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"O homem tá disposto a brigar"

"O homem tá disposto a brigar"

Ao ver Lampião, Luís Siqueira, o Formiga, pediu proteção. O cangaceiro garantiu, mas lhe fez um interrogatório. Quis saber quantos homens estavam armados em Mossoró. Formiga exagerou e disse que talvez uns duzentos.

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Lampião chamou o estado-maior e voltou a detalhar o plano de invasão. Escutaram as ponderações de Massilon que desenhava na areia um mapa das principais artérias da cidade.

De acordo com a estratégia, o ataque seria protagonizado por duas colunas que se dividiria em quatro ao entrar na cidade. Sabino comandaria a tropa. Os melhores atiradores seriam distribuídos nos grupos, cada um com cerca de 400 cartuchos.

Lampião propôs entrar pela barragem do Rio Mossoró, mas Formiga avisou que seria arriscado, pois havia um piquete naquela área. Aborrecido, Lampião chamou Massilon.

“Você tinha me dito que entrava em Mossoró com dez homens. A cidade tinha poucos soldados e os civis estavam desarmados e eram mofinos. Agora o homem tá disposto a brigar. Não estou gostando nada disso”. Reclamou.

Lampião e Sabino perguntaram ao coronel Antônio Gurgel se ele conhecia o coronel Rodolfo Fernandes. Gurgel disse que sim, mas não era íntimo.

Lampião ordenou que o coronel escrevesse uma carta ao intendente. Determinou que no bilhete fosse cobrado 500 contos de réis para o bando não entrar na cidade.

Gurgel achou muito, Lampião então baixou para 400. Assim a carta foi escrita.

Foto: José Otávio/Arquivo Histórico 13 de junho de 1927. Meu caro Rodolfo Fernandes:

Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante soma de quatrocentos contos de réis – 400.000$000. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados à farta. Creio que seria de bom alvitre você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, será bem recebido. Para evitar o pânico e o derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta a Jaime que os vinte e um contos que pedi ontem para o meu resgate não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou. Assim, peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de confiança para salvar a vida deste pobre velho. Devo adiantar que todo o grupo tem me tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito. (a)Antônio Gurgel do Amaral.

Homens pousam para foto na trincheira de Rodolfo

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