Comunicare 334

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Bairro inteligente

Novo Bairro do Caximba é o maior programa socioambiental do país

viagens do uber Uber realizou um reajuste temporário de 6,5% no preço das corridas

Covid-19 em Curitiba Testagem do corovavírus é facilitada com a venda de autotestes

Curitiba, 20 de Maio de 2022 - Ano 26 - Número 334 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

Aumento na passagem Os usuários do transporte público vêm enfrentando mudanças no valor da passagem há mais de uma década em Curitiba. Foram mais de 10 reajustes nos últimos 10 anos. Isso fez com que o preço ficasse 9 vezes mais caro. O reajuste de 22% foi anunciado pela prefeitura no último dia 28 de fevereiro e começou a valer a partir do 1° dia do mês de março na capital. A tarifa subiu de R$4,50 para R$5,50.

Após reajuste de 22% na tarifa social do transporte coletivo de Curitiba, o novo valor começou a valer no início de março

Economia | pag.04

Tayná Luyse

Mostra de arte moderna M

ostra Modernismos em Movimento: O Cinema e a Semana de Arte Moderna de 1922, promovida com a parceria entre o Cine Passeio e a PUCPR iniciou suas exibições mensais em março. Idealizada pelo professor Paulo Camargo, pesquisador e crítico de cinema, a mostra pretende usar, no melhor sentido, o cinema como alavanca para estabelecer discussões sobre um acontecimento histórico. “É menos um evento específico de cinema e muito mais um evento de caráter cultural. A partir dos filmes, re�letiremos a respeito desse conceito de modernidade”, observa o professor.

Projeto Social

A mostra ocorre uma vez por mês, sempre no segundo sábado, às 10h30 no Cine Passeio, e são acompanhadas por debates sobre os filmes, com a participação de convidados da área acadêmica e artística, entre eles professores que compõem o corpo docente da PUCPR. As exibições acontecem uma vez por mês, sempre no segundo sábado, às 10h30 no Cine Passeio.

Cultura | pag.11

Primeiro sábado da mostra com debates no Cine Passeio.

O programa Apoio Mulher, proposto pela vereadora Carol Dartora (PT), deve mobilizar orgãos públicos para oferecer oportunidades de emprego a mulheres em situações de vulnerabilidade.

A medida também propõe a capacitação de servidores públicos para atender mulheres que sofrem de violência doméstica.

Política | pag.06


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Editorial

Curitiba é tão acessível como aparenta? E

studos realizados pelo IBGE estimam que 661.832 pessoas são portadoras de deficiência. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, baseados no Censo de 2010, quase 24% dos brasileiros apresentam ao menos uma deficiência, seja ela auditiva, intelectual, visual, motora ou mental. Desde 2018, foram incorporados ao Rede Integrada de Transporte (RIT) ônibus específicos que disponibilizam aos seus passageiros algumas adaptações em seus veículos, para poder atender os cidadãos. No entanto, os ônibus com acesso por tubo e que são acessíveis para cadeirantes atendem, em sua maioria, os terminais dos bairros e a região central. Nas linhas de ônibus “alimentadores” nos bairros afastados os automóveis que possuem elevador estão disponíveis apenas em horários limitados.

A maior dificuldade está no transporte. As pessoas com mais de 65 anos ou deficientes que se enquadram nos critérios estabelecidos pelo município, estão isentos do valor tarifário do transporte. Hoje, os isentos representam 15,56% de todos os usuários de transporte público de Curitiba. Porém, em comparação com o preço que se paga para utilizar o transporte, até que ponto se torna viável estar isento deste valor? Nessa busca de se tornar referência e mostrar resultado, Curitiba acabou adaptando apenas os bairros centrais, causando o esquecimento das demais áreas. Rampas de acesso às calçadas em sua grande maioria estão danificadas, prejudicando o acesso de fato dos cadeirantes, somando com a dificuldade dos portadores de deficiência visual, que o piso tátil acaba no meio do caminho.

Voz da Comunidade

ideia do Projeto Horta Urbana surgiu no momento em que eu percebi que o terreno baldio que havia ao lado da minha casa estava causando alguns problemas. Sempre havia muito lixo, jogado ali pelas pessoas. Também percebia que aquele lugar poderia ser um vetor de proliferação de insetos e animais que poderiam causar doenças. Fiquei incomodado com a possibilidade de que aquele lugar poderia ser bem melhor utilizado e não era. Depois de conversar com alguns vizinhos e perceber que eles também compartilhavam do mesmo sentimento que eu, comecei a pesquisar se o lote tinha dono ou se tinha algum tipo de documentação para poder procurar o responsável. Foi justamente nessa pesquisa que eu acabei descobrindo que o terreno era da prefeitura e que ali não era possível haver nenhum tipo de construção imobiliária. Eu me animei muito ao imaginar que poderia promover algum tipo de bem-estar. Não só para mim e para minha família,

Expediente REITOR Irmao Rogério Renato Mateucci DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES

Edição 334 - 2022 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO

TRADUÇÃO

Suyanne Tolentino De Souza

Pietra Gabiatti

Gabriela Alves

COORDENADORA EDITORIAL FOTO DA CAPA Tayná Luise Suyanne Tolentino De Souza

Tayná Luise

Hoje, nós sabemos que o nosso cultivo coletivo proporciona muito mais do que um alívio ao saber que aquele terreno problemático hoje é uma horta. Algumas famílias que conhecemos no decorrer dos trabalhos recebem a ajuda da horta para complementar a alimentação nas suas casas e nós sabemos que isso é importante para eles. Também sabemos que estão consumindo um alimento de qualidade e temos pessoas que descobriram uma atividade importante para a sua qualidade de vida. Houve uma união dos moradores da nossa rua e hoje há um revezamento para poder manter os cuidados com a horta. Sempre funciona muito bem!

Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)

Rafael Andrade

Rampas são conhecidas como um método de acesso, mas há a necessidade de ter espaços que portadores do espectro autista, por exemplo, possam permanecer confortáveis.

A Curitiba que se diz acessível na realidade afasta os PCDs das áreas periféricas da cidade. Nós, do jornal Comunicare, acreditamos que, dessa forma, a cidade se torna ilusória, impossibilitando o percurso necessário para chegar aos lugares adaptados para aqueles que necessitam de rampas, piso tátil, descrição de áudio e afins.

mas para meus vizinhos e todo o bairro. Logo que recebi a documentação autorizando o início dos trabalho, mobilizei alguns vizinhos que haviam demonstrado interesse em ajudar e fomos ao trabalho. Moradores perguntavam o que estava acontecendo. Foi nesse momento que a notícia começou a se espalhar e as pessoas começaram a nos ajudar!

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL

Ângela Leitão

Formas simples de realizar a vontade da cidade se tornar diversa estão presentes em detalhes como sons em sinaleiros para facilitar a travessia, ônibus eficazes, espaços conscientes que tornem possível a visita e o trajeto até ele.

Espaços privados e com grande procura, como estádios de futebol, procuram reformas em seu estabelecimento para abrir a diversidade de PCDs presentes em dias de jogo. Arquibancadas e lanchonetes com locais reservados trazem o começo do conforto dos torcedores. Aos poucos o que deveria ser óbvio começa a se tornar um pensamento automático.

Comunitiras

Fernando Pagnoncelli, idealizador do projeto Horta Urbana

A

A prefeitura de Curitiba lançou, em 2020, o plano municipal em prol da acessibilidade nos espaços públicos. Atuando pela inclusão dessas pessoas nos espaços públicos da cidade. Há diversas atualizações que poderiam ser feitas, mas que até então não foram cogitadas pela prefeitura.

Estudantes 3º Período de Jornalismo Diagramacao Julia Barossi

Julia Barossi Annelise Mariano Gabriela Alves Bruna Pelegrini Eduardo Albano Pietra Gabiatti

Caetano Guimarães Isabella Elias Felipe Lunardi Mariana Bridi Giovanna Catapan


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Cidades

Caximba será o primeiro bairro inteligente da capital paranaense O Bairro Novo do Caximba é, atualmente, o maior programa socioambiental em execução no país Lorena Motter Kikuti 3º Período

A

Acervo Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC)

Prefeitura de Curitiba concedeu, dia 7 de Março de 2022, que fosse publicado o primeiro edital de obras do Projeto de Gestão Climática do Bairro Novo do Caximba. Nesse momento, é prevista a construção de 752 unidades habitacionais e ampliação da Escola Municipal Joanna Raksa, instituição que atende à comunidade. De acordo com Mauro Magnabosco, arquiteto e coordenador do projeto do Bairro Novo do Caximba, no Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), a condição de vulnerabilidade ambiental e social desse corpo social representa o principal motivo para a realização da proposta, manifesta o arquiteto.

Moradias irregulares do Caximba nas margens das cavas dos rios Barigui/Iguaçu.

“A situação da Vila 29 de Outubro,

uma ocupação irregular instalada em uma área ambientalmente sensível, vem se deteriorando ao longo dos últimos 10 anos” Ele conta que a comunidade se instalou na área, adquirindo terrenos implantados de forma ilegal sobre as antigas cavas dos rios Barigui/Iguaçu, soterradas com resíduos da construção civil. O projeto conta com 1693 famílias cadastradas na Ocupação 29 de Outubro, das quais, 1147 serão relocadas e 546 terão os lotes regularizados e urbanizados. A titularidade, ou seja, a comprovação pelo registro de cartório de imóveis, das novas moradias serão realizadas e destinadas às mulheres chefes de família. “Assim, ela tem a garantia do bem, independente

do comportamento do companheiro, evitando que fique desabrigada ou desprotegida em caso de abandono da família pelo homem”, explica Magnabosco. A proposta viabiliza interações de aspectos urbanos e os impactos ambientais dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), contribuindo para redução de risco de inundação, prevenção de desastres naturais, além da requalificação e recuperação das áreas adjacentes. No total, serão 44 mil m² de área construída, com redes de distribuição de água, esgoto, energia elétrica, iluminação pública, paisagismo e microdrenagem.

O conjunto das ações para transformar o bairro em “inteligente” consiste na implantação do dique de contenção de cheias, urbanização da faixa edificável, adequação viária, construção de um parque linear e implantação de infraestrutura de transporte, de saneamento e de abastecimento de água e energia elétrica na área consolidada. Inclusive, novas tecnologias serão implementadas na área, como um sistema de casas autônomas (sustentáveis), o qual irá reaproveitar água da chuva e ser abastecido por energia solar a partir de placas fotovoltaicas no telhado.

Ainda, estão previstas a ampliação da escola municipal, uma nova unidade de saúde e de atenção à assistência social. “Desenvolvido a partir de 2017, o projeto foi discutido abertamente com a comunidade, como forma de fazer com que as intervenções propostas fossem explicadas com clareza a todos os interessados e beneficiados.”, revela a diretora de relações comunitárias da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Meiri Morezzi. Segundo Morezzi, desde 2018, o Ippuc e a Cohab fizeram visitas domiciliares, reuniões de apresentação, consulta pública, atendimentos e plantões para manter os moradores atualizados. Ademais, a diretora conta que a maioria da comunidade é favorável ao projeto, porém ainda existe um pequeno grupo resistente.

Leia mais Conheça mais sobre esse e outros projetos de Curitiba portalcomunicare.com.br

Acervo PMC

Exemplo de moradia precária na área do Caximba.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Economia

Nos últimos dez anos, passagem de ônibus aumentou em nove vezes Após reajuste de 22% na tarifa social do transporte coletivo de Curitiba, o novo valor começou a valer no início de março Mariana Bridi 3º Período

O

Mariana Bridi

s usuários do transporte público vêm enfrentando mudanças no valor da passagem há mais de uma década em Curitiba. Foram mais de 10 reajustes nos últimos 10 anos. Isso fez com que o preço ficasse 9 vezes mais caro. O reajuste de 22% foi anunciado pela prefeitura no último dia 28 de fevereiro e começou a valer a partir do 1° dia do mês de março na capital. A tarifa subiu de R$4,50 para R$5,50. O preço da tarifa do transporte coletivo em Curitiba é fundamental para que milhares de pessoas possam realizar suas atividades diárias, principalmente para moradores de áreas mais afastadas da cidade. Para o estudante de direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Bernardo Guidotti do Amaral Stefanello, o aumento do preço pressiona grande parte

diariamente como costumava. O aumento do passe de ônibus,

conseguir manter a sustentabilidade do sistema de transporte.

Movimento no ponto de ônibus em frente ao Shopping Estação .

“O aumento do passe de ônibus,

ironicamente, diminui, portanto, a nossa qualidade de vida.” da força produtiva e de prestação de serviços na cidade inteira, visto que diversas empresas não oferecem vale transporte, ou, quando mais, um auxílio que abarca todo o valor. “Em minha vida, tal cenário provocou uma grande mudança. Tive que começar a usar mais a minha bicicleta.” Reconhecendo as inúmeras vantagens que a bicicleta proporciona, o estudante ainda assim reforça que é necessário ter noção de que é inviável um trabalhador que mora no Capão Raso e bate ponto às 7h30, se deslocar até o Juvevê. “Ao final do dia acabaria gastando mais de R$ 220 por mês se pegasse o transporte

Já na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), algumas linhas

ironicamente, diminui, portanto, a nossa qualidade de vida”, discorre Bernardo. De acordo com a prefeitura de Curitiba, o novo reajuste aplicado é o primeiro aumento desde fevereiro de 2019. Conforme depoimento dado pelo presidente da Urbanização de Curitiba (URBS), Ogeny Pedro Maia Neto, em uma sessão plenária na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) no início de março, o que motivou essa elevação nos custos foi o aumento do combustível, a tarifa social congelada desde março de 2019 e a queda no número de usuários. A prefeitura explica que esse foi o menor valor possível para

O transporte coletivo integrado de Curitiba e Região Metropolitana não é pago só com o valor da tarifa. O que faz o sistema funcionar sem aumentar o preço para os usuários é o subsídio do governo do estado. Projetando um déficit de R$ 157 milhões no transporte da capital neste ano, a prefeitura negocia subsídio com o governo para cobrir esse valor. Em 2022, com o objetivo de manter a tarifa social e a integração com as linhas metropolitanas, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e o governo do estado vão aportar, juntos, R$60 milhões até o fim do ano. Mariana Bridi

sofreram reajuste de 5,55% na tarifa. Segundo depoimento via email do assessor de imprensa da Coordenação Metropolitana de Curitiba (COMEC), Gabriel Hubner de Macedo, a pandemia causou a maior crise da história do sistema do transporte coletivo, e afirma que as expectativas são de que essa discrepante diferença torne o sistema de transporte mais atrativo e assim aumente o número de passageiros. “O reajuste da tarifa realizado em 2022 foi de 5,5%. O último reajuste realizado foi em 2019. Neste período tivemos uma in�lação de 18,99%. O aumento do preço da gasolina foi de 70%. Portanto, fizemos o possível para realizar um reajuste muito abaixo dos demais parâmetros utilizados.”

Leia mais TARIFA TÉCNICA X TARIFA SOCIAL

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Saiba mais Entenda como o aumento da tarifa social vem afetando os estudantes/ populaão da capital no QR Code abaixo

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Linha de onibus biarticulado no centro de Curitiba.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Economia

Reajuste nas corridas de Uber não é repassado para motoristas Estudantes que utilizam o aplicativo também relatam impacto no deslocamento e alta variação de preços durante horários de pico Pietra Gabiatti 3º Período

C

om o aumento de 19% nos preços da gasolina anunciado pela Petrobrás durante o mês de março, a Uber realizou um reajuste temporário de 6,5% no preço das corridas. Apesar do acréscimo das cobranças feitas para o passageiro, motoristas estão insatisfeitos com a maneira em que a empresa divide o valor total do pagamento entre os condutores. Os valores de cada trajeto não são fixos. Eles variam de acordo com a demanda, principal fator determinante dos custos de locomoção. Também conhecida como a “lei da oferta e procura”, quanto maior o número de passageiros que chamam por corridas em um determinado local, maiores serão os preços ali, especificamente. A Uber pode descontar de 30% a 60% do valor final sem haver um padrão de cobrança, revela

Ana compartilhou dois exemplos de corridas realizadas em julho do ano passado, quando a gasolina ainda não estava em alta como hoje em dia. Com distância de 2,9 quilômetros e duração de quase 7 minutos, a viagem custou R$ 11,90, e foi solicitada às 13h41 da

de manutenção com seguro, demais tributos estaduais.”

Dicas

Vânia Moreno, 44 anos, funcionária da Localiza, locadora de carros parceira da Uber, informa que aqueles que possuem carro alugado arcam somente com gasolina, aluguel diário e depósito de segurança, para ser

Motoristas explicam o que passageiros podem fazer para conseguir corridas mais baratas

“Se a gente não escolher bem a corrida, eu vou pagar para ir buscar o passageiro.” tarde. A outra, chamada às 5h44 da manhã, duração de quase 10 minutos e distância de 3,2 km, custou R$ 35,63. Pietra Gabiatti

utilizado caso o veículo sofra algum dano. Os valores variam de acordo com a categoria do carro alugado, sendo B e C as mais escolhidas pelos motoristas do aplicativo. Um Kwid, que pertence à categoria B, custaria um total de R$ 69,57 por dia, além do depósito de segurança para tal, no custo de R$ 1461,06. Para um Ford Ka, ou até mesmo um Gol, o valor por dia seria de R$ 71,83, e R$ 1508,34 de depósito. O tempo mínimo para o uso do automóvel alugado é de 35 dias, com quilometragem mínima de 1250 km/semana. São cobrados R$0,50 por km a mais.

Motorista em viagem durante a noite. Ana Hecke, 38, administradora do grupo Guerra Drivers, organização que serve como rede de apoio para motoristas de aplicativo, que conta com cerca de 16 mil participantes. “É muito raro receber o valor real em que somos notificados no início da corrida.” O deslocamento do motorista até o passageiro também não é contado no preço total, principal motivo pelos quais os condutores optam por viagens mais próximas, ou até cancelam corridas onde o passageiro esteja muito distante.

Além do combustível, uberistas devem arcar com custos de manutenção, proteção veicular, lavagens, seguro, IPVA, dentre outros, para manter o carro dentro das normas da Uber e continuarem realizando as viagens normalmente. O motorista Leônidas de Souza Santos, 56 anos, possui carro próprio, e o utiliza nas suas viagens ao longo do dia. “Nossos custos de manutenção, além dos combustíveis, são por peças de reposição por excesso de rodagem, causando desgastes periódicos com mecânicos, além

Passageiros também sofreram com o aumento dos preços, especialmente estudantes. �ais Shihomi Hashiguchi, 20, acadêmica de medicina na PUC Paraná, comentou s que continua utilizando o aplicativo como principal meio de locomoção na cidade pois é o que a melhor atende. Mychele Caroline Meloto, 20, e Teresa Trentin, 17, começaram a dividir o valor das corridas entre si. “Comecei a dividir mais frequentemente as corridas com os meus colegas, e evito utilizar Uber em horários de pico, mudei alguns horários para pagar valores menores”, afirma Teresa. Pietra Gabiatti

Períodos em que a demanda é maior que o número de motoristas disponíveis são os prin-

• •

cipais causadores das variações de preço Horários de 11h30 até 13h30 é onde mais ocorre esta variação Leônidas de Souza Santos, motorista para a plataforma, afirma que evitar utilizar o serviço em horários de pico é a principal maneira de

gastar menos com o aplicativo A quantidade de vezes que uma viagem é chamada também interfere no valor final. Quanto

mais chamadas, mais o preço aumenta O uberista Jacinaldo de Araújo Fogaça avalia que a dinâmica é o que dita o valor de cada corrida. Caso o passageiro saia em períodos de muita dinâmica, esperar a hora do rush passar é uma alternativa para pagar preços menores.

Leia mais Motoristas protestam por reajuste não repassado. portalcomunicare.com.br

Passageiro realiza pedido de corrida pelo celular.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Projeto em defesa de mulheres vulneráveis é discutido na Câmara No início de março, a vereadora curitibana Carol Dartora propôs o projeto Apoio Mulher, uma iniciativa para auxiliar na inserção de mulheres em situação de violência doméstica e de baixa renda no mercado de trabalho Isabela Lobianco 3º Período

O

programa Apoio Mulher foi proposto pela vereadora Carol Dartora (PT). O projeto deve mobilizar órgãos públicos para oferecer oportunidades de emprego a mulheres cadastradas no sistema CadÚnico, Bolsa Família ou qualquer outro projeto governamental que seja destinado ao auxílio da população de baixa renda no país. A proposta está em fase de tramitação na Procuradoria Jurídica da Câmara de Vereadores. A medida também prevê a capacitação dos servidores públicos para um atendimento qualificado às mulheres em situação de violência doméstica e familiar e/ ou em situação de vulnerabilidade socioeconômica. As oportunidades de emprego destinadas ao público feminino serão organizadas em banco de dados de empresas disponíveis.

Estudos do Instituto de Pesquisas Cananéia (IpeC) mostraram que 15% das mulheres com mais de 16 anos sofreram violência por companheiros, ex-companheiros e parentes. Isso totaliza 13,4 milhões de brasileiras. Em Curitiba, dados do DATASUS de 2016 revelaram que a maior violência sofrida foi a negligência

Isabela Lobianco

Mulheres de 10 a 19 anos são as mais violentadas no Brasil. As interessadas poderão ter acesso a atividades ocupacionais e oportunidades de qualificação profissional, de acordo com os detalhes do programa de Carol. Para a vereadora e médica Maria Letícia (PV), a tramitação de projetos feitos por mulheres é mais desafiadora. “Tem a ver com a autoria”. Ela afirma que uma mulher que propõe projetos ligados a mulheres sofre mais resistência no desenvolvimento da proposição na Câmara.

diminuir e criar alternativas para socorrer as vítimas de violência”, relata Flávia.

Outras propostas

A vereadora acredita que seria necessária uma atitude mais atuante do Executivo Municipal para aplicar e ampliar o projeto. Francischini explica que, para a execução de qualquer programa

Propostas similares de outros vereadores que engrossam a importância do projeto de Carol Dartora.

“A gente já era derrubada na primeira comissão” e abandono (37,05% das vítimas), seguida da violência física (27,94%). Entre as entrevistadas, 38,52% reveleram que não foi a primeira vez que foram violentadas em razão do gênero.

O Apoio Mulher tem raízes similares a de outras proposições. Um projeto da vereadora Flávia Francischini (PSL) protocolado em 2021 é destinado ao incentivo da autonomia financeira das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. O vereador João da 5 Irmãos (PSL) lançou um plano similar, em fevereiro do mesmo ano. “Em Curitiba, especificamente, foi aprovado o programa Sinal Vermelho com o nosso apoio incondicional na tentativa de Isabela Lobianco

Adesivo de apoio a mulheres na política colado em poste.

Política

destinado às mulheres é necessária a atuação da prefeitura. No Sistema de Proposições Legislativas da Câmara dos Vereadores, mais de 600 projetos destinados a mulheres foram rastreados. Um exemplo é a proposta do vereador Rogério Campos (PSD) em 2013, que garantia ônibus exclusivos para mulheres curitibanas e foi rejeitada em Plenário. Já a proposição de Maria Letícia entrava em detalhes sobre o desembarque de mulheres fora do ponto de ônibus em razão de periculosidade da região, e foi arquivada. Maria Letícia menciona como eram os processos antes das pautas pró-direitos das mulheres serem discutidas mais amplamente pela sociedade civil. “A gente já era derrubada na primeira comissão. Agora, nós conseguimos avançar algumas comissões e, para além disso, os projetos têm chegado até o Plenário para votação, mas daí são derrubados no Plenário”. Atualmente, o Plenário é composto por 38 integrantes, sendo eles 30 homens e 8 mulheres. Devido à falta de representatividade feminina, a aprovação no Plenário torna-se a mais desafiadora.

João da 5 Irmâos publicou seu projeto em fevereiro de 2021. A proposta consiste em mobilizar o Poder Executivo Municipal para a criação de um incentivo a empresas que se cadastrarem e oferecerem vagas para

• •

mulheres que sofram

João, em setembro do

violência doméstica. A proposição de Viviane Vieira foi anexada à de João da 5 Irmãos em agosto de 2021. A proposição de Bruno Santos Rodrigues também foi anexada à de mesmo ano. Protocolada em outubro de 2021, a proposta de Sidnei Toaldo, foi o Projeto Recomeço, para favorecer a contratação de mulheres vítimas

Um dos problemas das políticas governamentais para mulheres é a falta de orçamento, segundo Maria. “A Casa da Mulher Brasileira, muitas vezes, vive de emenda, que só é paga uma vez por ano, só que o ano tem 12 meses”, ressalta.

de violência domés-

Maria Letícia acredita que “existe uma luz lá no final do túnel”. Ela revela que tem conseguido aprovar projetos que nunca imaginaria. Um deles é um projeto de sua primeira legislatura que trata da vida reprodutiva e sexualidade nas escolas. “Quando que ia aprovar isso cinco ou dez anos atrás? Não ia. E a gente conseguiu aprovar. A gente também aprovou projetos em relação ao assédio no transporte coletivo, assédios em bares e restaurantes”, observa a vereadora. O último aprovado foi com relação à pobreza menstrual.

O projeto foi arquivado

tica. Além disso, seu programa também abraçaria mulheres que foram violentadas por prestadores de serviço. em fevereiro de 2022.

Leia mais Conheça as vereadoras da 18º Legislatura da Câmara. portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Project in defense of vulnerable women is discussed at City Hall In the beginning of March, the curitibana alderwoman Carol Dartora proposed the Support Women, an initiative to help the insertion of women in a situtaion of domestic violence and low income into the job market Isabela Lobianco 3º Período Translation: Gabriela Alves and Pietra Gabiatti

T

he Support Women program was proposed by the alderwoman Carol Dartora (PT). �e project must mobilize public institutions to o�fer job opportunities to women registered on the CadÚnico system, Bolsa Família or any other government project that is destined to assist the low income population of the country. �e proposition is being processed by the Legal Prosecutions O�fice of the House of Representatives. �e doctor also foresees the capacitation of public workers to a qualified service to women in situations of domestic and family violence and/or in situations of socioeconomic vulnerability. �e job opportunities destined to the female public will be organized in bank data of the available company. Interested parties can have access to occupational

that 15% of women with more than 16 years old have su�fered violence from partners, ex-partners and parents. �is totals 13,4 million Brazilians. In Curitiba, data from DATASUS from 2016 shows that the greatest violence su�fered was negligence and abandonment (37% of the

To the alderwoman and doctor Maria Letícia (PV), the processing of projects made by women is more challenging. “It is related to the authorship”. She claims that a woman that proposes projects connected to womens o�fers more developmental resistance of the proposal in the Chamber. Studies from the Cananéia Research Institute (IpeC) show

�e alderwoman believes that it would be necessary a more active attitude from the Municipal executive to apply and amplify the project. Francischini explains that, for the execution of

“We were overthrown

during the first commission already.” victims), followed by physical violence (27,94%). Between the interviewees, 38,52% revealed that it was not the first time the su�fered violence because of their gender.

Isabela Lobianco

Women from 10 to 19 years old are the most harassed in Brazil. activities and qualification opportunities, according to the details of Carol’s program.

rescue the victims of violence”, reports Flávia.

�e Support Women has similar rootes to other propositions. A project by alderwoman Flávia Francischini (PSL) registered in 2021 is destined to the incentive of financial independence of women in domestic and family violence situations. �e alderman João da 5 Irmãos (PSL) launched a similar plane, in February of the same year. “In Curitiba, especifically, was approved the Red Signal program with our unconditional support on the attempt to minimize and create alternatives to

Women´s support sticker attached to a lamppost.

Isabela Lobianco

Other proposals Similar proposals from other alderman that thicken the importance of Carol Dartora´s project

Maria Letícia mentions how the processes before the pro-women agenda were discussed more amply by civil society. “We were overthrown during the first commission already. Now, we could advance some commissions and, beyond that, the projects are arriving at the Plenary for voting, but then are overthrown by the Plenary”. Nowadays, the Plenary is composed of 38 members, 30 of them being men and 8 women. Because of the lack of feminine representativity, the Plenary´s approval becomes more challenging. One of the governmental political problems for women is the lack of budget, according to Maria. “A Casa da Mulher Brasileira (�e Brazilian House of Women), many times, works by amendment, which is paid once a year, but the year has 12 months”, highlights. Maria Letícia believes that “there is a light in the end of the tunnel”. She reveals that she has manage to approve projects that she would never imagine. One of then is a project from her first mandate that deals with reproductive life and suxuality in schools. “Whes would this be approved five or ten years ago? It wasn’t. And we manage to do it. We also approved a project about harassment on public transportation, bars and restaurants”, observes the alderwoman. �e last project approved is about period poverty.

João da 5 Irmãos published his project in February on 2021. It consists of mobolizing

any program destined to women it is necessary the participation of the city hall In the Legislature System of Proposition of the House of Representatives, more than 600 projects destined to women were tracked. One exemple is the submission of alderman Rogério Campos (PSD) in 2013, that would guarantee exclusive busses to curitibanas women e was rejected by the Plenary. Maria Letícia’s proposition, on the other hand, entered into details about landing women outside of bus stops because of dangerous regions, and it was arquivated.

Politics

the Municipal Executive Power for the creation on an incentive to companies that register themselves and o�fer

• •

jobs to women that suf-

in September of the

fer domestic violence. Viviane Vieira´s proposition was attached to João da 5 Irmãos in August 2021. Bruno Santos Rodrigues’ proposition was also attached to João´s, same year. Protocol in october 2021, Sidnei Toaldo´s proposal, was the Projeto Recomeço (Fresh Start Project) to support the hiring of women victim of domestic violence. Besides that, your program also welcomed women that were harassed by service providers. The project was archived in February 2022.

Read more Meet the alderwomen of the 18th Legislature of the City Hall portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Cidades

Aprovação da Anvisa facilita testagem da C0vid-19 em Curitiba Resultado do teste depende da capacidade do usuário de seguir as instruções corretamente Gabriela Alves 3º Período

F

Gabriela Alves

armácias de rede privada de Curitiba estão vendendo os autotestes da Covid-19 permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde o início de março. O modelo adotado é o swab nasal, que pode ser feito em casa, onde o usuário segue as instruções e interpreta o resultado de acordo com a amostra. O exame, no entanto, não conta como um teste oficial pois não gera laudo, ou seja, não serve como atestado médico. É necessário consultar um médico em caso de resultado positivo para confirmação e tratamento. O autoteste é indicado para pessoas que apresentem sintomas leves, que tenham tido contato com uma pessoa infectada, antes de visitas a locais com alto risco de contaminação ou para se tranquilizar caso não

Autoteste Covid Ag Detect da ECO Diagnóstica. mento do teste, nós informamos e os clientes acabam comprando.” A rede de farmácias Droga Raia também adquiriu os autotestes para comercialização. “Rece-

até 15 minutos para o resultado. Para um resultado apurado, é recomendado que o exame seja feito em um local higienizado dentro do período do 1° ao 7° dia de sintomas do vírus.

“Achei interessante que pode ser encontrado a qualquer hora. Tem um preço salgado, mas é muito prático.”

tenha sintomas, mas esteja se sentindo ansioso. O autoteste pode ser encontrado nas redes de farmácia privada de Curitiba, custando entre R$64,99 e R$69,99. É possível comprar e deixar em casa para quando for necessário fazer o uso.

bemos apenas um lote, para avaliarmos se tem uma procura. No entanto, a maioria ainda está em estoque”, explica Julia Alves, atendente da unidade do bairro Portão.

Até o começo de Março, a unidade de vendas da rede de farmácia Panvel, localizada no Shopping Palladium, recebeu 4 lotes do autoteste. A gerente da unidade, Dannily Rebouças, informou que foram vendidos 3 dos 4 lotes desde o recebimento no sábado, 6. “A procura tem sido moderada pois muitas pessoas não têm conheci-

A abertura deve ser feita na parte de baixo da haste. Deve ser inserida em uma narina, girar e tirar, repetindo o processo na segunda narina. Em seguida, abrir o reagente, inserir o swab e mexer. Retirar o swab e colocar o conta gotas no reagente. Pingar 4 gotas no dispositivo de teste e aguardar

Como usar

A empregada doméstica, Kethelyn Cristina Souza da Silva, 30, procurou uma farmácia e foi informada sobre a nova opção de testagem contra o coronavírus. Ela conta que fazer o teste sozinha foi horrível. “Incomoda igual quando faz no SUS, foi assim que soube que estava fazendo certo. Meu nariz ardeu e chegou a sair lágrimas. Fiz como me falaram na farmácia e também segui as instruções que estavam na caixa. No fim, deu negativo.”

Distribuição

e Austrália, os kits de autoteste para detecção do vírus fazem parte da política de saúde contra a Covid-19 e seus diferentes governos distribuem gratuitamente para a população, com a opção de ser entregue em casa sem custo algum. Em resposta ao questionamento da distribuição gratuita da nova forma de testagem, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba informou que não há planos no momento e os autotestes são somente encontrados em redes privadas. Para fazer o teste gratuitamente é necessário recorrer aos pontos de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) do município.

Leia mais Entenda os diferentes tipos de teste para o coronavírus portalcomunicare.com.br

Em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido Gabriela Alves

Kethelyn Cristina Souza da Silva realizando o autoteste.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Cidades

Professores do IPC comentam sobre a acessibilidade nos bairros Com o início de novas obras no Jardim Botânico, os docentes reclamam que a situação dos bairros é diferente dos pontos turísticos e do Centro Julia Moreira 3º Período

E

m março, a Prefeitura de Curitiba iniciou uma série de mudanças no Jardim Botânico que devem melhorar a acessibilidade do lugar. O pedagogo e administrador do Instituto Paranaense de Cegos, Enio Rodrigues da Rosa, comenta que os principais locais que devem ser acessíveis são as calçadas, mas é o que mais falta na cidade. O projeto ideal seria calçadas com piso plano e antiderrapante por todo o município. “Curitiba não é a cidade que foi vendida como [modelo de acessibilidade], não corresponde com a proposta... nos pontos turísticos e nos parques você encontra [reformas de acesso], mas você percebe que são obras de propaganda’’, explica. Nos locais mais afastados, as condições de calçadas não são ideais e somente há rampas em áreas específicas, como próximo a agências bancárias.

“Com as intervenções propostas, é esperado que o maior número de pessoas com qualquer condição de locomoção, com ou sem deficiência, possam usufruir do Jardim Botânico de maneira mais autônoma e segura’’, comenta Lívia Falcão, arquiteta idealizadora do projeto do Jardim Botânico. Segundo as informações do contrato com a construtora, o projeto deve custar cerca de R$ 3,1 milhões e durar seis meses. A reforma terminará com a implantação de uma rampa para acesso a copa, substituição de pisos táteis, novo mirante e reforma dos banheiros. O professor de Braille e Soroban do Instituto Paranaense de Cegos (IPC), José Simão Stczaukoski também é uma pessoa com deficiência visual. José comenta que alguns bairros não são feitos para os cegos, dificultando a mobilidade dele

e a dos alunos. “No Bairro Alto, praticamente todas as transversais também são preferenciais. Porém a maioria não tem semáforo e não tem calçada, que a Prefeitura diz que é responsabilidade do proprietário [fazer a obra] ”, afirma o professor.

central, onde há o maior �luxo de pessoas, e justifica a situação nos demais lugares. “Sobre os bairros e locais mais residenciais, a calçada em frente ao lote é de responsabilidade do proprietário e deve atender a Lei Municipal 11.596, de 2005,

aponta que algumas regiões são mais difíceis de fazer mudanças devido a obstáculos ou a topografia. Mas, em concordância com os professores do Instituto, ainda garante que “uma cidade com acessibilidade não serve só para o cadeirante, ela serve para

Os dados do último censo no Paraná revelam que 21,4% dos paranaenses possuem alguma deficiência nos diferentes níveis de dificuldade. Porém, a deficiência visual é a mais comum entre os nativos, representando 16,6%. Em seguida, estão as deficiências motoras, com 6,76%, e a deficiência auditiva, com 4.94%, essa porcentagem impele que essa população deve ser capaz de se movimentar autonomamente por todo o território com as condições adequadas.

que estabelece os padrões de calçadas e esquinas”. Também acrescenta que os espaços públicos, como parques e praças, quando há alguma intervenção ou reforma, já incluem demandas de acessibilidade.

o cadeirante, para o idoso, para a mãe com o carrinho do bebê, para aquele que está provisoriamente com a mobilidade reduzida, então é uma cidade para todas as pessoas”.

“Uma cidade com acessibilidade não serve só para o cadeirante...”

A arquiteta Loreley Motter Kikuti, da Secretaria do Meio Ambiente, comenta que a capital tem investido na região

Para o administrador do IPC, a maneira que o município lida com a questão das calçadas é errada. “A Lei Brasileira de Inclusão 13.143 (2015) prevê que o município execute a obra pelo proprietário, mas acaba sendo um empurra-empurra e ninguém assume a responsabilidade”, afirma.

Leia mais Conheça o Instituto Paranaense dos Cegos (IPC): portalcomunicare.com.br

Contudo, a arquiteta Loreley Julia Moreira

Localizado na av. Visconde de Guarapuava, há uma travessia sonora em frente ao IPC.

Acessibilidade em ruas movimentadas Implementado em 2018, as travessias sonoras exemplificam as novas tecnologias que podem ser usadas para auxiliar as pessoas com deficiência

O

projeto de implantação de cruzamentos com avisos sonoros para facilitar a travessia de pessoas com deficiência visual já conta com 205 módulos em Curitiba, segundo informações concedidas pela Secretaria Estadual de Defesa Social e Trânsito (SETRAN). As travessias sonoras estão concentradas em áreas de tráfego intenso e de acordo com a solicitação dos pedestres. Os cruzamentos com aviso sonoro são acionados quando a pessoa segura o botão de travessia por alguns segundos até o

equipamento começar a vibrar. Ao acionar esse uso, o tempo de travessia aumenta automaticamente, assim como nos semáforos para idosos e pessoas com deficiência física. Além disso, esses pontos são marcados por uma faixa laranja, que possibilita que pessoas com baixa visão percebam a travessia. Michel Veríssimo Pereira, professor de informática do IPC, comenta que, nos bairros mais afastados da região central, dificilmente se encontra a acessibilidade tecnológica. Nestas

regiões, faltam pistas táteis, travessias sonoras, detectores ou qualquer forma de detecção de obstáculos. Desse modo, as ruas e avenidas mais movimentadas, como a av. Sete de Setembro, av. Marechal Floriano, a rua XV de Novembro e a av. Visconde de Guarapuava, em frente ao Instituto dos Cegos, concentram a inovação. “Aquilo que temos em torno do IPC deveria ser o que temos na cidade toda, em todos os lugares”, afirma a professora Mariane Laurentino, que leciona

orientação e mobilidade no IPC. As proximidades do Instituto possuem calçadas planas, travessias sonoras, pisos táteis e não há obstáculos acima da cintura. Após a reabilitação, os educadores desejam que os instruídos sejam autônomos ao se locomover por Curitiba e, mesmo não tendo as mesmas condições próximas aos bairros onde moram. “Conseguindo ocupar estes espaços e entendendo seus direitos, é que ele [aluno reabilitado] vai desenvolver essa relação com a sociedade”, concordam.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Esportes

Febre mundial, Beach Tennis ganha destaque em Curitiba Aproveitando o auge do esporte, nove academias começaram a disponibilizar aula na cidade Enrique Ceni 3° Período

Enrique Ceni

C

riado em meados de 1987 na província de Ravennana na Itália, o Beach Tennis chegou ao Brasil em 2008, mas somente a partir da pandemia que recebeu a atenção da população. O esporte ficou tão popular que até cidades não praianas, como Curitiba, possuem altos números de praticantes. Um grande exemplo de como a relação com o esporte praticado na areia pode in�luenciar na saúde de uma pessoa é o do ex jogador de futebol Rafael Moura. Logo após encerrar a carreira nos gramados, se apaixonou pelo Beach Tennis e lhe ajudou a manter a forma fíisica de atleta,e atualmete, é jogador de Beach Tennis. Jogado na areia, o Beach Tennis possui regras e formato de disputa muito semelhantes ao Tênis. As competições são em duplas, nas categorias: masculino, feminino ou mista. Para vencer o jogo é necessário ganhar dois sets de seis games (quatro pontos ganha o game). A única grande diferença está no fato que não existe segunda chance na hora de sacar. Nascida em 2012, a Federação Paranaense de Beach Tennis (FPBT) é a responsável por promover e organizar competições através do estado. Por ser nova, ela ainda é responsabilidade da Federação Paranaense de Tênis. Para informações dos dois esportes basta acessar www.fpt.com.br. Desde o começo de 2022, a FPBT passou a promover competições semanalmente, devido a grande procura dos atletas paranaenses. São registradas em média 120 duplas inscritas. No final de semana dos dias 5 e 6 de março, a Academia Vitta sediou um torneio com o patrocínio do Shopping Mueller, no centro de Curitiba. Os campeões de cada categoria receberam R$500

Jogo de dupla mista disputado na AABB. cada. Com mais de 200 duplas inscritas, a procura foi tão grande que a organização do torneio precisou limitar o número de vagas, algo até então incomum na modalidade. O economista Ciro Rebesquini, atleta amador que participou do campeonato, avalia que o esporte está crescendo. “É muito bom ver que o número de pessoas praticando e competindo na cidade está aumentando. Quando eu

especializados. Academias como Vitta, CW Beach, Taboão, Win e Inove. E clubes como Curitibano, AABB, Santa Mônica e 3 Marias trouxeram professores e fizeram quadras, aproveitando o auge da modalidade. Em entrevista exclusiva, a professora de Beach Tennis da AABB Curitiba Letícia Dawybida avalia que há vários elementos que in�luenciam no aumento da popularidade da prática esporti-

“todos podem praticar, essa é a maior vantagem do Beach” comecei a jogar em 2019, os torneios davam menos de 100 duplas inscritas, a mudança foi grande desde que começou a pandemia. Ver que cada vez mais pessoas estão jogando é um incentivo a mais para continuar no esporte.” Outro fator que mostra a popularidade do esporte na cidade, é o número de lugares que disponibilizam aulas de Beach Tennis. De 2020 para cá, foi registrado um aumento de 70% em lugares

va. ” O Beach além de ser muito bom pra saúde é um esporte democratico, pessoas de todas as idades e de diferentes físicos conseguem jogar, basta ter uma raquete na mao. O Beach Tennis é um esporte novo se comparado com as modalidades semelhantes a ele, como Squash, Tênis e Padel, que existem desde 1890. Mesmo assim, vem igualando

Enrique Ceni

em praticantes nos últimos anos. Isso se deve por ser considerado uma portade entrada para quem nunca praticou esportes, pois é possível praticá-lo e se divertir sem nunca ter feito aula. Também é um esporte barato, necessário apenas de raquete e bolinha é possível encontrar o kit por menos de R$50 e uma excelente opção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde.

Curiosidades Diferencas do Beach Tennis para o Tenis

• • •

No Beach Tennis só existe uma chance no saque, no Tênis duas. O Beach Tennis só pode ser jogado em uma quadra de areia No Tênis, os materiais variam entre saibro, grama e pisos sintéticos (duros) feitos da mistura de materiais como asfalto e cimento, revestido e pintado.

Leia mais Média de inscrições em torneios de Beach Tennis em Curitiba portalcomunicare.com.br

Preparação de saque para a disputa do ponto.


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Mostra de cinema homenageia centenário da Semana da Arte Buscando retomar temas da semana histórica, programação de filmes ocorre até junho e a entrada é gratuita Tayná Luyse 3º Período

Cultura

A

Tayná Luyse

mostra Modernismos em Movimento: O Cinema e a Semana de Arte Moderna de 1922, promovida com a parceria entre o Cine Passeio e a PUCPR iniciou suas exibições mensais em março. Idealizada pelo professor Paulo Camargo, pesquisador e crítico de cinema, a mostra pretende usar, no melhor sentido, o cinema como alavanca para estabelecer discussões sobre um acontecimento histórico. “É menos um evento específico de cinema e muito mais um evento de caráter cultural. A partir dos filmes, re�letiremos a respeito desse conceito de modernidade”, observa o professor. As exibições da mostra acontecem uma vez por mês, sempre no segundo sábado, às 10h30 no Cine Passeio, e são acompanhadas por debates sobre os filmes, com a participação de convidados da área acadêmica e artística, entre eles professores que compõem o corpo docente da PUCPR. Essa foi a primeira ação desenvolvida pela PUCPR nesse espaço cultural, segundo a professora Luana Navarro, artista visual e diretora artística da Alfaiataria Espaço de Artes. “Como este

1° sábado da mostra com debates no Cine Passeio. Adalgisa Oliveira é responsável pela estruturação do espaço Belas Artes de Cultura e Criatividade da PUCPR. O evento é gratuito e os alunos que participam de cada sessão têm direito a horas complementares.

que eles trazem o pessoal que entende mais do assunto.” A Semana de Arte Moderna, que ocorreu nos dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, é apontada

“É menos um evento específico de

cinema e muito mais um evento de caráter cultural” ano é o centenário da Semana de Arte Moderna, chegamos no consenso de estruturar uma mostra que pudesse ser um material para discutirmos ideias de modernismo.” O grupo formado pelos professores Paulo Camargo, Luana Navarro, Miriam Fontoura e

A estudante de Publicidade e Propaganda Rafaela Silva está participando do projeto e conta sobre essa experiência. “É muito legal ver que eles estão nos incentivando a sair da universidade para assistir a filmes culturais brasileiros interessantíssimos e ter principalmente esse debate depois do filme, em

como um marco do modernismo brasileiro, com apresentações de teatro, música, pintura, dança e artes visuais. Serão exibidos ao longo do primeiro semestre de 2022, de março a junho, filmes brasileiros que retratam os artistas, as obras e os principais aspectos do modernismo. “A proposta é re�letir a importância

Primeira sessão da mostra O primeiro sábado da mostra iniciou com o longa-metragem Villa-Lobos – Uma Vida de Paixão. O filme narra a trajetória do compositor e maestro Heitor Villa-Lobos que contribuiu na Semana de 22, ao trazer elementos do folclore brasileiro em suas composições.

Adailton Pupia (PUCPR) e Fabio Poletto (UNESPAR), com a mediação do curador da mostra Paulo Camargo, apontando os principais aspectos do filme e sua ligação com a Semana de 22. Entre os comentários debatidos, a relação entre o modernismo e a política ganhou destaque.

Após a sessão do filme, ocorreu um debate com os professores

“Tem um momento do filme em que o compositor vai até Getúlio

Vargas (presidente do Brasil entre 1930 e 1945) apresentar um projeto e é nesta ocasião que a ditadura Vargas vai financiar os artistas do Modernismo para trabalhar para o Estado, no sentido de estruturar políticas públicas no país para a arte. Foi a primeira vez na história do país em que nós tivemos um projeto de educação musical em massa”, descreve o professor Fabio Poletto.

e ressonância do movimento na cultura brasileira contemporânea”, conta o curador da mostra Paulo Camargo. Os longas-metragens escolhidos pelos organizadores são: Villa-Lobos – Uma Vida de Paixão (2000), do diretor Zelito Vianna; O Homem do Pau Brasil (1981), sobre o escritor e poeta Oswald de Andrade; Macunaíma (1969), adaptado por Joaquim Pedro de Andrade. Também faz parte da lista a cinebiografia Eternamente Pagu (1988), da escritora e pioneira do movimento feminista no Brasil, Patrícia Galvão. Complementam a programação os curtas-metragens Abaporu (2021), de Igor Vasconcellos, inspirado no quadro de Tarsila do Amaral, e Não Me Condenes Antes Que Me Explique (1998), de Cristina Leal.

Novos projetos

A mostra é apenas um dos projetos de cinema propostos pela PUCPR em 2022. Também em andamento, o Cineclube Terra em Transe teve início em abril e é organizado pelo curso de cinema e pelos professores Irídio Moura, Suyanne Tolentino e Rodolfo Stancki. O projeto tem como objetivo criar um espaço de formação de repertório para estudantes de Comunicação e ao público externo.

Leia mais Saiba mais sobre o projeto CineClube Terra em Transe portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 20 de Maio de 2022

Ensaio

Paranaguá: Alma Caiçara do Paraná Paranaguá é a mais importante cidade estuarina do Paraná, localizada a 90km de Curitiba. É também o centro da cultura caiçara do estado, onde o povo vive em forte relação com o mar, os rios e o manguezal. Na Ilha do Mel, a população local e os turistas confluem em um dos locais mais bonitos do país. Na Ilha dos Valadares, próxima do centro da cidade, famílias caboclas e caiçaras encontraram na ribeira dos rios Itiberê e Correias um lugar para prosperar Ivan Cintra

Cemitério à beira-mar na Ilha do Mel.

Moradores da Ilha dos Valadares cruzam o rio Itiberê.

Senhora estende as mãos à Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná.

Cão deitado na areia, o rio e o manguezal ao fundo.

Barcos sobre o rio Itiberê.


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