JornalCana 263 (Dezembro/2015)

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JC 263

11/30/2015

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ACÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

Dezembro 2015

Adriano Pires: País não consegue criar política pública de diversidade bioenergética

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Ricardo Junqueira, da Usina Diana, quer ampliação da causa

Brasil deveria valorizar mais o setor na COP21 Pelo fato da cana-de-açúcar ser uma fonte de energia renovável e limpa, eventos ambientais como a COP21 representam uma oportunidade que o setor tem para ficar mais visível e reconhecido entre os ambientalistas de todo o planeta. Mas nem sempre as políticas governamentais do Brasil colaboram. Profissionais do setor esperam que haja mais transparência nas decisões do Estado. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), lamenta o fato do Brasil exercer políticas fracas em favor do setor. “Essa questão da energia renovável poderia ser a catapulta para levar o Brasil a uma grande liderança, mas infelizmente o Brasil não a exerce e nem a defende. Em função de omitir a liderança e ter um papel secundário, influencia pouco nas decisões”.

De acordo com Adriano Pires, em relação à biomassa o Brasil não tem uma política bem definida para gerar energia elétrica. “A bola da vez em termos de energia renovável é o vento”. Nada contra, claro, mas o Brasil não consegue criar uma política pública que fique centrada na diversidade bioenergética. Sobre o etanol, Adriano Pires sustenta a importância do governo valorizar mais a sustentabilidade do biocombustível. Assim, segundo ele, é melhor ter a Cide como tributo ambiental do que não ter nada; mas o valor de R$ 0,10 ainda é muito baixo. “Na COP21, em relação aos combustíveis o Brasil deveria propor a criação do imposto ambiental que vai incidir sobre os combustíveis fósseis, em particular gasolina e óleo, que é um derivado de petróleo muito sujo. Devíamos estar vendendo a ideia

desse tributo. Assim, o Brasil exerceria liderança no processo e incentivaria outros países para que o fizessem também de maneira efetiva”. Adriano Pires também lamenta o fato de que as conferências anteriores favoreceram o setor, mas o que não colabora são as decisões federais. “O grande inimigo para o setor tem sido o governo brasileiro nestes últimos anos. Quem deixou o etanol quebrado, o setor endividado, usinas fechando e algumas em recuperação judicial foi a ausência de uma política de incentivo ao etanol”. Por fim, Adriano sugere a criação de políticas que tragam soluções no longo prazo. Aumentar o preço do combustível fóssil, reduzir as alíquotas do ICMS, são casos de sucesso, mas que não apresentam estabilidade, segundo o presidente do

CBIE. “O Governo Federal fica no regime stop and go, ele avança e para. Gostaríamos que ele só avançasse. O setor deveria cobrar também a indústria automobilística, para que ela fosse dedicada mais a aumentar a eficiência de motor flex. Acho que isso deve ser reivindicado ao governo. A COP21 será um evento que essas roupas sujas poderão ser lavadas fora de casa”. Ricardo Junqueira, diretor da Usina Diana, espera que o país documente para a COP21 os benefícios que o setor sucroenergético tem para o meio ambiente. “O Brasil possui um combustível alternativo e altamente eficaz e uma geração de energia de biomassa complementar à hídrica renovável e não poluente. Espero que isso se torne realmente uma prioridade na vida das pessoas e do planeta, não só uma causa defendida por alguns poucos setores”. (IA)


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