
2 minute read
Prisão de Jararaca ocorreu no dia seguinte ao ataque

A noite do dia 13 foi de apreensão. Porém, afora a passagem da volante paraibana, do tenente João Costa, por volta das três horas, nada mais tinha acontecido. Pela manhã, os homens ainda nas trincheiras mantinham guarda, mas logo Francisco Fraga, o Vinoca, saiu pelas ruas de carro gritando que o povo poderia sair de casa.
Advertisement
Comemorações se espalharam, mas o grande chamariz era a praça da Igreja de Santa Luzia onde ainda estava exposto do cadáver de Colchete, exalando forte odor. Famílias inteiras iam olhar o morto. A aglomeração e o medo de Lampião voltar, no entanto, obrigou o tenente Abdon Nunes a dispersar o povo.
Colchete foi amarrado pelas pernas e braços em um tronco e levado ao cemitério, onde foi enterrado nos seus arredores sem receber a extrema-unção.
Mesmo baleado em duas ocasiões, assim que caiu a noite, Jararaca rastejou até os trilhos do trem e se afastou da cidade. Chegou à ponte férrea na esperança de escapar com vida, mas não conseguiu atravessar os dormentes.
Pela manhã, avistou uma barraca de lona próxima ao rio, ocupado por trabalhadores da estrada de ferro. Se assustaram quando viram
Ponte férrea de Mossoró que impediu avanço da fuga de Jararaca
Foto: José Otávio
Cangaceiro José Leite de Santana, o Jararaca, preso na cadeia pública de Mossoró
o cangaceiro, mas ele os tranquilizou e disse que pagaria por ajuda.
Pediu a Pedro Tomé, um dos cassacos, que fosse até a cidade comprar medicamentos: gaze, algodão, tintura de jucá e água oxigenada. Entregou-lhe uma nota de 500 mil réis e lhe advertiu para não o entregar. “Na volta lhe dou boa gratificação”, assegurou.
Na cidade, Pedro ainda encontrou o povo em movimento para ver o corpo de Colchete. Seguiu-se para a botica e pediu os produtos. O boticário perguntou para quem eram as compras e o homem contou tudo. Foi orientado a procurar o tenente Laurentino de Morais.
O oficial vibrava com a notícia. Sacramentaria a vitória de Mossoró com a prisão do cangaceiro. Bolou um plano com Pedro Tomé e o mandou voltar para o rio. No local, Jararaca cansado e abatido, não se deu conta da emboscada. Ao contrário, atendeu ao homem quando lhe pediu para baixar as armas e tirar os arreios.
Ao passar o braço por dentro do casaco, se obrigou a largar a arma por tempo suficiente para Pedro tomá-la, rendê-lo e gritar pelos policiais. As últimas palavras de Jararaca para Pedro, no entanto, lhe devem ter incomodado durante muitos anos:
“Você é um cabra de sorte. Quando você saiu eu pensei que ia mesmo me denunciar e quis matar você, mas não me decidi”, disse, segundo conta Raul Fernandes.