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Quando tudo se faz silêncio

Eunice Evangelista da Costa Batista educadora cristã

“Em tudo isso Jó não pecou, nem culpou a Deus por coisa alguma” (Jó 1.22).

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Prezamos pela agilidade e muitas vezes eficiência vira sinônimo de celeridade. Gostamos de ser atendidos rapidamente quando estamos numa fila de espera; nas corporações a máxima “meta dada é meta cumprida” desperta prontidão, urgência e motivação dos colaboradores de áreas comerciais; celulares, trânsito, mensagens etc. tudo deve fluir com velocidade exponencial, pois sempre temos outras prioridades nos esperando.

O senso de agilidade enseja uma sensação de que somos sempre prioridade, que temos o controle das coisas, que fazemos e acontecemos, até nos depararmos com circunstâncias aci- ma das nossas possibilidades, além do nosso entendimento e que revelam nossa pequenez, insuficiência e dependência, evidenciando e expondo nossas fragilidades.

Jó nos é bastante familiar e a Bíblia detalha sua experiência quando foi atingido por perdas inimagináveis e consecutivas que transformaram sua vida da noite para o dia. Com tão numerosos bens, rebanhos, servos e familiares, podemos inferir que - num primeiro momento - sua rotina diária era bem agitada e sempre com decisões a tomar e tudo a fazer, até queno momento seguinte - fez-se silêncio, quietude, perplexidade e ele nada mais poderia fazer.

Quando não havia o que fazer, Jó escolheu adorar. “Havia um homem na terra de Uz, e seu nome era Jó. Ele era um homem íntegro e correto, que temia a Deus e se desviava do mal” (Jó 1.1). A integridade e firmeza de

Jó, alicerçada verdadeiramente pela fé em Deus e não em si mesmo ou no que possuía, o fez ficar firme, sem murmuração. “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13).

No momento em que se faz silêncio em nossas vidas, é preciso saber que Deus, sempiterno, onipotente, onipresente, onisciente está agindo conforme seu propósito soberano e que nada lhe foge ao controle. E cabe a nós o nada a fazer, e sim ter fé, permanecer sem murmurar, aceitar seus desígnios que tudo fará no tempo certo, sem querer dar sugestões a Deus, nossa fortaleza: “[…] pois alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10).

Davi, que viveu muitas experiências com Deus, aprendeu a viver em gratidão e sem murmuração, sabendo que a força para enfrentar os momentos de silêncio deve ser construída dia a dia pela oração e a Palavra que é viva e eficaz. “Guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti” (Sl 119.11).

“Bom é ter esperança e aguardar tranquilo a salvação do SENHOR. Bom é para o homem suportar o jugo na sua juventude. Que se assente sozinho e fique calado, porque Deus o pôs sobre ele. Que ponha a sua boca no chão, talvez ainda haja esperança. Ofereça o seu rosto a quem quiser feri-lo, suporte a desonra. Pois o Senhor não rejeitará para sempre” (Lm 3.26-31).

A agilidade tem nos tornado menos resistentes a frustrações e decepções, mais mimados, querendo ser servidos do que servir. Deus tem nos proporcionado momentos finais de reflexão, de escolha, de amadurecimento e de posicionamento quanto a nossa salvação e conversão. A quem servimos, a Deus ou a nós mesmos? Por que servimos? Para sermos abençoados ou porque temos a consciência de servos. n