JornalCana 284 (Setembro/2017)

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MERCADO

Setembro 2017 DIVULGAÇÃO

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Safras longas geram mais ganhos com bioeletricidade Contratos de venda de energia criam previsibilidade de receita para as usinas de cana em meio à volatilidade dos preços de etanol RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS (SP)

A venda de energia é muito saudável, possibilitando a diversificação de receita e a otimização do aproveitamento da matéria prima, afirma Renato Pretti, da CerradinhoBio, com unidade produtora em Chapadão do Céu (GO). “Em meio à volatilidade dos preços do etanol, é importante a receita dos contratos indexada à IPCA com uma previsibilidade saudável e também os upsides que o mercado livre historicamente proporciona”, avalia. Em decorrência de algumas medidas adotadas no gerenciamento de sua produção e também devido aos investimentos realizados em seu parque industrial, a CerradinhoBio tem conseguido ampliar o período de geração de bioeletricidade durante o ano, o que possibilita a elevação de ganhos com esse produto. Ativos “A CerradinhoBio vem trabalhando, nos últimos anos, com safras longas visando maximizar a utilização dos ativos de maneira racional, com um manejo agrícola

adequado e uma manutenção industrial que suporte a operação durante mais de trezentos dias de safra”, comenta Renato Pretti. A continuidade de exportação de energia durante a entressafra ocorre em função de disponibilidade de biomassa e do planejamento das manutenções de caldeiras e dos equipamentos de cogeração – observa. “Com a nova caldeira, ganhamos flexibilidade operacional. Os dois turbogeradores de condensação permitem gerar em dias de entressafra com eficiência”, afirma. A diversificação da matéria-prima utilizada na geração de bioeletricidade também está no radar da CerradinhoBio. Segundo Renato Pretti, dependendo do mercado de energia, a unidade vai utilizar outras fontes, como palha e cavaco. “Além disso, naturalmente a cana da CerradinhoBio possui 12% a 13% de impureza vegetal que segue a rota normal da matéria-prima, juntando-se ao bagaço para geração de energia”, diz. Essa unidade goiana realizou recentemente algumas operações de palha enfardada com uma frente própria de recolhimento – revela o gerente de planejamento estratégico e projetos da empresa. Ele observa que a utilização de biomassa com maior Poder Calorífico Inferior (PCI) demanda mais atenção no controle da temperatura e dosagem, principalmente na caldeira de grelha rotativa. A expectativa da CerradinhoBio – observa Renato Pretti – é que a

“A CERRADINHOBIO VEM TRABALHANDO, NOS ÚLTIMOS ANOS, COM SAFRAS LONGAS VISANDO MAXIMIZAR A UTILIZAÇÃO DOS ATIVOS DE MANEIRA RACIONAL, COM UM MANEJO AGRÍCOLA ADEQUADO E UMA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL QUE SUPORTE A OPERAÇÃO DURANTE MAIS DE TREZENTOS DIAS DE SAFRA” RENATO PRETTI

operação seja mais estável na caldeira de leito fluidizado. Mas, ainda não foram testados palha e cavaco neste equipamento. Cerradinho dobra capacidade A comercialização de bioeletricidade desempenha um papel estratégico para a sobrevivência e a saúde financeira de diversas unidades e grupos sucroenergéticos. Para a Cerradinho Bioenergia, de Chapadão do Céu (GO), por exemplo, a importância da venda se energia não é apenas teórica. Algumas ações têm sido desenvolvidas para que a bioeletricidade ocupe um lugar de destaque nos negócios da empresa. Com aproximadamente R$ 250 milhões de investimento – realizado recentemente em seu parque industrial –, a CerradinhoBio dobrou sua capacidade de exportação de bioeletricidade. Foram utilizados recursos próprios e oriundos das parcerias com BNDES e IFC – integrante do Grupo Banco Mundial – informa Renato Pretti, gerente de planejamento estratégico e projetos da empresa. Uma nova termelétrica, praticamente, foi instalada com a nova caldeira de 67 bar e 400 toneladas e os dois turbo-

geradores de 45 MW cada adquiridos pela CerradinhoBio, revela. “Temos uma exportação em torno de 100 kWh/tonelada de cana. Nesta safra exportaremos 540 GWh para uma moagem de 5,4 milhões de toneladas de cana, algo praticamente inédito para o setor”, enfatiza. Essa unidade de Chapadão do Céu tem capacidade de processamento de até 6,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. Biomassa A perspectiva da CerradinhoBio, para os próximos anos, é atingir a comercialização de 620 GWh com biomassa própria. “Ainda temos capacidade industrial para absorver biomassa alternativa e chegar em aproximadamente 800 GWh”, ressalta. A capacidade instalada dessa unidade é de 160 MW médios. Na geração de energia, a CerradinhoBio possui dois turbogeradores de contrapressão de 35 MW cada e dois de condensação com 45 MW. Na geração de vapor, essa unidade conta com uma caldeira de grelha rotativa de 340 t/h e a nova caldeira de 400 t/h de leito fluidizado, ambas com 67 bar de pressão – detalha Renato Pretti.


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