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ROAD SHOW
Abril/Maio 2023
Brasileiro tem a missão de “dobrar a meta” de usina na Bolívia Já que o objetivo inicial de dobrar a moagem para 2 milhões de toneladas de cana foi alcançado, a meta agora foi dobrada: moer 4 milhões em 2025/26
De qualquer ponto que se obser− ve o Ingenio Aguaí, construído na planície do departamento de Santa Cruz, na Bolívia, se destaca o design de uma das plantas mais bonitas e modernas do mundo. Quando se adentra na unidade, a ordem e a lim− peza também chamam a atenção. Desde 2017, essa planta industrial é gerenciada por Pedro Collegari, um brasileiro da região de Piracicaba – SP, que neste ano completa sua 47ª safra trabalhando em usinas. “Comecei aos quinze anos no laboratório e aos vin− te anos já era subgerente da indústria”, relembra. Collegari começou na Usina Bom Jesus, em Rio das Pedras − SP, e a par− tir daí foi para Destilaria Moura An− drade, em Nova Andradina − MS, hoje Energética Santa Helena e seguiu sua trajetória de gerência passando por importantes usinas em Minas Gerais, Paraná e São Paulo, tendo conduzido a implantação da moderna Vale do Pa− ranaíba. “Usina é cheia de surpresas e desafios que te envolve 24h por dia que sempre se depara com coisas boas e por vezes ruins, mas graças a Deus, as conquistas são as melhores”. Nesta entrevista, Collegari fala so− bre os diferenciais e a evolução da Aguaí, e como pretende dobrar a moagem nas próximas safras. Jor nalCana – O Ingenio Aguaí foi o último g reenfield na Bolívia e em 2013 esmagou cerca de 800 mil tone− ladas de cana em sua pr imeira safra. Atualmente moe cerca de dois mi− lhões de toneladas. Qual foi a estraté− g ia para alcançar esse crescimento? Pedro Collegar i – Aguaí começou como destilaria. Algo completamente diferente no setor boliviano, já que o álcool aqui era para exportação, não havia mercado interno. Éramos a úni−
Nosso difusor é um projeto da Bosch/Dedini, com sistema de pistas deslizantes, não tem eixo, nem corrente. São pistas com acionamento por pistões hidráulicos. É o modelo modular, po− dendo ser ampliado lateralmente até 20mt. Confesso que tinha dúvidas sobre ele no começo, mas agora, seis safras de− pois, admito que é formidável.
ca destilaria no país. Então, em deter− minado momento em que os preços do álcool estavam baixos, fomos ob− rigados a produzir açúcar. Mas acres− centamos um diferencial competitivo e exclusivo: produzir açúcar sem en− xofre através da carbonatação. Como funciona esse processo? Trata−se de dissolver o VHP transformando em licor e, ao invés de tratar com descolorante e flotação, ou uma sulfitacão, adicionamos leite de cal para elevar o pH para logo em se− guida baixarmos com CO2 oriundo da fermentação. Isso forma uma flo− culação que retira as substâncias que dão cor e estes flocos são retidos em filtros especiais, gerando um licor de baixa cor no final. Após o cozimento, o resultado é um açúcar de cor ICUMSA 35, raro no mercado. Isso nos fez crescer no mercado. Há outros diferenciais tecnológicos? Sim, as demais usinas da Bolívia
moem cana queimada inteira, en− quanto 95% da cana da Aguaí é co− lhida mecanicamente. Incluindo boas práticas agrícolas, conseguimos uma produtividade da cana 40% acima da média. Também preciso destacar que nossa estrutura industrial é mais par− ruda e mais moderna do que a maio− ria das usinas, inclusive as brasileiras. Para se ter uma ideia, nossa geração de vapor e energia nasceu e opera com alta pressão (67 bar), muito mais eficiente. Na destilaria, os aparelhos foram projetados por Florenal Zarpelon e construídas aqui na Bolívia e o siste− ma de desidratação oferece mais qua− lidade, obtendo−se um álcool quase neutro (aqui chamado de Buen Gus− to), que é utilizado para bebidas, per− fumaria, farmacêutico e boa parte de− le é exportado. Mais recentemente o país começou a misturar o etanol na gasolina e isso também colaborou com nosso crescimento.
Existem outros diferenciais da planta industrial? Sim, na moenda de secagem, por exemplo, temos motores hidráulicos. Todos os nossos acionamentos grandes são por motores hidráulicos: na mesa, na esteira de cana, no hilo do tombador, no desaguador e principalmente na moen− da de secagem. São ótimos equipamen− tos. Inclusive, vamos colocar um terno de moenda antes do difusor para ampliar a moagem e, possivelmente, utilizaremos motor hidráulico. Além disso, no ano passado instalamos o maior turbogera− dor da Bolívia em condensação e extra− ção com 60MW de capacidade. Uma máquina enorme com tensão e pressão alta. A usina impressiona também por seu alto índice de automatização. Por outro lado, com todas essas ex− pansões e alterações da planta, não é um desafio trabalhar com máxima eficiên− cia? Realmente é um grande desafio. Principalmente levando em considera− ção as mudanças constantes no mix, além de pensar no balanço térmico ideal para a cogeração e processos, é difícil encontrar os melhores set−points. Mas conseguimos isso quando otimizamos o