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Lampião no RN, medo, terror e sangue

JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS
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josedepaivareboucas@gmail.com
Antes de pisar em Mossoró, o mais conhecido cangaceiro da história nordestina realizou uma peregrinação de mais de 200 km, espalhando medo, terror e sangue. Mas, talvez ele não tivesse vindo se não fosse o ataque de Massilon a Apodi, uma parte da história que poucos conhecem ou dão atenção.
Para a maioria dos pesquisadores, o grande incentivador do ataque de Lampião a Mossoró, em 13 de junho de 1927, foi Massilon Leite, capanga de coronéis da Paraíba que teve vida curta no cangaço.
Natural de Timbaúba dos Mocós/PE, segundo pesquisa de Honório de Medeiros, esta figura emblemática do cangaço da década de 1920 viveu em Cacimba de Areias, em Patos/PB, depois no Sítio São Joaquim, em Pombal/PB, até, finalmente, chegar ao sítio Japão, no município de Luís Gomes/RN onde viveu até sumir do mapa.
Massilon, ou Benevides, como também é chamado, teria sido o responsável por persuadir o coronel Isaías Arruda a convencer Lampião do ataque. Coiteiro afoito do Ceará, Arruda era chefe político em Missão Velha/CE e costumava dar guarita aos cangaceiros no município de Aurora/CE, onde também tinha propriedade.
O argumento principal para fazer a cabeça de Virgulino, no entanto, foi a invasão promissora de Massilon à cidade de Apodi, no dia 10 de maio de 1927, atendendo solicitação do fazendeiro Décio Hollanda, de Pereiro/CE.
Genro de Tylon Gurgel, chefe político de Pedra de Abelha, distrito da zona rural apodiense onde hoje é o município de Felipe Guerra, Hollanda queria notoriedade política para ele e para o sogro.
Na oposição, vivia de atacar a família Pinto, especificamente o presidente da Intendência Municipal, Francisco Ferreira Pinto, e era perseguido politicamente por isso.
Acontece que a oligarquia Pinto tinha ligação com o poder em Apodi desde 1780 quando tomou posse na cidade o capitão Pinto Machado. Esse grupo se tornou tão poderoso que possuía representação política em toda a região – de Portalegre a Mossoró.
Como Hollanda não conseguiu assumir a posição desejada, só lhe restou a vingança. Para isso, procurou o coronel Isaías Arruda. Este, por sua vez, contratou Massilon Leite para montar um grupo e pôr em prática o crime encomendado.