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PRODUÇÃO
Setembro 2015
ENTREVISTA - Cristiano Correia de Oliveira Soares, diretor agrícola
Retorno da Usina Cruangi aquece economia em Pernambuco WELLINGTON B ERNARDES, DA R EDAÇÃO
Parada desde 2011, a Usina Cruangi volta a processar cana-de-açúcar a partir da movimentação de fornecedores. O restabelecimento da unidade aconteceu através da movimentação da Cooperativa da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf). Orçada em três milhões de reais, a volta da usina já movimenta o comércio da região de Timbaúba (PE) e os canaviais dos mais de 300 fornecedores. Quem explica nesta entrevista os desafios desta retomada é Cristiano Correia de Oliveira Soares, diretor agrícola responsável pela restruturação dos canaviais da usina. JornalCana - Como aconteceu este processo de ativação da usina pelos fornecedores? Cristiano Correia de Oliveira Soares A Cruangi está sendo reativada pela nossa cooperativa de fornecedores, que possui atividade há cinco anos. No começo o propósito da Coaf era unir força para compra de insumos e assim diminuir o custo de produção. Porém, desde o término das atividades da usina, em 2011, a cooperativa trabalha para reativar esta indústria. Com o término da moagem na região, tivemos que direcionar a produção para outras usinas, e com isto vem problemas como custos operacionais e logísticos.
Cristiano Correia de Oliveira Soares
As usinas da região não sofreram com este direcionamento para a Cruangi? Não haverá problemas. Na safra anterior as usinas da região tiveram que estender o período de moagem pelo elevado número de cana que foi entregue. Por esta razão, algumas usinas priorizarão nesta safra a cana de seus canaviais, fato que gera incerteza para nós, fornecedores.
Qual a previsão de moagem para a safra 2015/16? Neste primeiro momento vamos dar prioridade aos canaviais dos cooperados, são cerca de 10 mil hectares, que devem entregar aproximadamente 450 mil toneladas de cana para usina. Concomitantemente trabalharemos o desenvolvimento dos canaviais próprios da usina, área com 1,8 mil
hectares. Vamos aplicar vinhaça e trabalhar o manejo agrícola deste local para que nas próximas safras tenhamos mais cana para processar. Mas adianto que nosso enfoque é moer a cana dos cooperados e contribuir para a economia da região. Podemos estimar a produção da usina? Nossa produção será destinada totalmente ao etanol. Fortalecido no mercado doméstico, preferimos iniciar a atividade da usina produzindo apenas o biocombustível. A produção de açúcar será adiada, vamos observar a viabilidade para as próximas safras, e caso haja condições, retornaremos a produzir. O custo de manutenção industrial do setor açucareiro é muito mais oneroso quando comparado à destilaria. Em relação ao etanol, projetamos entregar cerca de 75 litros por tonelada de cana. Assim o resultado será superior a 30 milhões de litros de etanol até o encerramento da safra. Como está a região com este recomeço de safra? A safra 2015/16 está prevista para iniciar no dia 15 de setembro e mesmo antes desta data percebemos maior movimentação em nossa região. O retorno da Cruangi trouxe certa demanda por produtos agrícolas e serviços de manutenção, fenômeno que atrai profissionais e tecnologias para a região. Com isso, há entrada de capital, o que favorece o desenvolvimento de nossa economia.