Jornal Comunicação

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Mercado de ações: internet ajuda jovens investidores nas bolsas de valores Pág. 7

Pan-americano: paranaenses se preparam para lutar por medalhas Pág. 8

jornal laboratório do curso de jornalismo da ufpr edição 04 | julho de 2007


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opinião

Comunicação julho de 2007

Editorial Para os alunos da UFPR, já se vão quase 30 dias sem o Restaurante Universitário e de funcionamento parcial nas bibliotecas. Para a comunidade, foi quase um mês de filas caóticas e atendimentos mais demorados no Hospital de Clínicas. Para os servidores técnico-administrativos em greve, dias de luta em favor de direitos e de condições de trabalho. Para o governo, praticamente um mês de reuniões e negociações que ainda não levaram ao fim da paralisação. Os reflexos da greve fazem-se sentir por todos os setores envolvidos. Talvez nem tanto pelos estudantes da UFPR, que em uma comparação com a amarga paralisação de quase 100 dias em 2001, conseguem agora seguir com a rotina universitária quase que normalmente – e até felizes, porque os professores não aderiram ao movimento. Mas, num contexto mais amplo, um setor em especial escuta com atenção os ecos da greve dos servidores públicos: os trabalhadores. Propostas que ameaçam o direito de greve, restrições com relação ao gasto com funcionários públicos, bem como correntes organizadas em favor do emprego informal, por exemplo, são ameaças a direitos conquistados com a luta de trabalhadores e consolidados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). As pressões para a flexibilização dessas leis forçam o cidadão a, cada vez mais, aceitar empregos em que os patrões não têm – e não precisam ter – qualquer responsabilidade sobre o empregado. Embora a sociedade em geral seja prejudicada, os protestos dos trabalhadores são justos e necessários. A greve pode não ser a melhor saída, mas é a medida extrema de pressionar o governo e/ou setores sociais. Sob esse aspecto, as manifestações não podem deixar de existir. É função do Comunicação, especialmente, noticiar essas manifestações, principalmente aquelas que ocorrem dentro da UFPR. E para melhor fazê-lo, apresentamos um novo formato de jornal, maior que o anterior. É mais espaço, para mais cobertura, para mais informar.

“Pan-Americano vai ilustrar o fiasco das políticas para o esporte no Brasil”, afirma Carneiro Neto Há mais de 40 anos trabalhando na área esportiva, o comentarista Carneiro Neto é um conceituado jornalista do meio em Curitiba e um dos narradores mais tradicionais do rádio paranaense. Atualmente, trabalha na Rádio CBN e no jornal Gazeta do Povo. Em entrevista ao Comunicação, ele falou sobre dois grandes eventos que podem – ou não – mudar as estruturas do esporte no Brasil: o Pan-Americano, que acontece em julho, e a Copa do Mundo de 2014. Para ele, a realização do Pan vem sendo comprometida devido à incompetência dos gestores do esporte no Brasil. No entanto, esse fracasso não deve prejudicar a realização da Copa do Mundo, que “vai ser ultra-profissional”. Leia abaixo a entrevista. Comunicação: O Pan-Americano vai ser um evento de grande porte. O Brasil tem condições de sediá-lo? Carneiro Neto: Não, não tem. Tanto é verdade que houve uma série de problemas nas obras, principalmente no estádio João Havelange e na Vila do Pan. E a Câmara Municipal do Rio de Janeiro já está instalando uma CPI para tentar descobrir porque houve tanto superfaturamento. O estádio, por exemplo, teve seu valor triplicado. Comunicação: O Pan pode conseguir promover outras atividades esportivas, além do futebol? Neto: O Brasil tem a monocultura do futebol. É o que todo mundo gosta. Mas há uma grande torcida no vôlei, um interesse muito grande na Fórmula 1, graças aos campeões que nós tivemos. No atletismo, também há destaques. O que falta realmente, no Brasil, é a universidade entrar no esporte. Aqui, ou tem o profissionalismo ou não tem nada.

extraordinário para todas as modalidades, só que é tudo mal trabalhado. O futebol funciona porque é profissional. O governo é incapaz e as federações são corruptas. Comunicação: Existe uma chance dos atletas brasileiros se destacarem no Pan, mesmo com essas adversidades? Neto: Claro. O atleta brasileiro é excepcional. A única coisa boa no esporte são os atletas. Você pega o futebol profissional, por exemplo: quem presta são os técnicos e os jogadores. O resto não vale nada. Dirigente, colunista – são todos comprometidos. No esporte olímpico é a mesma coisa: o que vale é o atleta. Comunicação: E o Brasil tem capacidade de sediar uma Copa? Neto: A Copa vai ser mais fácil do que o Panamericano, que depende muito do governo. A Copa não vai depender tanto, especialmente para estádios. Vai chegar dinheiro de fora, dos grandes investidores, como a Allianz (empresa responsável pela Allianz Arena, em Munique, Alemanha, uma das sedes da Copa de 2006), que é uma seguradora mundial. O problema do Pan é que está tudo sendo mal feito. Então, vamos assistir a competições em que vai sair pedaço de grama, ginásio de esporte que vai ter goteira. Agora, a Copa do Mundo vai ser um negócio ultra-profissional. Disso aí eu não tenho dúvida. Comunicação: Você é a favor da Copa no Brasil ou acha que o dinheiro a ser gasto deveria ser investido em outras áreas? Neto: Vai entrar pouco dinheiro público na Copa. Como

estou dizendo, houve muito gasto supérfluo de dinheiro público nesses Jogos Pan-americanos. Não há patrocinadores para outros esportes a não ser o futebol. Agora, na Copa do Mundo, as obras que o governo vai ter que fazer são obras necessárias: melhorar estrada, melhorar aeroporto, melhorar ferrovia, construir hospitais. O grosso do investimento é a parte de estádios e a rede hoteleira. Aí, eles (do setor privado) vão ter que se virar. Comunicação: Houve muita polêmica, recentemente, quanto ao possível estádio-sede de Curitiba na Copa: Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético-PR, sugeria a Arena, e Onaireves Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol, a construção de um novo estádio. Essa briga pode prejudicar a realização da Copa em Curitiba? Neto: Curitiba vai sediar a Copa, sim, e vai ser na Arena da Baixada. O Atlético vai terminar o estádio e o governo não vai gastar nada. É uma piada: o Onaireves pintou umas cartolinas lá, ele e o Gionédis (Giovani Gionédis, presidente do Coritiba), e quiseram apresentar uma coisa que não existe. A Arena da Baixada está aí, com 15 milhões fica pronta. Quinze milhões no futebol não é nada. Francisco Marés

Comunicação: Então a educação é o ponto central? Neto: Está faltando consciência escolar, a prática esportiva desde o primeiro grau até a universidade. Teríamos que ter jogos universitários, olimpíadas colegiais a nível nacional (com transmissão e patrocinadores), para que surgissem os campeões. Você só vai colher o bom atleta na escola. Imagina a quantidade deles que poderíamos ter por aí. Comunicação: E por que isso não é implementado? Neto: Falta programa. O Brasil não tem políticas públicas para nada. Não tem para a segurança pública, não tem para a saúde, não tem para as estradas, nem para os esportes. Nós temos um potencial olímpico

expediente O Comunicação é uma publicação do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná, com a participação de alunos das disciplinas de Laboratório de Jornalismo Impresso e Laboratório Avançado de Jornalismo Impresso. Professor Orientador: Mário Messagi Jr. (jornalista responsável - DRT 2963/PR). Editor Chefe: Erike Feitosa. Secretários de Redação: Jaqueline Bartzen (Impresso) e Célio Yano (On-line).

Chefe de Reportagem: Profa. Juliane Bazzo. Editores Ciência e Tecnologia: André Marques. Comportamento: Ivan Luiz. Cultura: Fernanda Trisotto e Rossana Bittencourt. Esportes: Alisson Castro. Geral: Adriano Ribeiro e Dâmaris Thomazini. Opinião: Aline Baroni e Sandoval Poletto. Política: Aline Castro e Pedro Ernesto. UFPR: Carolina Leal e Cecília Pimenta. Fotografia: Giovana Ruaro. Capa:

Laís Brevilheri. Charge: Antoni Wroblewski. Diagramação: Renata Ortega. Endereço: Rua Bom Jesus, 650 – Juvevê – Curitiba-PR – (41) 3313-2032. E-mail: jornalcomunicacao@ufpr.br. Site: www.jornalcomunicacao.ufpr.br Tiragem: 2 mil exemplares. Impressão: Gráfica O Estado do Paraná.


comportamento

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CONTADORES DE HISTÓRIAS Voluntários levam o lúdico para idosos, crianças e portadores de necessidades especiais

Quem conta, os males espanta

Ando lendo contos, parlendas, fábulas, lengalengas. E, dentro dos contos, parlendas, fábulas, lengalengas, ando redescobrindo que a vida ainda pode dar prazer. Ando menos cansado, não porque tenho andado menos todos os dias, mas porque no meu caminho também andam duendes, heróis e bobos da corte que alegram a jornada.” Jan Gerd Schoenfelder, contador voluntário

pudesse descobrir o segredo. Antes da despedida, uma outra música, desta vez para dançar. Seguindo a letra da canção, as moradoras alongam a voz e o corpo: “Olhando para o teto, olhando para o sapato, encontrando um amigo e dando nele um abraço”.

Fotos: Gisele Koprovski/Casa do Contador

Era uma vez um menino muito envergonhado. De tão envergonhado, não conseguia controlar o vermelhão das bochechas cada vez que resolviam conversar com ele. “Ora, timidez é coisa de menina”, insistia o pai. Mas não tinha jeito: o garoto até esboçava um cumprimento para quem passasse na rua, mas era abrir um pouquinho a boca que a teimosa da língua se recusava a se mexer, e a voz saía numa tosse disfarçada. À noite, prestes a se deitar, o menino sentia a levada da língua acordar, lendo desinibida e em voz alta as histórias dos livros, inventando uma porção de outras. A língua acordava os braços, as pernas e a cabeça do menino. Ao fim de cada história, ele era a criança mais exibida do mundo. Uma noite, suas pernas saltaram tão alto e barulhentas que o pai correu para o quarto. Foi quando descobriu em seu filho um contador de histórias. Jan Schoenfelder, o menino que superou a timidez por meio da contação de histórias, hoje crescido, troca o terno e a gravata dos dias úteis por um colorido chapéu de três pontas nos finais de semana. Responsável pelo setor de comunicação de uma empresa, é também voluntário da Casa do Contador de Histórias, uma ONG criada em Curitiba,

Descobrindo contadores

Legendadolegenda legenda legenda Credo contador: “Contar é defender a pureza e a sabedoria da ingenuidade”

em 2004. A Casa já conquistou o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, ou seja, é legalmente reconhecida como entidade de atuação pública não estatal e tem acesso a eventuais benefícios e incentivos governamentais. Para colocar em prática o lema da ONG (A humanidade precisa tanto de histórias quanto de pão), sacolas de pano recheadas de adereços, um violão e alguns amigos contadores são suficientes. A entidade, que promove oficinas, cursos, palestras e oferta contações de histórias por encomenda, também promove ações voluntárias em hospitais, creches, asilos e instituições para deficientes físicos e soropositivos. “Ando contando histórias para adolescentes confinadas e pessoas famintas de pão e de afeto”, diz Jan. “Aceitei que não querem de mim meus favores, e sim que eu seja apenas o que sou, emprestando-lhes minha voz e minha alma”, completa. Sua esposa, Yeda Schoenfelder, também está envolvida com o mesmo trabalho. “É uma forma lúdica de viver e de poder encontrar nossa essência, aquilo que nos faz únicos, donos de nossa própria história”. O contador José Airton da Silva costuma narrar fábulas em companhia de sua esposa, Cláudia. O casal, apaixonado por contos de fadas, afirma precisar das rodas de contação tanto quanto os ouvintes. “Contar histórias se torna um vício bom”, diz Silva. O contador fala ainda sobre a troca de histórias que acontece nas rodas: “Contamos e ouvimos também histórias, o clima de encantamento se estende também a nós”, afirma. Histórias que de alguma forma marcaram a infância dos contadores são frequentemente homenageadas nas rodas. Na lista de assíduos, contos de Hans Christian Andersen, Lewis Carrol e Grimm. Fábulas de autoria própria ou desconhecida também são bastante incorporadas. “O que importa é a mensagem”, diz Silva.

Pensar, Sentir e Agir O céu está claro e grande parte das moradoras do asilo São Vicente de Paulo descansam no jardim, em busca de um pouco de sol. Conforme os ponteiros do relógio se aproximam das dez horas, algumas caminham a passos curtos e esforçados até a entrada principal do abrigo. Elas têm um destino certo: a sala comunal cor-de-rosa. Aconchegadas em sofás ou nas cadeiras de roda, as senhoras recebem mantas coloridas para aquecer os joelhos. Em frente, além de um violão e uma vela acesa colocada no chão, os voluntários em roupas engraçadas misturam-se às moradoras. Cumprimentam pelo nome, distribuem afagos. De uma sacola de pano bordada, surgem vários chapéus, carinhosamente acomodados nas cabeças das ouvintes. Pouco antes da narração, o voluntário José Airton explica o significado das três pontas presentes em todos os chapéus: pensar, sentir e agir. “A vela no chão é para homenagear os antepassados, os primeiros contadores que faziam suas rodas em torno de fogueiras”, relembra o contador. Uma canção para aquecer a voz e logo vêm as fábulas. Sobre um macaco comedor de mel, um gato que usa botas, dois amantes espertos, ladrões muito sabidos. Aos poucos, não só os olhinhos atentos do público participam da contação: as ouvintes sugerem em voz alta desenrolares próprios. Dona Lúcia, 77 anos, não consegue esconder a agitação e faz um grande esforço para bater palmas. Ao fim de mais um conto, ela confessa: “Olha, eu já não gosto de ver televisão, não gosto de dormir, não gosto mais de conversar, só gosto mesmo é disso, ó: das histórias”. Para dona Sílvia, 67, a fábula dos apaixonados que fogem do reino teve um sentido especial. “Lembrei de mim e do meu marido, que namoramos escondidos”, sussurra, como se alguém

Desde sua criação, a Casa do Contador de Histórias organiza cursos de contação abertos à comunidade em geral. Ator profissional, mímico e educador, José Mauro dos Santos é quem ministra os cursos. “Vivemos em contato com as histórias em nossa vida, elas estão em toda parte”, diz. No curso, os alunos aprendem exercícios de voz e movimento no espaço, além das diversas formas de narrativas, como lendas, fábulas e contos. A próxima oficina, “A arte de Contar Histórias”, ocorre nos dias 28 e 29 de julho. Mais informações no site: www. casadocontadordehistorias.org.br. Giovana Neiva

Vivemos em contato com as histórias em nossa vida. Elas estão em toda parte. Informam, distraem, ensinam, nos comovem profundamente, transformando e nos aproximando dos outros. Elas nos propõem um conhecimento novo. Creio no gesto de quem conta, porque em sua mão desnuda, despojadamente desnuda, está o coelho.” José Mauro dos Santos, ator profissional e professor de oficina de contação


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ciência e tecnologia

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PESQUISA E SAÚDE Estudo utiliza TSH recombinante para cura do bócio multinodular

Está em desenvolvimento, nos laboratórios da UFPR, uma pesquisa que se baseia no uso do hormônio sintético TSH recombinante para tratamento de pacientes com bócio multinodular, uma doença que aumenta o volume da tireóide. O TSH pode ser utilizado para potencializar a ação do iodo radioativo (iodo 131), já utilizado no tratamento da doença. A pesquisa começou a ser desenvolvida pelo Serviço de Endocrinologia e Metabologia da Universidade, após a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso do hormônio no combate ao câncer de tireóide, no começo deste ano. “Uma pessoa acometida pelo bócio multinodular pode ser submetida a dois tipos de tratamento: a cirurgia para a retirada da anomalia ou o uso de iodo-radioativo, que destrói as células doentes”, conta Hevelyn Noemberg, uma das coordenadoras da pesquisa. Com a nova técnica, o paciente recebe, dias antes de ser submetido à terapia com iodo, uma dose intravenosa de TSH recombinante, que atua no organismo de forma semelhante ao hormônio natural. A substância estimula a captação do componente radioativo que destrói as células enfermas. “O intuito dos estudos utilizando o TSH recombinante é fazer com que haja outras alternativas além da cirurgia”, ressalta a pesquisadora. “A nova técnica pretende reduzir o volume do bócio de 35% a 60 %”, explica Gisah Amaral de Carvalho, pesquisadora e coordenadora do projeto de estudo sobre o bócio multinodular, existente desde 2002. O paciente submetido à nova terapia não deixará de fazer uso do iodo-radioativo,

Divulgação

Novo tratamento para anomalia da tireóide

Bócio multinodular: aumento da glândula tireóide, com inúmeros nódulos

mas doses cada vez menores do elemento químico serão necessárias no tratamento. As vantagens são notáveis: o iodo 131 é caro e seu uso sem o TSH recombinante requer internamento. Cerca de 30 pacientes já foram tratados em outras fases do estudo, e Carvalho espera que, nesta etapa, com o TSH recombinante, possa incluir dez pacientes de diferentes regiões do Paraná. Foram definidos critérios para a seleção das pessoas a serem tratadas. O doente deve ter entre 45 e 75 anos, o volume total de sua glândula deve estar entre 40 e 110 ml e os nódulos do bócio não podem ser cancerígenos. Além disso, o indivíduo não pode apresentar histórico de

câncer na família, sofrer de hipotireoidismo, utilizar hormônio tireoidiano nem apresentar doença cardíaca ou arritmias. O objetivo das restrições é evitar reações adversas no paciente. A principal delas é o excesso de hormônio tireoidiano no organismo. Em caso de destruição em massa de células do bócio, o hormônio que estava armazenado cai na corrente sanguínea, causando aumento de sua concentração, o que pode acelerar os batimentos cardíacos. Se o paciente apresentar algum problema no miocárdio, ele corre risco de morte. “Essas restrições fazem com que muitos dos nossos pacientes sejam excluídos, mas garantem que sua saúde seja resguardada”, ressalta Noemberg. O estudo terá duração de 18 meses. Depois da aplicação do TSH recombinante, o paciente terá, nos primeiros meses, acompanhamento mensal, para medição do volume da glândula. Após o sexto mês, observação trimestral e, a partir do 12° mês, será semestral. De acordo com Noemberg, é importante não descuidar. “O paciente deve controlar as taxas de hormônio tireoidiano, de modo que não fique sujeito ao hipertireoidismo”, alerta. O TSH recombinante já é, em alguns estados, disponibilizado gratuitamente aos pacientes da rede pública de saúde. A aplicação do medicamento no combate ao bócio multinodular está sendo estudada em centros de pesquisas nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Brasil. Na UFPR, o projeto é desenvolvido em pareceria com o Centro de Medicina Nuclear (Cermen) e com o laboratório Genzyme. Poli Brito

Glossário Tireóide: uma das maiores glândulas endócrinas do corpo. Possui volume aproximado de 40 ml. Está localizada à frente da traquéia e produz, principalmente, os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), responsáveis pelo balanço energético e manutenção da temperatura corpórea. As principais doenças que acometem a tireóide são: hipotireoidismo (produção insuficiente de hormônios), hipertireoidismo (produção em excesso de hormônios), bócio (multinodular ou difuso) e câncer. Bócio multinodular: aumento do volume da tireóide, com inúmeros nódulos, ao contrário do bócio difuso, em que há um aumento da glândula sem apresentação de nódulos. Pode estar acompanhado de outras anomalias como hipertireoidismo, hipotireoidismo e câncer. É uma doença hereditária e não há formas de prevenção. TSH: do inglês, Thyroid Stimulating Hormone. Ele determina a taxa de secreção de T3 e T4 e estimula o crescimento e divisão das células foliculares; é secretado pela hipófise. TSH Recombinante: Hormônio sintético, geneticamente modificado, que possui as mesmas funções do TSH.

UFPR BOLSA MONITORIA Depois de meses de trabalho, alunos do Setor de Agrárias descobrem que não terão o benefício

Os 64 estudantes que trabalham como monitores de disciplinas do Setor de Ciências Agrárias da UFPR descobriram, recentemente, que não foram incluídos na distribuição das bolsas-monitoria, feita pela Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizantes (Prograd). Os monitores, que trabalham desde o começo do ano nos cursos de Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Engenharia Industrial Madeireira e Zootecnia, foram informados, no final de abril, que todas as monitorias das quais participam são voluntárias. De acordo com a Prograd, isso aconteceu pelo não-comparecimento de representantes a reuniões de planejamento das bolsas, que foram realizadas em fevereiro. A presença nas reuniões do Comitê Geral de Monitoria é obrigatória, de acordo com o edital que regulamenta o programa de monitoria. O Comitê é composto por dois representantes da Pró-reitoria de Graduação e um professor titular representante de cada setor da UFPR No caso da impossibilidade de compareci-

Fábio Pupo

Ciências Agrárias sem bolsas

Legenda legenda legendadolegenda Sem bolsas, monitores Setor de Agrárias concordam em pedir abertura de sindicância

mento do representante, o suplente deve ser convocado para as reuniões. “Estava de férias e não pude ir. O Comitê não entrou em contato com meu suplente e decidiram excluir o Setor das bolsas”,

explica Sidon Keinert Junior, representante de monitoria do Setor de Ciências Agrárias. O suplente, Jorge Matos, disse que não foi informado sobre a reunião. Neusa Moro, coordenadora do Núcleo de Atividades For-

mativas, nega essa versão. “Foram enviados e-mail, fax e ofício antecipadamente ao Setor e, no dia da reunião, o Comitê ainda telefonou e não encontrou ninguém que pudesse comparecer”, diz ela. “Deixei de me candidatar a outras bolsas porque achei que ia receber”, diz a estudante de Agronomia Vânia Portes Kulka, monitora no curso. Os alunos pretendem entregar uma carta à Reitoria pedindo a abertura de uma sindicância para apurar o assunto. Keinert diz que tentou negociar com a Reitoria e que algumas bolsas foram até criadas com recursos dos próprios departamentos. “Os outros alunos podem trabalhar como voluntários ou desistir”, diz ele. Moro faz uma ressalva: “nenhum aluno que começa a trabalhar como monitor sabe se receberá bolsa; só depois do início dos projetos é que se decide quais projetos terão o benefício”. Confira matéria completa no site www.jornalcomunicacao. ufpr.br, editoria de UFPR. Fábio Pupo e Camila Chudek


ufpr

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EM GREVE Servidores técnico-administrativos da UFPR estão parados desde o final de maio

Iasa Monique

Por salários e contra projetos de leis

Legenda legenda legenda legenda Espalhados pela UFPR, cartazes e faixas sinalizam a greve e informam sobre as reivindicações

Paralisação é a palavra de ordem entre os servidores técnico-administrativos da UFPR desde 28 de maio. O que se conseguiu até agora é que o governo reconhecesse a legitimidade das reivindicações dos grevistas. A última reunião entre servidores em greve, Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras (Fasubra), representantes dos ministérios da Educação e do Planejamento ocorreu no dia 15 de junho, em Brasília, e o resultado continua o mesmo de outros encontros: não houve acordo. Mesmo assim, a greve já trouxe alguns resultados. “O projeto de criação de fundações estatais para administrar os hospitais universitários já não está mais sendo discutido, o que é um grande avanço, e agora estamos negociando outros pontos importantes da pauta”, afirma Agnaldo Gonçalves da Cruz, diretor de Formação Política e Sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest). A paralisação dos servidores públicos nas universidades já chegou também à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no estado, e a outras 41 Instituições Federais de Ensino Superior no país, de acordo com a Fasubra. “O governo demonstra interesse em negociar e se comprometeu a apresentar uma proposta para as questões de saúde suplementar, plano de carreira e benefícios salariais”, afirma Cruz. Na UFPR, panfletagens, manifestações,

assembléias e até um teatro são instrumentos dos grevistas para informar a população e a comunidade acadêmica e incentivar outros funcionários a aderir à paralisação. O Conselho Universitário da Universidade aprovou, no último dia 15, moção de apoio à greve (ver quadro) e à pauta de reivindicações dos servidores. “O Conselho apóia a paralisação porque as demandas são justas e estão sendo reivindicadas há muito tempo”, afirma Márcia Helena Mendonça, vice-reitora da UFPR. A greve também é apoiada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pelo movimento estudantil Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. Os motivos que levaram a paralisação dos funcionários de 43 das 47 universidades federais podem ser resumidos em três pontos principais: salários, plano de carreira e direito à greve. Outro tópico de discussão seria o projeto de desvinculação dos hospitais universitários das instituições de ensino superior e a criação de fundações estatais para geri-los, mas, não se discute mais a possibilidade de existência das fundações. O direito à greve é restringido, de acordo com os grevistas, por uma proposta encaminhada pela Advocacia Geral da União à Casa Civil, que pretende regulamentar o processo no funcionalismo público. O documento propõe que qualquer paralisação deva ser aprovada por 2/3 de toda a cate-

Moção do Conselho Universitário O documento manifesta-se sobre cinco pontos: 1 - Pela retirada do Projeto de Lei Complementar - PLP 01/2007 - que limita os gastos com funcionalismo público federal, impossibilitando reposição de salários e novos concursos públicos; 2 - Pela garantia do direito de greve, conforme estabelecido pela Constituição Federal e pelo direito à livre manifestação; 3 - Pelo custeio e implantação imediata de Plano de Assistência de Saúde aos Servidores; 4 - Pela autonomia da Universidade sobre o gerenciamento de Hospitais Universitários; 5 - Pela resolução dos impasses do Plano de Cargos e Carreira, pela incorporação do Valor Básico Cifrão, paridade entre entre ativos e aposentados, instituição da progressão por mérito, com avaliação institucional e coletiva e não apenas individual e pelo pagamento retroativo desta progressão.

goria, e não mais por 2/3 dos sindicalizados. Além disso, os grevistas deverão avisar a existência do movimento 48 horas antes da interrupção das atividades e manter 40% da força de trabalho durante toda a greve. Os funcionários paralisados ainda pedem a retirada do projeto de lei complementar ao Plano de Aceleração do Crescimento que fixa em 1,5% o aumento do gasto com funcionários por dez anos. Segundo os grevistas, se o projeto for aprovado, haveria congelamento de salários e se tornaria impossível realizar novos concursos públicos. Por último, os grevistas pedem a revisão do piso salarial da categoria, a incorporação do vencimento básico complementar aos salários, bem como de gratificações, a progressão por mérito e a paridade entre

ativos, aposentados e pensionistas. Atualmente, na UFPR, os restaurantes universitários, as bibliotecas, a Central de Transportes e a maioria dos setores das Pró-reitorias estão parados. Os serviços do Hospital Veterinário e da Pró-reitoria de Recursos Humanos funcionam apenas parcialmente. Na sexta feira, 22, os funcionários do Hospital de Clínicas voltaram ao trabalho, em cumprimento à decisão da Justiça. A liminar que obriga os servidores do hospital universitário a retomar totalmente as atividades vinha sendo contestada, sem sucesso. Confira a cobertura da greve no site www.jornalcomunicacao.ufpr.br, no especial Greve. Angélica Neiva

Pelo direito de greve A Lei 7.783, de 1989, regulamenta o exercício do direito de greve. Logo no primeiro artigo, afirma-se: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. A única restrição é: “Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”. De acordo com o artigo décimo da mesma lei, são considerados serviços ou atividades essenciais: tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; serviços funerários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; processamento de dados ligados a serviços essenciais; controle de tráfego aéreo; e compensação bancária. A lei em questão diz respeito ao setor privado, mas, na falta de algo direcionado

ao serviço público, utiliza-se a mesma regra. De acordo com a legislação em vigor, as paralisações dos últimos dias estão dentro das normas, portanto, não pode haver represálias. No entanto, os hospitais universitários são obrigados a manter as atividades normais, já que prestam serviços essenciais. Para preencher a lacuna da falta de legislação específica para os servidores públicos, a projeto da Advocacia Geral da União, além de propor a manutenção de 40% dos servidores trabalhando durante a greve, ainda afirma que todo serviço público é essencial e não pode ser interrompido por completo. Quando a greve for declarada ilegal, haverá desconto nos salários e o Ministério Público deverá atuar como árbitro nas negociações entre trabalhadores e governo. Pedro Aparecido de Souza, consultor sindical em planejamento e estratégia, avalia as medidas como negativas aos servidores. “Isso, na prática, é a proibição total de qualquer greve no serviço público”. Ele acha impossível conseguir condições para que a greve seja considerada legal, como a adesão em assembléia de 66,6% da categoria. Jaqueline Bartzen e Suelen Trevizan


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cultura

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SÉTIMA ARTE Salas de rua desaparecem em função de ambientes multiplex dos shoppings

Condor/Guilherme Caldas/www.candyland.com.br

Basta um pequeno passeio pelo centro de Curitiba para constatar: quase não há mais cinemas de rua. Nos espaços onde antes funcionavam as tradicionais salas, hoje há lojas de departamento, butiques e cinemas pornôs. Os únicos remanescentes são os cinemas da Fundação Cultural de Curitiba (FCC): o Cine Luz, na praça Santos Andrade, e a Cinemateca, no bairro São Francisco. O último a fechar foi o Cine Plaza, que, por falta de recursos, teve suas atividades encerradas após mais de quarenta anos de funcionamento. Para a nova geração, o fechamento das salas é apenas um fato, mas quem viveu a época áurea dos cinemas de rua não considera a

tendência animadora. O freqüentador de cinema Harry Luhn, de 76 anos, lembra que, no começo dos anos cinqüenta, o cinema de rua era a única atividade social e ponto de reunião dos jovens. “A gente se encontrava na rua lá pelas cinco da tarde para assistir aos filmes e paquerar as meninas”, recorda. Luhn explica que, na época, as salas de cinema exibiam um filme de primeira linha e um filme ‘B’, além dos tradicionais cine-jornais, que cumpriam funções hoje desempenhadas pela televisão. A TV, aliás, é o principal agente para o começo da decadência dos cinemas, na opinião do freqüentador. “O Canal 12 chegou em 1958 e, a partir daí, as filas enormes que se viam nos festivais da Metro (MGM, tradicional distribuidora de filmes), começaram a diminuir.” Outro fator é apontado, por quem viveu a época, como causa da quase extinção das salas. Administrador dos antigos cinemas de rua da cidade, Aleixo Zonari, hoje proprietário dos Cines Curitiba, no shopping Curitiba, afirma que o surgimento dos shoppings, concomitante ao advento da televisão, foi decisivo. Zonari foi

dono dos cinemas Avenida, Ópera, Arlequim, Rivoli, São João, Vitória e Cine Glória e diz que o valor imobiliário no centro da cidade subiu muito, o que dificulta o estabelecimento de uma sala. “Se você tem hoje um imóvel no valor de três ou quatro milhões, o retorno que ele te dará será, no mínimo, insuficiente para pagar as contas”, afirma. “A solução é migrar para os shoppings”, conclui. A manutenção da tradição fica, então, por conta da FCC, que administra os dois espaços restantes. Francisco Alves, responsável pela administração destas salas, aposta numa programação diferenciada da exibida nos shoppings. “Aqui a gente preza pelo cinema de arte: filmes que abordam história, cultura e grandes questões da humanidade”, explica. Alves diz que os cinemas de rua de Curitiba entraram em decadência pelo estado de depauperação dos prédios, além da falta de segurança. “Todas essas desvantagens, em contraposição com o glamour e a segurança dos shoppings, fizeram muitos cinemas aqui fecharem”. Ainda assim, existem planos para que os cinemas da Fundação retornem ao circuito

Ritz/Guilherme Caldas/www.candyland.com.br

Cadê o cinema que estava aqui?

cultural dos curitibanos. A FCC deve reinaugurar, no segundo semestre deste ano, o Cine Guarani, no bairro Portão, cuja reforma é em parte subsidiada pela Prefeitura. Os preços dos cinemas da Fundação são populares e é possível, inclusive, assistir a sessões por um real aos domingos nos dois espaços. “A periferia pode vir para o centro com a passagem de um real e ainda ir ao cinema”, afirma Alves. “Essa cultura é de suma importância para o crescimento dos cidadãos”. Yuri Alhanati

ESPETÁCULOS DE DANÇA Curitibanos deixam de assistir a apresentações gratuitas por problemas na divulgação

Eventos anônimos Parece impossível, mas os curitibanos podem sentar-se em parques da cidade para assistir a apresentações de dança, sem preocupação com filas, lugares marcados ou dinheiro para ingressos. A Prefeitura Municipal realiza, anualmente, dois eventos desse tipo para a população local. “O objetivo é oferecer mais cultura e lazer ao cidadão comum”, diz Leloir Santos, da Secretaria de Esportes e Lazer, responsável pelo Circuito Dança Curitiba e pelo Festival Dança Curitiba. Apesar de apresentarem muitas semelhanças, os eventos são conceitualmente diferentes. Sobre o Circuito, que ocorre de abril a agosto, com duas apresentações mensais, Santos explica: “Enviamos no começo do ano às academias e escolas de dança panfletos contendo o regulamento do evento e convidando para participar”. As escolas interessadas escolhem uma data entre as oferecidas pela organização para a apresentação. Elas ocorrem, geralmente, em parques da cidade e também na Pedreira Paulo Leminski. Cada apresentação conta com 12 grupos de dança e dura cerca de duas horas. Não há restrição de estilo mu-

sical para o show e a entrada é franca. pois acredita que os critérios utilizados para Já para assistir ao Festival, que está em julgar uma apresentação de dança são muito sua 24ª edição, é preciso doar um quilo de subjetivos. “A minha companhia dança hip alimento não perecível ou um litro de leite. hop experimental, o que significa que temos Os interessados em se influência do balé, da apresentar, que podem música indiana e de ser de qualquer parte vários outros estilos”, do país, enviam uma diz o dançarino. “Os gravação para um júri jurados, muitas vezes, especializado que senão entendiam nossa leciona alguns grupos arte”. para se apresentarem ao público. Cerca de Divulgação 60 equipes são conviproblemática dadas e as apresentações ocorrem na Ópera Apesar de acontede Arame, no mês de cerem todos os anos, setembro. grande parte da popuOs participantes lação curitibana não recebem um cachê, sabe da existência do mas essa prática é Marjorie Carolina da Costa, Circuito e do Festinova. “Em 2003, o estudante val. A divulgação dos Festival tinha um caeventos está a cargo ráter apenas competitivo e só a companhia da assessoria de comunicação da Secretaria vencedora era premiada com dinheiro”, diz de Esportes e Lazer. Eles produzem textos Emerson Camargo, da Companhia Inspi- que são publicados no site da Prefeitura e ration. Ele considera a mudança positiva, enviados para os jornais locais. Também

A Prefeitura realiza um bom trabalho cultural na cidade, mas peca no mais importante: a divulgação para a população.”

é encaminhado material para rádios, que costumam divulgar boletins, e para TVs, mas o resultado das ações é pequeno. “Os eventos acontecem sempre nos finais de semana, período em que as equipes de televisão encontram-se reduzidas”, justifica Israel Reinftein, assessor de imprensa da Secretaria. Para ele, isso prejudica a divulgação das apresentações, que fica praticamente restrita ao site oficial da Prefeitura. A divulgação é falha a ponto de que, mesmo pessoas que possuem interesse em dança, ignorem a realização das apresentações. É o caso da estudante Marjorie Carolina da Costa, que nunca ouviu falar de qualquer dos dois eventos. “Eu iria às apresentações se ficasse sabendo quando e onde elas ocorrem”, reclama. Ela diz que os únicos espetáculos de dança que alcançam espaço na mídia são aqueles das grandes companhias que costumam acontecer no Teatro Guaíra. “A Prefeitura realiza um bom trabalho cultural na cidade, porém, peca no mais importante: a divulgação para a população”, completa. Pedro de Souza e Amanda Audi


geral

Comunicação julho de 2007

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INVESTIMENTOS A internet facilita o acesso ao mercado ações

Jovens em alta nas bolsas de valores O dinheiro ganho na compra e venda e baixas das bolsas de valores. Segundo uma de ações pode ter os mais diversos destinos pesquisa realizada na Bolsa de Valores de nas mãos de jovens investidores. Marcos São Paulo (Bovespa), 79,6% dos internauOrdine Skrobot, de 20 anos, estudante de tas que acessam o site da Bovespa tem até Publicidade e Propaganda na UFPR, já tem 40 anos. O levantamento também apontou planos definidos para recursos provenientes que 37,3% dos usuários não possuem nível de um investimento que fez quando tinha superior e 53,78% acessam a página de apenas 14 anos: “vou fazer um intercâmbio casa, nas horas vagas. de seis meses em Portugal”. Há seis anos, Lucas Cavalheiro Bueno, 20 anos, o jovem percebeu que estudante de Adminisos rendimentos da tração Internacional poupança eram muito de Negócios na UFPR, Acessos ao site da Bovespa baixos e decidiu fazer viu na internet um aplicações na bolsa de caminho para chegar 79,6% dos internautas que valores, que achava ao mercado de ações. acessam o site da Bovespa tem interessante. Aos 16 anos de idaaté 40 anos; Apesar de não de, Bueno leu o livro confiar muito na dePai Rico Pai Pobre, de 37,3% dos usuários não poscisão do filho, o pai do Robert T. Kiyosaki e, suem nível superior; estudante pesquisou e a partir disso, pesquidecidiu aplicar os R$ sou o funcionamento 53,78% acessam a página de 1.500 da poupança das bolsas e procurou casa, nas horas vagas. do jovem em ações da opiniões e dicas de Companhia Vale do pessoas experientes na Rio Doce, empresa de mineração criada área. O interesse aumentou com o passar pelo Governo Federal em 1942 e priva- do tempo e, quando começou a trabalhar, tizada em 1997. O dinheiro foi investido o jovem guardou dinheiro para investir apenas uma vez, em 2001, e desde então mais tarde. Em 2003 e 2004, Bueno aplicou a quantia aumentou e chegou a um valor grande parte do que ganhou em um fundo que Skrobot prefere não revelar. de ações do Banco do Brasil, seu primeiro Para os jovens interessados no mundo investimento. dos investimentos, a internet tem sido ataPara o estudante, o mundo das ações lho importante em direção às cifras de altas não é tão complicado como muitos pensam.

Para investir basta entrar na Rede

Passo a passo na Bovespa

No site da Bovespa (www.bovespa. com.br), há um espaço destinado àqueles que desejam investir no mercado de ações, mas não têm muito conhecimento sobre o assunto. Há um canal chamado Investidor, que dá acesso ao link Iniciantes e, em seqüência, ao link Curso Básico. Nesse espaço, o internauta tem a possibilidade de

ler pequenos textos básicos sobre o mundo dos investimentos: o que são fundos de renda fixa, ativos de renda variável, como funciona a negociação dos preços das ações na Bolsa de Valores, como é o processo de transformação das ações em renda líquida e outras informações que podem auxiliar o jovem investidor.

O problema, segundo Bueno, é a pressa que muitos investidores têm em receber o retorno de suas aplicações, depositando muito dinheiro e confiança para obter resultados em um curto espaço de tempo. “O segredo é paciência e crescer com suas empresas”, afirma. Essa também é a dica de Ivan Sebben, gerente bancário de contas de pessoas jurídicas, que ressalta a importância de uma pesquisa prévia sobre a empresa na qual se pretende investir. “Devem-se levar em conta fatores como a estabilidade e a rentabilidade das ações da empresa”, afirma.

Segurança para iniciantes

Divulgação

Euforia pode trazer prejuízos

Home Broker. Esse é o nome do instrumento que facilita a negociação de ações de mercado por meio da internet. O sistema é diretamente ligado à Bolsa de Valores, por isso, basta que o investidor entre no site de uma corretora de valores que disponibilize essa possibilidade para que possa comprar e vender ações por meio de ordens, transmitidas imediatamente à corretora. Segundo o site da Bovespa, o Home Broker funciona como um facilitador das transações e também como um integrador, já que permite que um número maior de pessoas possam participar do mundo das ações. É a facilidade do sistema que tem ajudado a trazer pessoas cada vez mais jovens para a esfera da economia. A geração crescida junto com a evolução da informática se adaptou à rapidez das

negociações via internet e às facilidades de aprender como investir. De acordo com dados da Sociedade Corretora Paulista S/A (Socopa), aproximadamente 70% dos acessos ao serviço de Home Broker é feito por jovens com menos de 30 anos. Pela rede mundial de computadores, é possível verificar quais são as condições de investimento, e isso, para Sebben, é de grande importância. Segundo o gerente, não é apenas o Home Broker o responsável pelo aumento do número de jovens investidores, mas também a condição favorável existente no Brasil para investimentos, principalmente nos últimos dois anos. Devido à baixa inflação, há maior estabilidade econômica e, por conseqüência, maior segurança para os investidores de dentro e de fora do país.

Bueno conta que o perigo para quem está começando a investir é a fase da empolgação. Quando o estudante operava ações da Petrobras, tinha retornos de 200% num dia e prejuízos de 40% no outro - que, a longo prazo, poderiam ser muito maiores do que os retornos iniciais. “Teve dias em que acompanhei boquiaberto valorizações de 8000% ao dia em ações da Telemar. Isso é, realmente, o canto da sereia”. As supervalorizações podem atrapalhar uma decisão consciente, fazer com que o investidor perca as noções do mercado e passe a operar apenas motivado pelos ganhos em pouco tempo. Para Bueno, as perdas, de certa forma, auxiliam os iniciantes, pois permitem uma visão de como realmente funciona o mercado. Atualmente, o estudante investe em ações da Petrobras, Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, e pretende aguardar o retorno financeiro que esses investimentos irão lhe proporcionar.

Para Sebben, é muito importante que o jovem que entra no mundo das ações tenha o auxílio de um banco ou de uma corretora de valores. “É preciso saber no que se está investindo e onde é melhor investir, levando em conta os interesses do investidor e o tempo que ele está disposto a esperar para obter um retorno”, afirma. Aos que não querem correr muitos riscos, o gerente aconselha investimentos em fundos de renda fixa (aplicação de recursos em títulos que pagam juros e que podem ser emitidos pelo governo, bancos ou empresas), que não exigem uma grande quantidade de dinheiro e não deixam o investidor tão inseguro quanto aos lucros. Já os ativos de renda variável, como as ações da Bolsa de Valores, não têm uma rentabilidade garantida, e devem ser procurados quando o interessado estiver disposto a esperar um tempo maior, já que as oscilações do mercado podem fazer com que as ações sejam desvalorizadas num dia e novamente valorizadas no outro. Para os que desejam seguir por esse caminho, é sempre bom investir em um fundo de renda fixa como forma de garantia para o caso de não haver sucesso com as outras aplicações. Sebben faz ainda uma ressalva sobre o perigo de investir todo o dinheiro de que se dispõe num só lugar. Segundo ele, isso é arriscado pelo fato de que as empresas não dão sempre total segurança para os investidores. “Quem investe em mais de um lugar, pode lucrar com outras ações caso uma das empresas escolhidas entre em crise”. Mariana Domakoski


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esportes

Comunicação julho de 2007

JOGOS PAN-AMERICANOS Atletas paranaenses se preparam para buscar resultados expressivos na competição

O ouro é o limite

Quem compete em modalidades desconhecidas é obrigado a continuar trabalhando, pois não há condições de se dedicar apenas ao esporte.”

Cesar Brustolin/SMCS

A bandeira brasileira nas mãos dos paranaenses Ricardo Stuckert, Agência Brasil

Ilustres desconhecidos, heróis consa- a continuar trabalhando, pois não há condigrados, possíveis ganhadores de medalhas ções de se dedicar apenas ao esporte”. ou apenas participantes esforçados. Atletas Em 2003, Bastos conquistou não apenas brasileiros com todos os tipos de expectativa a medalha de prata, mas também a classifiseguirão a bandeira nacional, que será carre- cação para as Olimpíadas de Atenas, Grécia, gada pelo maratonista paranaense Vanderlei um ano depois. Isso porque acertou 124 tiros Cordeiro de Lima durante a abertura dos em 125 possíveis, igualando-se ao recorde Jogos Pan-americanos 2007. No evento, mundial na categoria fossa olímpica, na qual que acontecerá no Rio de Janeiro, de 13 e o atirador acerta pratos lançados aleatoria29 de julho, o Paraná não será representa- mente por três máquinas, a uma velocidade do apenas pelo porta-bandeira. Esportistas aproximada de 100 km/h. Apesar das altas amadores, como o atirador Rodrigo Bastos e expectativas sobre seu rendimento na Gréos irmãos esgrimistas Athos e Ivan Schwan- cia, o dentista, que procurava um lugar para tes, se juntarão a atletas profissionais, como treinar entre os 250 km que separam Guarao triatleta Juraci Mopuava de Curitiba, acareira, na maior compebou ficando com o 14º tição poliesportiva das lugar. Mas Bastos está Américas e, em escala otimista com relação mundial, menor apenas ao Pan, embora não se que as Olimpíadas. surpreenda com um reOs Jogos Pan-amesultado ruim. “Não sou ricanos voltam ao Brasil profissional”, lembra. (depois de 44 anos) em Expectativas de sua 15ª edição. Da pribons resultados correm meira versão, realizada nas veias dos esgrimisem Buenos Aires, Argentas curitibanos Athos e tina, em 1951, até agora, Ivan Schwantes. Filhos o número de países parde Ronaldo Schwantes, ticipantes dobrou: de 21 integrante da equipe nacionalidades represende esgrima que trouxe tadas no primeiro evento, para o Brasil a última para 42 países particiRodrigo Bastos, medalha nessa modalipantes no Pan 2007. A dade (bronze no Pan de atirador, medalha de prata no Pan 2003 competição, realizada Caracas, Venezuela, em sempre um ano antes dos Jogos Olímpicos, 1983), os irmãos esperam repetir no Rio o costuma revelar talentos e promessas de feito do pai. Para isso, treinam de seis a oito medalhas para a competição mundial. horas por dia, de segunda a sábado. “Estou Entre estes, está o atirador Rodrigo Bas- totalmente focado nisso, treinando muito e tos, medalha de prata no Pan 2003, realizado pensando na competição no Brasil desde que em Santo Domingo, República Dominicana. o Pan de Santo Domingo terminou”, afirma Bastos, natural de Guarapuava, concilia o Athos, preocupado apenas com a força de tiro esportivo com a profissão de dentista, países como Venezuela e Estados Unidos. que mantém para poder se sustentar. SeEstreante no Pan, o triatleta curitibano gundo o atirador, é muito difícil um atleta Juraci Moreira, que já participou de duas de modalidades desconhecidas como o tiro Olimpíadas, até mudou de cidade para obter se tornar um esportista profissional. “Quem bons resultados: saiu da capital paranaense compete nesse tipo de modalidade é obrigado em direção a Brasília, onde conseguiu maior

Legenda legenda legenda Vanderleilegenda Cordeiro de Lima: da corrida para o desfile com a bandeira

Na abertura dos Jogos Pan-americanos, o primeiro atleta a pisar no estádio é aquele encarregado de levar a bandeira nacional. Na edição carioca, a honra será concedida ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, da cidade de Cruzeiro do Oeste, no norte do Paraná. O ex-bóia-fria já gravou seu nome na história do esporte nacional. Primeiro lugar em dois Pans - Winnipeg, Canadá, em 1999, e Santo Domingo - também conseguiu a medalha de bronze nas olimpíadas de Atenas. Este último evento foi marcado pela invasão de um fanático irlandês, Cornelius Horan, na pista, tirando Lima da liderança da prova. Mesmo assim, o atleta continuou a corrida e chegou em terceiro lugar. Como reconhecimento por seu espírito esportivo, ganhou também a medalha apoio financeiro. “Antes, ganhava 500 reais por mês, o que não paga nem a suplementação alimentar”, afirma o atleta. “Além disso, meu técnico mora em Brasília”. Depois do Pan deste ano, Moreira pretende continuar treinando para alcançar o sonho de participar por quatro vezes dos Jogos Olímpicos. “Estou trabalhando duro para conquistar uma vaga para os Jogos de Pequim, em 2008, e espero disputar os Jogos de Londres, em 2012”.

Mais Paraná no Pan

Legenda legenda legenda legenda Treinamento intensivo dos irmãos Athos e Ivan Schwantes para o Pan 2007

Além do tiro, da esgrima e do triatlo, atletas paranaenses também participarão de outras modalidades. No softbol (variação leve do beisebol), além do treinador auxiliar Milton Konno, de Curitiba, participarão as maringaenses Vivian Morimoto e Tathiane Natsue Misawa. O boliche contará com a presença de Rodrigo Hermes, natural de Foz do Iguaçu. Na canoagem, disputarão o Pan a guairense Bruna Gama e o remador Roberto

Pierre de Coubertin, honra concedida aos atletas que melhor personificam o lema ‘o importante é competir’. Mas Vanderlei Cordeiro de Lima não será o primeiro paranaense a carregar a bandeira nacional. No encerramento dos últimos jogos Pan-americanos, em 2003, o estandarte foi carregado pelo nadador Rogério Romero Aoki. Natural de Londrina, Aoki foi um dos melhores nadadores do país no estilo costas, participando de três Pans e de cinco olimpíadas. Mesmo não subindo ao pódio na competição mundial, o nadador marcou a história da natação brasileira ao ganhar a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de Havana, Cuba, em 1991, e de Santo Domingo, além do bronze no Pan de Mar Del Plata, Argentina, em 1995. Maheler, de Cascavel. Além deles, o Paraná terá representantes na natação: o londrinense Diogo Yabe e o curitibano Fabio May Araújo. No futebol, participará o jogador Michel Schmoller, de Sulina, e na luta greco-romana, o curitibano Iuri Estevão. O Pan 2007 também terá a presença de Natália Falavigna, de Maringá, possível medalhista no taekwondo. Outros atletas têm presença quase certa, mas dependem da confirmação por parte das confederações. É o caso do jogador de vôlei Gilberto Godoy Filho, o Giba, natural de Londrina, que costuma estar nas listas de convocados para as competições da seleção brasileira. A cobertura completa da participação paranaense nos Jogos Panamericanos 2007 pode ser conferida no site www.jornalcomunicacao.ufpr.br, especial Paraná no Pan. Danilo Hatori Colaboração de Wagner Vaneski e Vanderson Almeida


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