campo de ataque e abriam constantemente espaços para que a ala esquerda verde e branca criasse ondas de sobressalto na numerosa falange de apoio visitante. O Benfica aguentava-se como podia e, já para lá do tempo regulamentar, terá chegado a pensar que se lhe escapavam os três pontos por entre os dedos. Excelente arrancada de Obadeyi pela esquerda, a ganhar a linha de fundo a Miguel Vítor e - pecado capital - a cruzar para lá do risco. O lance foi prontamente invalidado pelo árbitro mas o que se passou em seguida foi de tal maneira rápido que só depois de marcado o pontapé de baliza se percebeu que o jogo estava parado. O cruzamento sai na direcção da marca de penalty, Vítor Gomes remata em queda - mas ainda de forma violenta - e Artur, em cena

digna de ser vista e revista nas semanas que aí vêm, consegue ainda mergulhar e afastar a bola sobre a trave com o braço esquerdo. Uma defesa verdadeiramente soberba que, mesmo não contando para nada nas contas da partida, deixou toda a gente no estádio com a sensação de que fora o brasileiro a garantir os três pontos ao Benfica. Missão cumprida para o clube da águia, novamente na co-liderança do campeonato, ainda que superado por um melhor saldo portista no que se refere à diferença entre golos marcados e sofridos. Na próxima semana, dita o calendário que será o Olhanense a deslocar-se ao Estádio da Luz (dia 24, pelas 20:30 horas), não sem antes o Benfica receber o Celtic, na próxima terça-feira, em jogo a contar para a quinta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

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REPORTAGEM

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O CASO TÓ MADEIRA Texto: Miguel Lourenço Pereira Fotos: Getty Images

“A SIDA é como um cartão vermelho mostrado por Deus” Rabat Madjer, ex-jogador do FC Porto

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António Lopes é um desconhecido para a esmagadora maioria dos portugueses. Tó Madeira chegou a ser um ícone mundial. Ambos são a mesma pessoa, com dois denominadores comuns: a cidade de Gouveia e o jogo Championship Manager. Dez anos depois, o caso Tó Madeira ainda é um dos episódios mais comentados da história dos videojogos desportivos. O avançado desconhecido Quando a versão 2001/02 da saga Championship Manager chegou ás lojas, como era esperado, tornou-se num sucesso de vendas. O jogo popularmente conhecido apenas como CM tinha amadurecido desde a sua primeira edição – em 1992 – e era já, no virar do século, o jogo de estratégia desportiva mais popular do mundo. Depois do sucesso no mercado britânico, a productora Sports Interactive e a editora Eidos tinham conseguido exportar o modelo para vários países nos cinco continentes e chegar a níveis de popularidade até então exclusivos de jogos de simulação real, como era a saga Fifa da Electronic Arts. A grande surpresa da esmagadora maioria dos jogadores que decidiam tornar-se treinadores e partir à conquista do Mundo, ainda antes de José Mourinho ou Pep Guardiola terem começado as suas carreiras, chegou de Portugal. Apesar do futebol português viver então a sua idade de ouro, e portanto ser um nicho de mercado habitual para os diversos jogadores em todo o mundo encontrarem jovens promessas para desenvolver, havia um nome consensual aparecido do nada: Tó Madeira. Avançado do Gouveia, clube que militava então a III Divisão, Tó Madeira era uma verdadeira máquina de marcar golos. Na filosofia do jogo, onde os atributos dos jogadores (a esmagadora maioria fielmente representativos da sua performance real) ditam o seu valor e importância, não havia nenhum outro jogador que fizesse sombra ao desconhecido dianteiro. Nem Luís Figo, nem Ronaldo, nem Zinedine Zidane, as máximas estrelas da época. Tó Madeira era o jogador que todos queriam ter na sua equipa, estivessem em Londres, Madrid, Lisboa, Rio de

Janeiro ou Shangai. O pesquisador com fome de golos A popularidade inicial de Tó Madeira tornou-se num verdadeiro enigma para muitos. O sucesso da saga Championship Manager – que hoje segue na variante Football Manager – passava sobretudo pela imensa similiaritude entre os jogadores reais e virtuais. Historicamente sempre tinham existido jogadores sobrevalorizados, especialmente jovens promessas que acabaram por não cumprir todas as expectativas, mas nunca tinha aparecido do nada um jogador com um potencial tão grande. A Sports Interactive, criadora do jogo, contactou a equipa portuguesa de pesquisa para informarse sobre este prodígio. Por essa altura já existiam clubes, especialmente britânicos, que utilizavam a base de dados do jogo para procurar jogadores para os seus projectos desportivos e muitos contactaram a productora para saber informações sobre um jogador que ninguém parecia conhecer. O modelo da SI, especialmente desde a sua expansão para o futebol continental, passava por criar uma equipa de pesquisadores em cada país que apresentava anualmente um relatório sobre todos os jogadores desse país, com os atributos e classificações que ditavam o seu valor futuro no jogo. Começou então a procurar-se pelo homem que descobriu Tó Madeira. É aí que entra em cena António Lopes. Depois de várias pesquisas, que incluíram telefonemas de vários pesquisadores portugueses para o próprio Clube Desportivo de Gouveia, a equipa de investigação da CM Portugal descobriu que Tó Madeira era um nome fictício, criado pelo próprio investigador da zona, um estudante de engenharia civil, natural de Gouveia e a residir em Coimbra. António Lopes tinha sido efectivamente jogador do clube, mas ficou-se pelos juvenis. Quando foi nomeado pela CM Portugal como pesquisador oficial das divisões secundárias, na zona centro de Portugal, decidiu fintar o destino e criar o espelho do jogador que ele gostaria de ter sido. E assim nasceu Tó Madeira.

Mas não só. Lopes criou igualmente perfis falsos para amigos seus da escola na formação local, como os irmãos Peralta, que também apresentavam dados de jogadores de primeiro nível mundial. Naturalmente António Lopes acabou por ser desmascarado, despedido pela SI e a distribuidora Eidos considerou em lançar uma nova versão à venda nas lojas sem o célebre Tó Madeira na base de dados. Mas o jogador tinha ganho já condição de mito e tornou-se num dos exemplares mais vendidos da história, tendo sido relançado nas lojas oito anos depois com um considerável sucesso. Hoje é considerado como o melhor jogo da saga e muitos continuam a utilizá-lo, actualizando a base de dados de ano para ano. E poucos são os que abdicam de ter o avançado português na sua equipa. Ícone vintage das plataformas virtuais Mais de dez anos depois muito mudou à volta da saga. O nome Championship Manager continuou até 2011, mas os verdadeiros homens por detrás do

jogo trabalham noutro projecto, o popular Football Manager. A base de dados do jogo nunca foi tão grande e exacta, e apesar de em todas as versões posteriores à de 2001/02 terem surgido jogadores reconhecidos pelos “treinadores fictícios” como casos de extremo exagero, todos eles eram reais. Tó Madeira tornou-se num símbolo e ainda há muitos nostálgicos que utilizam o editor do jogo para recriálo, edição atrás de edição. A internet está repleta de artigos sobre este avançado fictício, capaz de apontar mais de 50 golos por temporada. Talvez o avançado que o futebol português actual nunca teve e que tanta falta fazia nunca tivesse sido mais do que uma brincadeira de um jovem universitário, mas acabou por se tornar num dos mais celebres jogadores da história do futebol virtual.


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“O futebol é um jogo imprevisível porque sempre começa 0-0“ Vujadin Boskov

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ARKAN, O TERROR DOS BALCÃS


REPORTAGEM

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eixou de assaltar bancos para transformar-se no gladiador dos estádios de futebol jugoslavos. Figura sinistra da guerra dos Balcãs, viveu e morreu sob os desígnios da sua paixão futebolística que pintou com o mesmo sangue com que eliminou rivais no campo de batalha. Durante mais de uma década, Arkan foi sinónimo de medo na antiga Jugoslávia. O ladrão de bancos que se tornou soldado Quando o pai de Zeljko Raznatovic se fartou de receber noticias sobre as prisões e fugas do filho, decidiu tomar medidas extremas. Elemento influente do governo jugoslavo da etapa final de Tito, forçou o regresso do filho da Europa Ocidental e obrigou-o a aceitar um posto como agente dos Serviços Secretos jugoslavos. Zeljko, que por então já era conhecido um pouco por todo o submundo europeu como Arkan, acedeu. Não gostava do pai mas era consciente que tinha jogado no limite demasiadas vezes.

próxima. Croatas, eslovenos e bósnios tinham deixado claro, depois da morte de Tito, que queriam seguir o seu caminho e Belgrado não estava disposto a permiti-lo facilmente. Mas para vencer precisavam de agir primeiro e estar preparados para todos os cenários. O futebol tornou-se no cenário inaugural de guerra e Arkan, o primeiro general no terreno. Arkan ensaiou o seu poder na final de Bari, onde contra todas as expectativas o onze jugoslavo bateu, em penaltis, o Olympique Marseille. Um título europeu que chegou, talvez, demasiado tarde. Os tambores de guerra já se faziam ouvir. Nas bancadas, gritos nacionalistas e bélicos acompanhavam os festejos, apesar de haver jogadores croatas e bósnios no plantel do Estrela Vermelha. Meses depois a guerra começou. Em Zagreb. Com Arkan à frente das suas tropas. Um duelo contra o Dinamo Zagreb terminou em batalha campal numa luta entre os Bad Blue Boys (o grupo hooligan nacionalista croata que apoiava o clube) e os recémbaptizados Tigres do Estrela Vermelha. Na semana seguinte, Arkan exibiu no Marakana um sinal de trânsito de Zagreb como triunfo de batalha. A Eslovénia já se tinha declarado independente, os croatas seguiram-no e os primeiros mortos deram lugar ao confronto aberto armado.

Dos 14 aos 33 anos foi preso por várias vezes na Holanda, Bélgica, Suécia e Alemanha por assaltos a bancos. Era um dos criminosos mais procurados do continente. Cada vez que era detido conseguia escapar-se. Em 1986 disse chega e voltou a Belgrado. Abriu uma padaria na rua do estádio Marakana, onde jogava o seu amado Estrela Vermelha, e começou a trabalhar para os homens do Inevitavelmente, os Tigres, como qualquer Estado de forma oficial. milícia popular sérvia, juntaram-se na linha da frente. Foram responsáveis por vários crimes Na década seguinte foi soldado, dentro e de guerra, de Vukovar – onde assassinaram fora dos cenários de guerra, revolucionou o mulheres e crianças internadas num hospital movimento hooligan jugoslavo e desafiou o croata – a Bijeljina, assassinando muçulmanos establishment local. Custou-lhe a vida mas bósnios nas suas casas. Em cada batalha permitiu-lhe tornar-se num ídolo num país ganha, despojos de guerra eram exibidos nos sem rumo, pintado a sangue e gritos de golo. jogos em casa do Estrela Vermelha. À medida que o conflicto avançava, com triunfos No lado sangrento da guerra dos Balcãs sérvios e croatas a sucederem-se a um ritmo Arkan era um ídolo para os Delije, o nome da diabólico e sangrento os Tigres tornaram-se claque hooligan do Estrela Vermelha. num dos pesadelos das populações locais, conhecedoras da sua extrema violência e Os seus feitos ecoavam na memória do falta de escrúpulos. Tornou-se anos mais estádio de um clube que vivia a sua época tarde nos dos principais objectivos do dourada com uma equipa onde pontificavam Tribunal de Haia mas nunca chegou a ser jovens promessas como Robert Prosinecki, levado a julgamento. Ninguém sabe quantas Dejan Savicevic ou Vladimir Jugovic. Por mortes provocaram os milicianos mas quando indicações do recém-eleito presidente sérvio, Arkan voltou a Belgrado, em 1996, o botim Slobodan Milosevic, o antigo assaltante de do conflito permitiu-lhe tentar comprar o bancos tornou-se no líder da claque com o Estrela Vermelha. O presidente não aceitou objectivo de os treinar para serem o braço a oferta – o governo de Milosevic não estava armado do regime. Milosevic já conhecia de interessado em ver o clube do estado nas antemão que o final da Jugoslávia estava mãos de um homem tão imprevisível – e face


REPORTAGEM

à recusa, Arkan voltou-se para um pequeno clube de Belgrado esquecido por todos. Fez dele o terror do futebol jugoslavo durante três temporadas e abriu um novo capítulo na sua conturbada vida.

jogo ou empatar, caso o rival do campeão em título vencesse também. Dois dias antes do encontro o presidente do Zeleznik foi abatido a tiro em Belgrado e os jogadores entenderam a mensagem, vencendo o rival por 2-1, o que permitiu ao Obilic empatar e Obilic, o terror futebolístico sagrar-se campeão. Foi o primeiro e último título O Obilic era um clube antigo mas sem palmarés. de um projecto que caiu imediatamente debaixo da Barato, para quem queria entrar no mundo do suspeita da UEFA. futebol, mas com o prestigio suficiente para não ser um negócio de grande risco. Nas mãos de Arkan Arkan abandonou a presidência, que entregou à tornou-se num pesadelo. mulher, a polémica cantora pop Ceca, e dedicou-se a trabalhar na sombra em prole do seu clube. Mas O miliciano nomeou-se presidente e investiu na o seu exemplo tinha deixado os restantes clubes equipa o suficiente para garantir na primeira época temerosos suficientes para recorrer igualmente a promoção à liga principal da Jugoslávia (então a máfias jugoslavas e cada jogo tornou-se num só composta pela Sérvia e Montenegro). No ano campo de batalha com ajustes de contas selectivos. seguinte venceram o título. Um triunfo surpreendente, Em 2000, dois anos depois do título conquistado, à primeira vista, que esconde os métodos habituais Arkan foi abatido a tiro à porta do seu café, supõede Arkan. O estádio do Obilic transformou-se no se ainda hoje que por assassinos contratados por pesadelo de todas as equipas rivais que chegavam um clube rival a quem teria ameaçado dias antes. a encontrar homens armados nos corredores, Foi o final do reinado de terror do Obilic mas, longe gás tranquilizante nos balneários e, quando era disso, da instabilidade vivida no futebol jugoslavo. necessário, a presença do próprio Arkan, com a sua Com os clubes controlados por forças políticas inseparável metralhadora, a ameaçar directamente e máfias, tanto na recém-nomeada Sérvia como jogadores de que se prejudicassem a sua equipa não igualmente nos casos de instituições croatas, bósnia sairiam vivos de Belgrado. Nas bancadas os Tigres e montenegrinas, o futebol do país que se autovigiavam o jogo armados para garantir que tudo intitulava orgulhosamente como o “Brasil europeu” corria bem e nos jogos fora de casa, muitos eram os foi perdendo vida e emoção e caiu nos sucessivos futebolistas que desapareciam dias antes do encontro escalões do futebol europeu. O passado sangrento para ser encontrados dias depois, abandonados à de Arkan tornou-se apenas no exemplo mais extremo sua sorte, vitimas de raptos selectivos. Na última de uma realidade que deixou feridas que ainda não jornada do campeonato, num duelo directo com o sararam de forma completa. Estrela Vermelha, o Obilic precisava de vencer o seu

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“Trabalho como um preto, para viver como um branco” Samuel Eto’o


INTERNACIONAL

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PREMIER LEAGUE

do resultado do Chelsea.

Tiago Soares Fotos: AP

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Manchester United venceu Aston Villa por 3-2 após estar a perder por 2-0. Weimann fez os dois primeiros golos da partida aos 45 minutos (mesmo no final da primeira parte) e aos 50 minutos (início da segunda parte). Qualquer pessoa que siga futebol sabe que o Villa marcou nos momentos mais importantes da partida e que, em princípio, o jogo estava decidido e o record de imbatibilidade de 17 anos do United no Villa Park tinha os minutos contados. Puro engano, mas apenas porque Chicharito Hernandez entrou no jogo como tinha terminado o jogo de Braga do meio da semana: a marcar. O primeiro, aos 58 minutos, após um passe de Scholes e alguma sorte na forma como a bola acaba por entrar na baliza dos “Villans”; o segundo (aos 63 minutos) ainda foi com maior dose de sorte, pois o jogador dos “Red Devils” rematou contra um jogador do Villa, no que foi o ressalto perfeito para empatar o jogo. Já depois de De Gea ter negado a Weimann o hat-trick, foi mesmo o avançado mexicano Chicharito a fazê-lo após um livre de van Persie aos 87 minutos. Impressionante o pulmão do United, que parece interessado em partilhar com o City o epíteto de “equipa para reviravoltas”.

O City mantém-se na senda do “marquem vocês primeiro, que nós depois damos a volta ao resultado – não se esqueçam que temos o Dzeko no banco de suplentes!”. Desta vez, foi o Tottenham de André Villas-Boas (AVB) a ser derrotado por 2-1 após estar a ganhar por 1-0 ao intervalo. O golo dos “Spurs” surgiu aos 21 minutos numa situação que, à partida, até parece defensável por Hart – mas a verdade é que o cabeceamento de Caulker foi demasiado perto para suscitar os reflexos do guardião do City. Huddlestone e Adebayor (muito irrequieto contra a sua antiga equipa) ainda foram tentando ampliar a vantagem da equipa de AVB, mas depois do intervalo veio a recção da equipa do City. Aos 65 minutos, após uma jogada confusa, um final brilhante: Aguero mantém a compostura e a calma em frente a Friedel e faz o empate. Aos 83 minutos, Friedel ainda safou o Tottenham do 2-1, mas nada pôde fazer em mais uma demonstração de desacerto da equipa londrina aos 87 minutos: passe de David Silva por cima da defesa e Dzeko faz o 2-1 num excelente remate de primeira de pé esquerdo. Assim, o City mantém-se a dois pontos do rival United e acaba por beneficiar

Os campeões europeus Chelsea empataram com o Liverpool, perdendo pontos pela 3ª jornada consecutiva numa espiral que começou na polémica derrota caseira com o United. Mas tudo começou bem até para a equipa londrina, com um golo do central Terry aos 19 minutos a aproveitar um canto marcado por Mata. O central respondia da melhor forma às suspeitas aventadas durante a semana de que a sua carreira estava em declínio e marcava um belo golo de cabeça; no entanto, passado alguns minutos, o drama: lesão grave (suspeita de rotura nos ligamentos do joelho direito) após um choque fortuito com Suarez, aos 40 minutos, após o avançado dos “Reds” ter sido carregado por Ramirez em falta. Os “blues” não pareceram afectados pela lesão do capitão e continuaram a pressionar, podendo mesmo ter chegado ao 2-0 ainda nos descontos da primeira parte, mas Mata enviou a bola por cima da trave. Na segunda parte, o Liverpool deu melhor imagem de si próprio e conseguiu mesmo chegar ao empate, aos 72 minutos, pelo inevitável Luis Suarez. Jose Enrique ainda teve a melhor oportunidade de colocar o Liverpool à frente do marcador já aos 90 minutos, mas não teve arte nem engenho para vencer a oposição de Cech – resultado final, 1-1 e o Chelsea a três pontos do United.

Noutros jogos, o Arsenal empatou a três bolas com o Fulham no Emirates, num jogo em que a grande figura foi Berbatov (dois golos e uma assistência para os visitantes) e o Arsenal ainda desperdiçou um penalti aos 94 minutos; o Everton venceu o Sunderland por 2-1 e o West Bromwich Albion (WBA) foi vencer o Wigan por 2-1, mantendo-se como grande surpresa desta Premier League. Classificação: 1 – M. United (27 pontos) 2 – M. City (25 pontos) 3 – Chelsea (24 pontos) 4 – Everton (20 pontos) 5 – WBA (20 pontos)


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BUNDESLIGA João Silva Fotos: AP

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jornada número 11 trouxe mais espectáculo e golos aos adeptos. Imparável, o Bayern de Munique não cedeu um milímetro e acabou por afastar mais um (eventual) candidato, o Eintracht Frankfurt. O Schalke 04 e o Borussia Dortmund mantiveram as distâncias. No fundo da classificação, nada mudou. Esta ronda do principal campeonato alemão iniciou-se na sexta-feira com o Mainz a receber e a vencer o Nürnberg por 2-1. Na primeira parte, os donos da casa construíram uma vantagem confortável e justa, permitindo, contudo, uma reacção capaz dos opositores. Foi uma grande partida de futebol e o resultado poderia ter sido mais dilatado, se os homens da casa tivessem sido mais eficazes. Após o encontro, os visitados têm 17 pontos e estão num fantástico 7º lugar, bem no meio da luta pela Liga dos Campeões. O Nürnberg tem 11 pontos e ocupa um preocupante 15º lugar. No dia seguinte, disputaram-se cinco partidas, sendo que a mais importante foi o confronto entre o 1º classificado e o 3º. Assim, em Munique, o implacável Bayern recebeu o surpreendente Eintracht Frankfurt e venceu por 2-0, numa partida que tinha uma particularidade interessante: o treinador visitante nunca vencera em Munique. Na primeira parte, o domínio foi todo dos visitados, mas os opositores ainda conseguiram incomodar. No reatamento, pou-

co ou nada se viu dos visitantes. Depois do encontro, os homens de Jupp Heynckes continuam donos e senhores da liderança, tendo 30 pontos. O adversário tem uns interessantes 20 pontos e ocupa o 3º lugar, bem distante do que lhe fora atribuído pelos críticos no início da época. Ainda assim, a equipa não vence há três partidas. À mesma hora, em Gelsenkirchen, o Schalke 04 recebeu e venceu o Werder Bremen por 2-1. Devido ao poderio individual das duas formações, o encontro era muito aguardado. Surpreendentemente, os homens de Thomas Schaaf foram muito mais perigosos na primeira parte, anulando ainda as ações contrárias. Depois da pausa, o Schalke 04 foi melhor, deu a volta e poderia ter marcado mais. No final da partida, os donos da casa ficaram com 23 pontos, ocupando o 2º lugar, deixando o Eintracht Frankfurt mais para trás. É o segundo melhor arranque de sempre para o Schalke 04. O adversário, por outro lado, voltou a sofrer um contratempo, tem 14 pontos e está no 9º lugar. Na Schwarzwald (Floresta Negra), o Freiburg recebeu e empatou a zero com o Hamburger SV. Em termos estatísticos, os homens de Christian Streich recebiam um dos seus adversários mais temíveis. O primeiro tempo foi interessante, oferecendo oportunidades de ambos lados. Após o intervalo, houve mais Freiburg, embora o Hamburger SV não se te-

nha escondido. Depois do encontro, os donos da casa ficaram com 13 pontos, detendo agora o 11º lugar, enquanto a equipa nortenha conta agora com 14 pontos, ocupando o 10º lugar. O campeão Borussia Dortmund também entrou em ação no sábado. Os jogadores de Jürgen Klopp deslocaram-se ao terreno do lanterna vermelha Augsburg e venceram por 1-3. Os visitados dominaram por completo a primeira parte, mas o Dormtund foi muito mais eficaz. No reatamento, o campeão voltou com uma nova cara e dominou os acontecimentos. Após esta partida, o Augsburg tem 6 pontos e continua no último lugar, enquanto o campeão alemão soma 19 pontos e navega em 4º. Num encontro inédito na prova, o aflito e em clara queda Fortuna Düsseldorf recebeu um irregular Hoffenheim, que precisava da vitória para alimentar o sonho europeu. No final, houve um empate a uma bola. Entrou melhor o conjunto da casa, que controlou as operações até ao intervalo, embora tivesse concedido uma ocasião ao opositor, que este aproveitou por inteiro. No segundo tempo, ainda que em inferioridade, os visitantes tiveram mais discernimento. No final do desafio, o plantel de Norbert Meier ficou com 11 pontos, ocupando agora o 14º lugar e ainda sem qualquer vitória em casa esta temporada. O opositor desta jornada tem 12 pontos e está agora em 13º. No domingo, disputaram-se as três últimas partidas da jornada, indo o destaque para o encontro entre Stuttgart e Hannover 96. Antes disso, o Wolfsburg recebeu e venceu por 3-1 o europeu Bayer Leverkusen, que atravessava o melhor momento da época. Foi um jogo fantástico na primeira parte, com os visitados a oferecerem combinações de sonho. A exibição de Diego foi a cereja em cima do bolo. O segundo tempo foi mais calmo e mais repartido. Depois dos 90 minutos, a equipa da casa ficou com 11 pontos, continuando no 16º posto. O adversário que viajou de Leverkusen continua bem posicionado, embora tenha perdido: com 18 pontos, está em 5º lugar. Ao final da tarde, o Stuttgart recebeu o Hannover 96, num encontro entre duas formações que disputam a Liga Europa e os lugares para a próxima edição da mesma competição. A partida pode ser divida em duas partes distintas: até aos 60 minutos, o Stuttgart foi soberano, desde então, o Hannover 96 teve uma reviravolta fenomenal. Foi a primeira vitória dos visitantes naquele estádio desde 2007. No final da partida, os homens de Bruno Labbadia ficaram com os mesmos 13 pontos, ocupando o 12ºlugar. Os pupilos de Mirko Slomka, por outro lado, têm 17 pontos e detêm o 6º posto. Também no Sul da Alemanha, o Greuther Fürth recebeu e perdeu por 2-4 com o europeu Borussia Mönchengladbach. Este desafio inédito na Bundesliga

foi muito interessante, oferecendo alterações constantes no marcador. Foi a vitória número 600 dos visitantes na Bundesliga. Após o confronto, os visitados ficaram com 7 pontos, continuando no 17º lugar. Os forasteiros têm 16 pontos e subiram ao 8º lugar. Relativamente aos destaques individuais, o melhor marcador da prova continua a ser Mandzukic, do Bayern de Munique, com 8 golos, seguido de Adam Szalai, do Mainz, com os mesmos tentos e de Stefan Kiessling, do Bayer Leverkusen, com 7 golos apontados. O guarda-redes menos batido continua a ser Manuel Neuer, doBayern de Munique, com 4 tentos sofridos. No que toca aos números da jornada 11, marcaram-se 30 golos, o que origina uma média de 3,3 por desafio. Em termos resultados, houve 7 vitórias, 4 em casa e 3 fora, e 2 empates. A média de espectadores nos estádios germânicos foi 39 261 por desafio. Classificação: 1 – Bayern Munique (30 pontos) 2 – Schalke 04 (23 pontos) 3 – Eintracht Frankfurt (20 pontos) 4 – Borussia Dortmund (19 pontos) 5 – Bayer Leverkusen (18 pontos)


INTERNACIONAL

14/11/12

FRANÇA - LIGUE 1 Tiago Soares Fotos: AP

A

s três equipas do topo da tabela da Ligue 1 tiveram sortes iguais nesta jornada: o empate. O primeiro a entrar em campo foi o Marselha, que empatou 2-2 em casa com o Nice. A equipa marselhesa começou bem o jogo e aos cinco minutos já podia estar em vantagem, mas Cheyrou não deu o melhor seguimento ao cruzamento de Valbuena. O mesmo Valbuena falhou um penalti aos 27 minutos mas compensou a equipa ao cruzar para o golo de André Ayew (em fora-de-jogo) aos 39 minutos. 1-0 ao intervalo, resultado que espelhava bem a diferença de produção de ambas as equipas; no entanto, logo aos 51 minutos, a defesa do Marselha esqueceu-se de Cvitanich e este, no seguimento de um livre, empatou a partida para os visitantes. Aos 68 minutos, o Marselha voltou a ganhar vantagem numa jogada em que Ayew acertou na barra, o guarda-redes adversário salvou in-extremis e que Valbuena (sempre ele) se encarregou de fazer passar a linha de golo. Até ao final, a equipa da casa pareceu sempre no controlo mas, num último fôlego aos 87 minutos e com alguma sorte, o Nice marcou mesmo o empate (por intermédio de Abriel) e deixou os marselheses a pensar nas oportunidades falhadas na primeira parte. A equipa dos milhões, o Paris SG, teve um dos jogos mais complicados da época, pois a adicionar ao

primeiro dos jogos de castigo cumpridos por Ibrahimovic, ainda teve de lidar com a expulsão de Sokho logo aos dez minutos. Isso não impediu a equipa parisiense de marcar primeiro, aos 37 minutos, por Maxwell, num lance em que parece bafejado pela sorte, num cruzamento/remate que ainda embate no poste. Já na segunda parte, após um momento em que a defesa da Paris SG soçobrou um pouco, o campeão francês empatou a partida com um remate bem colocado de Cabella aos 60 minutos. Passados cinco minutos, Belhanda foi expulso, ficando ambas as equipas a jogar com 10 unidades, mas o resultado não sofreu alterações. O último a entrar em campo foi o Lyon, sabendo que se vencesse na sua deslocação a Sochaux passaria para o primeiro lugar isolado. Malbraque cruzou, Gonalons fez o golo com um excelente cabeceamento no meio da área. Lisandro podia ter feito o segundo do Lyon aos 54 minutos, mas Pouplin, guarda-redes da equipa da casa, salvou o Sochaux com uma grande defesa por instinto. Do outro lado e para não ficar atrás, Vercoutre teve uma grande estirada a impedir o golo do empate da equipa da casa aos 60 minutos; no entanto, o guarda-redes do Lyon nada pôde fazer dez minutos depois no remate bem colocado de Privat – uma raridade de golo, pois dos últimos 10 golos marcados para a liga francesa

pelo avançado, nove (!) foram com a cabeça. Até ao final o jogo manteve-se a bom ritmo, mas não houve oportunidades reais de golo e o resultado manteve-se em 1-1 – um empate que deixa o Lyon na mesma em terceiro lugar. Em outros resultados da jornada, o St Etiénne venceu o Troyes por 2-0, ascendendo ao quarto lugar da Liga e o Valenciennes venceu em Bastia a equipa da casa por 3-2, chegando ao quinto lugar. Por fim, o Bordéus, adversário do Marítimo na Liga Europa, subiu para o sexto lugar com uma goleada por 4-0 na visita ao Lorient, tendo estes três clubes subido na tabela beneficiando da derrota do Toulouse (de Djaló) em casa com o Ajaccio por 2-4. Classificação: 1 – Paris SG (23 pontos) 2 – Marselha (23 pontos, menos um jogo) 3 – Lyon (22 pontos, menos um jogo) 4 – St. Etiénne (21 pontos) 5 – Valenciennes (21 pontos)


INTERNACIONAL

14/11/12

SERIE A Tiago Soares Fotos: AP

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Juventus voltou às vitórias com um retunbante 6-1 à equipa do Pescara fora de casa. No entanto, e apesar do resultado dilatadíssimo, a Juventus não se safou de um susto e de uma “mãozinha” do árbitro. Aos 22 minutos a equipa campeã italiana já vencia por 2-0 com golos de Vidal e Quagliarella e, logo de seguida, o caso do jogo: duas (!) mãos seguidas de jogadores da Juventus na área da “Vecchia Signora” e o árbitro manda seguir, sendo que alguns minutos depois o Pescara reduziu mesmo por Cascione (25 minutos). Um golão de bicicleta de Asamoah fez o 3-1 para os “bianconeri” (30 minutos) e, ainda na primeira parte, Giovinco fez o 4-1 com um belo remate de primeira. Quagliarella bisou ainda na primeira parte e completou o hat-trick de forma pouco menos que espectacular aos 53 minutos. A partir daí, passeio para a Juventus até ao final e liderança assegurada por mais uma jornada. O Inter, que tinha dado tão boa conta de si na jornada anterior ao vencer a Juventus, perdeu na deslocação ao reduto da Atalanta por 3-2. No jogo que terminou com uma série de 10 jogos sempre a ganhar em todas as competições dos nerazzurri, a Atalanta

chegou à vantagem aos nove minutos com um belo cabeceamento de Bonaventura. Aos 55 minutos, o Inter empatou com um golão de Guarín (ex-jogador do FC Porto), com um míssil indefensável à baliza da equipa da casa. Denis, no entanto, veio estragar a recuperação do Inter com dois golos (um aos 60 minutos e outro aos 67, este de grande penalidade), pondo a equipa da casa em posição soberana para acabar com o ciclo de vitórias do Inter. A equipa de Stramaccioni ainda reduziu por Palacio, aos 86 minutos, mas não foi o suficiente para conseguir salvar sequer um ponto deste jogo. A equipa do Inter conta agora com quatro pontos de atraso para os líderes Juventus. O Nápoles continua na peugada dos líderes e foi vencer o Génova ao seu reduto por 4-2. No entanto, o jogo nem começou bem para os “partenopei,”, pois a equipa da casa adiantou-se no marcador numa jogada em que Cannavaro (não esse que está a pensar – o outro!) dá mão dentro da sua área e podia ter sido expulso, acabando por amortecer a bola para o remate vitorioso de Immobile. O Nápoles chegou ao empate apenas na segunda parte, por

intermédio de Mesto (acabado de entrar na partida), mas sofreu novo revés apenas dois minutos depois (aos 56) com o golo de Bertolacci. No entanto, assistimos a uma reviravolta épica dos napolitanos nos últimos 15 minutos da partida: Cavani fez o 2-2 aos 79 minutos (quinto golo em cinco jogos), Hamsik fez o 3-2 de cabeça aos 90 minutos e, aos 94, Insigne ainda fez o 4-2 num contra-ataque soberbo, deixando Luigi Del Neri atónito pelo desmoronar da sua equipa. Incrível! No jogo mais emblemático da jornada, a Lázio venceu o derby romano, batendo a sua arqui-rival vizinha Roma por 3-2. Sempre emotivo e nem sempre bem jogado, o derby revelou-se um jogo impróprio para cardíacos - tendo começado melhor a Roma com um golo de Lamela, aos nove minutos, após canto de Totti. Após uma quebra em alguns focos de luz do Olímpico, a Lazio chegou ao empate aos 35 minutos num remate poderoso de Candreva e um não menos incrível frango de Goicoechea. Aos 42 minutos, com o campo completamente alagado, Klose fez o 2-1 após jogada de (quem mais? Pois, adivinharam!) Hernanes. Ainda na primeira parte, De Rossi tornou a missão da sua equipa ainda mais complicada, sendo expulso com um vermelho directo e, logo no início da segunda parte e após um corte defeituoso da defesa romana, a Lazio chegou ao 3-1 com um remate colocado do capitão Mauri. O

médio marcou e, aos 85 minutos, ainda foi expulso por acumulação de amarelos sendo que dessa falta surge o segundo golo da Roma. Um remate extraordinário de Pjanic, quase da linha do meio-campo e apanhando o guarda-redes “laziale” distraído, que vale a pena ver e rever, apesar de ter sido infrutífero para a Roma. Resultado final de 3-2 e a Lazio permanece no topo da tabela. Por fim, algumas palavras para a vitória da Fiorentina sobre o bombo da festa habitual: o Milan. A equipa de Florença foi vencer o colosso de Milão por 3-1 em San Siro com golos de Aquilani (não serviu para o Milan no ano passado...) aos 10 minutos, Valero aos 38 minutos (com a participação de Montolivo e Mexes, que deixaram o avançado espanhol passar por eles calmamente) e El Hamdaoui (um golo fabuloso do egípcio), de nada valendo o golo de Pazzini aos 60 minutos. Vida extremamente complicada para os comandados por Allegri, cada vez mais contestado no comando da equipa rossonera, 13ª classificada do Calcio. Classificação: 1 – Juventus (31 pontos) 2 – Inter (27 pontos) 3 – Nápoles (26 pontos) 4 – Fiorentina (24 pontos) 5 – Lazio (22 pontos)


MIÚDO MARAVILHA

14/11/12

BRUMA Texto: Pedro Martins Fotos: google.com

O Futebol é um mundo que proporciona oportunidades a todo o tipo de pessoas, de qualquer lugar e de qualquer cultura, tal como aconteceu a Armindo Tué Na Bangna, mais conhecido por Bruma. É natural de Guiné-Bissau, onde começou a dar os primeiros toques na bola na União Desportiva Internacional de Bissau nos sub-15, mudando-se para o Sporting em 2007,clube que representa ainda nos dias de hoje. Em quatro anos nas camadas jovens do clube marcou 83 golos, jogando muitas vezes no escalão acima do da sua idade, o que é de maior valor por se tratar da Academia de Alcochete, a melhor escola de formação Portuguesa. Com as suas exibições vistosas e devido à sua dupla nacionalidade, é chamado a representar a selecção Lusa desde os sub-15 até aos sub-19, participando no Euro 2010 sub-17 com apenas 15 anos e no Euro 2012 sub-19, onde apontou um dos golos da selecção Portuguesa. Em 2010, aquando do seu primeiro contracto profissional com o Sporting, que o quis segurar devido ao interesse cada vez mais intenso dos “Grandes Tubarões Europeus, recebeu o prémio Stromp ”Academia Sporting”. Esta época, apesar de ainda júnior, foi chamado para o Sporting B, contribuindo para o actual primeiro lugar na II Liga Portuguesa com 2 golos. Este jovem talento pode jogar como avançado, devido à sua capacidade exímia de finalização mas é a extremo que mais rende e mais se destaca. Cedo se denotou pela sua capacidade física, tipicamente Africana, resistente aerobiamente e com uma enorme capacidade de explosão a qualquer minuto do jogo, seja ao minuto 1, seja ao 90. Possui uma velocidade estonteante, sem e com bola, à qual junta uma técnica apurada. Devido à sua rapidez, ao bom domínio de bola com os dois pés e ao drible curto de qualidade acima da média, procura muitas vezes o um contra um, sem medo algum. A sua especialidade é fazer diagonais proporcionando espaço aos seus colegas nos processos ofensivos mas acima de tudo desmarcando-se de modo a oferecer-se a passes de rotura para poder finalizar com golo. As oportunidades no mundo do futebol, tem como objectivo, o de lapidar um diamante bruto transformando-o em um diamante puro de valor e de maior qualidade assim como Bruma, um miúdo maravilha do hoje para o amanha.

“Pisa-o, pisa-o! Ao inimigo nem água“ Bilardo, ex-treinador

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EDITORIAL

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Coordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento Editor Chefe: João Sacramento Direcção de arte e maquetização: Carlos Maciel Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Tiago Jordão, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, João Silva, Francisco Gomes da Silva, Carlos Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes, Pedro Vinagreiro Publicidade: Ricardo Sacramento

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