JornalCana — Edição 271 / Agosto 2016

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O MAIS LIDO! w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Ribeirão Preto/SP

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Série 2

Nº 271

R$ 20,00

DIANA É CASE DE SUCESSO! Pés no chão na gestão financeira sem desprezar investimentos em tecnologia e pessoas são segredos da gestão profissionalizada

Usina Diana, de Avanhandava, SP

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Agosto 2016

Í N D I C E ACIONAMENTOS ELÉTRICOS DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

COLETORES DE DADOS 45

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

17 35311075

32

11 26826633

JOHN DEERE (OXI)

3

11

BMA BRASIL

19

11 30979328

19 37953900

GERHAI

FERMENTAÇÃO 19 34562298

52

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

19 33188330

39

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL CPFL BRASIL

A N U N C I A N T E S

ENTIDADES 4, 60

CONSULTORIA INDUSTRIAL

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

16 39413367

COLHEDORAS DE CANA

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK

MARKANTI

D E

DISTRINOX

16 39698080

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

AUTHOMATHIKA

16 35134000

50

BMA BRASIL

11 30979328

39

METROVAL

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

45

METROVAL

19 21279400

12

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS 16 39452825

61 32069404

29

BINOVA

16 36158011

13

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

45

KOPPERT DO BRASIL

15 34719090

21

19 34234000

CITROTEC

TERMOMECÂNICA

11 43669930

KOPPERT DO BRASIL

0800 7044304 15 34719090

16 30198110

40

16 35124300

58

16 35138800

38

16 21014151

PROSUGAR

81 32674760

14

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540

57

34

16 39461800

35

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE METROVAL

23

19 21279400

12

AGAPITO

16 39462130

58

MAGÍSTER

16 35137200

7

SPAA

16 35124312

24

SUPRIMENTOS DE SOLDA VOESTALPINE BOHLER 11 56948377

37

IRRIGAÇÃO

21

IRRIGA ENGENHARIA

62 30883881

4

MANCAIS E CASQUEIROS 28

DURAFACE

44

CARRETAS 17 35311075

3

CARROCERIAS E REBOQUES

ENERGIA ELÉTRICA COMERCIALIZAÇÃO CPFL BRASIL

RODOLINEA

43 35357047

41

SERGOMEL

16 35132600

18

19 37953900

TERMOMECÂNICA

ESPECIALIDADES QUÍMICAS QUÍMICA REAL

31 30572000

31

SOLENIS

19 34753055

47

9

11 43669930

10

TRANSBORDOS

15

44 33513500

2

JOHN DEERE (OXI)

19 33188330

19

TROCADORES DE CALOR

MONTAGENS INDUSTRIAIS ENGEVAP

30

TRATORES

19 35080300

METAIS 11 42313778

59

51

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

ELETROCALHAS OXIMAG

ALFATEK

32

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

CALDEIRAS ENGEVAP

35

SOLDAS INDUSTRIAIS 16

DIAGNÓSTICO DA FERMENTAÇÃO FAR DIAGNÓSTICO

16 39461800

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

TESTON

CALCÁRIO CALCÁRIOS ITAÚ

11 30432125

DMB

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 8007779070

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

SYNGENTA 10

81 35215971

GRÁFICA

DMB 16 33039796

9

REFRATÁRIOS

GERADOR DE CONDENSAÇÃO

SÃO FRANCISCO PROLINK

19 35080300

PRODUTOS QUÍMICOS

CORRENTES INDUSTRIAIS

BASF

BRONZE E COBRE - ARTEFATOS

9

50

COZEDORES 58

19 35080300

16 35134000

12

DURAFACE

PLANTADORAS DE CANA

AUTHOMATHIKA

15, 17

19 21279400

26, 27

FERTILIZANTES

BANCO CAIXA ECONÔMICA

DURAFACE

MEGA TUBOS

CONTROLE DE FLUIDOS

16 35124312

FERRAMENTAS 54

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

VIBROMAQ

MSBIO

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

16 35138800

AGAPITO

16 39462130

58

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA 38

STRINGAL

11 43479088

38

11 45854676

6

EVAPORADORES ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL ENGEVAP

16 35138800

BMA BRASIL

11 30979328

39

MUDAS DE CANA SYNGENTA

38

TURBINAS 0800 7044304

37

SIEMENS JUNDIAÍ

FEIRAS E EVENTOS

CENTRÍFUGAS BMA BRASIL

11 30979328

39

ENGENHARIA INDUSTRIAL

VIBROMAQ

16 39452825

58

BMA BRASIL

11 30979328

39

FENASUCRO

11 30605000

55

SINATUB

16 35124300

22, 56

LEVEDURAS MSBIO

VÁLVULAS INDUSTRIAIS 16 35124312

26, 27

FOXWALL

11 46128202

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CARTA AO LEITOR

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carta ao leitor

índice

Josias Messias

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 a 11 Ilusão da expansão e consumo sem produção é o drama do setor

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .12 a 22 Comunicação deve estar alinhada às estratégias da empresa Gestão de compras pode auxiliar o caminho ao fim da crise Produtores rurais também podem pedir recuperação judicial

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 a 35 Colheita de cana gera diferentes demandas de espaçamento Verticalização da produção pode suprir elevação da demanda Mosca-do-estábulo usa o canavial para causar dor e prejuízo

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 a 44 Novas soluções revolucionam processo de fermentação etanólica Curso Sinatub - CALDEIRAS, VAPOR E ENERGIA

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 a 48 Minas, Mato Grosso e Pernambuco estão otimistas nesta safra Quebra de 25% da safra beira à calamidade no Maranhão

Usina do Mês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 a 54 CAPA – Diana é case de sucesso

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . .56 a 58

PAIXÃO SEM LIMITE “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Evangelista João, em João 3:16, no verso de amor mais libertador das Escrituras)

“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (Apóstolo João, em 1 João 3:16, no verso de amor mais desafiador das Escrituras)

josiasmessias@procana.com.br

Seja contagiado por esta paixão! Paixão, pés no chão, competência, tecnologia e investimento em pessoal qualificado. Estes são os cinco atributos que explicam o sucesso da Usina Diana, de Avanhandava, SP, cuja matéria especial o JornalCana publica nesta edição. Não por acaso a palavra paixão é a que puxa a fila dos adjetivos. Foi a paixão à primeira vista pela usina que tomou conta de Ricardo Junqueira, quando ali chegou em 2010, e que acabou por contagiar toda a equipe. O resultado é que a unidade hoje esbanja vitalidade, com duplicação e, em alguns casos, triplicação da produtividade. Pés no chão deram a firmeza à unidade para implementar as mudanças necessárias. Isto não significou, entretanto, ficarem travados no mesmo lugar, esperando a crise passar. Caminharam firmes, sem jamais tirar os olhos dos objetivos. Gente competente foi contratada e agregada e toda a equipe passou a fazer parte das decisões da unidade. Das inúmeras reuniões iniciais saíam animados a promover mudanças, ainda que fosse preciso cortar na própria pele. A descentralização deu resultado e os resultados começaram a aparecer. Sempre dividindo as glórias e as mazelas, a equipe de Ricardo Junqueira vem implementando práticas de administração modernas, transparentes e participativas, que premiam a meritocracia. Investimentos foram feitos, não de qualquer maneira, mas sempre a partir de estudos que exigiam mudanças tecnológicas que, comprovadamente, levariam a unidade a um novo patamar de produtividade. Outra decisão fundamental foi tomada no quesito liquidez financeira. A partir de um plano diretor que exigiu meses para ser esquadrinhado, partiu para a meta de crescer organicamente, respeitando a liquidez de caixa, com limite de endividamento. O resultado é que nestes pouco mais de seis anos a Diana se transformou em um case de sucesso: mais que duplicou sua moagem, ao saltar de pouco mais de 756 mil toneladas para 1.650.000 na safra passada. Mesmo nesta crise a companhia mais do que dobrou o tamanho, em números absolutos e relativos, diminuindo os seus custos e aumentando a sua geração de caixa, entre outros feitos, conforme o leitor verá nas páginas 49 a 54. Ao publicar esta história, nosso desejo é que muitos mais no setor sejam contagiados por essa mesma paixão. NOSSOS PRODUTOS

DIRETORIA

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que

propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

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Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Arte Gustavo Santoro - arte@procana.com.br Revisão Regina Célia Ushicawa Jornalismo Digital Alessandro Reis - editoria@procana.com.br

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

PÓS-VENDAS Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

Comercial Leila Luchesi 16 99144-0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 99935-4830 matheus@procana.com.br

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JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

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Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Agosto 2016

A C O N T E C E U GRUPO FITOTÉCNICO Com o tema “atualidades sobre o manejo químico de plantas daninhas de difícil controle em cana-de-açúcar” o Grupo Fitotécnico realizou sua quarta reunião em 19 de julho. O evento aconteceu no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto, SP e contou com a presença dos palestrantes Igor Vanzela Pizo, Marcelo Nicolai e Carlos Alberto Azania.

Pesquisadores IAC: Marcos Landell, Antonio Carlos Machado e Fábio Luís Ferreira

A C O N T E C E

FENASUCRO & AGROCANA 2016 Diretores do Ceise Br, e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho, Carlos Roberto Liboni, aproveitaram visita ao estande da entidade na 31ª Feira Internacional da Mecânica no Anhembi, em São Paulo, SP para lançar, oficialmente, a 24ª edição da Fenasucro & Agrocana 2016. A Fenasucro & Agrocana acontece nos dias 23 a 26 de agosto, em Sertãozinho, SP e reúne os líderes do mercado e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais de 40 outros países. Neste ano, a expectativa é receber mais de 30 mil visitantes/compradores e chegar a uma geração de negócios de cerca de R$ 2,8 bilhões, concluídos até seis meses após o evento.

PRÊMIOS MASTERCANA 2016 Está chegando a primeira das três edições do Prêmio MasterCana: o MasterCana Centro/Sul acontece em 22 de agosto, em Sertãozinho, SP, no dia anterior ao da abertura da Fenasucro & Agrocana; o MasterCana Brasil acontecerá em 19 de outubro, em São Paulo, SP e os troféus do MasterCana Norte/Nordeste serão entregues em 24 de novembro, no Recife, PE. Agende estas datas.


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CANA LIVRE

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Lino Vitti deixa poema como legado ao setor Lino Vitti, um entusiasta do setor sucroenergético faleceu no dia 19 de junho último. Aos 96 anos, Lino era apaixonado pelo agronegócio e poeta. Entre seus versos, legou aos envolvidos no segmento uma singela homenagem, o poema Canaviais, reproduzida aqui. Lino Vitti, 96 anos,

CANAVIAIS

entusiasta do setor

Lino Vitti

Luiz Guilherme Zancaner, presidente do Grupo Unialco

O adeus a Luiz Guilherme Zancaner O executivo Luiz Guilherme Zancaner, presidente do Grupo Unialco, das usinas Unialco, em Guararapes, SP e Alcoolvale, de Aparecida do Taboado, MS, foi vítima de um acidente fatal na estrada vicinal Ângelo Zancaner na noite do dia 26 de junho último. O corpo do empresário de 59 anos foi para a Câmara Municipal de Guararapes, na avenida Marechal Floriano, 583, no centro da cidade. De acordo com informações da polícia, o empresário possivelmente perdeu o controle do veículo depois de uma das rodas ter batido em um bueiro. O veículo capotou várias

vezes e foi parar em um canavial. Ele foi encontrado por um motorista que passou pelo local e viu o carro do empresário capotado. Ele estaria a caminho da usina que presidia. Zancaner também foi encaminhado para a cidade de São Paulo, onde também foi velado e foi cremado no cemitério da Vila Alpina, no dia 28 de junho. Além de presidente do Grupo Unialco, Zancaner também presidiu a UDOP — União dos Produtores de Bioenergia, entre 1997 e 2006. Sua morte consternou todo o setor sucroenergético.

Nesta terra de encantos e riquezas aquinhoada por Deus entre as demais, é um milagre de sonhos e surpresas o eterno verdejar dos canaviais. Flameja o sol no céu, depondo, acesas, no verde mar, fulgurações joviais. E à noite a brisa ensaia mil tristezas e nas cordas das folhas geme em ais. Canaviais, canaviais! Quantas usinas cantando a sinfonia fumegante do açúcar, da garapa, do melaço! E as chaminés, fumando em serpentinas, são imensos charutos de um gigante repimpado e feliz como um ricaço.


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MERCADO

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Ilusão da expansão e consumo sem produção é o drama do setor LIA MONTANINI

Plínio Nastari abre raio-x do mercado atual e mostra as perspectivas para o setor, em Piracicaba LUIZA BARSSI, DE PIRACICABA, SP

Há três grandes elementos que hoje norteiam o futuro do setor: o mercado, a operação e as políticas públicas. A estes três fatores o doutor Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria Agrícola, circunscreveu o setor durante o II Workshop Internacional Sobre Cadeira Sucroenergética, que aconteceu nos dias 20 e 21 de julho na Esalq/USP de Piracicaba, SP. Na palestra sobre o mercado atual e as perspectivas para o setor sucroenergético, Nastari explicou que a colheita de cana crua trouxe uma série de elementos que passaram a ser determinantes para o resultado e futuro do setor. Como exemplo, citou o controle de perda das colheitas. “Quando a colheita era feita manualmente e totalmente controlada pelo homem, o corte era feito muito próximo ao chão. Com a colheita mecanizada, dependendo da mecanização da colhedora e da sistematização do solo, parte da cana é deixada, trazendo a necessidade de maiores cuidados e novos investimentos em tecnologias”, lembrou. De acordo com Plínio Nastari, o país lida com um endividamento elevado da indústria, que antes de passar de 320 milhões a 600 milhões de toneladas de capacidade era relativamente pequeno, chegando a R$ 5 bilhões, o equivalente a R$ 17,00 por tonelada de cana. Informou que a Datagro estima que este endividamento no final da safra passada chegou a R$ 96 bilhões, equivalentes a R$ 154,00 por tonelada de cana, além dos juros médios de 25%. Para a safra 2016/17 espera-se um faturamento de R$ 145,00 por

Plínio Nastari: país está chegando ao limite de oferta de ATR global

tonelada de cana, fazendo com que um número maior de empresas arque com os juros. “Esse é o maior drama da indústria. O Brasil fica assumindo compromissos de expansão, produção e consumo, mesmo sabendo que é quase impossível atingir os níveis desejados”, lamenta o doutor. Plínio Nastari lembrou que o mercado mostra que o país está chegando ao limite de oferta de ATR global, com previsão para esta safra de 45% do ATR total em açúcar, 25% em etanol anidro e 29% em etanol hidratado. O recorde de produção atingindo

na safra 2012/13 com 38,2 milhões de toneladas no Brasil, foi caindo até a safra 2015/16 para 34 milhões, mas para esta safra 2016/17 a previsão é de que a produção volte a 37,4 milhões em nível de Brasil. O etanol, desde a safra 2011/12 vem em expansão, passando de 22 bilhões para 30 bilhões de litros, mas para a safra atual espera-se uma redução, caindo para 28 bilhões de litros. “Isso denota para o Brasil um mercado em transição, pois depois de uma expansão muito rápida em que a moagem de cana praticamente dobrou, o

país passou a viver com uma estagnação de investimento para expansão de capacidade de moagem”, afirma Plínio. Nastari observou ainda que nos últimos dez anos o consumo de gasolina praticamente dobrou, passando de 26,8 bilhões para 53,6 bilhões de litros em gasolina equivalente, com uma taxa média anual de expansão de 7.1%. A partir de 2015, com a mudança do regime de Sistema de Gerenciamento de Conteúdo, em alguns estados o consumo de hidratado cresceu, passando em um ano, de 0,7 milhão para 1,8 bilhão de litros.


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MERCADO

Agosto 2016 FOTOS: LIA MONTANINI

“Há uma luz no fim do túnel, e o fim do túnel está próximo” O II Workshop Internacional Sobre Cadeia Sucroenergética, que aconteceu nos dias 20 e 21 de julho deste ano nas dependências da Esalq, USP, em Piracicaba, SP, foi marcado pela presença de importantes representantes da indústria, que falaram e participaram de palestras sobre o atual momento do setor. A proposta do evento foi reunir profissionais que atuam na cadeia produtiva do setor sucroenergético e em áreas correlatas, com o objetivo de disseminar novas tecnologias,

discutir os principais desafios do momento e apresentar as tendências. Contou com a presença de personalidades como Marcos Landell, Américo Ferraz, Plínio Nastari e Marcílio Gurgel e discursos sobre os desafios da introdução de novas variedades de cana, perspectivas sobre o setor e mercado. De acordo com o analista sênior do Itaú BBA, Guilherme Bellotti de Melo, que dissertou sobre a visão do setor financeiro para a indústria canavieira, as principais raízes da

crise foram a redução do preço do açúcar alguns anos atrás, o congelamento do preço da gasolina por motivos eleitoreiros e os déficits pela falta da contribuição de intervenção no domínio econômico, a Cide. “Na medida em que o setor está melhor se adaptando à mecanização, tanto de plantio como de colheita, a queda de produtividade tende a compensar”, comentou Guilherme Bellotti de Melo. O analista conta que desde 2008 o Brasil

teve mais de 80 unidades produtoras fechadas, mais de 70 em recuperação judicial e nos últimos dois foram perdidos mais de 150 mil empregos diretos, mostrando um setor altamente fragilizado. Para o próximo ano já é possível prever uma recuperação na produção global de açúcar. E o consumo do açúcar segue com um crescimento constante de um a dois por cento ao ano. “Há uma luz no fim do túnel, e o fim do túnel está próximo”, afirma Bellotti. (LB)


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MERCADO

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O setor vai sair da crise, mas não no curto prazo LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

“A manutenção da competitividade setorial é uma condição necessária para a retomada dos investimentos em ampliação da capacidade produtiva, uma vez que, os fundamentos principais que moldam o futuro do setor persistem e continuarão a persistir no horizonte de médio e longo prazo”. Esta é a opinião do head corporativo para o segmento sucroenergético da Siemens, Ricardo Muniz Ferreira. Ele observa que atualmente o setor sucroenergético ainda se recupera dos efeitos negativos da crise financeira do fim da última década. Ao endividamento elevado, somam-se safras de clima adverso, aumento estrutural dos custos e consequentemente o achatamento da rentabilidade das empresas. De acordo com Ricardo Muniz Ferreira, o mercado de hoje diante de suas dificuldades recentes na política de preços dos combustíveis gerou distorções, o que resultou em um aumento de incertezas e na falta de confiança para a realização de novos investimentos. Porém, com a melhor remuneração do açúcar no mercado internacional e a recuperação dos preços do etanol no mercado interno dos últimos meses, os grupos atuantes deste setor estão em fase de recuperação financeira, que têm como prioridade sanar suas dívidas contraídas.

“O setor sucroenergético atravessa um período de recuperação financeira, movido pela melhor remuneração de seus produtos, açúcar, etanol e bioeletricidade. Essa recuperação deve recompor o fluxo de caixa das empresas que poderão voltar a planejar seus futuros investimentos”, avalia. Ricardo conta que ainda crê na retomada do setor, mas não no curto prazo. Entende que por enquanto não será perceptível os investimentos visando o aumento de produção no setor, mas sim a busca pela eficiência energética, por maiores níveis de sustentabilidade e pela inovação tecnológica, temas que para ele, deverão permear a pauta da agenda dos investimentos no curto prazo. “Por isso as empresas alinhadas com o mercado como a Siemens estão preparadas para fornecer soluções inovadoras e integradas que reduzem os custos de produção e manutenção, otimizando o processo produtivo”. A previsão de Ricardo Muniz é que até 2019 espera-se uma manutenção nos fundamentos de oferta e demanda do setor para efeitos positivos na competitividade, que poderão fabricar produtos de maior valor agregado e de maior interesse social. “O setor sucroenergético notabilizou-se por sua capacidade de produzir energia limpa e renovável em larga escala. As metas definidas pelo governo na COP 21 de Paris deverão impulsionar investimentos na área de energias renováveis”, comenta.

Ricardo Muniz, head corporativo da Siemens

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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

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BRASIL CAMINHA RUMO À TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL “Quando não olhamos em perspectiva, caímos no erro de olhar só para o que está perto” LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Quais as perspectivas para a administração do setor diante da crise que o setor enfrenta. Este foi o tema principal da 191ª reunião do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, realizada em 8 de julho, em Sertãozinho, SP.

“Na transformação estrutural é que se abrem as mais notáveis oportunidades de diversificação da economia brasileira” Iniciando com um “bate-bola”, os colaboradores debateram com o público presente assuntos do dia a dia do setor e das empresas da cadeia produtiva. Apresentando o tema principal, a doutora Emanoela Toledo, psicóloga da Unesp, Assis, facilitadora em Programas de Lideranças, discursou sobre a crise e suas perspectivas, abrindo espaço para falar dos ganhos, as perdas e as oportunidades que, quase automaticamente, aparecem nestas ocasiões. — Vivemos em uma época de múltiplas e radicais transformações que ocorrem em um ritmo sem precedentes, desafiando nossa capacidade de reação. Turbulência,

Emanoela Toledo, psicóloga da Unesp/Assis

crise e caos são as palavras da moda —, lembrou. Para a doutora é comum falar de crise e

decadência quando se quer estigmatizar mudanças às quais não se pode compreender. O que para alguns se

configura como incerteza e crise, para outros representará um campo aberto de riscos e oportunidades. “A crise de 1929 provocou mudanças, boas e ruins para os EUA e o mundo e tem repercussões até os dias atuais. Quando não olhamos em perspectiva, caímos no erro de olhar só para o que está perto, e nisto, o problema parece ser maior, porque não olhamos a fase como parte de um desenvolvimento”, explica. Emanoela conta que na elite política, boa parte dela formada durante a ditadura, há também ausência de lideranças capazes de praticar a arte da negociação, essencial a qualquer sistema democrático consolidado, não havendo diálogos entre grupos que têm opiniões e visões divergentes. E que é na perspectiva de transformação estrutural que se abrem as mais notáveis oportunidades de diversificação da economia brasileira. De acordo com Emanoela, o agronegócio também gera oportunidades no mercado, já que desfruta de competitividade estrutural na maioria de seus segmentos. Essa competitividade decorre não somente da extensa base de recursos naturais disponível no país, mas também da competente base tecnológica que se construiu nas últimas décadas e da importante base empresarial que se consolidou nos últimos anos. Em função dessas características, o sistema produtivo do agronegócio encontra-se particularmente apto para novos e significativos saltos tecnológicos. “O Brasil, apesar da crise e de todas as consequências que ainda estão por vir, tem condições de enfrentá-la e dar um salto de qualidade de produtividade, sustentabilidade e inovação e continuar a trajetória de inclusão econômica e social. Mas para que tais percepções ocorram, são necessários líderes empresariais, sociais e políticos que inspirem esses processos criativos de desenvolvimento”, finaliza Emanoela Toledo.


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Comunicação deve estar alinhada às estratégias da empresa Engajamento do público interno é essencial para que as iniciativas nessa área sejam bem-sucedidas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Os benefícios da comunicação interna, externa e institucional para as unidades e grupos sucroenergéticos são indiscutíveis. Na empresa, desempenha papel importante para integrar o público interno, informá-lo sobre assuntos de seu interesse e questões consideradas estratégicas para a alta direção. A comunicação eficaz cria condições para que os colaboradores trabalhem de forma conjunta e alinhada aos objetivos da organização. No relacionamento com o público externo, a divulgação das ações e iniciativas de usinas e destilarias é essencial para promover a imagem da empresa, derrubar mitos e preconceitos sobre a atuação do setor sucroenergético. Com a necessidade de lidar com diferentes públicos, linguagens e ferramentas, a área de comunicação de unidades e grupos sucroenergéticos precisa trabalhar com algumas variáveis. A solução desta “equação”, que apresenta certo grau de complexidade, não é tarefa das mais fáceis. De uma maneira ou de outra, a

Café dos responsáveis por áreas com o diretor Renato Fantacini, na Usina Batatais

comunicação tem uma função estratégica em diversas empresas. Nas usinas Batatais e Lins – localizadas nos municípios com os mesmos nomes no estado de São Paulo –, por exemplo, um dos objetivos do departamento de comunicação é atuar de forma conjunta com outros setores da empresa a fim de melhorar o fluxo de informações e desenvolver o seu trabalho alinhado às necessidades do negócio, observa a publicitária Elizabete Gonçalves Martins, responsável por essa área nas duas unidades. O trabalho do departamento de

comunicação – estruturado em fevereiro de 2014 – tem também a finalidade de assegurar que todos os temas sejam abordados e divulgados da forma mais adequada, de acordo com a estratégia da empresa e com o público de interesse – afirma. Segundo ela, o engajamento do público interno no processo de comunicação tem sido essencial para que as iniciativas e atividades sejam bem-sucedidas. “Ajuda a identificar necessidades e demandas, construir confiança e reputação, além de gerar uma

responsabilidade compartilhada”, ressalta. O departamento de comunicação da empresa realizou inclusive uma pesquisa para entender a percepção, necessidades e expectativas dos colaboradores em relação a comunicação, e a partir do resultado, implementar iniciativas com conteúdo relevante e que possam agregar valor, como o “Café com o Diretor” – informa Elizabete Martins, que possui MBA em Gestão Estratégica Empresarial e atualmente faz MBA em Marketing com Ênfase em Vendas pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.


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Funcionários Informativos mensais e mural esclarecem dúvidas no espalham notícias na empresa “Café com o Diretor” A criação e formatação de diversos canais e ferramentas têm sido fundamentais para que as ações na área de comunicação das usinas Batatais e Lins obtenham resultados positivos. Apesar de ter sido criado há pouco tempo, a partir de sugestões dos próprios colaboradores, o “Café com o Diretor” já está se tornando um importante programa de relacionamento na empresa.

Programa de relacionamento tem como público-alvo colaboradores das áreas administrativa, agrícola, industrial e manutenção automativa Essa atividade oferece a oportunidade dos colaboradores perguntarem, esclarecerem suas dúvidas, fazerem sugestões e conhecerem melhor a diretoria da empresa, promovendo a comunicação direta – afirma Elizabete Martins. A primeira edição do “Café com o Diretor”, realizada em abril, teve a participação diretor agrícola; em julho, do diretor administrativo, Renato Fantacini, e a próxima atividade contará com a presença do diretor industrial. Com periodicidade trimestral e duração de duas horas, o programa tem como público-alvo os colaboradores das áreas administrativa, agrícola, industrial, manutenção automativa das usinas Batatais e Lins que podem participar por meio de inscrição. Cada edição do “Café com o Diretor” tem doze vagas. (RA)

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A comunicação interna é responsável pela divulgação de informações sobre os negócios e a cultura organizacional das usinas Batatais e Lins que impactam o dia a dia dos colaboradores – enfatiza Elizabete Martins. Entre as diversas ações do departamento de comunicação visando o cumprimento de suas metas, um dos destaques é a produção do Canaçúcar, Informativo mensal com matérias relacionadas a campanhas, ações, novas tecnologias, gestão de pessoas, melhorias de processos das áreas administrativa, agrícola e industrial. Direcionado aos diretores, gerentes e líderes das unidades Batatais e Lins, o informativo “Segurança do Trabalho” – também com periodicidade mensal – divulga estatísticas, ocorrências, treinamentos e melhorias na área de segurança do trabalho. Outro veículo de comunicação importante é o mural, canal com informações divulgadas por demanda das áreas, para garantir o acesso de todos os colaboradores às principais informações da empresa – informa. É instalado em áreas de grande circulação e visibilidade. (RA)


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Atividades da assessoria de imprensa fortalecem imagem institucional Á Com o objetivo de fortalecer a imagem institucional das unidades do grupo, o departamento de comunicação das usinas Batatais e Lins desenvolve ainda atividades ligadas a área de assessoria de imprensa, que é responsável pelo relacionamento com jornalistas de veículos nacionais e regionais.

Trabalho inclui elaboração de releases, produção de materiais para eventos e organização de entrevistas coletivas O trabalho inclui, neste caso, a elaboração de releases contendo informações sobre a empresa que possam despertar interesse dos veículos de comunicação, provocando pedidos de entrevista ou informações complementares. “A função básica dos releases é levar às redações notícias que possam servir de apoio, atração ou pauta”, detalha Elizabete Martins.

Elizabete Martins: movimentação intensa lembra a da redação de um jornal diário

Outra atividade da assessoria de imprensa é a elaboração da nota de esclarecimento, que é enviada à imprensa

geralmente em uma situação de crise, na qual é necessário prestar informações à comunidade de um assunto delicado. A

nota pode ser proativa (antes que a imprensa procure a empresa) ou reativa (somente após a abordagem de algum jornalista) – explica a especialista em comunicação. Há ainda a realização da coletiva de imprensa que é organizada principalmente no início da safra, quando o presidente da usina é entrevistado por jornalistas convidados. A assessoria de imprensa elabora também material para eventos específicos com imprensa ou outros stakeholders, como key-messages, background information, Q&A (perguntas e respostas). O amplo e diversificado trabalho do departamento de comunicação não para aí. Outras atividades estão voltadas à comunicação institucional que é responsável tanto pela imagem da empresa quanto por avaliar a aplicação da marca Usina Batatais nos diversos materiais. Possui demandas como produção e atualização do conteúdo do site da empresa, planejamento e elaboração de folders, cartilhas, vídeos para campanhas, eventos, feiras, entre outras ações. A comunicação é intensa e lembra a da redação de um jornal diário. (RA)

Mídias sociais e ferramentas tecnológicas facilitam a interação As ferramentas tecnológicas são aliadas importantes no processo de comunicação das usinas Batatais e Lins. A Intranet – canal online, atualizado diariamente – promove uma comunicação rápida e interativa com os colaboradores, além de servir como suporte e complemento para conteúdo que são resumidos em outros canais, afirma Elizabete Martins. De acordo com ela, outra iniciativa da área é o envio de comunicados por e-mail. “O objetivo é a divulgação de assuntos urgentes, de alta relevância, que demandem alguma ação dos colaboradores ou que impactam sua rotina de trabalho”, diz. As mídias sociais têm desempenhado também um papel muito importante na área de

comunicação das usinas Batatais e Lins, principalmente pela interação com o público e agilidade na disseminação das informações – destaca. Para auxiliar nesse processo foi elaborada uma Política de Mídias Sociais e um Guia Prático com orientações aos colaboradores sobre como se posicionar com responsabilidade, seja utilizando os recursos da empresa ou em seus dispositivos pessoais – observa. As usinas Batatais e Lins utilizam as redes sociais Linkedin e Facebook para fins profissionais com o objetivo de divulgar ações e campanhas da empresa, vagas disponíveis e datas comemorativas. (RA)

A intranet promove comunicação rápida e interativa entre os colaboradores

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Área de comunicação divulga ações socioambientais A divulgação de informações de qualidade a todos colaboradores, parceiros, fornecedores e comunidade faz parte dos objetivos da área de comunicação e marketing da Usina Nardini (Grupo Aurélio Nardini), de Vista Alegre do Alto, SP. Este trabalho tem também a finalidade de fortalecer a imagem da Nardini na imprensa regional e nacional, ressaltando o compromisso da empresa com a sustentabilidade, respeito às pessoas, qualidade e segurança, segundo a analista de comunicação do grupo, a jornalista Cleânia Ferreira de Barros. Para divulgar as iniciativas da Usina Nardini na área de responsabilidade socioambiental, o setor de comunicação tem feito parcerias com as áreas de serviço social e meio ambiente, o que inclui a participação na organização de eventos relacionados ao tema. O resultado desta parceria tem sido bastante positivo. Prova disto foi a realização no final de junho da última edição do projeto Nardini Sempre Verde, que envolveu a participação de aproximadamente trezentas crianças, estudantes do 5º ano do ensino fundamental de cidades da região de Vista Alegre do Alto – informa Cleânia Barros. O projeto tem a finalidade de educar e orientar crianças da comunidade sobre a responsabilidade diante da preservação ambiental. Segundo ela, outro exemplo da importância da atuação da área de

Cleânia Ferreira de Barros: parcerias com as áreas de serviço social e meio ambiente

comunicação foi a conquista da certificação Bonsucro que ocorreu recentemente. “O trabalho de divulgação dessa certificação foi bem recebido por veículos de destaque estadual e nacional”, observa. A divulgação dessas ações traz credibilidade e fortalece o posicionamento da Nardini no mercado, como uma empresa comprometida com causas sustentáveis – enfatiza. Outra iniciativa importante da Nardini na área de comunicação é a revista “Atuação”, uma publicação institucional “com viés comunitário, pois a comunidade

Nardini é composta por todos os colaboradores da empresa” – define Cleânia Barros. Com periodicidade trimestral e tiragem de 3.500 exemplares, a revista relata conquistas dos funcionários, conta histórias relacionadas ao tempo de trabalho na empresa, além de divulgar informações relevantes, como novos projetos, mudanças nas diferentes áreas da empresa, opiniões dos colaboradores sobre assuntos da atualidade, entre outros – detalha. “A publicação tem seus colaboradores como principais protagonistas”, ressalta. (RA)

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Trabalho inclui produção de newsletters, comunicados e releases A newsletter, que é enviada todas as sextas-feiras por e-mail, é outra ferramenta de destaque no trabalho realizado pela área de comunicação, afirma Cleânia Barros. As notícias veiculadas nesse canal também são replicadas nos murais e site da Nardini para aqueles que não têm acesso ao e-mail durante o expediente – informa. Há dezessete murais espalhados pela empresa. Entre as ferramentas e veículos utilizados pela área de comunicação da Nardini incluem-se o Safra de Notícias, publicação semestral para fornecedores; releases pontuais, elaborados sempre quando há assuntos de relevância e comunicados gerais enviados via e-mail. No final de maio, foi lançada a Ouvidoria Nardini que tem como objetivo receber manifestações, como dúvidas, sugestões, críticas de parceiros, fornecedores, colaboradores e comunidade. Além disso, a empresa utiliza as mídias sociais Linkedin e Facebook. “Estas redes sociais têm sido uma espécie de ‘termômetro’, pois podemos ter noção da aceitação de nossos projetos e notícias, além de nos aproximar do nosso público interno e externo”, comenta. (RA)


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Gestão de compras pode auxiliar o caminho ao fim da crise Área é bastante exigida nos momentos de crise, pois é vista como responsável por reduções de custos LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Dentro das estratégias formadas pelos empresários e produtores a fim de manter o equilíbrio de sua economia e o crescimento empresarial no período de crise, é primordial um setor de compras estabelecido na unidade. O objetivo do departamento é identificar que procedimentos e práticas podem ser adotadas para o setor de compras tendo em vista a maximização, segurança e eficácia de suas operações. Para o professor Claudio Mitsutani, diretor executivo e coordenador acadêmico da Procurement Business School e diretor da Atman Consultoria, a gestão de compras em qualquer área é bastante exigida nos momentos de crise, pois é vista como responsável por reduções de custos, economia, gastos e gerenciadora de riscos com os fornecedores. “O Brasil hoje encontra-se em um momento de incertezas, os sinais positivos vêm com as primeiras ações e novas equipes econômicas, mas ainda existe insegurança”, lembra Claudio Mitsutani. Para ele, não há grandes diferenças quanto ao setor sucroenergético, que possui outros aspectos agravantes, como a instabilidade, diminuição dos incentivos e dos olhares estratégicos do governo, efeitos que o segmento vem sentindo durante todos os anos de crise juntamente com a atual crise nacional. “A área de compras varia de acordo com cada empresa. Essa área dentro setor sucroenergético tem grandes desafios, como conseguir manter o fluxo financeiro das aquisições. Além disso, muitos fornecedores

Principal atribuição da área de compras nas usinas é garantir um abastecimento competitivo

vêm sofrendo os impactos dos custos, causados pela inflação e variação cambial”, explica o professor. Em tempos de instabilidade como estes, a principal responsabilidade da área de compras dentro de empresas e usinas é garantir um abastecimento competitivo, vendo as oportunidades de mercado, tentando reduzir os custos e negociando os acordos com os fornecedores que carregam a carga do dólar, além de manter-se atentos ao gerenciamento de riscos, nas áreas específicas, como na parte de equipamentos, manutenções e cuidados com os prestadores de serviços.

Cláudio Mitsutani

“Se mantivermos o olhar positivo perceberemos que a tendência é melhorar. Dependendo da situação de cada usina podese ter esperança de um futuro próximo mais promissor, com uma saúde financeira equilibrada”, aponta Claudio. O professor conta ainda que há dez anos, a gestão de compras era pressionada para redução de custos e atender as demandas. Hoje o cenário mostra-se complexo, onde existe desenvolvimento de fornecedores, geração de inovações e gerenciamento de riscos exigidos pela competitividade, que força o setor a estar cada vez mais inserido em um contexto mais amplo.


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Paulo Luciano Faccin, gerente do Grupo Belfort

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Delitos propositais, como incêndios nos canaviais, não são incomuns

Segurança patrimonial protege e ameniza prejuízos Apesar de tantos investimentos em vigilância e sensores, os furtos dentro das empresas ainda acontecem, e com frequência. Visando reduzir perdas e custos desnecessários nas organizações, é importante também investir em sua segurança patrimonial, onde os furtos podem vir tanto interna quanto externamente. São perdas que podem chegar a mais de 1,5% do faturamento. Dentro das indústrias canavieiras os delitos podem variar desde desvios e roubos

de combustíveis até incêndios causados propositalmente. A primeira etapa preventiva é fazer uma avalição geral de toda a área que deve ser protegida por um especialista. “A maior dificuldade na área de segurança é conseguir cobrir todo o perímetro. Como, em geral, o terreno não é 100% fechado, a maioria das usinas não tem muros ou cercas. Esta falta de cobertura facilita a entrada de indivíduos invasores”, observa Paulo Luciano Faccin, gerente do Grupo Belfort da filial de Ribeirão Preto.

Para ele o necessário seria disponibilizar vigilantes em carros e motos, que cobrissem o território durante as 24 horas do dia, além de deixar o local muito bem iluminado, principalmente com iluminação presencial, que se acende na presença de alguém ou de algum movimento, ainda que de animal. Nas partes mais delicadas, próximas aos tanques por exemplo, seria importante um vigilante durante todo o dia, que fique instalado em uma sala próxima onde possa visualizar as

câmeras que devem cobrir todo o perímetro da empresa. Já as unidades que se encontram em zonas urbanas têm menor custo-benefício já que possuem cercas, muros, além da presença de vizinhos que dispensam um alto investimento em segurança. “As usinas precisam investir mais em tecnologia de segurança patrimonial. Embora precise do investimento inicial, reduz os riscos de prejuízos por conta disso”, complementa Faccin. (LB)


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Produtores rurais também podem pedir recuperação judicial Primeira recuperação judicial do país teve seu processamento autorizado em Jaboticabal, SP LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Produtores rurais endividados também podem pedir recuperação judicial. Em abril deste ano, um casal de produtores rurais de Jaboticabal, SP, conseguiu o deferimento de seu processo de recuperação judicial. A advogada Lívia Gutierrez, de Ribeirão Preto, SP, responsável por este primeiro caso, comemora. “Os produtores rurais também merecem a oportunidade de superar a crise”. Segundo dados do escritório de Lívia, espera-se que o número de casos análogos aumente ainda em 2016. A recuperação judicial pode ser feita a partir da comprovação de dois anos de exercício regular da atividade rural apenas com a apresentação da declaração do imposto de renda de pessoa física. Segundo a advogada Lívia Gutierrez, para ser considerado apto ao programa de recuperação judicial, o produtor rural deve necessariamente estar em meio à crise financeira, mas deve apresentar condições de trabalho de modo que passo a passo consiga sua superação. “Especificamente quanto ao

Lívia Gutierrez, advogada: produtores rurais também merecem sair da crise

produtor rural, é imprescindível que ele esteja devidamente inscrito na Junta Comercial de seu estado como empresário individual antes do ajuizamento da ação de

recuperação”, ressalva a advogada. As regras para a recuperação judicial são as mesmas da pessoa jurídica, uma vez que o produtor rural precisa ser empresário

individual, ou seja, ser também pessoa jurídica, inscrita no CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Por isso, antes de entrar nesta empreitada, o produtor ou a empresa deve analisar cuidadosamente sua situação, incluindo a capacidade de manter em dia seus pagamentos, para assim avaliar a viabilidade de pedir sua recuperação judicial. Em outras palavras, a recuperação judicial é um meio para que a empresa em dificuldades reorganize seus negócios, reestruture sua dívida e possa realmente se recuperar da momentânea dificuldade financeira que atravessa. “A recuperação judicial é prerrogativa à disposição daquelas empresas que se encontram em crise financeira, mas que apresentem, efetivamente, chances de recolocação no mercado, isto é, chances de voltarem a ser saudáveis, como verdadeiros agentes ativos e produtivos dentro da sociedade e da economia”, explica a advogada Lívia Gutierrez, de Ribeirão Preto, SP. O advogado Ricardo Dosso, também de Ribeirão Preto, SP, afirma: “A decisão é inédita no país e abre um importante precedente sobre o assunto. De fato, seria injusto que os produtores rurais não pudessem se valer dos benefícios trazidos pela recuperação judicial a todas as empresas e indústrias dos mais variados ramos, considerando que a economia brasileira tem suas bases sustentadas firmemente pela vocação rural do Brasil”.


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Recuperação é forma de produtor em dificuldades reorganizar seus negócios A crise financeira se alastrou sobre todos os segmentos da economia brasileira. Com isto, as empresas passaram a encarar diariamente a dificuldade de manter o seu quadro de funcionários, pagar pontualmente seus fornecedores e colaboradores e quitar os inumeráveis tributos, além de manter os consumidores satisfeitos com a qualidade e o preço de seus produtos e serviços. Por esses e outros motivos, algumas empresas têm lidado com a triste realidade da falência. A maioria delas sabe que a lei brasileira dispõe de um instituto próprio para tentar salvar as empresas economicamente viáveis que experimentam momentos de crise, a recuperação judicial. “A recuperação é solicitada quando a empresa perde a capacidade de pagar suas dívidas. É um meio para que a empresa ou produtor em dificuldades reorganize seus negócios, redesenhe o passivo e se recupere de momentânea dificuldade financeira. O pedido é feito de forma judicial, porque implica em obter uma determinação do juiz, para que seus credores dilatem e parcelem suas dívidas, onde ela se compromete a executar um plano de contenção de gastos e adequação das atividades para honrar com o plano”, explica o advogado Carlos Gomes da Silva, de Cuiabá, MT. Com as execuções contra a empresa suspensas por seis meses e a possibilidade de negociar condições de pagamento mais vantajosas e que considerem o fluxo de caixa atual, a recuperação judicial permite que a empresa (ou produtor rural) mantenha suas atividades em pleno funcionamento, o emprego de seus funcionários e o interesse dos credores, que precisam ser pagos, preservando sua função social e o estímulo à atividade econômica. As atividades agropecuárias foram atingidas de várias formas pela crise, como dólar mais alto que fez com que o preço de insumos e sementes subissem muito e tornassem impagáveis os empréstimos e financiamentos indexados à moeda estrangeira. Além disso, a advogada Isis Magri Teixeira, também de Ribeirão Preto,

Carlos Gomes da Silva, advogado: para os produtores rurais, a recuperação judicial traz uma série de vantagens

ressalta que as inconstâncias climáticas dos anos de 2014 e 2015 destruíram safras inteiras: “As lavouras e o gado sentiram muito a ausência de chuvas e o sol forte em

períodos atípicos do ano, o que fez com que a conta do produtor rural não fechasse no final da safra. Com as dívidas mais altas e as receitas mais baixas, a base da economia

brasileira está em risco. Todos esses fatores contribuíram para que os produtores rurais de Jaboticabal pleiteassem, e conseguissem, o amparo da lei de recuperação judicial”. Para os produtores rurais, a recuperação judicial traz uma série de vantagens, especialmente no contexto de crise econômica e financeira, como a suspensão de todas as ações e execuções judiciais por 180 dias, a elaboração de plano para pagamento das dívidas, que prevê deságio, carência, e prazos mais alongados, além da possibilidade de negociação direta com os credores. Conjuntamente, apesar de ainda não haver uma legislação própria assegurando esse direito aos produtores, inúmeros deles têm procurado o judiciário requerendo esse direito em analogia às empresas e muitos juízes têm concedido a RJ para eles, nos moldes da Lei destinada a pessoa jurídica. Desta forma, tem se formado vasta jurisprudência, principalmente no Estado de São Paulo, onde esse benefício tem sido buscado e conseguido por inúmeros produtores rurais, principalmente ligados ao mercado sucroenergético. No entanto, deve-se ter cautela ao escolher esse caminho. Lívia adverte que a recuperação judicial é um processo árduo, de longo prazo, e não deve ser banalizado. “O produtor rural precisa estar devidamente registrado como empresário individual na junta comercial de seu estado e ter desenvolvido a atividade de forma regular por no mínimo dois anos para pleitear a recuperação”. Por isso a consulta a advogados especializados é requisito fundamental aos interessados. A decisão pioneira da 2ª Vara Cível de Jaboticabal, SP, demonstra que a difícil situação econômica dos produtores rurais está sendo devidamente compreendida pelos tribunais. O campo emprega, consome, fornece matéria-prima e alimentos e muitas vezes, contribui para o equilíbrio da balança comercial do país com as exportações de suas commodities e pode agora contar também com a recuperação judicial como alternativa em meio à crise. (LB)


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Sensoriamento remoto é eficaz no gerenciamento agrícola LUIZA BARSSI, DE CAMPINAS, SP

Desde dezembro de 2014 o Brasil conta com o sensoriamento remoto do CBERS-4, o mais novo satélite criado através da parceria entre Brasil e China com previsão de duração até o final de 2017. A criação também aumentou a participação do Brasil para 50% levando o país a uma condição de igualdade plena com o parceiro. As atividades de montagem, integração e testes do satélite CBERS-4 foram realizadas nas instalações da Cast — China Academy Space Technology, situada em Pequim. O lançamento do CBERS-4, inicialmente previsto para dezembro de 2015, foi antecipado para 7 de dezembro de 2014. As técnicas de Sensoriamento Remoto — SR, onde as informações da lavoura são obtidas de forma não-destrutiva, rápida e por vezes à distância, têm se tornado de fundamental importância na obtenção e tratamento dos dados do campo. Técnicas de SR desempenham um papel importante no campo em diagnósticos como a estimativa da produtividade, avaliação nutricional, detecção de pragas e doenças, previsão do tempo e avaliação da necessidade hídrica das plantas obtidas em sítio específico. Além de avaliar desmatamentos o uso de satélites para o SR auxilia o monitoramento do meio ambiente e é uma poderosa ferramenta de gerenciamento agrícola. O sensoriamento remoto permite a obtenção de informações com detalhes, 40 cm a um km, em diferentes espaços de tempo de um a 30 dias, com variações de níveis de cores identificáveis, entre outras variáveis. A compilação dos dados, de forma individual ou em conjunto, abre um leque de oportunidades para monitoramento e estimativa de safras de várias culturas, em especial a da cana, que possui grande abrangência,

CBERS-4, o mais novo satélite criado através da parceria entre Brasil e China

além de apresentar relação direta entre resposta espectral e biomassa. O primeiro grande projeto de mapeamento de área de cana-de-açúcar no estado de São Paulo ocorreu no ano safra 1979/80. Este projeto foi realizado através de interpretação visual de imagens Landsat-MSS na escala 1:250.000, nas bandas MSS5 (vermelho) e MSS7 (infravermelho próximo). Foram utilizadas 44 imagens de 185x185 km obtendo-se uma estimativa de área plantada de 801.950 ha, para todo Brasil. Posteriormente, foram realizados estudos que visaram estimar a produtividade agrícola da cana-de-açúcar através de imagens do Landsat e de um modelo agrometeorológico desta em 1990. O INPE — Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, conta com o Programa CBERS — China-Brazil Earth

Resources Satellite em parceria entre Brasil e China no setor técnico-científico, firmada no final dos anos 1980. O primeiro satélite, chamado de CBERS-1 foi lançado em 1999. Já o CBERS-2 foi para o espaço em 2007. Ambos já encerraram as atividades. Hoje, com o novo satélite as evoluções são visíveis, a potência gerada aumentou em mais de 100% e a vida útil passou de dois para três anos, fazendo com que as previsões para o CBERS-4 sejam até 2017. O INPE iniciou a distribuição gratuita pela internet de dados de satélite para usuários brasileiros. Com o apoio do parceiro chinês, os dados também passaram a ser oferecidos a países da América Latina e ao continente africano. A atual política de dados permitirá que os dados dos próximos satélites sino-brasileiros possam ser livremente distribuídos a outros países.


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ENTREVISTA — Daniela Petribu

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades

gesso e o calcário em conjunto com fertilizantes de qualidade formam uma receita de sucesso para altas produtividades. Em nossa região é fundamental também o uso da irrigação, hoje atendemos com uma irrigação complementar grande parte do nosso canavial. Outra ação muito importante foi o uso de condicionantes de solo no fundo de sulco de plantio, isto nos trouxe uma excelente condição de estande e brotação em nossos plantios, garantindo um incremento significativo nas canas de primeiro corte. E visando garantir a estabilidade produtiva do nosso canavial na socaria passamos a utilizar a prática de nutrição complementar via foliar.

Primeira mulher a assumir a presidência de uma usina no Nordeste, Daniela Petribu Oriá dirige a Usina Petribu, de Lagoa de Itaenga, PE. Formada em administração de empresas, trabalha na usina há seis anos e em 2014 recebeu a maior honraria na área de gestão a um executivo do setor sucroenergético, o Prêmio MasterCana 2014 com o título de “Executiva do Ano”, em Recife. Veja sua entrevista: JornalCana — Qual a sua visão sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo produtivo sucroenergético? Daniela Petribu — A produtividade agrícola é o fator determinante para obtermos sucesso e sustentabilidade em nossa atividade. O planejamento das ações envolvidas do plantio à colheita da cana-de-açúcar é fundamental para alcançarmos alta produção por unidade de área. Quanto mais produtivo e eficiente o canavial, menor será seu custo de produção, todas as operações que visem verticalizar a produção devem ser adotadas. Quais decisões vêm sendo tomadas que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais? Temos adotado uma série de medidas técnicas visando maximizar os fatores de produtividade, como por exemplo, controle de pragas e plantas invasoras; uso de variedades adaptadas às condições edafoclimáticas de nossa região; verificação das épocas de plantio; manejo de colheita por ambiente de produção; um manejo químico, físico e biológico

Daniela Petribu Oriá, presidente da Usina Petribu

do solo, utilizando-se as mais modernas tecnologias em termos de insumos, corretivos, máquinas e implementos associados. A adoção eficiente de corretivos de solo, como o

Dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana-de-açúcar, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância? A nutrição foliar veio somar ao conjunto de ações que adotamos, visto que representa um incremento significativo em nossa socaria. É uma prática de alta eficiência, pois aplicamos os nutrientes que irão determinar a produtividade, pois esta é determinada pelos elementos químicos que se encontram em menor disponibilidade para a cana-de-açúcar. A nutrição foliar faz parte de nossa estratégia para atingirmos altos níveis de produtividade. Nesta safra adotamos também o uso de um maturador com atuação nutricional para buscarmos um maior incremento em acumulação de açúcares. Estamos esperando um resultado positivo com mais esta tecnologia. UBYFOL 34 3319 9500 www.ubyfol.com.br


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Colheita de cana gera diferentes demandas de espaçamento Com diversas opções de medidas para o sulco simples, duplo alternado e base larga, história do plantio acompanha mudanças na cultura e quebra paradigmas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A estratégia da moderação e precaução é geralmente adotada por técnicos e especialistas de diferentes áreas quando questionados sobre qual é a melhor solução para determinada etapa do processo produtivo nas áreas agrícola e industrial. “Cada caso é um caso” – e outras frases similares – tem sido a resposta padrão. Essa opinião, genérica e despretensiosa, tornou-se também uma alternativa para as recomendações de espaçamento no plantio de cana-deaçúcar. Com diversas opções de medidas para o sulco simples, duplo alternado e base larga, a história do espaçamento do plantio na cultura tem acompanhado as transformações e demandas geradas anteriormente pelo corte manual e, mais

Victorio Laerte Furlani Neto, especialista em mecanização canavieira

recentemente, pela colheita mecanizada, conforme demonstram estudos realizados pelo engenheiro agrônomo Victorio Laerte Furlani Neto, especialista em mecanização canavieira. Experiente na área, Furlani Neto – que desenvolve diversos trabalhos voltados ao plantio mecanizado – não costuma ficar “em cima do muro” quando o assunto é espaçamento. Ele defende o base larga, sem desprezar os aspectos positivos dos outros sistemas. Para isto, utiliza diversos argumentos e explicações técnicas. O base larga, com espaçamento de 1,80 ou 2,00 metros, requer um menor caminhamento das máquinas, durante a operação de colheita mecanizada, em relação ao sulco simples, que exige um percurso de 6.666 metros lineares por hectare. No sistema base larga, a máquina – compara – percorre 5.000 metros no espaçamento de 2,0 metros ou 5.555 m no caso da utilização de 1,80 metro. Somente este fator já é suficiente para a redução de custos por tonelada colhida – observa. A possibilidade de utilização dos modelos de colhedoras usados no sulco simples ou no duplo alternado é outra vantagem do base larga, afirma Furlani Neto, que é professor aposentado do CCA/UFSCar – Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos, com sede em Araras, SP.


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Base larga resolve problemas provenientes da mecanização Um dos grandes diferenciais do base larga é resolver diversos problemas ocasionados pela colheita mecanizada. Os espaçamentos utilizados neste sistema evitam o pisoteio das soqueiras e melhoram as condições do canavial, o que cria condições para o aumento da longevidade e da produtividade das plantações – destaca Victorio Laerte Furlani Neto.

Sistema cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento das plantações, aumentando a longevidade e a produtividade Paralelismo exemplar na Usina São Martinho

Esse sistema permite também a canteirização, ou seja, o cultivo exclusivamente na linha da cana, havendo a compactação somente na entrelinha. Uma linha no sulco do base larga pode medir, por exemplo, trinta centímetros no fundo e cinquenta na “boca”. Nesse sistema, há uma distribuição das canas mais no fundo do sulco, ou seja, um melhor

enraizamento. Em decorrência dessas condições, as mudas têm mais espaço para se desenvolverem, ocorrendo uma otimização no aproveitamento da luminosidade e do fertilizante pelas gemas. Apesar de ser pouco adotado no Brasil, o base larga já era estudado na década de 1970 por uma equipe de pesquisadores – da qual Furlani Neto fazia parte – do extinto

IAA/Planalsucar. Atualmente, entre as poucas experiências, esse espaçamento começou a ser utilizado há três anos com sucesso pela Usina Jayoro, de Presidente Figueiredo, AM – informa. Segundo ele, esse sistema de plantio é bastante usado na Austrália, inclusive pelo maior produtor de cana-de-açúcar daquele país. (RA)

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Duplo alternado ganha espaço nos canaviais Com o crescimento da colheita mecanizada de cana crua, o sistema duplo alternado tem ampliado o seu espaço em diversos canaviais brasileiros, porque evita o pisoteio da soqueira – como ocorre com o base larga – que costuma afetar as plantações nos sistemas convencionais. Para desempenhar um importante papel na preservação dos canaviais, o duplo alternado – conhecido também como sulco duplo ou combinado – utiliza geralmente medidas, como 0,90 m x 1,60 m ou 0,90 m x 1,50 m. A adoção desse sistema de plantio requer, dependendo dos espaçamentos e dos modelos de máquinas utilizados, a realização de adaptações em algumas colhedoras. O menor caminhamento da máquina que percorre 4.000 metros por hectare no 0,90 x 1,60 m ou 4.555 metros no 0,90 x 1,50 m é um dos aspectos positivos do duplo alternado, conforme avaliação de Furlani Neto. Além disso, o sistema combinado tem o tráfego facilitado em todas as operações mecanizadas, maior estabilidade da colheita em solos declivosos, proporciona boa longevidade dos canaviais, entre outros aspectos positivos. (RA)


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Pisoteio e compactação provocam mudanças no plantio Na história do plantio de cana-de-açúcar no Brasil, o espaçamento de 1,40 metro era predominante nas unidades que tiveram as primeiras experiências com a colheita mecanizada, relata Furlani Neto em trabalho sobre o assunto. A adoção desse espaçamento – também utilizado em áreas com corte manual até 1990 – foi baseada nos primeiros resultados obtidos nos países tradicionalmente canavieiros e em pesquisas sobre o assunto, observa o especialista em mecanização de Araras.

Usinas que adotavam 1,40 metro passaram a utilizar o espaçamento de 1,50 metro para evitar que equipamentos transitem no limite da sulcação Alguns problemas começaram a surgir, em canaviais que utilizavam 1,40 metro, devido à proximidade das esteiras ou rodados das colhedoras às linhas de plantio ou nas socarias subsequentes que transitam, neste espaçamento, no limite da sulcação. “Qualquer tortuosidade nas linhas, torna-se fácil pisotear as laterais das socarias

com as colhedoras ou veículos de transportes no talhão”, comenta. Em decorrência disto, fica difícil a descompactação sem prejudicar os stands de canas/metro, o que aumenta as falhas nas lavouras – constata. De acordo com ele, o pisoteio e a compactação foram os principais motivos para a alteração do espaçamento de 1,40 m para 1,50 m. dando uma folga de 10 centímetros. “Mas, isto ainda é muito pouco, obrigando o uso de georreferenciamento por GPS aliado a pilotos automáticos”, enfatiza. No sulco simples de 1,50 m, é

necessário adotar na colheita mecânica, as bitolas nos tratores e transbordos centrados, com 3 metros de centro à centro, e utilizar pneus de alta flutuação e medidas adequadas para manter espaço seguro de 0.20 centímetros das linhas de cana – recomenda. Em seu trabalho intitulado “Espaçamentos de plantio da cana-deaçúcar”, Victorio Furlani Neto relata que os espaçamentos reduzidos de 0,90 m a 1,10 m – utilizados em áreas com colheita manual – apresentam um aumento considerável no número de colmos/ha, redução no peso dos

colmos, o que resulta em ganho significativo de produtividade por área. Há dificuldades, no entanto, nesses espaçamentos para o tráfego de caminhões. Pesquisas realizadas na década de 1980 continuaram indicando melhores respostas aos menores espaçamentos – observa. “Mas, as colhedoras na época exigiam alterações do 1,10 m para o 1,40 m. Esse espaçamento tirou, portanto, os caminhões dos talhões, onde passaram a trafegar transbordos com 2,80 m de bitolas”, diz. (RA)


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Verticalização da produção pode suprir elevação da demanda Tecnologias e sistemas agrícolas deverão desempenhar um papel importante para o aumento da disponibilidade de cana R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O crescimento vertical da produção agrícola de cana-de-açúcar é um dos caminhos que o setor sucroenergético brasileiro deve trilhar para atender futuras demandas de seus principais produtos (etanol, açúcar e bioeletricidade). A expectativa das usinas e destilarias é que ocorra uma elevação do consumo de seus produtos com a superação das crises conjuntural e setorial e a necessidade de cumprimento de metas ambientais em diversos países, inclusive no Brasil. Além de reduzir a aquisição ou arrendamento de áreas – que têm preços elevados, dependendo da região –, a verticalização contribui para a diminuição de custos de produção. Diversas tecnologias e sistemas agrícolas deverão desempenhar um papel importante para o aumento da disponibilidade de matéria-prima por meio da elevação da produtividade agrícola em toneladas por

hectare, aumento do teor de sacarose da cana, maior oferta da chamada cana-energia. Algumas delas já estão sendo testadas e utilizadas. Outras estarão acessíveis daqui a alguns anos. A utilização de MPBs – Mudas Pré-Brotadas, que modifica o conceito de plantio, cria novas perspectivas para a performance dos canaviais, pois possibilita uma maior taxa de multiplicação devido ao uso de mudas selecionadas e de alta qualidade, isentas de doenças e pragas.

A adoção de sistemas eficientes de plantio é considerada estratégica para a cana de três dígitos, ou seja, com produtividade, acima de cem toneladas por hectare (TCH). O uso correto dos recursos tecnológicos disponíveis – espaçamentos adequados, mudas sadias (sejam MPBs ou convencionais), piloto automático, taxa variável de insumos, aplicação de maturadores, etc – vai possibilitar um melhor aproveitamento do potencial da cultura.

É necessário também – recomendam especialistas – que as usinas utilizem as novas variedades que estão sendo desenvolvidas por institutos de pesquisa e empresas, a partir da realização de experimentos e avaliações corretas. Uma mudança de comportamento no manejo varietal pode romper posturas conservadoras que postergam a substituição de materiais que não atendem mais às necessidades e novas demandas do setor.


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Inovações tecnológicas aprimoram performance da cultura Uma inovação tecnológica que deverá impulsionar a produtividade agrícola, nos próximos anos, será a cana geneticamente modificada, conforme revelam pesquisas na área. O CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, por exemplo, prevê o lançamento da cana transgênica em 2018.

Aperfeiçoamento do processo de mecanização das lavouras de cana é fundamental para que a cultura possa expressar todo o seu potencial produtivo O portfólio com as primeiras variedades geradas pela biotecnologia deverá incluir uma “cana mais produtiva”. A inserção de genes específicos aumentará, neste caso, em 25% a produção em toneladas por hectare. Outra planta geneticamente modificada será a cana que terá um aumento em mais de 20% do teor de açúcar na produção de etanol. O CTC, localizado em Piracicaba, SP, está desenvolvendo também, a partir do uso de ferramentas biotecnológicas, a cana

tolerante a estresse hídrico e a cana resistente a pragas. A superação da crise econômica poderá criar condições financeiras para o uso de uma tecnologia – já disponível no mercado e utilizada por algumas unidades – que tem grande potencial para o aumento da produtividade agrícola. Trata-se da irrigação

ou fertirrigação por gotejamento que leva água e insumos na quantidade certa para a planta por meio de tubos gotejadores, considerando as condições específicas de cada área. Apesar de exigir investimentos elevados para a sua implantação, esse sistema de irrigação conduzido de maneira correta costuma proporcionar resultados altamente

positivos. A produtividade pode ter aumento, em alguns casos, de até 200%. O aprimoramento do processo de mecanização das lavouras de cana é também considerado fundamental para que a cultura possa expressar todo o seu potencial produtivo. No caso do plantio convencional, por exemplo, existe a necessidade de reduzir os danos causados às gemas no processo de colheita de mudas, além de aperfeiçoar a distribuição dos toletes nos sulcos. O CTBE - Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, com sede em Campinas, SP, tem estudado o desenvolvimento de um sistema de distribuição, com maior precisão, que deverá diminuir o consumo de mudas pela metade, entre outros benefícios. No caso do corte mecanizado, um projeto, coordenado pelo pesquisador Jorge Luís Mangolini Neves, tem o objetivo de desenvolver “a máquina dos sonhos” do setor. Estão sendo estudadas algumas mudanças, como a incorporação de um corte de base multifuncional, um sistema de limpeza por insuflamento e novas formas de recolhimento da cana. O CTBE está também desenvolvendo uma máquina, com diversas melhorias, denominada ETC – Estrutura de Tráfego Controlado, com nove metros de largura, que possibilita a passagem dos pneus sobre faixas dedicadas permanentemente ao tráfego e libera o restante da superfície para o cultivo da cana. (RA)


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Michelin começa a produzir pneus radiais Ultraflex no Brasil Fábrica de Campo Grande, RJ, é capaz de produzir 40 mil pneus por ano, com 20 tamanhos diferentes LIA MONTANINI, DO R IO DE JANEIRO, RJ

A multinacional francesa Michelin fortaleceu o anúncio em junho último do início da produção de pneus agrícolas no Brasil ao informar a produção no país dos pneus radiais Michelin Ultraflex, na unidade industrial de Campo Grande, RJ. Estes pneus exercem menor pressão, menor compactação e maior proteção do solo e, em decorrência, trazem maior produtividade, garante a empresa. Presente no Brasil há mais de 30 anos a Michelin investe em pneus de alta tecnologia e com menor compactação do solo. Desta forma, acompanha o desenvolvimento da indústria, que faz aportes cada vez mais pesados em máquinas agrícolas e equipamentos na agricultura. Com o objetivo de atender a demanda de toda América do Sul, a fábrica de Campo Grande deverá produzir, numa escala crescente, 40 mil pneus por ano, com 20 tamanhos diferentes de pneus radiais, considerados os mais apropriados para a agricultura de precisão. O pneu indicado para veículos de transporte de cana-de-açúcar e carretas é a CargoxBib, com estrutura imbatível em comparação à resistência de rolagem e capacidade de carga e proteção do solo, transportando cargas pesadas em baixas pressões e/ou alta velocidade. O MachxBib é apropriado para tratores de alta potência, proporcionando economia de combustível e tração. Para máquinas

Pneus AxioBib: para máquinas agrícolas de forte potência

Nour Bouhassoun, presidente da Michelin na América do Sul

agrícolas de forte potência, de mais de 250 CV, com ganho de produtividade, no tempo de trabalho e economia de combustível, o indicado é o AxioBib. Estes são os três modelos radiais produzidos pela Michelin no Brasil na fábrica de Campo Grande, Rio de Janeiro. Para o diretor mundial da divisão agrícola da Michelin, Emmanuel Ladent, investir em pesquisa e inovação para o campo e estas novas tecnologias é valorizar o agricultor que pode aumentar até 4% de produtividade de sua fazenda, gerando uma economia de 31%. “O Brasil, país com a maior extensão de terras aráveis no mundo, apesar de ter evoluído significativamente na competitividade do setor agrícola, tem o desafio de progredir de forma expressiva nos próximos anos. A oferta de pneus agrícolas com a tecnologia de ponta Michelin contribui, de forma significativa, para a produtividade da agricultura nacional, responsável hoje por 23% do PIB brasileiro”, explica Nour Bouhassoun, presidente da Michelin na América do Sul. Nour Bouhassoun está convicto de que os pneus radiais Michelin Ultraflex vão garantir o desenvolvimento econômico sustentável e alavancar a economia do país. “Com a mecanização, a produtividade da agricultura brasileira tem evoluído progressivamente, mas ainda há espaço para continuar crescendo. Hoje, apenas cerca de 6% dos pneus agrícolas vendidos no Brasil são radiais, enquanto que na Europa esse número chega a 87%”, observa Emmanuel Ladent, diretor mundial da Divisão Agrícola da Michelin. “Apostando neste potencial, a Michelin tem como meta consolidar sua liderança no mercado brasileiro de pneus radiais agrícolas, contribuindo assim de forma significativa para esse avanço”, conclui.


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Mosca-do-estábulo usa o canavial para causar dor e prejuízo Inseto se multiplica nos restos de cultura da cana, canais de vinhaça e montes de torta de filtro LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

No Noroeste de São Paulo, a mosca-doestábulo está causando prejuízos para pecuaristas, especialmente na produção de leite e os canaviais têm sua parcela de culpa neste mal. O Mato Grosso do Sul também sofre com os ataques. A mosca, que pode ser encontrada em diferentes lugares do mundo e sobreviver a diferentes temperaturas, também se multiplica nos restos de cultura da cana-de-açúcar, nos encharcados de vinhaça e montes de torta de filtro. Além de ser habitual frequentadora de locais onde se acumula matéria orgânica, como os próprios estábulos e lixões públicos, este inseto encontra lugar para reproduzir e se alimentar na vinhaça utilizada para fertirrigar o canavial. Ao atacarem o gado das redondezas, causam grandes perdas para o gado de leite e para o gado de corte. As moscas picam os animais, provocando dor e feridas. Para tentar se proteger, eles se aglomeram, comem menos que o necessário e perdem peso. Os animais

ficam irritados, inquietos com a quantidade de moscas ao redor. Os criadores encontram dificuldades para lidar com a praga e acabar com o sofrimento do gado. As fêmeas parem e não conseguem amamentar as suas crias, em função de tantas moscas em cima delas, picando. Também conhecida como mosca-dobagaço, o que a diferencia da mosca doméstica é que sua picada causa ferida. A

perda de peso do gado acontece também nas propriedades. Os criadores comentam que nunca viram tanto sofrimento da criação. A mosca-do-estábulo sempre existiu em zonas rurais, principalmente onde há criação de gado, mas nos últimos tempos a quantidade aumentou. A região com mais proliferação é cercada de cana-de-açúcar e tem usinas que, segundo os criadores, vem despejando muita vinhaça no solo nos

últimos anos. O produto fica empoçado no solo. De acordo com o veterinário Francisco Junior de Souza, é preciso que as usinas cuidem melhor da vinhaça dispensada: "Está dando condições para o desequilíbrio dessa mosca na nossa região e se tornando uma praga". Os criadores se uniram e protocolaram na Cetesb — Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, um documento pedindo providências urgentes.


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Da prevenção ao combate A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — Embrapa, registrou em 2015 surto do parasita em todo território nacional, com perda de 10% a 30% no ganho de peso do gado e até 50% de redução na produção leiteira, causando um prejuízo anual superior a um bilhão de reais. A fiscalização das plantações de cana-de-açúcar perto de propriedades rurais é realizada periodicamente. Quando são detectadas irregularidades, os departamentos técnicos das usinas são notificados para fazer a correção no manejo que inibe a proliferação da mosca. A recomendação do Ima — Informática de Municípios Associados é a de que os canais de irrigação sejam mantidos limpos. Também deve haver redução da quantidade de vinhaça que é depositada sobre a palha. Vazamentos resultantes da irrigação devem ser supervisionados, evitando-se o acúmulo de poças de vinhaça. Segundo a empresa, é a existência de poças que impulsiona o aumento da quantidade de moscas. Para os pecuaristas que têm o rebanho perto de usinas, a recomendação do IMA é a de que procurem o escritório do órgão sempre que notarem um alto índice de infestação de moscas. Com essa informação, os fiscais do IMA farão um levantamento na

propriedade para identificar possíveis locais de reprodução ou excessos na irrigação com vinhaça. Segundo a pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Taciany Ferreira Dominghetti, embora as moscas não tragam prejuízos diretos para o produtor de cana-deaçúcar, elas precisam ser controladas como outras pragas que atingem o canavial. Se por um lado esta praga não afeta a produtividade da lavoura, já está nítido que traz vários ônus para a usina e para o produtor, como investimentos onerosos e de difícil gestão, conflitos com a sociedade, problemas sociais e indenizatórios e dificuldades na obtenção de licença ambiental. Há registros de protestos que chegaram a paralisar o funcionamento de uma usina. Taciany conta ainda que no Mato Grosso do Sul uma usina investe cerca de R$ 500 mil por ano para minimizar o problema. Já em Minas Gerais, outra empresa gastou mais de um milhão contra a mosca-dos-estábulos. E quanto mais a usina demorar para agir diante do problema, mais terá de gastar futuramente. No entanto, Taciany recomenda que as empresas busquem orientação técnica adequada e conhecimentos atuais para tomar quaisquer providências. Caso contrário o problema poderá aumentar. (LB)

Canais de fertirrigação mal cuidados facilitam proliferação da mosca

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Soluções turbinam processo de fermentação etanólica Treinamento prepara equipe para alto rendimento e ganhos contínuos

Análise técnica detalhada, leveduras com elevada taxa de conversão e integração com outros setores da usina estão entre as principais ações R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A realização de detalhada análise técnica, a seleção e a introdução de leveduras mais resistentes e produtivas, o treinamento e a integração de equipes para a obtenção de ganhos contínuos, são ações que estão gerando resultados altamente positivos para as usinas brasileiras. Essas e outras ações são disponibilizadas pela MSBIO, empresa especializada em fermentação de alto rendimento do Pró-Usinas, e têm a finalidade de viabilizar uma fermentação com eficiência superior a 92% durante a safra, criando condições para o incremento da eficiência e da lucratividade das usinas. Leveduras que apresentam elevada performance na fermentação e baixo consumo de insumos têm sido um dos diferenciais deste trabalho realizado pela MSBIO. “O entendimento de que a fermentação é o coração da produção de etanol já é antiga, a diferença agora é a consciência de que o coração da fermentação são as leveduras, especialmente aquelas erroneamente chamadas de selvagens, pois são estas que predominam a maior parte da safra e, de fato, produzem o etanol brasileiro”, comenta Lina Silber Schmidt Vitti, consultora técnica da MSBIO. De acordo com ela, a levedura desempenha um papel fundamental na fermentação, mas pouco se conhece dela e de seu potencial específico. Por esta razão, o trabalho da MSBIO foca no perfil produtivo das leveduras, selecionando as

Dornas de fermentação na Denusa

mais recentes e mais produtivas para reinjetá-las no processo da usina visando obter e manter altos índices na fermentação o tempo todo. “A MSBIO seleciona e introduz periodicamente na fermentação da usina as leveduras mais resistentes,

predominantes e produtivas disponíveis, sejam obtidas a partir das melhores leveduras presentes no próprio processo de fermentação ou, se necessário, de cepas selecionadas”, explica Josias Messias, presidente do Pró-Usinas.

Com o objetivo de integrar e incentivar as equipes de destilarias a buscarem soluções para a obtenção de ganhos contínuos, a MSBIO realiza treinamento in company que aborda os conceitos de Fermentação de Alto Rendimento. O programa do treinamento prepara a equipe para avaliação dos fatores que impactam a fermentação a partir da análise de dados, ações proativas e adoção de soluções. O treinamento abrange todas as fases do processo que podem influenciar direta ou indiretamente o rendimento da fermentação etanólica. Matéria-prima, microbiologia de processo, principais pontos de atenção e controle estão entre os temas abordados no treinamento. Entre os tópicos, um dos destaques é a avaliação do Impacto dos diversos aspectos da cana na fermentação alcoólica, considerando fatores, como qualidade, impurezas e contaminantes. Outro assunto abordado é a análise dos parâmetros em relação aos padrões de controle, para identificação das não conformidades. Há ainda a execução de exercícios, envolvendo a equipe da usina, para análise dos parâmetros e padrões do processo, além da discussão dos problemas usuais de fermentação e de soluções a partir da utilização de ferramentas de qualidade. “Somente uma equipe motivada, capacitada e integrada consegue obter soluções eficazes e ganhos contínuos diante da constante transformação dos ambientes e organismos que compõem o processo de fermentação”, enfatiza Josias Messias. Supervisores, microbiologistas, líderes, encarregados e outros profissionais envolvidos no processo de fermentação compõem o público-alvo do treinamento. (RA)


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Análise integrada identifica principais pontos de melhoria Até que ponto as usinas e destilarias brasileiras têm conhecimento e domínio sobre seu processo de fermentação? Qual a eficiência fermentativa máxima é possível obter no meu processo, considerando as condições, equipamentos e equipe atuais? Para ajudar as unidades produtoras de etanol a responderem estas questões, a MSBIO realiza uma análise técnica integrada que tem como função diagnosticar as principais causas de problemas que impactam a fermentação e ajudar a equipe a planejar soluções e a tomar ações que gerem melhorias e ganhos contínuos – explica Lina Vitti.

O foco é equacionar dificuldades como presença de leveduras floculantes, contaminações bacterianas, baixo rendimento fermentativo A partir de análise estatística dos dados do processo – como gráficos de correlação, de controle e coeficientes de variação –, o trabalho da MSBIO permite localizar, detectar e quantificar os principais pontos de melhoria no processo, envolvendo matéria-prima, instalações, leveduras e procedimentos. Há diversas situações específicas que são equacionadas a partir da análise integrada apresentada pela MSBIO, como problemas no tratamento do caldo, presença de leveduras improdutivas ou floculantes, contaminações bacterianas, gastos elevados com insumos, entre outros que provocam baixo rendimento fermentativo ou altos custos de produção. As causas dos problemas da fermentação são

Denusa

encontradas, na maioria dos casos, em três vertentes, constata Nadir Caetano Júnior, consultor especializado em Diagnóstico dos problemas na Matéria-Prima. Uma delas está relacionada as constantes mudanças na matéria-prima, que alteram significativamente as correlações entre os parâmetros usuais da fermentação. Outra vertente são as modificações no equilíbrio físico-químico e microbiológico do processo, inclusive com novos tipos de contaminações bacterianas e

aumento na resistência dos microrganismos conhecidos. E ainda a baixa capacidade das equipes de operação em analisar e resolver situações atípicas, considerando que o processo de fermentação depende da gestão simultânea de dezenas de parâmetros para ser estável e eficiente. “Os gestores, que possuem conhecimento e experiência técnica, nem sempre dispõem de tempo para se concentrar nesta questão”, observa. (RA)


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Levedura selecionada na própria usina estabiliza processo As soluções disponibilizadas pela MSBIO não estão voltadas apenas para as unidades sucroenergéticas que enfrentam problemas na fermentação. A Usina Carolo, de Pontal, SP, por exemplo, contou com o trabalho da empresa na seleção de leveduras em sua fermentação, porque buscava um melhor rendimento e a otimização do seu processo, segundo Ramiro David, gerente industrial da unidade,

Realização de trabalho, que começou a ser desenvolvido pela MSBIO no início da safra, visa a redução de custos e o aumento da produtividade Equipe industrial da Carolo: Nestor Molina, Paulo Coelho, Alex Ravagnani, Nilton Santos e Vinicius Silva

Houve, neste caso, a introdução de uma levedura resistente e produtiva selecionada no próprio processo da Carolo durante os últimos meses da safra passada. A realização deste trabalho, no início da safra 2016/17, visa a redução de custos e o aumento da produtividade – enfatiza o gerente industrial. “Um dos ganhos principais foi a estabilidade da levedura frente às mais variadas condições físico-químicas

encontradas no processo durante os primeiros meses de safra. Conseguimos manter uma viabilidade alta e constante”, diz Alex Ravagnani, gerente de produção da Carolo. Essa unidade sucroenergética de Pontal tem alcançado uma estabilidade na sua eficiência fermentativa em torno de 90%, mesmo com o mix voltado para o açúcar. O trabalho da MSBIO foi o de seleção da melhor levedura diante das condições

encontradas no processo fermentativo da Carolo, multiplicação e posterior injeção no início da safra – detalha o gerente de produção. Segundo ele, a MSBIO permanece prestando serviço para a usina, selecionando novas cepas mais produtivas e adequadas, realizando monitoramento semanal da fermentação, assim como acompanhamento diário dos relatórios de análise e controle microbiológico quando necessário. Em caso

de necessidade ou de oportunidade de ganhos no rendimento, uma das novas cepas selecionadas poderá ser reintroduzida no processo da Carolo. Além da utilização da nova levedura, essa unidade adotou medidas para a melhoria do controle e da performance da fermentação, como o controle de temperatura e a ampliação do espaço físico da fermentação. (RA)


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Retirada seletiva evita floculação do fermento e reduz contaminantes A equipe da MSBIO é formada por profissionais experientes que têm capacitação e vivência para verificar oportunidades de melhorias e ganhos na fermentação. Exemplo disso é a recomendação para que as unidades sucronergéticas façam a retirada seletiva do fermento mais floculado e das bactérias aderidas a ele por meio da sangria do fundo das dornas. Esta medida tem a finalidade de evitar a floculação do fermento e reduzir os contaminantes da fermentação – afirma Lina Vitti. Durante o período entre a pós fermentação e a centrifugação, pode ocorrer separação do fermento mais floculado e outros materiais contidos no vinho, formando um depósito no fundo cônico das dornas – explica. Em diversas

usinas o procedimento de retirada não é comum, acarretando reciclo desse material inadequado para o sistema de fermentação. Este fundo de dorna (lodo) é composto de sólidos provenientes do mosto, areia, bagacilho, coloides, flocos de leveduras maiores e pesados, bactérias e leveduras mortas – detalha Lina Vitti. Quando esse lodo não é retirado, pode sujar e entupir com maior frequência o filtro de vinho, e na centrifugação, pode causar maior desgaste nos bicos da centrifuga. Os consultores da MSBIO apresentam algumas alternativas para a sangria desse material – que deve ser bem monitorada –, para evitar a redução em demasia da concentração de fermento nas dornas e para viabilizar a recuperação do etanol presente neste lodo. (RA)

Lina Vitti e Nadir Caetano Junior

Super Cepa aumenta a eficiência em unidade de Goiás

Equipe da Denusa: partida do fermento no início da safra com uma super cepa de levedura

A elevação da eficiência e os ganhos econômicos também são proporcionados não apenas pela seleção e reinjeção da levedura mais produtiva da própria usina, mas também pela partida do fermento no início da safra com uma super cepa de levedura que apresenta alta taxa de conversão do ART em etanol. Os benefícios dessa solução, disponibilizada pela MSBIO, estão sendo experimentados pela destilaria Denusa, de Jandaia, GO. Ao iniciar a safra com uma super cepa da MSBIO, essa unidade sucroenergética já registrou nos primeiros meses de safra 2016/17 um ganho de 0,5% na eficiência da fermentação. A Denusa apresentou também, em pouco tempo, um grau GL alto e com uma recuperação de três litros de etanol a mais por tonelada de cana em relação à safra passada. Em decorrência dos resultados obtidos, a expectativa da empresa é a obtenção de um ganho de 2% na eficiência geral da indústria na safra. (RA)


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Estiva aumenta exportação de energia em 6% e gera mais de R$ 2 milhões em lucro DA REDAÇÃO

As implementações do S-PAA, software de gerenciamento e otimização em tempo real do processo produtivo das plantas sucroenergéticas, já vêm apresentando resultados, retornando o investimento e rendendo lucro para as usinas que o implementaram nesta safra. Este é o caso da Usina Estiva, localizada em Novo Horizonte, interior de São Paulo, que já apurou os resultados obtidos com o sistema no tocante a energia e consumo de vapor. Em relação ao balanço de energia, o foco de atuação do S-PAA na usina Estiva foi na estabilização do vapor vegetal para o processo e no equilíbrio energético de toda a planta. O SPAA calcula on-line a necessidade de entalpia em cada ponto do processo e determina sua origem mais econômica e equilibrada. Atuando em Laço Fechado na carga dos geradores e na pressão do vapor de escape e vegetal, o sistema determina em tempo real qual gerador é mais eficiente e que atende a demanda de entalpia do processo, maximizando a geração de energia, buscando sua melhor eficiência e estabilizando a operação das caldeiras. Com cerca de 30 dias de operação com o S-PAA, a usina já pode notar que o sistema cumpriu sua função de Gestão Industrial Avançada e alcançou o objetivo de estabilização do vapor de processo e de equilíbrio energético de toda a planta, reduzindo a utilização de válvulas redutoras e alívios, e mantendo as caldeiras em uma condição mais estável. O resultado desta gestão em tempo real do balanço energético se refletiu no aumento da geração e exportação de energia. “Nossa usina produzia cerca de

Josias Messias, do Pró-Usinas e Fúlvio Fiorin, da Usina Estiva

521,5 MW de energia por dia e após a implantação do S-PAA passamos a produzir 551,00 MW, um aumento de 29,5 MW diários de energia”, afirmou Fúlvio Fiorin, gerente de produção da usina. Além do aumento direto na exportação de energia, a estabilização do balanço energético da planta trouxe ganhos adicionais. “Ficamos muito satisfeitos com os resultados preliminares e conseguimos analisar outros ganhos como, por exemplo, na destilaria onde reduzimos em 0,13% as perdas em relação à

safra 2014, período de melhor resultado obtido pela usina antes da implantação do software”, ressaltou Fiorin. “Aumentamos também a recuperação de condensados em pelo menos 20 m3/h”, lembrou. A Estiva precificou estes resultados tomando por base o preço de energia pago pelo atual contrato de exportação da usina e o preço de mercado do etanol. Os ganhos com o crescimento na exportação de energia e economia de vapor com o aumento do retorno de condensado,

alcançam R$ 1.800.000,00 por safra. Já os resultados com a redução das perdas na destilaria são de cerca de 1.101 l/dia, ou R$ 300.000,00 por safra. Estes resultados somados chegam a mais de R$ 2.100.000,00 em uma safra e trouxeram retorno do investimento na aplicação em menos de 60 dias. Apenas levando em conta os resultados com o gerenciamento de energia. Vale ressaltar que os resultados com o aumento da recuperação da fábrica de açúcar, rendimento fermentativo, extração da moenda, redução de paradas por conta de equilíbrio da vazão de caldo e outros pontos ainda estão em avaliação, e os dados preliminares destes pontos mostram que vão se somar aos ganhos já precificados. Os resultados financeiros já apurados são relevantes, mas o engenheiro da Soteica, Douglas Castilho, lembra que “os ganhos financeiros são uma pequena porção do retorno proporcionado pelo software, que estimula a capacitação dos profissionais, estabelece a padronização da operação, a estabilidade operacional, o aumento na agilidade e na precisão das atuações, além do monitoramento da eficiência dos equipamentos e impacto na rentabilidade global da planta industrial”. “O trabalho da Estiva com o S-PAA está apenas no início e com certeza trará ainda mais retorno ao longo das safras com a disseminação do uso do sistema nos demais setoresda planta”, lembrou Douglas Castilho. O case da Estiva é mais um que comprova o desempenho do S-PAA como ferramenta de Gestão Industrial Avançada, que segue aumentando a eficiência operacional, otimizando os processos e gerando lucro a suas 12 usinas clientes.


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José Esteban R. Diaz, Josias Messias, Carlos Alberto Pedrosa, José Campanari Neto e Francisco Linero

CALDEIRAS, VAPOR E ENERGIA Curso de caldeiras supera expectativas de representantes nacionais e internacionais O curso de Caldeiras, Vapor e Energia, promovido pelo grupo ProCana – Sinatub no hotel Oásis Tower em Ribeirão Preto, SP, que aconteceu em 12 e 13 de julho deste ano e contou com a presença de 12 palestrantes de diversos estados brasileiros e um convidado do México.

“O evento foi muito bom, trouxe tecnologias recentes, inovações, experiências de pessoas do setor, bem como os cases que foram muito importantes e determinaram para onde o setor está pendendo”, afirmou o palestrante e chefe de engenharia e tecnologia industrial da Odebrecht Eldorado, Leandro Francisco de Araújo Giovannetti. Leandro abordou o tema “Usina com cogeração de excedentes de 100 kwh/tc” a partir de case em sua própria unidade. Entre os dois dias de evento, foram 16 horas de ministrações, conduzidas por mais de dez palestrantes, além dos grupos de

debates. Representantes de empresas dos estados brasileiros e um convidado especial do México participaram do evento. “Nós já recebemos muito apoio do Brasil e o curso ajudou ainda mais a pensar nas inovações para o futuro”, ressaltou o engenheiro José Esteban Rico Diaz, da Usina Puga no México. “Os cases me despertaram atenção para temas que talvez não olharia com tantos detalhes no dia a dia e que vão gerar resultados para a usina”, acrescentou o gestor de negócios e palestrante Jeferson Fernando Hining. Para o chefe do departamento de

engenharia do CTC — Centro de Tecnologia Canavieira, Francisco Linero, o curso é uma forma de disseminar novas tecnologias para outras usinas. “Tivemos várias usinas presentes nesses dias. Assim, informamos e aprendemos com nossos colegas”, afirmou. “O setor sucroenergético é baseado em referências e o evento tornou-se uma vitrine para os empreendedores do setor sucroenergético”, lembrou o representante da Siemens do Brasil, Murilo Sgobbi. “O conteúdo do curso está bastante interessante e o público seleto”, acrescentou.


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Case da Equilíbrio comprova retenção máxima de bagacilhos de 97% na Peneira Rotativa à Pressão Análise de melhoria de processo mostrou que, ao acrescentar o equipamento na segunda filtração do caldo misto, os índices de retenção de sólidos subiram cerca de 25% Um estudo de caso recente realizado em uma usina de açúcar e etanol do Estado de São Paulo, com processamento de cana por safra de 3.250.000/ton, mostrou números significativos de eficiência no tratamento do caldo misto após a introdução da Peneira Rotativa à Pressão (tela de 100 mesh), da Equilíbrio. Detentora da tecnologia, a empresa desenvolveu o equipamento para realizar a segunda filtração do caldo misto, aumentando a remoção de sólidos. A análise constatou o aumento relevante na produção de açúcar de 52 sacos/dia e de etanol de mais de 850 litros/dia, além de uma redução na torta de filtro de 10 kg/tc após a Peneira à Pressão instalada. Ao todo, foram recuperadas 13 mil toneladas de bagaço. “Com o equipamento no início do processo, existe ainda uma redução de resíduos sólidos que ocasionam o entupimento e incrustação dos trocadores de calor e evaporadores, por exemplo. Isso impacta, inclusive, no tempo entre as limpezas desses equipamentos que fica mais espaçado”,

explica, Priscila Fernandes Coppede, engenheira química da Equilíbrio responsável pelo estudo. Segundo Carlos Alberto Celeste Jorge, presidente da

Equilíbrio, com o balanço do último estudo de caso, é possível recuperar o investimento na Peneira Rotativa à Pressão em até quatro meses de operação. “É importante dizer que, seguir as instruções de utilização e manutenção do equipamento é essencial para alcançar números tão positivos. Estamos satisfeitos com esse retorno e queremos que o mercado comprove esses dados em suas plantas”, acrescentou. A Peneira à Pressão já está presente em grandes grupos de usinas no Brasil. De acordo com o engenheiro Jerônimo E. Pandolfi, gerente industrial do Grupo JB, Unidade Lasa, em Linhares, ES, a recomendação para a aquisição do equipamento foi feita pela Unidade JB, em Vitória de Santo Antão, PE, que estava satisfeita com o produto. “Adquirimos dois equipamentos de 300m3/h e percebemos, dias depois, uma redução na contaminação bacteriana e uma maior praticidade operacional”, comentou. Na América Latina, países como Colômbia, Honduras, Peru e Panamá já desfrutam desta tecnologia. A pesquisa foi realizada pelo departamento de análises químicas em conjunto com o departamento comercial da fabricante do equipamento que tem acompanhado os números do produto desde o seu lançamento oficial em 2009. Equilíbrio 16 3946 2433 www.equilibrio.ind.br


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Minas, Mato Grosso e Pernambuco estão otimistas nesta safra LUIZA BARSSI,

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VALINHOS, SP

Na maioria dos estados brasileiros, fornecedores, CEO’s e dirigentes das grandes usinas e sindicatos trabalham para continuar mantendo a boa produtividade, ainda que em meio à crise econômica nacional e a desordem climática. Os representantes do setor nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Pernambuco mostraram suas perspectivas para este segundo semestre do ano e para o início de 2017. As perspectivas comerciais são boas em todas as áreas do setor, especialmente para o açúcar, que vive um momento excelente em termos de procura no mercado internacional e no câmbio. Esta é a opinião do diretor do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais — Siamig, MG, Mário Campos. O mercado de etanol está aquecido, o que possibilita a venda de grande quantidade do produto, observa Campos. Ele se mostra otimista: “Para o próximo ano já esperamos um mercado mais animador”. Nem mesmo as exigências ambientais rigorosas o desanimam. “Na realidade, elas auxiliam o mercado do etanol porque leva todos os envolvidos a

uma conformidade nas práticas que resultam em maior credibilidade ao setor”, diz o diretor. Mário Campos ressalta que, devido à alta taxa de juros, o setor se encontra endividado e nem sempre consegue manter a produção em alto padrão. Tem dificuldade no capital de giro e esta falta de dinheiro reflete em todas as áreas. Na industrial, desde a reforma da planta até a agrícola, na renovação dos canaviais e compra de insumos, por exemplo. Em Minas Gerais, em julho, a safra estava bem adiantada, com moagem excelente, informa Mário Campos, mesmo com alguns reflexos da seca no início do ano. “Mas temos que lembrar que em 2015 tivemos as melhores produtividades agrícolas, portanto, estamos comparando com um número alto”. Para ele, no médio e longo prazo o setor precisa investir em pesquisa e desenvolvimento, em prol de tirar o máximo possível dos hectares de cana. Para isso ele indica as quatro áreas onde deveria haver mais investimento: em variedades de cana-de-açúcar mais produtivas, etanol de segunda geração, incorporação de palha para mais energia e produzir energia a partir de biogás.

Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindalcool, MT


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Setor precisa poder fazer venda direta do hidratado, pede Renato Cunha Situação está favorável no Mato Grosso

Para Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, PE, o setor sinaliza melhoria, sobretudo oriunda do mercado internacional do açúcar. Contudo, ressalva, como será um incremento advindo de fundamentos do mercado internacional, reflete um déficit na relação entre produção e consumo. “Para muitos analistas esse déficit é da ordem de 6 milhões de toneladas”, informa. “Assim, não será uma fase melhor, motivada por autogestão ou por ações de governos, mas por influências econômicas externas”. Cunha explica que o segmento no Brasil estava sem matriz de preços remuneratórios de forma adequada, nos últimos anos, pelo fato de suas duas principais commodities, o açúcar e o etanol estarem, simultaneamente, sem remuneração que suplantasse custos de produção, notadamente o etanol, atrelado a um congelamento artificial da gasolina, praticado intransigentemente pelo governo anterior ao atual, que ainda também não teve tempo e não demonstrou como será sua política para combustíveis. O presidente do Sindaçúcar, PE, lembra também que os aspectos climáticos apresentaram chuvas imprevistas na colheita do Centro-Sul, mas que não devem diminuir as expectativas de safra, apesar de acarretarem mais custos desnecessários. “As adequadas chuvas no atual inverno do Nordeste, depois das secas intensas nos últimos três anos-safra, deverão propiciar uma certa recuperação, com crescimento em torno de 10 % em relação à safra passada”,

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, PE

observa. “Nossas preocupações regulatórias são intensas, posto que a agência regulatória não sinalizou nesses anos iniciativa de promoção de audiências públicas regionais. Há uma série de iniquidades que prejudicam regionalmente o setor e não há ressonância para uma solução”. Mas Cunha acredita em retomada; “Ainda dá tempo para mudar”. O consumidor e o produtor sofrem com as importações de etanol, já que o preço para o consumidor não é diminuído e o produto de origem toma espaço da produção nacional no fluxo de vendas do mercado interno.

“Para Renato Cunha, um problema mais grave foi criado pelas distribuidoras de grande porte que não admitem deixarem de deter a exclusividade da venda direta ao canal de distribuição sem a alternativa dos produtores poderem vender também o hidratado. “Pretendem ainda, importar etanol com autorização do governo, o que será o precedente anunciado e explícito para o fechamento ainda maior de muitas indústrias de cana-de-açúcar, desempregando e acabando a circulação de renda nos agricultores e tirando do ramo de cana”, finaliza, indignado. (LB)

O Mato Grosso não sofreu tanto com a crise e a situação se mantém estável, informa o diretor executivo do Sindalcool — Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso, Jorge dos Santos. De acordo com ele, o estado vem mantendo a produção ao longo dos últimos anos em torno de 17 mil toneladas de cana e 1 bilhão e 100 mil litros de etanol. “Somos pioneiros em etanol de grãos, e até hoje temos três unidades flex produzindo cana e etanol. Os momentos de crise são passageiros. Posso dizer que estamos em uma situação confortável e tranquila, com boa produtividade e o mercado atendido corretamente. Mas podemos melhorar”, explica o diretor. (LB)


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Quebra de 25% da safra beira à calamidade no Maranhão LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

A situação do setor sucroenergético no estado do Maranhão é preocupante. A presidente do Sindicanalcool, Cintia Ticianelli conta que, em função da seca e com as traquinagens do El Niño, a região contabilizou grandes prejuízos. A seca vem desde 2015 e piorou em 2016. Esta falta de chuva trouxe resultados devastadores, lembra. “No Nordeste a situação é dramática e trágica. Posso dizer que chegamos em um ponto de calamidade pública, com 25% de quebra”, lamenta a presidente. Porém, essa quebra de produção tem sido suprida pelas entradas de etanol importado pelo porto de Itaqui, MA. O porto está constantemente sendo aperfeiçoado na parte de granéis sólidos e o terminal líquido continua a crescer, mantendo o foco no etanol para atender a demanda do estado. Tem como função principal servir como corredor de entrada e saída dos produtos, mas para Cintia é preciso olhar com cautela. “Os produtos importados devem permanecer no Maranhão, porém, apenas em período de entressafra, para não competir com nossas unidades locais e causar mais prejuízo”, explica. A presidente Cintia lembra que não há o que se fazer em relação ao clima. É necessário esperar bons resultados da La Niña para recuperar a safra. “Temos que encarar a seca, todos estão lutando, as crises existem e temos que encarar”, finaliza Cintia. O Sindicato de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e do Pará — Sindicanalcool é filiado ao FIEMA e junto com outros 27 sindicatos do Maranhão, trabalha para reverter a situação. A ideia

Itapecuru Bioenergia, uma das integrantes do setor maranhense

inicial do sindicato era unir forças entre os estados do Maranhão e Pará, incluindo as empresas associadas de ambos os estados.

Incialmente foi fechado uma parceria com Agro Serra (MA), Maity (MA) e Pagrisa (PA), que permanecem trabalhando juntas até hoje.

Em 2010 foram incluídas duas novas empresas ao sindicato, TG Agroindustrial (MA) e Itapecuru Bioenergia (MA).

Cintia Ticianelli é herdeira de uma história de perseverança Filha do sócio-fundador de duas destilarias, uma localizada no Mato Grosso e uma no Maranhão, Cintia Ticianelli conta que seu pai assumiu dívidas de empresários que iniciaram o projeto na época de 1970 do Proálcool e decidiram não continuar no ramo. Cintia tinha 19 anos e cursava economia quando seu pai faleceu, o que aumentou seu desejo de trabalhar no setor. Admiradora do trabalho árduo de seu pai, que nasceu pobre, mas conquistou seus objetivos através da vontade de ajudar seu estado. “Ele sempre teve veia de empreendedor e eu me preparei para seguir seus passos”, conta Cintia. Na época do falecimento dele as usinas passavam por um difícil momento de endividamento. Ainda nova, Cintia assumiu o lugar de seu pai, sentindo-se na responsabilidade de continuar seu trabalho como filha mais velha. “Recusei uma oportunidade de emprego em Chicago para continuar com o projeto”, explica. Cintia vive o Sindicanalcool. Ela admite que para isso são necessários alguns

sacrifícios com a família, mas o que a motiva é saber que hoje 1.700 pessoas estão empregadas dentro do setor sucroenergético e ela contribui com isso. “O Brasil está onde está pelo setor produtivo e pode voltar a ser uma grande nação a partir do reconhecimento da liderança política do valor deste setor que sempre contribuiu e contribuirá para tirar o país deste profundo abismo”, comenta. Casada e com dois filhos, atuando há 21 anos dentro do setor, Cintia diz que aprendeu sobre todas as áreas, assumindo os riscos e se apaixonando cada vez mais. O fato de poucas mulheres atuarem nesse setor nunca foi motivo para ficar desmotivada. Ao contrário. Cíntia explica que respeita muito todos os homens com quem já trabalhou, mas espera que o número de mulheres cresça no setor e elas se destaquem cada vez mais. “O setor sucroenergético é perfeito para quem gosta de desafios e mulheres adoram desafios”, finaliza a empresária. (LB)

Cintia Ticianelli: emprego recusado em Chicago para continuar trabalho do pai


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USINA DIANA, UM CASE DE SUCESSO LUIZ MONTANINI, DE VALINHOS, SP

Quando chegou na pequena Avanhandava, oeste paulista, em 2010, a intenção do engenheiro civil pós-graduado em administração de empresas Ricardo Junqueira era dar uma ajeitada rápida na Diana — Destilaria de Álcool Nova Avanhandava, e passá-la adiante, como diz o jargão popular. Vender a usina e voltar para a metrópole paulista o mais rápido que pudesse era o seu objetivo. O que Junqueira não esperava era que acabaria se apaixonando por essa Diana e, por extensão, pelo próprio setor sucroenergético. Desde então, conta, ele e sua equipe, com quem sempre divide as glórias e mazelas, vêm implementando práticas de administração modernas, transparentes e participativas, que premiam a meritocracia. O resultado é que nestes pouco mais de seis anos a usina se transformou em um case de sucesso: mais que duplicou sua moagem, ao saltar de pouco mais de 756 mil toneladas para 1.650.000 na safra passada e duplicar sua produção de etanol anidro e hidratado, passando de cerca de 30 mil m3 para 60 mil m3. A produção de açúcar, por pouco não foi triplicada, ao sair de 41.931 toneladas para 110 mil toneladas. Satisfeitos com os resultados, mas jamais acomodados, o corpo diretivo da

Diana traçou novas metas. Em outubro de 2015 debruçou-se por 60 dias na formatação de seus compromissos referentes aos valores, missão, visão e objetivos de longo prazo. O documento, que se tornou o plano diretor da companhia, incluiu todas as áreas, com o objetivo de levar a Diana a moer 2.250.000 toneladas de cana na safra e produzir 120 mil toneladas de açúcar VHP e 90 milhões de litros de etanol total, entre anidro e hidratado, se possível na safra de 2021. Limitou, também, a safra a, em condições climáticas normais, ter um período máximo

de 240 dias, iniciando por volta do dia 1 de abril e encerrando por volta do dia 30 de novembro de cada ano. Outra decisão fundamental foi tomada em relação ao quesito liquidez financeira. Seu plano diretor documentou como meta crescer organicamente, respeitando a liquidez de caixa, com limite de endividamento. — Creio que temos tido sucesso nessas práticas pois, mesmo nesta crise , mais do que dobramos o tamanho da companhia, em números absolutos e relativos , diminuindo os seus custos e aumentando a sua geração de

caixa (EBITDA) — comemora o CEO Ricardo Junqueira, ressaltando que esses números são auditados pela KPMG desde 2012. Junqueira acrescenta que a Diana sempre tem o cuidado de dar condições ao colaborador para se capacitar e se destacar através da meritocracia. E que o investimento em pessoal qualificado não para. “Neste momento iniciamos uma nova fase, mais profissional, por isso contratamos diretores mais experientes e consultorias específicas, sempre atentos ao melhor retorno para a empresa, pay back, relação custo/benefício e ao caixa da companhia”.


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Renovação na logística, administração e produção explicam sucesso Em maio deste ano, a Usina Diana comemorou seu 35º aniversário com sua 30ª safra de cana-de-açúcar. Fundada em 7 de maio de 1981, a Diana é resultado de um antigo projeto de seu fundador Armando Viana Egreja, que já possuía em sociedade com seus irmãos a Usina Campestre, em Penápolis. A construção da destilaria iniciouse no ano de 1983 e foi instalada há oito quilômetros do perímetro urbano de Avanhandava. A transformação da Diana em case de sucesso veio com uma renovação em todo o planejamento de logística, administração e produção. Na área agrícola a unidade renovou e plantou mais de 12.000 ha de cana, modernizou e ampliou a área agrícola, tanto no plantio como na colheita. Estas mudanças são parte do novo plano diretor agrícola da usina, que inclui, entre

outras ações, análise e tipificação de todos os solos e levantamento da qualidade do canavial por satélite três vezes ao ano. Além disso, foram cruzadas todas as informações da tipificação de solo com os dados do satélite e o banco de dados para fazer um planejamento adequado de variedade e manejo do canavial. “Estamos fazendo um canteiro de viveiro de mudas com diversas variedades: precoce, média e tardia. E temos 1/3 de cana própria em terra própria, com mais 1/3 de cana própria em terra arrendada e 1/3 de cana de fornecedores”, explica Ricardo Junqueira, CEO da unidade e presidente do conselho de administração da Usina Diana. O raio médio da usina, de 15 km, facilita e barateia a logística de CTT — corte, transbordo e transporte. A usina está colhendo, transbordando e transportando 300 toneladas por hora. (LM)

100% do plantio e da colheita são mecanizados na Diana Cem por cento do plantio e da colheita são mecanizados. O canavial possui índice de 85 toneladas por hectare, com idade média de 3,4 anos. A unidade possui ainda área experimental de 200 hectares irrigados por gotejamento. A tecnologia agrícola implementada pela Diana está avançada. Iniciou a agricultura de precisão, tanto em nível de máquinas no plantio, como na colheita. Até mesmo a adubação recebe cuidados. São precisos nas amostras e análises de solo e plantas, a fim de lhes fornecer os insumos necessários e na medida exata. O Plano Diretor Agrícola (PDA) da Diana é focado no aumento progressivo da produtividade e longevidade do

canavial, perfil varietal adequado, melhor qualidade da matéria-prima colhida e redução dos custos. Contempla os tipos dos solos e ambientes de produção, formação de blocos de colheita, definição da melhor época de preparo do solo, plantio e colheita. O Plano de Manutenção Automotiva , Equipamentos e Máquinas é focado na excelência de resultados, buscando a redução de custo de reparo e manutenção (CRM), aumento da confiabilidade dos ativos, de redução do consumo de combustíveis e lubrificantes, bem como aumento da disponibilidade dos equipamentos que posterguem decisões de renovação da frota sem afetar a qualidade dos serviços. (LM)


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Dois corações e um poderoso pulmão Há quem diga que para funcionar com saúde uma usina precisa de dois corações, um agrícola e outro industrial, e um poderoso pulmão, o comercial/financeiro. A Usina Diana tem conseguido ao longo destes seis anos manter saudáveis estes órgãos vitais e, por isto, tem sido reconhecida como case de sucesso no setor. O coração industrial da Diana tem batida compatível ao da sua idade, 35 anos. Já não é precipitado como um jovem rapaz e tampouco acomodado como o de um velhote. Trabalha com equilíbrio. Ao analisar o balanço de vapor e energia seus engenheiros descobriram onde estavam os gargalos e onde poderiam melhorar a eficiência. A unidade fez algumas mudanças e investimentos e os resultados apareceram. Os principais foram estes: Compra e instalação de duas modernas caldeiras dobrando a capacidade de geração de vapor; Compra e instalação de dois modernos turbogeradores, mais do que dobrando a capacidade existente de cogeração de energia; Instalação de nova linha de moenda com 4 ternos; Modernização e ampliação da capacidade da fábrica de açúcar e da destilaria; compra de duas centrífugas de açúcar; Acompanhamento de toda e qualquer quebra e/ou parada para, se for o caso, dar atenção maior à entressafra; Melhoria dos índices, números e performances a cada safra, por meio de um planejamento de manutenção preventiva e corretiva já considerada uma das melhores do setor, sempre respeitando a relação custo/benefício. (LM)

Área industrial da Usina Diana: resultados apareceram após investimentos


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Área comercial/financeira saudável é terceira haste do tripé que sustenta a Diana A comercial/financeira, terceira haste do tripé que, ao lado das áreas agrícola e industrial mantêm uma usina ereta e sem grandes oscilações, recebe atenção especial na Usina Diana. Seu corpo diretivo toma algumas precauções e providências, informa Ricardo Junqueira, CEO da Usina Diana. Entre elas, destacam-se: Fica sempre atento aos momentos e aos picos dos preços do açúcar, etanol e da moeda dólar (US$); Procura sempre iniciar uma safra com pelo menos 1/3 dos preços dos produtos fixados, respeitando sempre a proporcionalidade entre as moedas US$ e R$ do endividamento da empresa; Utiliza as operações de derivativos

(hedge , OTC , NDF) apenas como ferramentas de proteção de preços, nunca para especulação; Procura deixar o estoque de etanol alinhado com as condições de preço e demanda do mercado, reservando sempre, pelo menos, 1/3 da produção para ser vendida na entressafra; Na área financeira, adota a norma de que o endividamento da companhia deve ser adequado e solúvel, sempre menor do que o valor de referência de 1 tonelada de cana na esteira; Estipula que a relação entre o endividamento e a geração de caixa (EBITDA) deve ser sempre menor do que (<) 3,0 e, ao final dessa safra, no dia 31/03/2017, esse valor deve ficar = 1,15. (LM)

Ricardo Junqueira, CEO e presidente do Conselho da Usina Diana

“Temos a melhor equipe do setor” é mais que frase de efeito “Temos a melhor equipe do setor”. Mais que uma frase de efeito motivador, esta é uma convicção na Usina Diana. Não apenas Ricardo Junqueira a utiliza, mas a maioria de seus colaboradores pensam assim. Para chegar a este nível de convicção a Diana investe, primordialmente, em pessoas e na sua capacitação. A unidade inaugurou um Centro de Capacitação e Integração dos Colaboradores onde já realizaram mais de 500 cursos e por onde já passaram mais de 3 mil alunos.

Alguns dos integrantes da Usina Diana: meritocracia é o sistema adotado

— Nossa visão, nunca é demais repetir, é tornar-se uma referência no setor sucroenergético por meio de um crescimento sólido dentro das melhores práticas de governança corporativa, inovando sempre e quebrando paradigmas — lembra Ricardo Junqueira. “É, de fato, nossa missão, estabelecer compromissos de longo prazo, construir relacionamentos estratégicos pautados na confiança, considerando sempre em primeiro lugar o SSMA (Segurança, Saúde e Meio Ambiente) e respeito às leis”. (LM)


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A vida é mais do que só trabalho ou lazer, ensina Renata Sodré Junqueira O trabalho social desenvolvido pela Diana é intenso, explica Ricardo Junqueira. Ele atribui esta vocação ao envolvimento com pessoas ao caráter altruísta da principal acionista da empresa, Renata Sodré Junqueira, para quem a vida é mais do que só trabalho e/ou só lazer. “Há de haver equilíbrio e bom senso em nossas atitudes”, apregoa. De alguma forma, esta maneira de ver o mundo envolveu toda a equipe da Diana. “Acreditarmos ser justo devolvermos um pouco à sociedade daquilo que fomos agraciados, por isso procuramos direcionar mais esforços para educação, pois cremos que somente através da educação o ser humano se desenvolve e se capacita para correr atrás dos seus sonhos, para se tornar uma pessoa consciente dos seus direitos e deveres, bem como reivindicálos e melhor contribuir para sociedade em que vive”, explica Ricardo Junqueira. Entre outras ações, a Diana aposta nos jovens e apoia o esporte juvenil na região, além de contribuir com hospitais e a Santa Casa. (LM)

Renata Sodré Junqueira prega equilíbrio e bom senso nas atitudes

Empresa se destaca em ações comunitárias e profissionalizantes

Sebastião Muniz de Queiróz

A Diana hoje conta com aproximadamente 1.350 colaboradores diretos, e mais de 15.000 indiretos. Criou o Centro de Capacitação e Integração Diana (CCI) onde já conseguiu disponibilizar vários cursos profissionalizantes de especializações tanto para os colaboradores como para a população de Avanhandava cumprindo o seu objetivo de capacitar, treinar e integrar a empresa, seus colaboradores e comunidade. A empresa ganha destaque no apoio a um projeto social de educação, o Projeto Empresa Educadora, que visa melhorar a qualidade do ensino nas escolas da região

beneficiando com recursos tanto estudantes como professores. A unidade contratou três novos diretores, todos com bastante experiência e atualizou a composição do corpo diretivo da Companhia. A presidência do Conselho é compartilhada por Sebastião Muniz de Queiróz (ex-CEO) e Dra. Renata Sodré Junqueira (principal acionista); o diretor executivo (CEO) é o engenheiro Ricardo Martins Junqueira (ex-presidente do conselho); Gerson Ferreira é o diretor administrativo/financeiro; João Roberto Silva de Amaral é o diretor industrial e o diretor agrícola é o agrônomo Márcio Antonio Nono. (LM)


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BMA fortalece presença no Brasil Empresa fabrica no País a última geração de centrífugas automáticas e contínuas A BMA Brasil Equipamentos Industriais já está fabricando no Brasil a última geração de centrífugas automáticas e contínuas, desenvolvida por sua casa matriz na Alemanha. Presente no Brasil desde 2012, quando inaugurou o seu escritório na cidade de São Paulo, a BMA iniciou em 2014, o processo de nacionalização das centrífugas em sua unidade fabril localizada em Indaiatuba, SP. Hoje a BMA Brasil oferece ao mercado centrífugas com financiamento Finame — Financiamento de máquinas e equipamentos. Além de centrífugas de açúcar, a BMA Brasil também fornece cozedores verticais contínuos, secadores de açúcar de leito fluidizado, bombas de massa e difusores de cana e bagaço. Toda essa gama de produtos conta com o suporte de técnicos especializados em operação assistida, diagnóstico, manutenção e atualização tecnológica de equipamentos antigos.

“Tanto a estrutura da empresa quanto os serviços prestados reafirmam nosso compromisso em atender integralmente nossos clientes”, afirma Henrique Degen, diretor geral da BMA Brasil. BMA Brasil 19 3935 6810/11 3097 9328 www.bma-worldwide.com

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Tecnologia de micro-ondas controla teor de substância seca nos xaropes e massas A medição da concentração e densidade através de micro-ondas é uma das mais modernas tecnologias utilizadas na indústria açucareira para controle de processos. Em seus primeiros anos esta tecnologia foi utilizada apenas para a detecção industrial de nível. Desde 1996 a proMtec introduziu a tecnologia de micro-ondas para controlar as medições do teor de substância seca nos xaropes e massas na indústria do açúcar. As primeiras instalações foram realizadas apenas em cozedores tipo batch. Devido a várias melhorias desta tecnologia, foi logo usado em cozedores contínuos, em tubulações com vários diâmetros e para o controle completo do brix nos estágios dos evaporadores. Os últimos desenvolvimentos têm sido feitos para controlar o teor de brix do caldo bruto. O produto foi criado por idealizadores competentes e com experiência de 20 anos em condições industriais reais, há mais de dez anos, em 60 países e no Brasil a parceria entre a proMtec e Authomathika foi consolidada. São muitos anos de companheirismo e profissionalismo entre as empresas. A Authomathika é distribuidora e “solution provider” exclusiva no Brasil. Com uma experiência de 30 anos em instrumentos de medição industrial, o

fundador da empresa de proMtec, Theisen, olha para o passado com orgulho de todo o setor alimentar, químico, de tratamento de águas residuais, indústria de papel, mineração e construção e principalmente da indústria de açúcar. A gigante indústria açucareira no Brasil é um importante mercado para a proMtec, que tem soluções de medição para todo o processo de obtenção do açúcar, medição de brix de massas A/B dos cozedores, medição de brix nos estágios de evaporação, na diluição dos méis, magma, medição da concentração do lodo na saída do decantador, entre outras aplicações. A proMtec informa que apresenta um pacote de desempenho, flexibilidade e disponibilidade para o mercado; expertise e competência no processo açucareiro e presença no mercado mundial; além de serviços de manutenção e calibração locais com a Authomathika. Aproximadamente 6.000 unidades foram vendidas e instaladas com sucesso. Os clientes se revelam satisfeitos com a proMtec e elogiam sua exclusividade, garante a empresa.

Karl-Heinz Theisen, fundador, proprietário e diretor administrativo

Authomathika 16 3513 4000 www.authomathika.com.br


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Como recuperar e revestir flanges de moenda com eficiência Devido a necessidade de os flanges terem uma superfície resistente à abrasão, o processo de soldagem tornou-se o mais eficiente para este fim. Menor desgaste ao longo da safra diminui riscos de embuchamentos nas laterais de bagaço e também permite a limitação das folgas laterais protegendo os frisos de moenda, dentes da bagaceira e pentes. Os flanges têm como função também vedar, portanto, a superfície soldada deve ser usinada e retificada. Assim o consumível de soldagem escolhido deve apresentar dureza e resistência à abrasão a qual a superfície estará sujeita. Pequenas trincas transversais aos cordões de solda não apresentam riscos para a peça, por isso é fundamental o uso do arame adequado. Do processo de soldagem dependerá a boa concordância dos cordões, tempo de soldagem, número de passes, deformações, consequentemente tempo de retífica e a de material de solda. Os processos de soldagem recomendados são arame tubular (FCAW) cordão filetado, arame tubular (FCAW) cordão oscilado, eletro Escória (ESW) utilizando fita e fluxo. O processo FCAW filetado é o mais utilizado, superou o eletrodo revestido devido sua taxa de deposição. Já o processo FCAW oscilado apresenta cordões mais largos e planos, menor número de cordões, menor deformação, melhor sobreposição dos cordões o que reduz a incidência de poros e inclusão de escória. O cordão oscilado ajuda na concordância do cordão seguinte, diminuindo as falhas da superfície do depósito, o que ajuda na operação de retífica, reduzindo a quantidade de

material a ser retirado, diminuindo muito o tempo de operação e o consumo do abrasivo. Como inovação o revestimento de flange utilizando o processo ESW é o mais eficiente para este tipo de serviço, utilizando fita e fluxo como consumíveis

de soldagem. As vantagens em relação aos processos anteriores são a alta taxa de deposição, 12 a 24 kg/h, o excelente acabamento superficial, a baixa diluição, 8 a 12%, a menor deformação após soldagem, devido ao baixo ‘heat input’, o

nível de defeitos e descontinuidades próximo à zero e o menor tempo de usinagem. Voestalpine 11 5694 8733 www.voestalpine.com/welding


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