Agro Notícias

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FIM DE SEMANA, 10 E 11 DE JULHO DE 2021

Especial - Grupo A Hora

Após queda, preço do milho volta a subir LEANDRO HAMESTER/DIVULGAÇÃO

No início de junho, saca de 60 quilos estava na menor cotação do ano, em R$ 77. Passados 15 dias, já supera os R$ 80 FELIPE NEITZKE regional@jornalahora.inf.br

VALE DO TAQUARI

A

baixa nos preços do milho entre junho e julho é considerada momentânea e não dita uma tendência para os próximos meses. Essa variação ocorreu, principalmente, por três fatores: importação de milho transgênico dos EUA; recuos na taxa de câmbio; e entrada da safrinha brasileira. Esses aspectos imprimiram, mesmo que por um curto período, uma nova tônica no movimento de preços da commoditie. Conforme o analista da Embrapa, Ari Jarbas Sandi, também há relações com a política de agroenergia dos EUA, os biocombustíveis. Isso pressiona os preços inter-

R$

100

As cadeias produtivas de proteína animal buscarão alimentos alternativos como arroz, trigo, sorgo e triticale para substituir o milho.” Ari Sandi analista da Embrapa nacionais, principalmente contratos futuros negociados na Chicago Board of Trade (CBOT). “A importação de milho dos EUA mexeu fortemente com o movimento especulativo, que, associado à baixa dis-

VARIAÇÃO NO PREÇO DO MILHO

85,89

junho/julho 2021 saca de 60 quilos

85,53 85,65

80

80,35 79,67

77,56

60 01/jun 11/jun 18/jun 25/jun 02/jul

09/jul

Fonte: Emater/RS-Ascar

ponibilidade interna de milho sustentava fortes altas desse grão”, avalia Sandi, analista da área socioeconômica. A quebra de safra, oriunda de problemas climáticos em SC e PR, repercute novamente na oferta e disponibilidade interna de milho, forçando mudanças nas formulações de rações para aves e suínos. “Possivelmente as cadeias produtivas dessas proteínas animais, buscarão alimentos alternativos como arroz, trigo, sorgo e triticale”, observa Ari Jarbas. Conforme o analista da Embrapa, não há como precisar as tendências do preço do milho, contudo, afirma não recuar aos preços de outrora, quando comercializado a R$ 35,00 a saca de 60 quilos. “Sobre preços futuros, para arriscar qualquer palpite, é preciso muita solidez de cálculos matemáticos e estatísticos”, comenta Sandi, observando a recuperação de preços do grão.

Alojamentos

Durante a semana, a indústria de alimentos Vibra anunciou a retomada de contratações e alojamento de aves em integradores da região. No início do ano, a empresa suspendeu as operações por conta do alto custo de produção, influenciado pela cotação do milho. Decisão similar adotada pela Languiru, agora é revertida conforme anuncia o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer. Segundo ele, a partir de julho, será retomada toda a produção de aves. Alguns produtores deixaram de alojar,

Indústrias traçam alternativas para substituir o milho na nutrição animal

mas foram remunerados neste período pela cooperativa. “É mais barato deixar o aviário parado e continuar pagando o produtor. Isso é um ato que acontece em uma cooperativa que tem compromisso com seu associado”, reitera Bayer, projetando o abate diário de 130 mil aves. Para retomar a produção aos níveis anteriores, a cooperativa garantiu o estoque de milho. “Compramos o suficiente até fevereiro de 2022 e com preço inferior ao cotado no mercado”, afirma o presidente da Languiru.

Milho valorizado

Enquanto que a valorização do milho impacta de forma negativa os custos de produção do setor das carnes, por outro lado, o produtor de grãos e exportador de commodities celebram os resultados. Conforme o presidente da cooperativaArla,OrlandoStein, o desempenho do último ano superoutodasasexpectativas, apesardasafraimpactadapela estiagem. O alívio veio com a boa colheita de 2021 e ótima valorização do milho e da soja.

Com a crescente demanda de mercado, a Arla duplicou o recebimento de grãos e fez investimentos em fábrica de raçõesemCruzeirodoSuleunidade de recebimento de grãos no município de Vale Verde. Hoje com 2,3 mil associados, a cooperativa projeta ampliar a unidade de insumos. “Nossa parceria com o produtor garanteaconstanteevoluçãoe investimentos para aumentar a produtividade”, observa Stein. Para2021, acooperativaArla devecrescer20%.Asprojeções consideram o novo cenário do agronegócio e as oportunidades na produção de grãos. Uma das apostas também é o cultivo de trigo. “A área de trigo praticamente dobrou no Vale do Taquari e se tornou uma boa alternativa para a cultura de inverno”, acrescenta Orlando. Inclusive, levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo já reagiram nos últimos dias. O cereal é visto como alternativa para amenizar custos de produção da nutrição animal. “A oscilação de preços do milho e, também do trigo, é um movimento já esperado”, reforça o presidente da Arla.


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