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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO
Julho 2016
O BATOM SOBE LENTAMENTE AO ALTO ESCALÃO! Mulheres em altos cargos ainda ganham salário inferior ao dos homens no setor LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Apesar da grande melhora contra os preconceitos ao trabalho das mulheres dentro das empresas sucroenergéticas, as diferenças ainda existem, principalmente nas áreas administrativas. Porém, algumas mulheres já superaram o tabu e sobem ao poder, ainda que lentamente. De acordo com o IBR — International Business Report, Women in Business, uma pesquisa realizada em 36 países, mostrou que o número de mulheres em funções executivas cresceu de cinco para vinte por cento no ano de 2015. As empresas brasileiras apresentam um baixo índice de contratações de mulheres executivas quando comparados a outros países. A média global é de 24% e o Brasil atinge apenas 19% de cargos de alto escalão ocupados por mulheres, estando à frente ainda do México, Argentina e China. Apenas a Rússia garante que possui 100% de companhias com ao menos uma executiva líder trabalhando. No Brasil, no ano passado, a rotatividade de executivos no topo das organizações aumentou de 10,9% para 21,1%, a maior taxa dos últimos quatro anos. Em uma pesquisa com apenas 33 empresas, apenas 4 delas indicaram mulheres para o mais alto cargo executivo. Em 2014, nenhuma mulher ascendeu ao cargo nas empresas que tiveram a transição para CEOs. No setor sucroenergético as mulheres representam nove por cento na área agrícola e quando somadas à área administrativa passam para onze por cento. A União da Indústria de Cana-de-açúcar — UNICA, é presidida por Elizabeth Farina desde 2012, a primeira mulher a liderar a unidade. “O rótulo do sexo frágil não existe mais. As mulheres mostram todos os dias que são capazes de gerenciar a casa, cuidar do marido e dos filhos e, ainda assim, trilhar novos rumos e trabalhar em qualquer área. A minha vida não é diferente. Assumir a presidência da Unica foi um desafio que enfrento com entusiasmo, determinação e energia”, explica Farina. Segundo José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, o setor tem aproximadamente vinte executivas nas áreas de RH. “O salário é próprio de cada empresa. Ainda há um diferencial
Elizabeth Farina, presidente da Unica
quando comparado ao sexo masculino, porém não dá para afirmar se é regra ou exceção”, observa. Uma pesquisa realizada no início de 2015 apontou que mesmo mulheres que alcançam cargos de diretoria, presidência e chefia, possuem um salário 30% inferior quando comparado com salários de homens do mesmo cargo. A pesquisa anual da Catho, site de classificados de empregos, mostra que quanto menor o cargo, maior é a diferença. No cargo de técnico, por exemplo, um homem ganha em torno de R$ 2.300,00 e uma mulher R$ 1.800,00. Já na área de executivos de alto escalão um gerente ganha aproximadamente R$ 19.200,00, enquanto uma gerente do sexo feminino recebe R$ 18.600,00. A mudança deve começar dentro do conceito do mercado e da indústria. Muitas empresas de recrutamento e seleção olham com desconfiança para mulheres, duvidando de suas capacidades de conciliar emprego e vida pessoal. Estudos feitos pela professora Regina Madalozzo mostram que empresas com conselho de administração reduzem 12,5% as chances de uma mulher ocupar o cargo. O conselho majoritariamente masculino diminui a chance de escolha de uma CEO do sexo feminino. “A baixa identificação com uma candidata CEO, devido as diferenças naturais do gênero, pode influenciar negativamente a escolha dessa profissional para o cargo”, explica a pesquisadora. Desde 2002, a participação feminina na liderança aumentou 109,93% e o salário tem subido ano a ano. Se as mudanças em relação aos preconceitos e discriminações mantiverem esse mesmo ritmo, espera-se que a igualdade seja notada em um curto período de tempo.
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