10 MERCADO
Setembro 2017
A hora e a vez da Geração Distribuída Sistema prevê fornecimento de eletricidade para consumidor próximo da unidade geradora e é oportunidade de negócio para as usinas de cana RAISSA SCHEFFER, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)
ILUSTRAÇÃO GASPAR MARTINS
Praticada até a década de 40, a geração de energia elétrica perto do consumidor, ou Geração Distribuída (GD), volta a ser uma alternativa para o mercado nacional. Ela ressurge diante um cenário economicamente instável, no qual a frequente escassez de reserva nas hidrelétricas obriga ao acionamento de termelétricas poluentes – e caras, muito caras. O modelo é simples: por meio de contrato com preço pré-estabelecido, a unidade termelétrica (UTE) atende diretamente o consumidor. As unidades produtoras do setor sucroenergético estão inseridas no modelo GD porque têm capacidade para gerar excedente elétrico a partir de biomassa. E apenas no estado de
São Paulo mais de 100 delas estão localizadas a menos de 20 quilômetros dos perímetros urbanos. Ou seja, são vizinhas de potenciais consumidores. “O crescimento da GD nos próximos anos parece inexorável”, atesta o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE). GD entra em cena nos anos 90 A partir da década de 90, a reforma do setor elétrico brasileiro permitiu a competição no serviço de energia, informa o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE). E isso criou a concorrência e estimulou todos os potenciais elétricos com custos competitivos. “Com o fim do monopólio da geração elétrica, em meados dos anos 80, o desenvolvimento de tecnologias voltou a ser incentivado com visíveis resultados na redução de custos”, relata. O mercado de Geração Distribuída, conforme o INEE, ganhou impulso com a Lei 10.848, de 2004, que a lança como uma das possíveis fontes de geração de energia. Existe também outra ponte de apoio: a Resolução Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2012. Atualmente, o Ministério de Mi-
nas e Energia (MME) coordena proposta de medias legais para viabilizar o futuro do setor elétrico com sustentabilidade a longo prazo. Essa proposta certamente irá deliberar sobre a GD. Outorgas Hoje, segundo a Aneel, o Brasil tem 3 mil UTEs em funcionamento, o que representa uma potência instalada de 41.015 MW. Desse total, 2,3 mil unidades geram até 5 MW. E são mais 32 unidades em construção, com uma potência outorgada de 2.978 MW. A GD é uma oportunidade para o setor sucroenergético expandir negócios e conseguir consolidar sua recuperação econômica, abalada nos últimos anos por conta principalmente da gestão pública. A biomassa cresce sua participação como fonte geração na matriz energética brasileira. “O setor sucroenergético detém hoje em torno de 7% da potência outorgada no Brasil e 77% da fonte biomassa, sendo a terceira fonte de geração mais importante, atrás da fonte hídrica e das termelétricas com gás natural”, afirma Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
O QUE É GD A Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do consumido independente da potência, tecnologia e fonte de energia. As tecnologias de GD têm evoluído para incluir potências cada vez menores.
FONTE: INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (INEE)