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POLÍTICA SETORIAL
Junho 2016
Josias Messias: Fernando Coelho tem trânsito à direita e à esquerda
Falha de interlocução com o setor agora deve ser corrigida Nos 28 anos em que atua no setor, Josias Messias, presidente da ProCana Brasil — que edita o JornalCana, o Anuário da Cana e portfólios de sucesso como o PróUsinas — vivenciou e venceu grandes crises econômicas. Ele garante não se lembrar de crise tão grave quanto esta. Hoje, considera a atuação do ministro das Minas e Energia tão ou mais importante para o setor do que a do próprio ministro da Agricultura, pelo fato do setor sucroenergético ter se transformado em potência energética. Messias acredita que o novo ministro Fernando Coelho (PSB-PE) terá facilidade em corrigir um problema que havia em relação ao governo de Dilma Rousseff, que era uma falta de interlocução com o setor. “Fernando Coelho vem do PSB, um partido que tem livre trânsito no governo atual e também tinha na ala à esquerda, quando o PMDB compunha a base do governo Dilma”, observa. E acrescenta que o fato de o novo ministro ser oriundo de um estado tradicional produtor de cana-de-açúcar o credencia ao posto e beneficia o setor sucroenergético porque ele já demonstrou que conhece as dificuldades e desafios e tem atuação política forte em seu favor. — O setor não tinha uma interlocução com o governo. O governo na verdade ouvia,
mas sempre determinou o que queria. Era uma via de uma mão só. Quando o setor falava o governo apenas fazia que ouvia. Quando o governo de Dilma queria agir, o fazia sem consultar os produtores —, critica. Agora tudo deve mudar, pelo perfil do Fernando Coelho e pelo próprio perfil do Michel Temer porque ele chegou implementando uma gestão focada mais em investimento, acredita Josias Messias. “Ambos sabem que assim que a economia melhorar haverá necessidade de geração de energia elétrica adicional. Por isso é que vejo que o setor tem possibilidades de ser melhor aproveitado na matriz energética com este atual governo”. O que o novo governo poderia fazer neste curto prazo para ajudar a reduzir as dificuldades das empresas brasileiras, especialmente as do setor? Quem conhece o setor a fundo não hesita em responder rapidamente a esta questão. “O governo poderia rapidamente reconhecer as externalidades positivas das energias renováveis do etanol e da biomassa e criar um marco regulatório”, sugere Ricardo Junqueira. “Assim evitaríamos as volatilidades, que dependem da boa ou má vontade dos governos e teremos confiança para voltar a investir e criar mais empregos”.
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