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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Outubro 2015
Plantio de precisão é alternativa para superação de gargalos Sistematização, adubação e espaçamento adequados fazem parte de esforços para equacionar demandas geradas pela mecanização R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A mecanização das lavouras de canade-açúcar interferiu nas práticas agrícolas que estavam tradicionalmente incorporadas ao processo de produção de cana-de-açúcar. Existem hoje muitos gargalos a serem superados, principalmente em relação ao plantio mecanizado que tem exigido grande quantidade de mudas, muito superior ao que é utilizado no plantio manual. Mas, não é só isto. O esforço de pesquisadores, técnicos e gerentes agrícolas, fabricantes de máquinas é viabilizar a sistematização adequada da área, com espaçamento do plantio que possibilite a obtenção de elevada produtividade e evite o pisoteio da soqueira na hora da colheita. Há ainda outro componente que está interferindo no manejo da cultura da canade-açúcar no Brasil em decorrência da mecanização: a presença da palha. Além de gerar dúvidas e amplo debate sobre a quantidade dessa biomassa que deve ficar no campo, essa nova situação também mexe com a adubação, não apenas em relação à quantidade de nutrientes, mas também com a forma de aplicação de adubo, principalmente a ureia que é fonte de nitrogênio. Entre os diversos experimentos e pesquisas que estão sendo desenvolvidos para equacionar as novas variáveis no cultivo da cana, o CTBE – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, com sede em Campinas, SP, tem se debruçado sobre alguns desafios e obtido resultados surpreendentes. Um deles é o aumento de produtividade de até vinte toneladas de cana por hectare
(TCH) – média de duas safras –, obtido em experimentos, com diversos espaçamentos, realizados em cinco regiões do Centro-Sul, a partir de 2012, revela o engenheiro agrônomo Henrique Coutinho Junqueira Franco, líder do Grupo de Pesquisa em Manejo da Produção de Biomassa do CTBE. Segundo ele, o melhor resultado foi obtido no espaçamento de 75 centímetros entre as linhas de cana e 75 centímetros de distância entre as plantas na própria linha de cana. No espaçamento 50 cm por 50 cm, a
elevação de rendimento tem sido semelhante ao de 75 cm. Mas, a longevidade do canavial deverá ser menor – avalia – conforme tem demonstrado os experimentos que ainda estão sendo realizados. Com esses espaçamentos, a ideia é diminuir a competição na linha, aumentar a eficiência da planta em absorver luz visando o aumento da produção de biomassa – explica Henrique Franco, que é o coordenador dessa pesquisa denominada “Plantio de precisão”.
A finalidade do trabalho é verificar qual é o espaçamento que a planta precisa para expressar a sua máxima produção em biomassa – enfatiza. O estudo mostrou que é possível diminuir o espaçamento entre as linhas e aumentar a distância entre touceiras. Foi maximizada a distribuição das plantas na área. Nos experimentos houve a utilização do plantio manual. Mas, a ideia é linkar esses estudos com os equipamentos que estão sendo desenvolvidos pelo próprio CTBE.