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A limitada onipotência de Deus

Nédia Maria Bizarria dos Santos Galvão membro e professora de EBD da Igreja Batista do Centenário - Congregação em Areia Branca - SE; especialista em Ciência da Religião e Bacharel em Teologia

Antes que o caro leitor me tache de herege, peço encarecidamente que continue a ler esse texto, o qual escrevo com total temor e tremor para com Deus. Aliás, no que escrevo, falo e até penso com relação a Deus sou tomada pela reverência e consciência da grandeza e majestade dEle. Contudo, com base nas Escrituras Sagradas, quero compartilhar esse paradoxo: “A limitada onipotência de Deus”. A começar pelo significado da palavra onipotência, podemos verificar que no Novo Testamento o equivalente é o ter- mo pantokrátor (παντοκράτωρ), título dado a Deus que literalmente significa “Todo Poderoso, Aquele que tem todo poder”. A expressão pode ser encontrada em II Coríntios 6.18, Apocalipse 1.8, 4.8, 19.6 e é absolutamente inquestionável que Deus tem a capacidade de fazer tudo, do possível ao impossível.

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Porém, as Escrituras Sagradas apontam coisas que Deus não pode fazer, por uma limitação ligada à Sua personalidade e à Sua natureza constitutiva. Vamos aos textos que nos apresentam esse paradoxo: II Timóteo 2.13 - “(...) Ele não pode negar-se a Si mesmo”; Hebreus 6:18 - “(...) É impossível que Deus minta.”

Como podemos verificar, a personalidade e natureza constitutiva do Deus Onipotente o torna limitado a cometer atos que violem sua Palavra e Santidade. No texto de II Timóteo 2.13, o termo não (οὐ) é uma negação enfática para se referir que Deus não pode vivenciar a negação de si mesmo, ou seja, Ele permanece fiel a despeito da infidelidade humana, é a essência de Sua natureza ser confiável, ser fiel às Suas promessas, à Sua Palavra. A fidelidade de Deus não está condicionada à fidelidade humana, mas à sua personalidade.

Já em Hebreus 6.18, onde temos a afirmativa da impossibilidade de Deus mentir, o autor da carta aos Hebreus com certeza teve em vista a natureza do próprio Deus. O Onipotente personifica toda a verdade, portanto Ele não mente. A natureza de Deus e Seu juramento são imutáveis e esses são como âncora para o cristão.

Ah! E como é bom saber que nossa certeza não depende da estabilidade nem da força da nossa fé, mas da absoluta fidedignidade da Palavra e natu- reza de Deus, do Onipotente que ainda que sejamos infiéis não pode negar a Si mesmo, pois permanece fiel; do Onipotente que cumpre Suas promessas a despeito de circunstâncias, pois é impossível que Ele minta, porque é a personificação da verdade.

Assim, concluímos que Deus é o Todo Poderoso, o Onipotente, o pantokrátor que criou todas as coisas, que sustenta todo o universo, que controla toda a história, que faz o impossível acontecer, mas que não pode negar a Si mesmo e é impossível que Ele minta, porque não infringe Sua Palavra, nem sua natureza Santa.

Eis o paradoxo, e como denominado na Teologia, o antinômio, aquilo que parece contraditório, mas que se harmoniza na mente e coração dos iluminados pelo Espírito Santo, “a limitada Onipotência de Deus”. n