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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Agosto 2015
Certa na indústria, palha deixa dúvidas nos canaviais WELLINGTON B ERNARDES, DE
R IBEIRÃO PRETO, SP
A presença da palha no solo, ocasionada pela colheita mecanizada, produziu uma nova dinâmica no solo. Neste cenário, não há mais grandes variações térmicas ao longo do dia, favorecendo a germinação de daninhas que antes não apresentavam incidência no campo. Porém, a equação não para na relação solo e palha. A demanda industrial por esta matériaprima, seja para cogeração ou produção de etanol, modificou novamente as interações agrícolas. A dúvida dos especialistas é quanto a retirada de palha para a indústria pode alterar o banco de sementes dos canaviais. Os impactos desta retirada no campo e os benefícios para a indústria foram
discutidos durante o quarto encontro do Grupo Fitotécnico, que aconteceu no dia 21 de julho no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto (SP). Para entender melhor este novo cenário, foram discutidos estes extremos da cadeia da palha. Ricardo Alan Verdú Ramos, pesquisador da Unesp de Ilha Solteira (SP) explica que o retorno com projetos de energia e a necessidade de diversificação de renda no setor estimulam a busca por melhores técnicas para o aproveitamento da palha como combustível energético. “É preciso haver uma sintonia entre o campo e a indústria. O setor entende que a palha é uma boa opção para a geração de energia. Para crescermos neste segmento teremos que desenvolver tecnologias que permitam maior aproveitamento desta palha”. Segundo
Ricardo Ramos, da Unesp de Ilha Solteira
Ramos os investimentos são justificáveis, pois o retorno com a diversificação da palha, destinada para produção de etanol celulósico ou energia elétrica, asseguram tais aportes. Para os pesquisadores, somente o diálogo entre indústria e campo viabilizará um manejo racional desta palha, com otimização dos processos agrícolas e aumento dos ganhos com produção final. Segundo Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do IAC e especialista em plantas daninhas, os impactos desta nova tendência devem ser mensurados agora, para evitar surpresas no futuro. “Vivemos uma nova realidade no manejo dos canaviais, com certeza isto terá impacto nas daninhas presentes no campo”. Azania explica que o entendimento das espécies e a incidência destas trará otimização no controle de plantas daninhas.