FIM DE SEMANA, 17 E 18 DE ABRIL DE 2021
Especial - Grupo A Hora
Safra de pinhão será maior em relação a 2020 Produtividade deve alcançar 500 toneladas e tendência de preço elevado na comercialização FELIPE NEITZKE
FILIPE NEITZKE regional@jornalahora.inf.br
ESTADO
A
safra de pinhão será maior em relação ao ciclo passado, mesmo assim, atinge somente 60% da média histórica de 800 toneladas. Para a safra atual, expectativa de colher 500 toneladas. Ainda com menor oferta, a tendência é de preço elevado na comercialização do pinhão. Conforme normativa do Ibama, a venda de pinhão está oficialmente liberada desde o dia 15 abril. O período assegura a maturidade da semente e o processo produtivo. “A cultura do pinhão é extrativista, não há manejo das araucárias. Devemos respeitar o período natural de recomposição da espécie”, explica o engenheiro florestal, Alvaro José Mallmann. “Da mesma forma, o clima seco entre setembro e dezembro do ano passado influenciou na maturação das pinhas, que tiveram
A cultura do pinhão é extrativista, não há manejo das araucárias. Devemos respeitar o período natural de recomposição da espécie.” Alvaro José Mallmann engenheiro florestal baixo desenvolvimento e ficaram menores”, acrescenta. No ano passado, o pinhão atingiu apenas 20% da produtividade esperada. “Na araucária, como na maioria das espécies nativas, há um intervalo destinado ao descanso da planta. Este período tam-
bém coincidiu com a safra passada, influenciando negativamente na produtividade das araucárias”, destaca Mallmann, assistente técnico em silvicultura, no escritório regional da Emater, de Lajeado. Se vencidos os fatores condicionantes, a expectativa para o próximo ano é de safra cheia. “Se o clima e as questões fitossanitárias contribuírem teremos novamente uma safra na faixa das 800 toneladas”, projeta Alvaro.
Renda familiar A venda de pinhão já foi a principal atividade econômica da família de Marilene Duarte, 53, agricultora de Boqueirão do Leão. Atualmente com menor produtividade, ficou difícil encontrar pinhão para consumo próprio. “Chegamos a colher 150 quilos de pinhão por dia, mas no ano passado, a safra toda produziu apenas 110 quilos. Já não é mais garantia de renda”, FELIPE NEITZKE
Marilene Duarte, de Boqueirão do Leão, chegou a colher mais de cem quilos de pinhão por dia. Produtividade das araucárias reduziu nos últimos dez anos
aponta Marilene. Além das poucas pinhas, a agricultura relata maior consumo das sementes por animais. “Tornou-se um alimento muito disputado. A família possui uma área de preservação ambiental com três mil araucárias, mas a produção de pinhão reduziu drasticamente nos últimos dez anos. O pinhão faz parte da história de Boqueirão do Leão”, ressalta.
R$ 10 o quilo
Eberson de Lima vende pacote com dois quilos de pinhão por R$ 20, em Lajeado
O produtor rural e vendedor ambulante Eberson Batista de Lima, 46, de Cruzeiro do Sul faz a venda de pinhão próximo ao parque Professor Theobaldo Dick, em Lajeado.
O produto é obtido em Cambará do Sul e vendido por R$ 10,00 o quilo. “O preço é similar ao do ano passado. Ainda estamos no início da colheita e a expectativa é muito boa. É um produto com muita procura, consigo vender em média cem quilos ao dia”, revela. Lima acredita que o período de colheita se estenda até agosto. “Tem uma safrinha entre junho e julho. A produtividade está melhor em relação ao ano passado”, afirma Eberson. “É um ano muito produtivo na agricultura, supersafra em várias culturas. Tenho uma área com abacaxi que deve render 19 mil frutos”, contextualiza.