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AGRÍCOLA
Novembro 2020
IAC desenvolve indicador para investimentos em combate de incêndios Em 2020, foram investidos R$ 228 milhões para evitar e combater o fogo O Programa Cana IAC desenvol− veu o Indicador de Investimentos em Ações de Prevenção e Combate de Incêndios em Canaviais. O objetivo foi mensurar o investimento estimado na prevenção e controle de incêndios e o número de funcionários envolvi− dos em áreas de cana−de−açúcar, usando para isso uma amostra de 2020. A pesquisa do Instituto Agronô− mico, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, levantou informações junto a 93 unidades pro− dutoras de açúcar, etanol e energia na região Centro−Sul do Brasil. No to− tal, foram amostrados 3,3 milhões de hectares de área cultivada, isto é, um terço da área total de cana no país. Pa− ra a área pesquisada, foram investidos R$ 228 milhões na prevenção e com− bate a incêndios. O setor foi ouvido no período entre 28 de setembro de 2020 a 05 de outubro passado. “Extrapolando para todo o Brasil teríamos um investimento de R$ 690 milhões e o uso de 16.000 funcioná− rios nessa atividade; as informações levantadas demonstram o enorme es− forço realizado pelas unidades produ− toras na prevenção e controle de in− cêndios nos seus canaviais”, avalia o consultor do Programa Cana IAC, Rubens Braga Junior. Esses números variam de acordo com a região canavicultora. Na região Centro−Sul, o investimento médio foi de R$ 69,42, por hectare, e o uso de mão de obra foi de 1,55 funcionário, por mil hectares. Para a pesquisa, o Centro−Sul foi subdividido nas re− giões Norte e Sul. O estudo mostrou uma nítida di− ferença de investimento entre esses dois polos. Na região Norte o inves− timento médio foi de R$ 86,42, por hectare, e o uso de mão de obra de 1,57 funcionário, por mil hectares. Na Região Sul, onde há maior incidência de chuvas, são feitos os menores in− vestimentos, totalizando o valor mé− dio de R$ 44,38, por hectare, e o uso de 1,53 funcionário por mil hectares. A região Norte inclui os estados do Espírito Santo, Goiás, Minas Ge− rais, Mato Grosso,Tocantins e no es− tado de São Paulo, Araçatuba, Ribei− rão Preto e São José do Rio Preto, onde o clima pode ser considerado mais árido, com um regime de chuvas menos intenso.A região Sul envolve os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul
e no estado de São Paulo, as regiões de Assis, Piracicaba e Jaú. “É interessante observar como o investimento está totalmente associa− do com o clima da região estudada. Na região Sul, onde o clima é mais ameno, o investimento médio é de R$ 44,38, por hectare, enquanto na região Norte, muito mais seco, o investimen− to praticamente dobra para R$ 86,42, por hectare”, comenta Braga Junior. No estado de São Paulo, os in− cêndios chamados florestais, que ocorrem em qualquer forma de ve− getação, são mais frequentes no pe− ríodo de junho a outubro. Agosto e setembro reúnem o maior número de ocorrências. Na região de Ribeirão
Preto houve vários incêndios nesse período de seca em 2020. Lá, em um único dia de agosto foram registrados três grandes incêndios. Dentre as conclusões dessa pes− quisa, ficou evidente que o incêndio no canavial prejudica o setor sucroe− nergético, segundo Marcos Guimarães de Andrade Landell, líder do Progra− ma Cana IAC. Por isso são feitos in− vestimentos justamente para eliminar o risco de queimadas, desde que essa prática foi restringida há mais de uma década. Desde então, quando ocorrem incêndios em áreas de cana, grandes prejuízos são amargados pelos canavi− cultores. “Dentre as perdas estão a redução
da brotação do futuro canavial e a perda de longevidade dos mesmos, além da mudança de todo o crono− grama da colheita e as perdas de ope− rações de cultivo já realizadas, como adubação e controle de ervas dani− nhas”, completa Landell. Além disso, os incêndios prejudicam o solo, a fau− na e a flora. Assim, a criação do índi− ce, se deveu a número expressivo de incêndios, especialmente em um ano tão seco como tem sido 2020. A ideia de elaborar esse indica− dor foi desenvolvida junto ao setor sucroenergético. Para realizar a pes− quisa, Landell estabeleceu contatos com diversas unidades agroindus− triais, com associações de plantado− res de cana e com a Associação Bra− sileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (ABAG−RP), que tem adotado ações educativas sobre incêndios, especialmente, os consi− derados criminosos. “Esses contatos tinham como ob− jetivo entender e dimensionar o ta− manho desse esforço envidado pelo setor sucroenergético para a preven− ção e o combate aos incêndios; desta forma, tentando quantificar este esfor− ço, sugerimos uma pesquisa junto ao setor e alcançamos a expressiva amos− tra de 3,3 milhões de hectares”, expli− ca Landell. O indicador pode ser utilizado pelo próprio setor para apresentar à sociedade o esforço feito para produ− zir com sustentabilidade ambiental.