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PRODUÇÃO
Março 2016
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Cautela é mesmo como o caldo de galinha no setor... Companhias hesitam em dar grandes passos e prudência é apoiada pelas associações
LUIZ MONTANINI, DE VALINHOS, SP
Nunca foi tão lembrada no setor o provérbio popular ensinando que a cautela é como o caldo de galinha, que não faz mal a ninguém. Entrou no terceiro trimestre de 2016 demonstrando que as grandes companhias ainda hesitam em dar grandes passos. Para apoiá-las, há um coro à capela das associações de classe, cujo estribilho reconhece que não é mesmo tempo ainda de partir para ações ousadas de investimentos. Afinal, o momento econômico e a política nacional permanecem instáveis. Tomadas radicais de decisões são importantes, mas com parcimônia e, enquanto a situação não se normaliza, o importante é ter prudência antes de agir e investir. Estas são as frases mais ouvidas no momento. Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP — Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, informa que pretende continuar a cobrar do Governo Federal o cumprimento da lei 12.999, de julho de 2014, referente à subvenção da cana-de-açúcar do Nordeste. O recurso é indispensável para amenizar os prejuízos do setor em razão das
Manoel Ortolan: implantação do planejamento estratégico é algo desafiador
últimas secas na região nas duas safras recentes, a primeira considerada a maior dos últimos 50 anos e a segunda causada por travessuras climáticas do El Niño. Manoel Ortolan, presidente da Orplana aponta o quão desafiador é a implantação do
planejamento estratégico da organização em momentos difíceis. “Fizemos um projeto que contempla seis diretrizes que tratam de governança e estrutura, comunicação, educação técnica e gerencial, agregação de valor de serviço, informação e
relacionamento, e negociação equilibrada na cadeia”, informa. Ortolan ainda espera que neste 2016 os colaboradores estejam entusiasmados para ajudar a construir a “Nova Orplana”, uma visão que promete ser mais atuante, dinâmica e mais participativa, que cuidará cada vez mais dos interesses dos seus associados — os produtores independentes de cana. Maria Christina Pacheco, da Assocap — Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari, enfatiza que o produtor brasileiro deve manter a segurança de sua renda já consolidada do que partir para novos empreendimentos de retorno talvez incerto. “O produtor precisa manter a sua renda para continuar a produzir”, observa. Aos trabalhadores do setor, a diretora da associação aconselha que façam suas atividades com criatividade e dedicação, dando maior apoio ao produtor para que haja um desenvolvimento sustentável, diz, forçando a aplicação neste contexto de um jargão da moda. De acordo com Maria Christina Pacheco, dois assuntos estão pautados e já sendo discutidos na Assocap neste 2016: o primeiro busca fazer valer nas montadoras a ideia de que invistam mais em pesquisa e desenvolvimento flexfuel para que consigam produzir um motor a etanol mais eficiente, que faça de 12km a 15km com um litro do biocombustível. A segunda é a manutenção da Cide da gasolina que, no cômputo final, proporciona aumento do preço do etanol.