27
POLÍCIA SE PREPARA
PARA A COPA
UNA - Ano 7 - BELO HORIZONTE - Fevereiro - Março 2014 Distribuição Gratuita JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO MULTIMÍDIA
2 fevereiro/março de 2014
27
3 FILAS, FILMES E DISCUSSÕES 4 O PESO DO CHUMBO 6 RUDÁ RICCI: MUDANÇA SOCIAL NAS RUAS
3
7 O TRÂNSITO EM BH PARA A COPA 2014 8 POLÍCIA SE PREPARA PARA A COPA 10 NA PRORROGAÇÃO BH SE AQUECE PARA A COPA DO MUNDO 12 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO DA PM E OAB PARA A COPA 13 PAIXÃO PELOS LIVROS 14 HPV: CAPANHA CONTINUA ATÉ 2016
4
15 O FILME QUE CONQUISTOU BERLIM
7
LEIA MAIS EM CONTRAMAO.UNA.BR Em toda a capital mineira, não há uma roda de amigos, uma discussão filosófica de boteco, uma conversa amena ou até mesmo um bate-boca onde a Copa do Mundo 2014 não seja abordada. Entre elogios e reclamações, Belo Horizonte segue com os
EDITORIAL
preparativos para sediar alguns jogos do Mundial, ao mesmo tempo em que os belo
6
-horizontinos calculam e anteveem o que irá ocorrer com a cidade durante o mês de junho, quando estivermos recebendo uma quantidade considerável de pessoas de todos
os cantos. A expectativa é grande e o jornal CONTRAMÃO apresenta uma série de matérias nessa edição, mostrando o que foi planejado e o que tem sido feito para a ocasião. No quesito segurança pública, como era de se esperar, estas medidas receberão uma atenção especial, depois do que foi visto durante as manifestações anti-Copa realizadas em junho do ano passado.
8 10
As estratégias e táticas para lidar com possíveis manifestações mais alteradas estão sendo definidas meticulosamente, conforme garantiu o gestor extraordinário para a Copa do Mundo, coronel Antonio Bettoni, durante o II Fórum de Oportunidades para o Comércio, realizado em março passado. Mas nem só de Copa do Mundo vive essa edição. Os 50 anos da instauração da ditadura do Brasil são abordados em matéria especial dos repórteres Hemerson de Morais, Frederico Thompsom e Paloma Morais, relembrando – nestes tempos de reedição da Marcha pela Família – o que representam os anos de chumbo na História do Brasil. Boa leitura!
14
15
EXPEDIENTE Núcleo de Convergência de Mídias (NuC) do curso de Jornalismo Multimídia do Instituto de Comunicação e Artes (ICA) - Centro Universitário UNA. Reitor: Átila Simões. Diretor do ICA: Lélio Fabiano dos Santos. Coordenadora do curso de Jornalismo Multimídia: Piedra Magnani da Cunha.
NuC/Coordenação: Jorge Rocha, Luiz Lana e Tatiana Carvalho. Diagramação: Tiago Magno. Supervisão: Jorge Rocha. Revisores: Ana Paula Sandim, Jorge Rocha e Tatiana Carvalho. Estagiários: Alex Bessas, Aline Viana, Gabriel Amorim, Heberth Zschaber, João Alves, Juliana Costa, Luna Pontone e Tiago Magno. Tiragem: 2.000 exemplares. Impressão: Sempre Editora
cultura
FILAS, FILMES E DISCUSSÕES
fevereiro/março de 2014
3
A 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que aconteceu na cidade de Tiradentes (MG), entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro, homenageou um dos maiores nomes do cinema nacional: Eduardo Coutinho. Com uma programação variada, o festival trouxe além de excelentes filmes, seminários que reuniam público, crítica especializada e diretores. Os filmes “Passarinho lá de Nova Iorque”, de Murilo Salles, e “Amor, plástico e barulho”, de Renata Pinheiro, foram alguns dos filmes debatidos. Os seminários ocorreram no auditório do Cine Teatro SESI e o público compareceu em massa, formando filas de espera e lotando a parte externa do auditório. Filas enormes também foram formadas no cine-tenda, principal ponto de exibição em Tiradentes, para as varias seções de curtas da Cena Mineira, dentre eles a animação “Saturno’, de Sávio Leite e Clécius Rodrigues, e ‘Amor em pedaços”, primeiro curta de Felipe Oliveira, que emocionou o publico. “O festival é importante, porque é um selo de qualidade para os filmes aqui exibidos passarem em outros lugares”, afirma Felipe. Durante a noite, a cidade ainda respirava cinema. Sessões noturnas sempre lotadas, como a do filme “Vizinhança do tigre”, em sua pré-estreia mundial. O documentário de Affonso Uchoa mostra a vida de cinco jovens da periferia de Contagem e as dificuldades, os sonhos e desafios que cada um enfrenta. Ao mesmo tempo, a sessão Curtas na Praça exibia filmes em um telão a céu aberto. Todos os dias ao fim das exibições, rodinhas se formavam e as pessoas debatiam, analisavam discutiam os filmes do dia, embalados pelos shows dos artistas mineiros como Dibigode convidando Dona Jandira, Graveola e o Lixo Polifônico, entre outros.
Texto e foto por Heberth Zschaber (4º período) Jornalismo Multimídia
4 fevereiro/março de 2014
memória
Por Frederico Thompson (5ºperíodo) Hemerson Morais (5º período) Paloma Morais (5º período) Jornalismo Multimídia Foto: Internet
O PESO DO CHUMBO PERSEGUIÇÕES POLÍTICAS, VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E EXÍLIO. PASSADOS 50 ANOS DA INSTAURAÇÃO DO REGIME MILITAR NO BRASIL, É PRECISO RELEMBRAR O QUE OCORREU DURANTE A DITADURA, PARA QUE A HISTÓRIA NÃO SE REPITA COMO FARSA. AINDA MAIS EM TEMPOS DE REEDIÇÃO DA MARCHA PELA FAMÍLIA.
fevereiro/março de 2014
memória
5
Agora em 2014 completam-se 50 anos do
mais aclamado, porém Tancredo Neves foi
o diretor ter se recusado a conversar com os
período mais obscuro da história do Brasil: a
escolhido para assumir o poder assim que
alunos sobre o que estava proposto na reu-
Ditadura Militar. O regime ditatorial, que foi
os militares deixassem de governar. No en-
nião. Outros campi da faculdade também tive-
instaurado em 31 de março de 1964, quando o
tanto, Tancredo morreu antes de assumir e
ram manifestações semelhantes. Porém, o úni-
então presidente João Goulart foi deposto por
José Sarney acabou sendo o primeiro presi-
co campus a não dialogar com os alunos foi
um golpe militar, cassou os direitos civis abrindo
dente civil do país após o período ditatorial.
aquele em que Ajax Ferreira estudava, haven-
o estado de exceção. Foi uma época em que o
Para alguns, esse processo deixou uma herança
do ainda entrada da polícia. A polícia voltou
regime militar se permitiu prender, torturar e in-
cultural negativa, da qual o povo brasileiro não
a fazer buscas na escola e acabou prendendo
clusive matar aos que se opusessem aos interesses
conseguiu se livrar até hoje.“As principais mazelas
os demais alunos. O diretor passou a ser hos-
do governo. Cinco décadas depois, o cenário po-
deixadas pelos anos de comando militar no Brasil
tilizado depois desses acontecimentos, chegan-
lítico e social do Brasil torna necessário relem-
foram relativos ao comportamento do povo dian-
do a ter os quatro pneus de seu carro furado.
brar o real significado dos “Anos de chumbo”.
te do poder. Durante a ditadura, o povo aprendeu
INTERVENÇÃO MILITAR
MALDIÇÕES HERDADAS
a se acostumar e ser passivo diante do que era
A memória do que foram os “Anos de chum-
O fim da ditadura no Brasil não se deu como
imposto a ele”, analisa o sociólogo Jairison Reis.
bo” parece passar por uma tentativa de revisio-
em outros países da América Latina, como Chile
RELATOS DA LUTA
nismo nos dias atuais. No dia 22 de março, foram
e Uruguai, por exemplo, onde os ditadores foram
O coordenador do Centro de Memória da Fa-
realizadas Marchas pela Família com Deus em
derrotados nas urnas, após convocarem plebisci-
culdade Federal de Medicina, Ajax Pinto Ferrei-
várias cidades do país, registrando baixas adesões.
tos. O que ocorreu no Brasil foi um processo
ra, era estudante na UFMG em 1968, ano em que
A marcha original foi um dos estopins para a
de transição “lenta, gradual e segura”, como afir-
aconteceu a invasão de militares ao local, para a
implantação do regime militar no país, confor-
mou o último presidente militar, Ernesto Geisel.
retirada dos estudantes que ocupavam a faculda-
me a História registra e os fatos não negam. A
Com isso, a ditadura determinou prazos para que
de. “No dia 3 de maio de 1968, estava convocada
convocação para a reedição deste evento pe-
o país fosse novamente se tornando democrático,
uma reunião de estudantes. Com spray a gente
dia intervenção militar, mas vários manifestan-
o que afastou o povo das decisões mais impor-
pichava ônibus com palavras de ordem: ‘Abaixo
tes disseram que não eram favoráveis à volta da
tantes, como escolha do presidente, por exemplo.
a Ditadura!’, ‘Fora os Gorilas!’”, relembra Ajax.
ditadura. Em Belo Horizonte, a marcha con-
Ulysses Guimarães, do PMDB, era o nome
A faculdade foi cercada por policiais após
tou com a participação de cerca de 70 pessoas.
ONLINE: Leia a entrevista na íntegra Foto: Internet
entrevista
6 fevereiro/março de 2014
RUDÁ RICCI: MUDANÇA SOCIAL NAS RUAS O sociólogo e cientista político Rudá Ricci lançou recentemente o livro ‘Nas Ruas’, produto do trabalho de monitoramento e análise do fenômeno social brasileiro batizado como Jornadas de Junho. Para ele, os manifestantes de junho, os participantes dos rolêzinhos e os beneficiários do Bolsa Família têm algo em comum: formam o que é chamado de “novos brasileiros”.
Por Alex Bessas (3º período) Heberth Zschaber (4º período) Jornalismo Multimídia Foto: João Alves
MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013 RUDÁ RICCI: A juventude de uma maneira geral sabe hoje qual é o seu poder. Parece que grande parte do Brasil já estabilizado não sabia que ia surgir um novo brasileiro e esse novo brasileiro é o que ganha a Bolsa Família, é o dos rolêzinhos, os filhos daqueles emergentes que tanta gente fala e são os brasileiros que estavam nas manifestações de junho. “NAS RUAS” RR: O que tem de característica nova, diferente do século XX? Primeiro, são jovens de 20 a 30 anos, todos conectados às redes sociais - o Facebook é o grande instrumento de comunicação -, há, do ponto de vista social e político, uma crítica muito ácida a qualquer tipo de hierarquia política ou de organização que conduza a massa, ou seja, um respeito muito grande a individualidade, isso faz que essas mobilizações sejam convocadas por pessoas que conhecem quem está convocando. GUERRA NÃO-DECLARADA? RR: O que me deixa mais surpreso é que a Presidente da República foi guerrilheira e ela pegou em armas quando veio uma lei desse tipo. Quem conhece o mundo político sabe que não tem nada a ver com manifestação ou manifestante, o que o governo está muito preocupado é que as manifestações de junho - que vão ocorrer! - tenham o mesmo impacto negativo no processo eleitoral que teve no ano passado, em relação as pesquisas de intenção de voto. ENCRUZILHADA RR: O governo não está mais em uma encruzilhada, em junho, quando foi pego de calça curta. O grande problema de Dilma agora não são os manifestantes, é o PMDB. Cada vez que ela faz acordos com este bloco, mais longe ela está da rua.
ONLINE: Leia a entrevista na íntegra
copa
fevereiro/março de 2014
7
TRÂNSITO EM BH PARA A COPA 2014
Por Aline Viana (5º período) Luna Pontone (3º período) Jornalismo Multimídia Foto: João Alves
O trânsito da capital mineira é conhecido como caótico, tan-
forem ao Mineirão está garantida para quem apresentar os ingressos.
to por quem o enfrenta todos os dias como por turistas. A ex-
Os bairros que circundam o local sofrerão impactos já previstos e
pectativa em relação às melhorias no trânsito para junho é gran-
presenciados na Copa das Confederações. Por exemplo, quem mora
de, pois nesse mês, a capital mineira será uma das sedes dos jogos
na Avenida Abraão Caram precisará de credencial - já fornecida me-
da Copa do Mundo. A preocupação com o trânsito ficou ain-
diante cadastro - para acessar sua residência apenas pela Avenida Carlos
da maior para as autoridades responsáveis pelo tráfego na cidade.
Luz. É importante ressaltar que quem não mora ou não tem compro-
O Plano Operacional de Mobilidade da Cidade de Belo Hori-
missos na Pampulha durante os períodos de jogos, deve evitar a região.
zonte para a Copa das Confederações 2013 também será utilizado
Com isso, moradores e comerciantes terão seu cotidiano alterado pela
para a Copa do Mundo 2014, segundo confirmou a assessoria da
FIFA, com uma série de diretrizes que será cumprida em todo país.
BHTRANS. O órgão municipal informou que não haverá possi-
A assessoria ainda esclarece que não há um plano de con-
bilidade de locomoção por carro nas vias próximas aos estádios, es-
tingência no trânsito para a Copa e sim uma adaptação no
tipulando um raio de 2 km. Apenas carros oficiais e maquinário
tráfego diário para a realização do evento. Com a implan-
da imprensa credenciada pela FIFA entrarão nas proximidades do
tação do BRT-MOVE a previsão é que a circulação pelos cor-
estádio. A oferta do serviço especial de ônibus para torcedores que
redores do trânsito na capital mineira fique mais rápido e ágil. Foto: João Alves
copa
8 fevereiro/março de 2014
POLÍCIA SE PREPARA PA
Por Alex Bessas (3º período) João Vitor Fernandes (4º período) Jornalismo Multimídia Foto: João Alves
Para receber a Copa do Mundo 2014, Belo
cia deve agir para antecipar os atos de vanda-
ra, pois não temos condições igu
Horizonte terá reforços em todo esquema de
lismo que possam ocorrer. Sobre a experiência
ça entre os dois lados. A verdade é
segurança, contando com mais câmeras de vi-
nos protestos de 2013, o deputado revela que
lícia tem hábitos muito ruins e u
gilância, equipamentos de proteção e armas
“a polícia não esperava manifestações daque-
de pré-disposição para a violência
não-letais para os policiais. Além de usar todo
la proporção. Algumas forças policiais chega-
Como uma contrapartida à opiniã
contingente policial da capital, haverá reforço
ram a ir até sem os equipamentos necessários”.
o deputado relembra a ocasião em
com efetivo vindo do interior e apoio da Guar-
Quanto às prisões preventivas de pessoas
da Municipal - destacada para atuar no trânsito.
que estão respondendo a processos em de-
ca de 20 policiais ficaram feridos.
O presidente da Comissão de Segurança Pública
corrência das manifestações de 2013, Rodri-
lado da PM durante todo o ato, o
da OAB e membro da Comissão de Segurança Pú-
gues é enfático. “As prisões preventivas vão
gaba de não falar como um especta
blica na Assembléia Legislativa de MG (ALMG),
acontecer. Inclusive elas já estão sendo traba-
te. “Se eu quero participar de uma
deputado Sargento Rodrigues, afirma que não
lhadas por parte da polícia judiciária, com o
ção livre e democrática, eu tenho
deve haver preocupações quanto à segurança du-
serviço de inteligência das polícias Civil e Mi-
parar de grupos como o Black Bl
rante a Copa. A opinião é compartilhada pelo so-
litar identificando as possíveis pessoas”, atesta .
Na mesma manifestação, pelo meno
ciólogo e ex-secretário de Defesa Social de MG,
Sapori é contundente ao analisar as medidas
deram entrada em hospitais por dec
Luis Flávio Sapori, ao dizer que “a PM de Minas
que vem sendo tomadas para conter manifes-
protesto. Foi também a ocasião em q
está mais preparada do que a de outros estados”.
tações, como o possível uso da Força Nacio-
Henrique Oliveira Souza, 21, morreu
Sapori e Rodrigues também partilham de
nal e do Exército, além dos investimentos em
tal João XXIII – onde foi levado de
um mesmo pressuposto: para eles, além do trei-
equipamentos de segurança e armas não-letais.
pelos bombeiros, depois de pular de u
namento especial para o evento, a inteligên-
- Não digo que estamos em uma guer-
viaduto para outra quando tentava fu
panhou o 5º Grande Ato em BH, q
fevereiro/março de 2014
copa
9
ARA A COPA
uais de for-
flito entre policiais e um grupo de manifestantes.
é que a po-
Ciente destas vítimas, o deputado admitiu que
uma espécie
“muitas pessoas costumam morrer exatamente
a - declara.
em face desses grupos menores que vão às ma-
ão de Sapori,
nifestações com objetivo de praticar crimes”.
que acom-
Tanto Luis Flávio Sapori, quanto Sargento
quando cer-
Rodrigues acreditam que neste ano mais ma-
Ficando ao
nifestações acontecerão. Para eles, a tática in-
Sargento se
titulada Black Bloc pode voltar a protagonizar
ador distan-
os atos; por outro lado, defendem que a polí-
a manifesta-
cia está melhor preparada. “A população está
que me se-
claramente insatisfeita, não encontra mais ca-
loc”, sugere.
nais legítimos para mostrar esta indignação. Os
os 17 pessoas
partidos políticos perderam a credibilidade, os
corrência do
movimentos sociais já não dão conta de arre-
que Douglas
gimentar essa insatisfação, porque eles estão de
u no Hospi-
certa forma tutelados pelo modelo vigente po-
e helicóptero
litico. Então esta conjuntura acaba legitiman-
uma pista do
do práticas anarquistas e sustentando práticas
ugir do con-
como as dos Black Blocks”, conclui o sociólogo.
ONLINE: Leia a entrevista na íntegra
10 fevereiro/março de 2014
copa
NA PRORROGAÇÃO, BH SE AQUECE PARA A COPA DO MUNDO DELEGAÇÕES LATINO-AMERICANAS ESCOLHEM BH COMO SUA ‘CASA’ NO MUNDIAL. COMÉRCIO MINEIRO VÊ COPA DO MUNDO COMO OPORTUNIDADE E CORRE COM OS PREPARATIVOS FINAIS.
Em 1950, Belo Horizonte foi uma das cidades escolhidas no Brasil para sediar a Copa do Mundo e em 2014 a escolha não foi diferente. Até o fechamento desta edição faltavam 76 dias para o início da maior competição de futebol no mundo. A cidade está a todo vapor para re-
guai, além dos turistas que permanecerão na ca-
III Fórum de Oportunidades para o Comércio – Copa do Mundo 2014
pital mineira entre os meses de junho e julho.
Durante o III Fórum de Oportunidades para o Co-
Dentre as 32 seleções que ficarão no país du-
mércio – Copa do Mundo 2014, que ocorreu na ma-
rante o mundial, três escolheram a capital mi-
nhã do dia 11 de março, na CDL (Câmara de Diri-
neira para ser a sua base durante o campeonato.
gentes Lojistas), foram apresentadas as propostas para
Argentina se estabelecerá na Cidade do Galo,
o comércio no período do mundial. O vice-presiden-
situada em Vespasiano, região metropolita-
te da CDL, Anderson Rocha, declarou que o objetivo
na de Belo Horizonte, enquanto Chile esco-
foi tranquilizar todos em relação a mundial na cida-
lheu a Toca da Raposa, na Pampulha e Uruguai
de, em função dos acontecimentos da Copa das Con-
optou pela Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
federações em 2013 e também teve como meta focar
ceber as delegações da Argentina, Chile e Uru-
no momento oportuno para Belo Horizonte e Minas Gerais na inserção do turismo a nível mundial. Em decorrência das manifestações na Copa das Confederações, as medidas de segurança para o mundial aumentaram. De acordo com o coronel Antônio Bettoni, gestor extraordinário para a Copa do Mundo, ainda estão definidas estratégias para retirar as pessoas que estiverem com intenção de danos ou provocação de tumulto, mas as táticas que serão empregadas para esse fim não serão apresentadas. A respeito do uso das Por Gabriel Amorim (4º período) Juliana Costa (5º período) Luna Pontone (3º período) Jornalismo Multimídia Foto: Juliana Costa
máscaras por parte dos manifestantes, coronel Bettoni afirma que a polícia só atuará se os acessórios impedirem a identificação das pessoas durante a manifestação.
copa
fevereiro/marรงo de 2014 11
copa
12 fevereiro/março de 2014
Por Gabriel Amorim (4º período) Jornalismo Multimídia Foto: João Alves
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO DA PM E OAB PARA A COPA À medida que a Copa do Mundo se aproxima, vogados Marco Aurélio Corrêa prestou auxílio os detidos, ao contrário de serem encaminhaas articulações contra as manifestações já se ini-
jurídico aos manifestantes detidos durante os dos para uma Delegacia, foram encaminhados
ciam. A inteligência das Polícias Civil e Militar
protestos do ano passado. Em 2014, o advoga- a um quartel da PM”, relembra o advogado.
já traçam planos para a identificação de quem
do se mantém motivado e conta que para os
cometer atos de vandalismo, além de planejar
atos contra a Copa ainda não há uma articu- tações, Marco Aurélio destaca que o de maior
ações para efetuar a prisão preventiva de ma-
lação definida pelos voluntários, mas já existe dificuldade foi o flagrante do poeta Wander-
nifestantes que ainda respondem processo. O
o apoio do Sindicato dos Advogados de Mi- son Novato ao tentar incendiar um ônibus.
gestor extraordinário para a Copa do Mundo, nas Gerais, além de outros grupos de apoio
Dentre os casos atendidos durante as manifes-
Marco Aurélio classifica como exemplar a atua-
coronel Antônio Bettoni, afirmou que a PM
jurídico como o Coletivo Margarida Alves. ção do Ministério Público de Minas Gerais, que
vai trabalhar com recursos de identificação dos
O auxílio jurídico não foi uma tarefa fá- criou uma comissão de prevenção à violência nas
manifestantes. Ele disse ainda que, enquanto
cil para os voluntários, pois a Polícia Militar manifestações, constituído por representantes de
houver conflitos de interesse, haverá ações nes-
de Minas Gerais dificultou o processo de aju- grupos de direitos humanos, representantes das
se sentido. “Nós precisamos agir usando inter-
da aos detidos, segundo Marco Aurélio. Ele re- polícias Civil e Militar, manifestantes e advoga-
venções que possam identificar pessoas que ge-
lembra uma situação em que um grupo de dos voluntários. “Gerou uma rica vivência e, se
ram tumultos na via pública”, afirma o coronel. manifestantes detidos não foram encaminha- não tivemos mais mortos e mais feridos, atribuo A fim de defender os direitos civis dos ma-
dos a uma Delegacia, como deveria ser feito. à contribuição e esforços coletivos que se mate-
nifestantes, o secretário do Sindicato dos ad-
“Houve um caso, extremamente grave, em que rializaram nesta Comissão.” explica o advogado.
fevereiro/março de 2014 13
cidade
PAIXÃO PELOS LIVROS Por Grazielle de Souza (6º período) Sílvia Fernandes (6º período) Ursulla Magro (6º período) Jornalismo Multimídia Foto: João Alves
O cheiro, a luminosidade, o tato com o papel, o silêncio, e até o paladar… Características que são próprias do ambiente de uma livraria fazem com que muitos prefiram comprar livros pessoalmente – ainda que o mesmo exemplar na internet esteja mais em conta. As livrarias de rua são uma pausa na rotina. Poltronas confortáveis possibilitam que os clientes usufruam de um momento único: o de folhear um livro. “Nosso leitor é exigente e por isso fazemos um trabalho elaborado”, explica a gerente da livraria Mineiriana, Mariana Carvalho. Os vendedores devem estar envolvidos com o universo literário e, por isso, são escolhidos a dedo. “São, normalmente, estudantes universitários das áreas de Letras e Filosofia, que entendem do mercado editorial”, explica. Além disso, o local promove eventos e possui um espaço de café, onde são realizados bate papos com autores e saraus. A publicitária Laura Camarano diz que não há comparação entre a internet e numa livraria de rua: “gosto mesmo é de folhear as páginas”. Para ela, “namorar” um livro online, “não tem o mesmo romantismo”. Alencar Perdigão, da livraria Quixote, define seus leitores como “amantes da literatura”. “Gosto do ambiente calmo e tranquilo daqui, me sinto mais relaxado para fazer minhas leituras”, comenta Francisco da Cunha, frequentador da livraria. ESTANTE LIVRE O livro pode até convidar a uma viagem durante a espera pelo transporte público. O projeto Ponto do Livro Belo Horizonte utiliza pontos de ônibus como espaço para compartilhar o prazer de ler. No ponto, uma cortina transparente com bolsos para guardar e levar os livros tem atraído o olhar de curiosos nos pontos da Praça da Liberdade. Os empréstimos são gratuitos e doações ocorrem espontaneamente. “Pegue, leia, traga e doe”, diz o display. Na cidade, parceiros privados apoiam a ideia, mantida pelo Circuito Cultural da Praça da Liberdade e Governo do Estado. A estudante de arquitetura, Adriana Campos, já doou dois livros e está com um de empréstimo. Ela torce para que o projeto alcance outras regiões: “moro no Barreiro e trabalho na Savassi; passei a descer um ponto antes do meu para olhar os livros”.
saúde
14 fevereiro/março de 2014
No Brasil, morrem, em média 4.800 mulheres bilidade”, explica o professor titular do Departavítimas do câncer de colo do útero por ano.A prin- mento de Pediatria da Faculdade de Medicina da cipal causa é o vírus papliloma humano, o HPV. UFMG, Jorge Pinto. Apesar disso, o professor gaO vírus é sexualmente transmissível e a preven- rante que “pelos estudos e pelo tempo de uso de ção se dá pelo uso de camisinha e pela vacinação. experiência acumulada, posso afirmar que é uma O governo federal lançou, no dia 10, a cam- vacina com perfil de segurança bastante favorável”. panha de vacinação contra o HPV voltada para
É recomendado que, após a imuniza-
garotas entre 11 e 13 anos. “Nessa idade, a maio- ção, a menina permaneça no local de vaciria das meninas ainda não teve contato com o ví- nação por 15 minutos. A medida possibirus”, explica a diretora epidemiológica do Minis- lita o acompanhamento no caso de reação. tério da Saúde de Minas Gerais, Márcia Cortez.
A campanha continua até 2016, e o governo
Ao todo, foram investidos 465 milhões na com- espera imunizar pelo menos 80% das meninas pra de 15 mil doses da injeção. A vacina, chama- na faixa de 9 a 13 anos. No estado, a Secretada quadrivalente, é considerada a mais completa, ria de Saúde estima que, 407.261 meninas sepois atua nos tipos de vírus causadores de câncer jam vacinadas nesta 1ª etapa que ocorreu até o e de verrugas genitais. Ela foi distribuída na rede dia 31 de março. Em setembro, será liberada a publica de saúde e nas escolas publicas e privadas. 2ª dose da vacina e uma última dose, para adoPRECAUÇÕES E PREVENÇÃO
lescentes entre 11 e 13 anos, está prevista para
No início da campanha, houve casos de efeitos daqui a 5 anos. Em 2015, a vacina será dispocolaterais. “Sempre existe uma possibilidade de nibilizada para crianças entre 9 e 11 anos e, em qualquer vacina ter reação adversa ou de sensi- 2016, somente para crianças com nove anos.
HPV: CAMPANHA CONTINUA ATÉ 2016 Por Juliana Costa (5º período) Jornalismo Multimídia Foto: Internet
fevereiro/março de 2014 15
cinema
O FILME QUE CONQUISTOU BERLIM
O
curta “Eu
quero
voltar
sozinho” foi
grava-
do em 2010. O elenco ficou mais velho, assim como a equipe. Como foi o processo de criação e concepção do filme e personagens ao longo desse tempo? Daniel Ribeiro: Durante estes três anos, cada um acabou seguindo um caminho diferente. Durante este período, eu me dediquei a escrever o roteiro e também a captação de recursos pro filme. Felizmente, assim que a pré-produção começou no fim de 2012,
Baseado no curta de sucesso “Eu não
toda a química que havia entre o elenco e também entre a equipe,
quero voltar sozinho”, o filme “Hoje
voltou com a maior naturalidade e, melhor ainda, cada um com a
eu quero voltar sozinho”, de Daniel
bagagem que trouxe das experiências individuais dos últimos anos.
Ribeiro, ganhou os críticos em Berlim
O longa conquistou Berlim, tanto que levou o prê-
e os prêmios Fipresci pela crítica e o
mio Fipresci da crítica e escolha do publico. Qual é a
Teddy, destinado a filmes com temá-
maior característica do filme para fisgar o espectador?
ticas LGBT. O primeiro trabalho do
DR: Apesar do filme ser sobre um jovem cego se descobrindo gay, o
diretor, lançado em 2011, conta com
foco é na descoberta do primeiro amor e na expectativa do primeiro
mais de três milhões de visualizações na
beijo. Esses são assuntos que qualquer pessoa consegue se identificar.
internet e serve de prévia para o longa,
Nos seus trabalhos anteriores você aborda o tema da
que tem sua estreia marcada para 10 de
homossexualidade, mas de uma forma delicada. É uma
abril. Daniel Ribeiro conversou com o
preocupação em não trazer o homossexual estereotipado?
CONTRAMÃO sobre a produção do
DR: O que eu queria era retratar personagens homossexuais que
filme e o amadurecimento dos atores.
não veem a descoberta da sua sexualidade como um problema. Me
Por João Alves (5º período) Publicidade e Propaganda Foto: Divulgação
preocupo em focar no que há de parecido e universal em personagens.
ONLINE: Leia a entrevista na íntegra
16 fevereiro/março de 2014
PRIMEIRA FASE DO MOVE EM BH
economia
Por Julia Canuto (6º período) Regilane Dias (6º período) Rute de Santa (6º período) Jornalismo Multimídia Foto: William Gomes
O Move, nome dado ao BRT (sigla para Transporte Rápido por Ônibus em inglês), foi inaugurado no dia 8 de março. No primeiro dia de funcionamento, o Move agradou os usuários pois, mesmo as linhas circulando com todos os lugares ocupados, a rapidez compensou o tempo de espera nas estações. Os passageiros puderam embarcar em três linhas: a 83D (Estação São Gabriel ao centro), 83P (mesmo trajeto, com paradas nas estações de transferência) e 82 (com paradas nas estações, seguindo pela avenida dos Andradas em direção à área hospitalar e Savassi). Segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), o Move estará disponível entre 4h às 23h. Ao contrário dos elogios, alguns usuários reclamaram da falta de informações, sinalizações e infraestrutura nas estações de integração. Entre as reclamações estão a distância entre o Move e a plataforma de desembarque e embarque, a dificuldade na abertura das portas e o despreparo dos agentes responsáveis por dar informações nas estações. Existem também algumas dificuldades para as pessoas com qualquer tipo de necessidade especial. Segundo a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Kátia Ferraz, há a falta de rampas de acesso às cabines de transferência na avenida Cristiano Machado. Kátia, que é cadeirante, explica que a rampa está com uma inclinação acentuada, o que dificulta a subida com a cadeira; o piso de bolinhas, adequado para os cegos, está liso, e ao entrar no ônibus o desafio será o espaço que há entre o veículo e a plataforma. “Nós do conselho estadual acionamos o Ministério Público Estadual e Federal para que eles ajudassem a exigir o cumprimento das normas de acessibilidade, para que o cidadão tenha acesso ao serviço e menos desgaste possível”, afirma Kátia. Apesar das reclamações sobre a falta de estrutura para as pessoas portadoras de necessidades especiais, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda informou que o Move vai atender as expectativas, pois tem uma boa rampa e ainda será instalado um elevador, para facilitar a locomoção.