JornalCana 288 (Janeiro/2018)

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MERCADO

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Aumento de barreiras de proteção ameaçam o etanol Alerta é de Christoph Berg, diretor gerente da consultoria alemã F. O. Lichts, especializada também em análises de commodities agrícolas, em entrevista para o JornalCana JOSIAS MESSIAS, DA GUATEMALA FOTOS DIVULGAÇÃO

O crescimento das barreiras de proteção de mercado são uma ameaça também para o etanol brasileiro. O alerta é do diretor gerente da consultoria alemã F. O. Lichts, Christoph Berg, em entrevista concedida ao JornalCana durante o evento Ethanol Latin America, realizado pela empresa nos dias 07 a 09 de dezembro na Cidade de Guatemala. JornalCana – Em sua apresentação o senhor destaca riscos para o etanol. Como assim? Christoph Berg – No geral a perspectiva para a indústria mundial do etanol está bastante calma. Há poucos fatores a serem considerados que podem ameaçar essa perspectiva. Entre esses o mais importante é o aumento das barreiras de proteção implantadas mundo afora. Fale mais a respeito, por favor. Neste aspecto, deve-se considerar o fato de que a indústria do etanol como um todo perderá sua flexibilidade se mais e mais barreiras comerciais forem erguidas ao redor do mundo. Qual o impacto do avanço dessas barreiras no curto prazo? Naturalmente isso [o avanço das barreiras de proteção] resultarão em uma deterioração da perspectiva global e numa indesejável decisão de vários mercados em não adotar o etanol em seus programas de biocombustíveis. E quanto ao Brasil? Como o senhor avalia a produção de etanol? A produção de etanol no Brasil é satisfatória. Do meu ponto de vista, essa produção é beneficiada por conta dos preços mundiais do açúcar, que estão relativamente baixos, e no momento o etanol paga melhor que o alimento. Qual outro fator positivo influencia o etanol brasileiro? O Brasil tem uma cota que con-

Christoph Berg

trola a entrada do fluxo de etanol de outros mercados. E há um terceiro fator que influencia o setor, que é o regime de impostos em relação à gasolina. Isso ajuda o etanol até onde? Esse regime de impostos também ajuda a demanda pelo biocombustível. O senhor vê outro ponto positivo no Brasil em favor do etanol? Sim. A economia brasileira está se movendo, saindo da recessão. E isso naturalmente implica em um aumento na demanda de combustível para transportes.

Diante isso, as perspectivas para a indústria brasileira de etanol são positivas? As perspectivas gerais para a indústria são muito boas. Mas não vejo o Brasil se reerguendo como um grande exportador do biocombustível. A maior parte do aumento da produção [de etanol] será consumida internamente no Brasil. Qual sua opinião sobre o Programa Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio? O programa RenovaBio é um vetor maior para o crescimento [do mercado do biocombustível]. E sig-

nifica que pela primeira vez o Brasil estabeleceria um marco de como o etanol da cana-de-açúcar é eficiente na perspectiva dos gases do efeito estufa (GHG). Explique mais a respeito, por favor. Até agora existe uma sanção ao fato de que o etanol de cana é o melhor etanol do mundo, mas isto cria um marco para mostrar como o etanol é eficiente para a redução dos gases do efeito estufa. E o RenovaBio seria definitivamente um vetor maior de crescimento da indústria (do etanol) não somente para o Brasil, mas para o mundo inteiro.


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