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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Junho 2016
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Proteção contra radiação ultravioleta gera ganhos na operação A nova fase da pesquisa inclui a realização de testes no campo, informa Inajá Rodrigues. Os resultados iniciais em laboratório foram positivos. “A formulação funcionou. Para a broca, teve uma eficiência muito boa. O bioinseticida matou as duas pragas, inclusive o Sphenophorus que é um besouro e tem uma carapaça bem dura”, comenta.
Aplicação poderá ser feita o dia todo, como ocorre com o inseticida químico, sem a necessidade do trabalho de funcionários no período noturno O produto possui duas formulações: uma em pellet que já foi inclusive patenteada e outra em pó que será mais trabalhada nesta segunda fase – revela. O bioinseticida poderá estar disponível para o mercado em 2018, que é o ano previsto inicialmente para a finalização do projeto. Um dos fungos, utilizados nesta pesquisa, é o metarhizium anisopliae, que é bastante conhecido pelas usinas. “Várias unidades produzem esse fungo para o combate da cigarrinha das raízes”, diz.
Engenheira agrônoma Inajá Marchizeli Wenzel Rodrigues
Segundo ela, é possível inclusive fazer uma parceria com as usinas para que o bioinseticida seja disponibilizado para o controle da broca e do bicudo. O ineditismo da pesquisa está justamente no encapsulamento de conídios de fungos, que é uma técnica bastante utilizada na indústria farmacêutica, mas que
não tinha sido utilizada, até agora, na área agrícola. Esse recurso assegura uma ação prolongada sobre diversos insetos-pragas, devido a sua estabilidade, que permite que os conídios permaneçam ativos por mais tempo. O encapsulamento dá uma maior proteção para esse fungo, principalmente
contra a variação ultravioleta, que é um dos fatores prejudiciais para o controle da praga – ressalta Inajá Rodrigues. “Com a ação dessa radiação, o fungo pode perder a eficiência dele em poucas horas”, observa. No caso das cigarrinhas, as usinas costumam aplicar o fungo – constata – no final da tarde e início da noite quando o sol está se pondo e a radiação está bem baixa. “Queremos colocar essa proteção no fungo para que a aplicação possa ser feita o dia todo, como ocorre com inseticida químico, para que haja um ganho na operação, sem a necessidade do trabalho de funcionários no período noturno”, afirma. Um dos desafios, da próxima etapa da pesquisa é obter maior estabilidade para o bioinseticida, com formulação em pó, para prateleira. “A maioria dos produtos precisa ficar em geladeira ou freezer. Estamos tentando fazer um produto que não necessite de refrigeração. Com o pellet, conseguimos dezoito meses fora da geladeira. O fungo in natura, fora da geladeira, dura três ou quatro meses no máximo. Doze meses já estaria muito bom”, diz O projeto de desenvolvimento do bioinseticida conta com a colaboração do diretor geral do Instituto Biológico, Antonio Batista Filho e do professor da UFSCar, Moacir Rossi Forim, que foram respectivamente orientador e coordenador do pós-doutorado de Inajá Rodrigues. (RA)