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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Agosto 2015
Cana energia pode dar novo impulso aos negócios Algumas lavouras dessas variedades já estão inclusive fornecendo matéria-prima para caldeiras RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Em um cenário composto por alto culto de produção, baixa produtividade dos canaviais, crise econômica conjuntural e setorial, as variedades de cana energia surgem como uma nova e promissora opção para a ampliação dos ganhos das unidades sucroenergéticas. Com maior disponibilidade de biomassa, a cana energia está sendo cultivada principalmente para a produção de bioeletricidade e de etanol de segunda geração. Algumas variedades de cana energia já estão começando inclusive a alimentar caldeiras de usinas e empresas de outros segmentos. A Bunge Brasil, por exemplo, tem plantado cana energia na região do município de Pedro Afonso, no Estado de Tocantins, onde a companhia possui a Usina Pedro Afonso. A Vignis já implantou lavouras por conta própria com suas variedades de cana energia, entregando matéria-prima diretamente ao cliente final – por meio de contratos de longo prazo –, seja usina, destilaria ou empresas de
outros segmentos que necessitam de bagaço para queima em suas caldeiras. O programa de melhoramento genético da Vignis – exclusivo para cana energia – foi iniciado em 2010. A empresa não disponibiliza suas variedades para terceiros pelo menos por enquanto. Sete delas já estão inclusive protegidas no Ministério da Agricultura – informa Sizuo Matsuoka, diretor da Vignis que tem inclusive um número muito maior de variedades de cana energia que foram desenvolvidas. A cana energia pode apresentar um
potencial de produtividade de 300 toneladas por hectare, como é o caso da variedade – batizada de “supercana” – que está sendo desenvolvida pelo Centro de Cana do IAC – Instituto Agronômico, de Campinas, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A supercana possui uma altura quase três vezes maior do que a planta tradicional, o que justifica inclusive a sua denominação. Deverá ser lançada no mercado daqui a três anos. Pesquisas com a cana energia fazem
parte também dos trabalhos realizados pela Ridesa – Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético e o Bioen - Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia. A GranBio – empresa brasileira de bioctecnologia industrial que possui fábrica de etanol celulósico em Alagoas – planeja lançar até o final do ano a sua primeira variedade de cana energia, a Vertix, que deverá ter uma produtividade superior a 180 toneladas de cana por hectare e um teor de fibras em torno de 33%.