Comunicare 332

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Sistema penitenciário

Por falta de interesse ou frustrações prévias, cerca de metade dos presos do Paraná não estuda Página 8

Acessibilidade

Vereadores aprovam projeto que exige oferta de cadeiras de rodas em espaços culturais de Curitiba Página 9

Cultura

Artistas negros se unem em coletivos e realizam Mostra de Teatro para lutar por mais espaço na cidade Página 10

Curitiba, 19 de Novembro de 2021 - Ano 25 - Número 332 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

Ensino sem escola Com aprovação de deputados estaduais e sanção do governador, o Paraná regulamentou a prática de ensino doméstico, conhecido como homeschooling. A partir de agora, pais ou responsáveis legais poderão oferecer ensino formal a crianças e adolescentes no ambiente doméstico, sem necessidade de que o estudante frequente a escola. A prática é comumem países como os Estados Unidos.

A proposta gera polêmica entre pais e educadores, que divergem quanto ao uso do método para a formação de crianças e jovens

Política | pag. 6 e 7

Julia Barossi

Inflação corrói renda de motoristas de app O

s sucessivos aumentos no preço dos combustíveis têm prejudicado profissionais que trabalham para aplicativos de transporte de passageiros e de entrega de alimentos e refeições. Com a gasolina mais alta, o rendimento dos trabalhadores caiu, obrigando-os a fazer longas jornadas, em busca de mais renda. A queda na rentabilidade levou muitos trabalhadores a abandonarem a atividade, o que prejudica a qualidade dos serviços e também afeta o consumidor, que se

Shows liberados

depara com preços mais altos e tempos de espera mais longos. Pressionadas por esse cenário de inflação, insatisfação dos motoristas e queixas dos consumidores, as empresas do setor buscam contornar a crise por meio de uso de novas tecnologias e de reajustes na remuneração dos profissionais a ela vinculados.

Economia | pag. 3

O preço da gasolina vem m em constante aumento, o que reduz a margem de lucro dos motoristas

O avanço da vacinação e a consequente redução nos casos de Covid-19 levaram as autoridades de Curitiba a permitir a relização de shows e eventos em espaços culturais com ocupação de 70% da capacidade do públi-

co. Especialistas, porém, alertam para a necessidade de respeito aos protocolos de segurança sanitária. Cultiraa | pag. 11


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Opinião

Democracia de justiceiros Eduardo Veiga Nigueira 4º Período

M

oro não é filiado ao PT, como informou a Justiça Eleitoral com base em seus registros. A princípio, a fraude coube a uma ação hacker não identificada. Pouco importa, na verdade. Vida que segue. O petismo continua com seu propósito arrivista de chegar novamente à Presidência por meio do totem e líder Lula; o ex-juiz da Lava Jato deve se acertar com o Podemos nos próximos dias e, enfim, arranjar seu trampolim para alcançar a terceira via. Mas, se a piada é absurda, a ironia de colocar Sergio Moro e o ex-presidente debaixo de um mesmo emblema não contradiz a postura que ambos tiveram frente à democracia.

crática os aproxima e coloca como personagens centrais da relação entre a história recente do Brasil e a Justiça. Um trágico mal-entendido. Pois, sob o olhar atento, dadas as proporções, vê-se apenas um jacobinismo fajuto, tanto em Sergio Moro como no PT. Os dois rasgaram a democracia com o pretexto de cumprí-la. Talvez querendo se autoproclamar sentinela da justiça social, o primeiro governo Lula centralizou o Mensalão, esquema milionário de compra de parlamentares que seria superado apenas pelo Petrolão. Boas intenções do lado petista jamais poderiam embasar a distribuição de propina para conquistar apoio político. Negar a corrupção escancarada em 2005, as conde-

O campo ideológico os distancia, mas a prática antidemo-

Opinião

Presidente ou pai do ano? Maria Luísa Cordeiro 2º Período

D

efinindo o Brasil em uma palavra, eu não diria samba, nem Carnaval – apesar de adorar as festas –, mas, sim. patrimonialismo. Lilia Schwarcz explica: “Entendimento, equivocado, de que o Estado é bem pessoal, ‘patrimônio’ de quem detém o poder”.

Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES

TRADUÇÃO

Suyanne Tolentino De Souza

Ivan Martins Cintra

FOTOS DA CAPA COORDENADORA EDITORIAL Júlia Barossi Suyanne Tolentino De Souza

O LÍDER ERRADO

NA HORA ERRADA

NO PAÍS ERRADO

Edição 332 - 2021 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO

Tayná Luyse

Temos de parar de apoiar candidatos que só defendem a família; afinal talvez eles estejam se referindo apenas a deles. Não está na hora de começarmos a lutar por uma república? Uma república na origem da palavra: coisa pública. É preciso aprender com o passado e exigir políticos que realmente estejam preocupados com o interesse público de todos os cidadãos.

Renan Colombo (DRT-5818-PR)

Rafael Andrade

Comunitiras

Jair Bolsonaro não se candidatou para o cargo de “pai do ano”; e, sim, para presidente da República. O personalismo político e o patrimonialismo são características autoritárias que colocam em xeque a nossa – já frágil – democracia.

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL

Ângela Leitão

O que fazer? Ainda há um ano até o pleito. Perguntemos aos hackers.

Quando o público se mistura com o privado, o governante começa a agir com base em seus princípios morais particulares, independentemente do bem-estar geral. O Estado deixa de cumprir seu papel para se tornar uma empresa privada ou, até mesmo, um negócio familiar.

A CPI da Covid, no começo de novembro, demonstrou exatamente o que argumento aqui. Eles justificaram as quebras de sigilo das redes sociais de Jair Bolsonaro afirmando que o presidente se utilizou de financiamento público para “promoção pessoal, promoção institucional

REITOR

O mecanismo para investigar Lula também se entorpeceu e se esquivou da democracia nas mãos de Moro. O ex-juiz alçou o heroísmo ao estampar a caça ao ex-presidente em uma operação carregada de ilegalidades - como ficou evidente na Vaza Jato. A imparcialidade de Sergio Moro contaminou os processos de Lula que deveriam, sim, condená-lo. A esperança que havia de minar o alcance da corrupção e fortalecer o Estado desgastado morreu com a sangria de Moro, pois, como ficou evidente, ele também se alimenta desse quadro.

Atualmente, a democracia brasileira é atacada, defendida e colocada em xeque. O que o presidente Jair Bolsonaro vomita em encontros mundiais e lives de quinta-feira não apenas denuncia um Brasil que esteve oculto, porém sempre vivo. Exibe também o resultado de anos em que a democracia foi esvaziada. Em que tivemos Justiça feita por justiceiros. No entanto, as náuseas de Bolsonaro não devem arrefecer nosso olfato ao que exalam PT e Sergio Moro.

[...] em detrimento do interesse público”.

O presidente da República e seus filhos vivem cruzando a linha entre o público e o privado. Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, utiliza as redes sociais do presidente. Jair Bolsonaro afirma que indicaria seu filho para ser embaixador dos EUA, porque “pretendo beneficiar um filho meu, sim”. Já o Exército aceita Laura Bolsonaro no colégio militar sem processo seletivo, atendendo a um pedido do presidente.

Expediente

nações de dirigentes do partido em 2012 e a presente tentativa de reescrever o passado é negar, também, o pacto democrático.

Estudantes 2º Período de Jornalismo Adriano Sirius Amanda da Silva Ana Carolina Augusto Annelise Mariano Bernardo de Souza Bruna N. Pelegrini Bruno Akio Tossa Caio Yuke Remza Eduardo da Silva Enrique Guinart Felipe Tomaz Felipe Lunardi Gabriela de Jesus Giovanna Catapan

Gustavo Vale Igor Barrankievicz Ingrid Lopes Isabela Lobianco Isabella Elias Ivan Cintra Janaína Furtado João Américo Goulart João Caetano Guimarães João Vitor Vieira José Henrique Garlet Julia Moreira Julia Barossi Julia V. Sobkowiak Juliana Boff Laura Siqueira Lívia Santana

Lorena Kikuti Lua Beatriz Martins Luis Gustavo Bocatios Maria Fernanda Dalitz Maria Luisa Cordeiro Mariana Santos Mariana Bridi Marina Zocolotte Natália Volaco Nicolas de Oliveira Pietra Gabiatti Pietra Pozzetti Tayná Luyse da Silva Thaynara da Graça Valentina Silva Nunes Victor Augusto Dobjenski Vinicius Setta


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Economia

Alta dos combustíveis prejudica usuários e trabalhadores de apps Custo da gasolina no Paraná subiu 32% apenas em 2021, reduzindo a renda de motoristas e entregadores de aplicativos Ingrid Caroline Isabela Lobianco Julia Moreira Mariana Gomes 2º Período

O

Reprodução Pixabay

s constantes reajustes no preço dos combustíveis têm encarecido os serviços de viagens e entregas de encomendas feitos via aplicativos – como iFood, Uber e 99 –, reduzindo a renda dos trabalhadores do segmento. Até o fechamento desta edição, o reajuste mais recente feito pela Petrobras fora de 7,2%, na segunda semana de outubro. O preço médio da gasolina em Curitiba era de R$ 6,31 e o do etanol, R$ 5,05. Os motoristas dos aplicativos relatam que a escalada dos valores tornou inviável o uso de carros menos econômicos para trabalho, além de impactar diretamente a carga horária de trabalho, que passou a ser maior; e o número de cancelamento de corridas, que também cresceu, em razão do menor número de trabalhadores realizando o serviço. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ferramenta principal para o cálculo da inflação no país, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

O preço médio da gasolina na cidade já chega aos R$ 6,31, enquanto o do etanol é de R$ 5,05 Para o fundador do maior grupo de motoristas do Brasil, Sérgio Guerra, do Guerra Drivers, o aumento do preço dos combustíveis impactou muito o próprio trabalho. “O preço do combustível impacta diretamente o bolso do motorista de aplicativo, porque o nosso lucro é na economia do combustível”, conta. “Hoje, para o motorista conseguir rodar, tem de ser um carro bem econômico

minuíram o valor do motorista e aumentaram o valor cobrado dos passageiros; aí o motorista fecha no vermelho”, queixa-se. O que dizem as empresas Em nota, o app 99 diz que efetuou um reajuste nos ganhos dos motoristas parceiros entre 10% e 25%, subsidiado pela companhia e que já está ativo em 20 regiões metropolitanas de todo

“Impacta diretamente o bolso do

motorista, porque o nosso lucro é na economia do combustível” Estatística (IBGE), alcançou 4,91% e 6,37% para a gasolina e etanol, respectivamente, em Curitiba, em setembro deste ano. Nos últimos 12 meses, o índice acumula valorização 46,70% e 64,35% para gasolina e etanol na cidade, segundo os dados do IBGE.

e, ainda, precisa trabalhar mais de 12 horas por dia”, afirma o motorista. Além disso, Guerra, que dirige para as empresas Uber e 99, também relata que as plataformas não aumentam o valor de repasse aos motoristas desde 2016. “Muito pelo contrário: di-

o país e em expansão nos próximos meses. “Os novos valores levam em consideração o impacto negativo do aumento dos combustíveis sobre a categoria, considerando a manutenção do equilíbrio da plataforma. O objetivo é continuar oferecendo

uma fonte de ganho aos parceiros e um meio de transporte financeiramente viável, seguro e eficiente aos usuários”, afirma a empresa. A Uber foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre a situação. De acordo com a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), as plataformas associadas, como 99 Entregas e iFood, trabalham para ajudar os motoristas e entregadores parceiros na geração de ganhos. A entidade diz, ainda, que realiza reajustes em diversas cidades do país e que, mesmo durante o período de instabilidade financeira no país, não houve reduções de remuneração.

Leia mais Conheça a realidade dos motoristas e entregadores de aplicativo no Brasil portalcomunicare.com.br

Número de cancelamentos de corrida cresce junto à alta dos combustíveis

Uber lança novo recurso para evitar o cancelamento de corridas, enquanto 99 adiciona recurso que promete ajudar motoristas e passageiros com os custos da viagem. Ingrid Caroline, Isabela Lobianco, Julia Moreira e Mariana Gomes

O

estudante Alessandro Gregorio Sobrinho faz o uso dos aplicativos aproximadamente quatro vezes por semana e tem sentido que as corridas estão demorando mais, apesar de não sofrer cancelamentos com frequência. Além disso, também nota o aumento dos preços. “Uma corrida que era R$ 4 agora está custando R$ 8, dependendo do horário e até da chuva”, afirma. Ainda comentou que as novas propostas da Uber e da 99 não lhe agradaram. Apesar do interesse nas caronas, o recurso de prioridade não vale a pena por

ter que pagar a mais. Já a assistente administrativa Amanda Soares tem sofrido com os cancelamentos e o aumento no tempo de espera. “Demoro em torno de 10 a 20 minutos para conseguir que a corrida seja aceita, e mais o tempo de espera da chegada do carro”, comenta. Para a auxiliar administrativo Janine Preto, os cancelamentos, a demora e o aumento dos preços são os problemas recorrentes, principalmente nos fins de tarde e próximos ao meio-dia.

Aplicativos tentam resolver problemas Na tentativa de pôr fim a esses problemas, a empresa Uber lançou o recurso Uber Prioridade, que permite que o passageiro pague mais para embarcar mais rapidamente. Já a 99 criou o recurso Carona, por meio do qual o motorista, que não é necessariamente da plataforma, pode compartilhar sua viagem com outras pessoas, de forma a dividir os custos. Devido ao aumento no número de cancelamentos, a Uber

baniu 1,6 mil motoristas de entregas e de corridas por cancelamento excessivo de viagens. A plataforma ainda afirmou, no comunicado, que 0,16% dos cadastrados na plataforma apresentam esse mesmo problema. Desde o início da pandemia, cerca de 40% dos brasileiros da classe C passaram a utilizar os carros de aplicativo com mais frequência. Já 31% que não conheciam o serviço aderiram à modalidade, segundo a pesquisa do DataFolha encomendada pela empresa 99.


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Economia

Inflação força aumento de preços e atrasa recuperação de restaurantes Estimativa é de que a recuperação do setor gastronômico, fortemente afetado pela pandemia, demore três anos. Caio Remza João Vitor Luchesi Nicolas Kirilov de Oliveira Vitor Marcolini 2º Período

A

Rafael Kula

pós quase dois anos de fechamentos intermitentes, restrições de funcionamento e queda no número de clientes, os proprietários de restaurantes de Curitiba se valeram do afrouxamento das medidas restritivas para voltar a funcionar de modo pleno, mas a retomada acontece em meio a um cenário de inflação que tende a atrasar a recuperação do setor. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estima que o prejuízo deixado pela pandemia leve cerca de três anos para ser contornado. A variação da inflação no setor de alimentação e bebidas chegou a 1,22% em Curitiba no mês de setembro. Os números são muito mais altos que os 0,62% registrados em setembro de 2020. A inflação acumulaO restaurante Quitutto GastroPub teve de aumentar os preços para evitar prejuízos

“Espera-se que essa inflação tenda a não baixar, e possa até registrar uma ligeira alta, passando dos 10% ao ano, o que é terrível” da neste ano em Curitiba já ultrapassa os números do ano anterior: a alta é de 7,74%, fentre a 6,9% de 2020. Além disso, a capital paranaense tem uma das maiores altas da inflação no país, com aproximadamente 2 pontos porcentuais acima da média nacional. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e se referem ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação no país. O diretor executivo da Abrasel no Paraná, Luciano Bartolomeu, explica que, com as diminuições das restrições, os empresários que não faliram estão conseguindo pagar as contas novamente, e que o retorno dos clientes está sendo progressivo, mas ainda abaixo da normalidade. Bartolomeu estima que a recuperação financeira do setor gastronômico será longa tendo em vista que vários estabelecimentos têm de arcar com grandes dívidas contraídas durante a pandemia. O proprietário do Quitutto GastroPub, Rafael Kula, conta que a margem de lucro diminuiu consideravelmente devido aos reajustes de luz, água, gás, aluguel e dos próprios insumos básicos, e que e não tem como não repassar os custos para o cliente final, mesmo absorvendo parte dos custos. Já o proprietário e chef da Cantina do Délio e do Bar Cana

Benta, Délio Canabrava, assim como Kula, também teve de aumentar os preços nos restaurantes. “Sem dúvidas, com o aumento dos custos, os preços sobem junto. Eu, como um empresário sério, preciso fazer uma planilha de custos. E cito como produtos que subiram o queijo e o leite”. Contudo, Canabrava diz não sentir queda no movimento. Para ele, o fluxo de clientes está excelente como era antes da pandemia, apesar da alta dos preços. “Eu acredito que a crise econômica não está segurando as pessoas em casa, porque a vontade que as pessoas têm de sair e confraternizar com amigos e familiares é tão grande que elas estão gastando mais do que deveriam, justamente pelo prazer de ver outras pessoas e se divertir.” Kula diz estar esperançoso também para o próximo ano. Ele acredita que, com a retomada do movimento, o ano de 2022 seja de recuperação do comércio no geral.

O que dizem os especialistas? Professor de Ciências Econômicas na PUCPR, Rodolfo Prates diz que havia 27 anos que a taxa de inflação não alcançava

níveis tão altos como agora. Segundo ele, por conta da pandemia, muitos setores produtivos não podiam funcionar normalmente. Isso gerou um desacoplamento dessas cadeias produtivas, e fez faltar produtos no mercado. Como consequência, os prazos de entrega e os preços aumentaram. E esse conjunto de elementos repercutiu no aumento generalizado de preços.

temente, aumentando o preço do produto. Especialistas estimam que a inflação para as carnes irá superar a marca de 10% deste ano, após ter disparado em 2020. O aumento estimado para 2021 está acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%.

Clientes reagem à alta de preços O advogado Dalton Gabardos diz que não deixou de frequentar os estabelecimentos que sempre frequentou, em virtude do atendimento e da localização. Gabardos entende o aumento dos preços dos restaurantes, uma vez que os

Prates também explica o tipo de inflação que assola os brasileiros é a inflação de custos, e alerta que, para este tipo de inflação, não há soluções rápidas. “Para o final do ano, nós podemos imaginar o seguinte: de um lado, os setores econômicos ainda um pouco fragilizados por conta da pandemia; do outro, as pessoas com um pouco mais de dinheiro e indo às compras. Espera-se, então, que essa inflação tenda a não baixar, e possa até registrar uma ligeira alta, passando dos 10% ao ano, o que é uma coisa terrível.”

custos também subiram.

O professor conta que outro motivo da alta dos preços é que o Brasil passou a exportar muito mais carne, por exemplo. Isso ocorre porque, para o pecuarista, com a taxa de câmbio alta, passou a ser muito mais lucrativo vender a carne para o mercado internacional do que para o mercado interno, diminuindo a oferta pelo produto no país e, consequen-

estabelecimentos.

Por outro lado, a odontopediatra Maria Morales, acostumada a comer em restaurantes quase todos os dias da semana, conta que começou a evitar estabelecimentos com preços, considerados, por ela, abusivos. Contudo, Maria também compreende os aumentos nos restaurantes decorridos do aumento dos custos para estes

Leia mais Gráficos mostram as variações de preços que são determinantes para a inflação do setor gastronômico portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Oferta de emprego cresce em Curitiba, mas crise continua A vacinação da população e a consequente diminuição das restrições aumentam as vagas de emprego, mas ainda permanecem altos níveis de desemprego Maria Luísa Cordeiro Tayná Luyse 2º Período

C

uritiba abriu 36.179 vagas com carteira assinada de janeiro a agosto, sendo o maior volume dos últimos 18 anos, mas os níveis de desemprego na cidade seguem elevados e economistas avaliam que a recuperação total da economia ainda vai demorar. Os dados de emprego são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, no fim de setembro. O número é o maior da série iniciada em 2003 e consolida o ritmo de retomada do emprego após a pandemia de covid-19, que encolheu o mercado de trabalho em todo país. Os dados do Caged mostram, ainda, que Curitiba teve um aumento de um terço do número de pessoas empregadas com registro em CLT no mês de agosto de 2021, em relação ao mesmo mês do ano de 2020.

Ana Volpe/Agência Senado

menteiro há mais de 25 anos. Em abril de 2020, foi demitido, e ainda permanece à procura de trabalho. Com o início da pandemia, a empresa em que trabalhava realizou demissões em massa, desligando mais de 100 funcionários em apenas um dia. Para ele, esse momento está sendo muito desafiador. “Tive de fazer redução em várias coisas para manter o mesmo padrão de vida, como reduzir água e luz. Tudo teve de ser racionado”, afirma. A preocupação em pagar as contas em dias e a constante procura por emprego é uma realidade desgastante. Com o avanço da vacinação e a abertura de novas vagas, a esperança de recolocação no mercado se fortalece. Para a economista Angela Welters, a vacinação como um

Curitiba registrou 36.179 novas vagas com carteira assinada de janeiro a agosto.

Dificuldades antecedem a pandemia O mercado de trabalho já passava por muita dificuldade antes mesmo da pandemia, e só a vacinação não será suficiente para recuperar a crise econômica do país, que já se

“O avanço da vacinação deve trazer

algum alento, mas, infelizmente, não deve resolver todos os problemas” No entanto, as vagas ainda são poucas para os 9.1% da população paranaense que está desempregada, segundo dados mais recentes da PNAD de julho de 2021. Conforme os dados informados pela Prefeitura de Curitiba, a vacinação de maio até os meses subsequentes colaborou para o aumento de empregados no modelo de registro em carteira assinada na capital. Celton Leite, 52 anos, é ferra-

Economia Editoria

todo irá ser muito benéfica para o setor de turismo e de serviços, visto que esses foram os mais afetados pelas restrições. A economista ainda destaca a importância do chamado “passaporte da vacina”. “A obrigatoriedade dessa exigência para frequentar locais públicos poderia impulsionar mais as atividades de serviços, gerando mais segurança para as pessoas, sobretudo, em ambientes como cinemas, teatros e eventos em geral, dado o potencial de aglomeração de pessoas”, afirma.

estende por seis anos. Para o economista e supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Sandro Silva, a pandemia de Covid-19 intensificou o desemprego e a precarização das relações de trabalho. “O País vem recuperando as vagas de emprego, mas ainda não voltou ao nível anterior”. Para Sandro, é possível afirmar que houve diminuição no índice de desempregados, devido à

Relação entre o número de trabalhadores em regime CLT e vacinados em Curitiba

ampliação da vacinação e à diminuição das medidas de isolamento. No entanto, para ele, é importante destacar que a maior parte desses trabalhos são para ocupação informal. Com o alto desemprego durante a pandemia, muitas famílias tiveram de recorrer à informalidade para garantir renda, uma vez que o auxílio emergencial não foi prorrogado de imediato pelo governo federal. “É isto que está ocorrendo: as pessoas estão saindo pra rua, tentando fazer uma atividade, uma ocupação, para ter uma renda para poder sobreviver”, diz. “Você pode até atingir o nível de ocupação, mas serão, em termos de qualidade, ocupações muito piores do que era antes da pandemia”, acrescenta.

Perspectiva de melhoria

A perspectiva é de recuperar os níveis de empregabilidade pré-pandemia em 2022 ou em 2023, mas a saída para essa crise econômica não será fácil. “Uma recuperação do emprego mais ampla dependerá de uma mudança substantiva nas condições macroeconômicas, em especial, inflação, câmbio e juros, bem como a redução das instabilidades políticas do país e a superação da crise energética”, afirma a economista Angela Welters. “Desde o começo da pandemia, faltaram políticas coordenadas nacionalmente e a vacinação tardou muito. Com isso, perdemos muitas vidas e agravamos ainda mais a situação econômica do país. O avanço da vacinação deve trazer algum alento, mas, infelizmente, não deve resolver todos os problemas”, acrescenta a economista.

Leia mais Agencias do Trabalhador de Curitiba batem recorde do ano em ofertas de vagas de emprego. Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba e CAGED / Dados: Agosto 2021*

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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Política

Homeschooling é regulamentado no Paraná e divide opiniões Alunos de educação básica poderão participar desse método de ensino, desde que tenham no mínimo oito horas mensais de integração social Bruno Akio Bernardo Bittencourt Felipe Artigas Julia Barossi Annelise Mariano Giovanna Catapan Mariana Bridi 2º Período

A

lei que regulamenta a prática da educação domiciliar (conhecida como homeschooling) no Paraná foi sancionada no início de outubro, pelo governador do Paraná, Ratinho Junior. A modalidade de ensino pode atender a estudantes dos ensinos Infantil, Fundamental e Médio, com menos de 18 anos. Cabe aos pais ou responsáveis escolher o ensino em casa ou na escola, e a decisão deve ser notificada oficialmente à Secretaria de Educação. A prática gera polêmica entre pais e educadores. A lei, que foi sancionada com duas de quatro emendas apresentadas pelos deputados, possibilita o acompanhamento dos responsáveis no conteúdo ensinado ao aluno, devendo ser o mesmo da escola regular. Também deve haver avaliações periódicas para comprovação de que as disciplinas estão sendo cursadas. O Conselho Tutelar fará visitas para fiscalizar qualquer relação abusiva, e é atribuição dos responsáveis garantir a convivência comunitária do aluno. A regulamentação para participar do homeschooling prevê, ainda, outras regras: - Os pais ou responsáveis condenados por crime contra a vida previstos no ECA e na Lei Maria da Penha não poderão participar desse método de ensino; - Elaboração de calendário de provas e avaliações periódicas para medição do nível de aprendizagem; - Alunos que participem do modelo de ensino tenham no mínimo oito horas por mês de integração social por meio de atividades coletivas, que sejam comprovadas por algum tipo de certificado ou declaração dos pais, além de filmagens e fotografias.

A favor

O maior argumento dos deputados a favor do projeto é que a Constituição Federal, no artigo 227, assegura que é dever da família garantir a educação da criança e do adolescente. O autor da proposta, deputado Mar-

Geraldo Bubaniak e Guilherme Flores AEN/PR

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, após a lei ser sancionada cio Pacheco (PDT), afirma que, segundo essa premissa, cabe aos pais escolher qual será o melhor ensino para os filhos. “A regulamentação traz segurança para as famílias e paz para os pais que hoje são perseguidos por se encontrarem sem uma base jurídica que os respalde. São tratados

que houve uma taxa de crescimento de 55% nos últimos anos, antes mesmo da pandemia. “A partir da pandemia, tivemos um crescimento muito significativo e um salto gigantesco no número de famílias que adotaram a prática. Entre março de 2020 e setembro de 2021, nós recebemos uma média de 30 pedidos

de Justiça contra a lei estadual. “Este projeto em nível nacional, que já tramita no Congresso Nacional, é de autoria do presidente da República. Ele e seus seguidores acreditam que estarão protegendo seus filhos de ideologias indesejadas, negando assim o professor e a escola”, afirma parlamentar.

de ajuda por dia de famílias na nossa associação”, conta o presidente da ANED, Rick Dias.

Para a psicóloga Isabella Cavazzani, mesmo com alguns benefícios, a presença na escola ainda é melhor para a criança e adolescente. “Acredito que o homeschooling pode ser benéfico em alguns aspectos. Porém, também acredito que o contato que desenvolvemos com outras crianças dentro das escolas seja um dos maiores formadores de socialização e de experiências para a vida de todos”, comenta. “Isso não exclui qualquer problema que encontramos nas escolas. Sabemos que ainda tem muito a melhorar para alcançarmos uma educação de qualidade e respeitosa para todos.”

“O homeschooling pode ser benéfico, mas também acredito que o contato que desenvolvemos com outras crianças dentro das escolas é fundamental” como criminosos e indiciados por abandono intelectual”, afirma o deputado, que também aponta a problemática para alunos educados em casa que não podem ingressar em um concurso público ou faculdade por não terem o certificado do Estado. Segundo os apoiadores do método, a expectativa é de que o homeschooling seja instituído no país inteiro, dado o aumento no interesse pelo modelo. A ANED (Associação Nacional de Educação Domiciliar) estima

Os defensores argumentam que o ensino domiciliar é benéfico por diversos motivos, inclusive para a proteção do aluno contra o bullying no ambiente escolar.

Contra

Em contraponto, a oposição na Assembleia Legislativa votou contra o projeto e o critica porque acredita que esse método de ensino fere a Lei de Diretrizes e Associação Nacional de Educação Domiciliar Bases da Educação e o Estatuto da Criança e do Adolescente. “Crianças e adolescentes têm o direito de frequentar a escola e interagir com os estudantes, convivendo com a diversidade, pois a escola reproduz a sociedade plural que temos”, constata o líder da oposição, deputado Professor Lemos (PT).

Crescimento da educação domiciliar no Brasil

O deputado petista se preocupa fortemente com a extensão do projeto no país todo e vai, junto de outros deputados, entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Tribunal

Leia mais Saiba mais sobre o honeschooling no Paraná portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Editoria Politics

Homeschooling law is sanctioned in Paraná and splits opinions Students may participate in home education, as long as they have at least eight hours of social interaction per month Bruno Akio Bernardo Bittencourt Felipe Artigas Julia Barossi Annelise Mariano Giovanna Catapan Mariana Bridi 2º Período Translation: Ivan Cintra

T

he law that regulates the practice of homeschooling in Paraná was sanctioned in early October by the governor of Paraná, Ratinho Junior. Home education can serve students from kindergarten, elementary and high school, under 18 years of age. It is up to the parents or guardians to choose either homeschooling or traditional schooling, and the decision must be officially reported to the Department of Education. The practice generates controversy between parents and educators. The law, sanctioned with two of four amendments presented by the deputies, enables the parents or guardians to follow up the content taught to the student, which must be the same as in the regular schooling. There must also be periodic evaluations to prove that the subjects are being taken. Child Protective Services will make visits to monitor any abusive relationship. It’s the responsibility of the guardians to ensure the student’s community coexistence. The regulation for partaking in homeschooling have other rules: - Parents or guardians convicted of a crime foreseen in the Child Welfare Act or in the Woman Protection Law cannot participate in this teaching method. - The elaboration of exams calendar and periodic evaluations to measure the level of learning. - Students partaking in homeschooling must have at least eight hours per month of social interaction activities, that must be proven by some type of certificate or statement from the parents.

In favor

The biggest argument of the deputies in favor of the bill is that in the Federal Constitution, an article assures that it is the family’s duty to guarantee schooling for their children. The author of the draft bill, deputy Marcio Pacheco (PDT), says that, according to this premise, it’s up to parents to choose the best

Geraldo Bubaniak e Guilherme Flores AEN/PR

Governor of Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, after the law was sanctioned education for their children. “The regulation bring security to families and peace to parents who are persecuted for being without a legal basis to back them up. They are treated as criminals and indicted for the

we had a very significant growth and a gigantic leap in the number of families that opted for homeschooling. Between March 2020 and September 2021, we received an average of 30 help requests a day from families in our association,” says Rick Dias,

living in”, says opposition leader, deputy Lemos (PT).

president of ANED.

of Unconstitutionality in the Court of Justice against the state law. “This homeschooling project at the national level, is already being discussed at the Congress, is created by the President. He and his followers believe that they will be protecting their children from unwanted ideas, thus denying the teacher and the school”, states a congressman.

Deputy Lemos is strongly concerned with the extension of the project throughout the country. He, along with other deputies, will file a Direct Action

“Homeschooling can be beneficial in some ways. However, I also believe that the contact that we develop with other children is fundamental”

crime of intellectual abandonment”, says the deputy, who also points out the problem for homeschooled students who cannot enter a civil service exam or college because they don’t have the state certificate of schooling. According to the supporters of home education, the expectation is that homeschooling will be throughout the country, given the increase of interest. The National Association of Home Education (ANED) estimates that there was a growth of 55% in recent years, even before the pandemic. “Since the pandemic,

Advocates of home education argue that it is beneficial for many reasons, including protecting the student from bullying.

Against

On the other hand, the opposition voted against the bill and criticized homeschooling, saying that it violates the Law of Guidelines and Bases for Education. “Children and teenagers have the right to attend to an actual school and interact with other students, to be living with diversity, as the school reproduces the plural society we are

Associação Nacional de Educação Domiciliar

For the psychologist, Isabella Cavazzani, even with some benefits, being at an actual school is better for the children. “I believe homeschooling can be beneficial in some ways. However, I also believe that the contact that we develop with other children in schools is one of the biggest makers of socialization and experiences in everyone’s life”, she comments. “This doesn’t exclude any problems we find in schools; we know they still exist”.

Leia mais Saiba mais sobre o honeschooling no Paraná

Growth of home education in Brazil


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Cidades

Quase metade dos presos não participam de atividades educacionais Em agosto, 47% dos presos estavam ausentes de atividades didáticas, seja por falta de interesse ou frustrações com o estudo Ana Rossini Eduardo Albano Gustavo Américo Marina Poland 2º Período

DEPEN

C

erca de metade dos presos que cumprem pena em unidades penitenciárias do Paraná não participam de atividades educacionais, apontam dados do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), que abriga 21.876 presos no estado. As informações são de agosto de 2021 e indicam, de modo exato, 47% dos detentos ausentes dessas atividades, sobretudo em razão de falta de interesse e frustrações pelo estudo. Também há casos de internos que não estudam porque já trabalham. Em agosto de 2019, havia um total de 21.291 presos no sistema, com 15,98% participando de atividades educacionais pela remição de pena através da leitura e 298 que possuíam qualificação profissional. Já agosto de 2020, num universo de 21.122 internos, a participação nas atividades educacionais de remição de pena através da leitura caiu para 7,06%, porém a qualificação profissional aumentou para 413. Por fim, em agosto deste ano, verificou-se um aumento em ambas categorias: de 21.876 presidiários, 13,43% participaram da remição de pena através da leitura e 786 possuíam qualificação profissional, de acordo com dados da DEPEN. O estado do Paraná foi o primeiro do país a regulamentar a Remição pela Leitura no âmbito dos Estabelecimentos Prisionais, instituída pela Lei Estadual n.º 17.329/12. Um dos destaques é o projeto chamado “Leitura”, que permite que os detentos diminuam a pena através da leitura de livros selecionados e da escrita de uma resenha. As obras válidas para a remição incluem clássicos da literatura universal, biografias e outras selecionadas pelos professores de Língua Portuguesa. A Bíblia também foi adicionada como um dos livros integrantes na remição da pena. A responsável pelo setor de Educação do Depen, Irecilse Drongek, aponta que a ausência dos detentos nos programas de estudo vem pelo fato de que muitos já trabalham. “A gente tem muito preso implantado em carteira de trabalho, e, quando se trabalha o dia todo, só pode ir para escola no período noturno. Não são todas as unidades penais que autorizam a aula nesse período”.

Atividades densas podem gerar frustração Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, Luiz Antônio Chies expõe a perspectiva dos presidiários que não procuram a educação como meio de reinserção. “De repente, o pai e a mãe não eram letrados; ou tinham escolaridade, mas nunca conseguiram aproveitar aquela formação para acessar um emprego melhor. Então, muitas vezes, para eles [detentos] a escola é muito mais uma

Presos realizam atividades educacionais na Penitenciaria Central de Piraquara lembrança de frustrações do que uma lembrança de sucessos”. Ele acrescenta que atividades que envolvem leitura de textos mais densos, de autores como José de Alencar e Machado de Assis,

diferente de antes da pandemia: eles montavam os combos de atividades, que eram entregues aos detentos pelos agentes da penitência, que, mais tarde, recolhiam o material. Irecilse pontua a importância da

Entre as exigências para a participação dos detentos nos projetos pedagógicos e de profissionalização estão a proximidade do direito à progressão de regime, escolaridade mínima, e bom comportamento.

“Quando ele não avança na questão da escolaridade nem da profissão, a recepção dele no mercado de trabalho é muito mais difícil”

podem exigir esforço excessivo, ampliando a frustração e impedindo o detento de desfrutar da tarefa.

Pandemia dificultou oferta de atividades Irecilse Drongek, do Depen, comenta sobre o impacto da pandemia na participação dos presidiários. “Muitas vezes, eles não têm interesse mesmo, e a gente teve um movimento de redução das práticas tradicionais [de estudo] por conta da pandemia, embora não tenhamos parado.”. Os professores passaram a proceder com os alunos uma dinâmica

educação e qualificação profissional na reinserção social dos detentos. “Quando ele não avança na questão da escolaridade nem da profissão, a recepção dele no mercado de trabalho é muito mais difícil. Então, são eixos fundamentais para a reinserção”. A Casa de Custódia de Curitiba lançou iniciativas que contribuem para a qualificação profissional e a leitura nos presídios. A ação “Educação nas Celas” surge como projeto-piloto que tem por objetivo levar educação nas celas, por meio de aulas transmitidas em tempo real, por videoconferência, voltado apenas para cursos profissionalizantes.

Após a finalização do curso, os participantes são colocados em liberdade monitorada ou receberão autorização de saída temporária para trabalho, e devem ser acompanhados pelo Conselho da Comunidade e Escritório Social do Depen.

Leia mais Conheça os centros estaduais de educação básica para presidiários portalcomunicare.com.br

DEPEN


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Cultura

Lei exige cadeiras de rodas em espaços culturais de Curitiba Espaços culturais públicos e privados de Curitiba não sofrerão sanções, caso optem por não fornecer cadeiras de rodas, o que gera críticas ao projeto Julia Amaral Lívia Berbel Thaynara Goes Victor Gambetta 2º Período

A

Julia Amaral

Câmara Municipal de Curitiba aprovou, em setembro deste ano, um projeto de lei que determina que espaços culturais públicos e privados de Curitiba devam disponibilizar cadeiras de rodas para auxiliar na locomoção de pessoas com deficiência (PcD) ou mobilidade reduzida. A lei, porém, não prevê punições aos estabelecimentos que a descumprirem. O projeto de lei é de autoria do vereador Marcos Vieira (PDT). Segundo ele, a proposta foi criada a partir da sugestão de um cidadão, o jovem João Pedro Gava Ribeiro, que tem um familiar com mobilidade reduzida. Se aplicada de forma total, a lei poderá beneficiar cerca de 6.736 pessoas, número que representa a população residente em Curitiba que possui algum tipo de deficiência motora, de acordo com o censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Vieira afirma que a lei tem um objetivo educativo; isto é, os estabelecimentos culturais que optarem por não fornecerem as cadeiras de rodas para a PcD e idosos não sofrerão penalidades. “Se eu tenho um espaço cultural, eu preciso dar oportunidade para todos. Não posso ter um espaço com segregação ou seleção do público”, afirma o vereador. Já para o vereador Pier Petruzziello (PTB), presidente da Comissão de Acessibilidade e

Embora a lei tenha sido aprovada, muitos espaços continuam sem ter as cadeiras de rodas

Projeto nasceu de sugestão de um cidadão

A sugestão do projeto de lei partiu do jovem João Pedro Gava Ribeiro. Ele conta que teve a ideia ao relembrar de uma visita que fez junto com o avô e a mãe ao Museu Paranaense. Ele afirma que, no meio do trajeto, o avô se sentiu cansado, e não havia nenhum tipo de assento para que ele pudesse repousar. João declara que, antes de propor o projeto, fez uma extensa pesquisa de campo nos museus de Curitiba: “Nós visitamos vários museus. Fui de exposição a exposição, e, conforme eu ia, eu anotava tudo que percebia.

de para essa parcela da população, iniciativas desse tipo não surtem efeitos, tendo em vista que os espaços culturais que não fornecerem cadeiras de rodas não sofrerão punições. Junior afirma: “A lei está se contradizendo quando diz que os espaços culturais devem fornecer a cadeira de rodas, mas, depois, fala que isso não é obrigatório. Isso torna a lei confusa, sem saber o que é ou o que não é para fornecer”. “Sei que a lei é educativa, mas, se é para fornecer cadeira de rodas, então tem de fornecer”, acrescenta. O presidente da Associação ainda declara que, se esse tipo de lei não prever punição, não existe

“A lei se contradi quando diz que os espaços culturais devem fornecer a cadeira de rodas, mas fala que isso não é obrigatório” Direitos da Pessoa com Deficiência, o debate sobre acessibilidade, antes de ser feito com os representantes, deve ser realizado com as próprias pessoas com deficiência. O vereador afirma que os projetos devem ser propostos com base no que de fato ajudaria as pessoas com deficiência, por isso a importância de escutá-las. Além disso, o vereador, que também é PcD, afirma que Curitiba não é a cidade mais acessível para esse público, mas que o governo tem discutido formas de melhorar essa realidade.

Depois eu montei uma planilha para cada exposição, contando quantas cadeiras havia e como era a condição delas”. Ele diz que tem boas expectativas para o funcionamento da lei: ”Vou torcer para que as pessoas não tenham mais que passar por toda uma exposição e não aproveitar por conta de uma condição física”, reitera.

Contradição do projeto

Para Junior Ongaro, presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), apesar dos pontos positivos que a lei traz, como inclusão e visibilida-

o propósito da existência. “Lei tem que ter punição. Se não há punição, não há lei”.

Disposição de cadeiras de rodas nos espaços

De 10 espaços culturais de Curitiba consultados pela reportagem, quatro informaram não possuir cadeiras de rodas para disponibilizar ao público. São eles: Cine Passeio, Teatro Guaíra, Museu Alfredo Andersen e Museu Egípcio e Rosacruz. Quando questionado sobre o motivo de não haver o equipamento, o Museu Egípcio declarou que não dispõe da cadeira por não ser um item obrigatório. Já os espaços

culturais que possuem cadeiras de rodas são Museu Oscar Niemeyer, Museu Paranaense, Museu do Expedicionário, Museu de Imagem e Som, Biblioteca Pública do Paraná e o Museu do Holocausto.

Acessibilidade nos espaços culturais 4 6

Tem cadeiras de rodas Não tem cadeiras de rodas

Aprovação da lei

O projeto de lei foi aprovado em segundo turno pela Câmara Municipal, com 33 votos a favor e 3 votos contrários. O texto da lei afirma que as cadeiras de rodas seriam adquiridas pelos próprios espaços culturais privados e fornecidas pelo governo para os espaços públicos. O texto também não especifica a quantidade de cadeiras de rodas que deverão ser distribuídas por espaço. As principais discordâncias dos vereadores que foram contrários ao projeto são a respeito das despesas que a lei traria para os espaços culturais privados - os quais precisariam comprar os equipamentos - e os custos que impactariam o consumidor final.

Leia mais Entrevista com João Pedro Gava Ribeiro, jovem que propôs a lei portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Cultura

Artistas negros lutam por espaço e organizam mostra de teatro em Curitiba Mostra de Teatro Negro levantou o debate sobre a resistência negra na cultura e protagonismo étnicoracial nas peças de teatro da capital Bruna Pelegrini Felipe Lunardi Ivan Cintra José Souza 2º período

L

utando por mais visibilidade na comunidade teatral de Curitiba, artistas negros da cidade realizaram, no fim de setembro, a primeira Mostra de Teatro Negro de Curitiba. Segundo o IBGE, 54% da população brasileira é autodeclarada preta ou parda; no Paraná, o índice é de 34%. Em Curitiba, a comunidade negra corresponde a 19,7% da população. Estima-se que existam cinco coletivos teatrais com artistas majoritariamente pretos ou pardos e cerca de 150 artistas negros ativos na cidade. A Mostra de Teatro de Curitiba ocorreu entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro, contou com dez espetáculos feitos por artistas negros e com a dramaturgia voltada para as questões raciais. O tema da mostra foi o protagonismo negro, com objetivo de tornar possível o aumento da representatividade negra na cultura local, abrindo espaço para mais espetáculos e mais artistas. O evento também trouxe à tona o debate sobre a resistência afro nas artes. Curitiba é uma das cidade com um dos maiores festivais de teatro o país, o Festival de Curitiba, mas começou a evidenciar o teatro negro apenas agora. Pesquisadora na Unespar e fundadora do coletivo teatral “Èmí Wá”, Isabel Oliveira fala sobre a importância do evento. “É de extrema relevância; não pela busca do espaço seguro, mas pela luta por um espaço possível, onde a população e as nossas crianças pretas possam encontrar alternativas criativas e possíveis para suas existências de forma positiva.” Em sua pesquisa, Isabel Oliveira faz um processo de garimpagem acerca dos coletivos negros em Curitiba, com foco na arte da cena. Para ela, existe uma grande história de apagamento dessas produções, e os grupos são marcados pela descontinuidade nos trabalhos. Nesse sentido, o Paraná está em desvantagem em comparação com outros estados, Bahia e São Paulo já possuem di-

Divulgação Mostra de Teatro de Curitiba

versos coletivos voltados à causa

cado de Curitiba era complicado

Thiago Oliveira, ator do Cena

A primeira Mostra de Teatro de Curitiba teve como tema o protagonismo negro racial e festivais do teatro afro. A praticipação de artistas negros em montagens nacionais, na TV, no cinema, no teatro ou nos departamentos de artes nas universidades, é escassa. Em 2018, a TV Globo recebeu notificação do

para atores e atrizes negras, eu saí. Eu estava fazendo ator [na faculdade] e, no segundo ano, eu optei por direção, porque como ator eu não ia ser chamado”. O produtor cultural afirma que sobreviver como artista é um caminho árduo para todos,

“Já sofri muito preconceito, sofro e ainda vou sofrer” Ministério Público do Trabalho por falta de negros na novela “Segundo Sol”, ambientada na Bahia, onde 80,2% dos habitantes se declaram pretos ou pardos, segundo o IBGE. Para Gil Rhodrigues, curador da primeira Mostra de Teatro Negro de Curitiba e produtor cultural, cada vez mais é essencial que existam mais coletivos, produtores e atores que desenvolvam trabalhos em que a comunidade negra seja vista. Como dramaturgo negro, ele fala da dificuldade de se posicionar no mercado cultural de Curitiba, “Quando eu percebi que o mer-

mas ainda mais para os artistas negros. Para Rhodrigues, é preciso abrir portas para que mais pessoas negras tenham espaço na arte. “Eu acho que a gente tá caminhando para um momento em que cada um precisa se impor. É preciso ter esse senso de que somos uma sociedade misturada, de que existem atores e atrizes negras em Curitiba e de que é necessária essa mistura”, acrescenta. “Já sofri muito preconceito, sofro e ainda vou sofrer”, diz Divulgação Mostra de Teatro de Curitiba

Hum, comentando sobre o racismo no teatro. O artista diz sentir muita representatividade quando vê um intérprete negro em um papel que originalmente era de brancos. É um assunto que gera muito debate. Para Oliveira, “você pode ser tudo que um ator branco é; a única diferença é a sua etnia. Mas, em cena, isso não vai fazer diferença nenhuma”. O teatro está presente na cultura brasileira desde a chegada dos portugueses por meio dos jesuítas, praticando o teatro de catequese, uma forma de chamar atenção dos indígenas e colonizar a cultura local. Por muito tempo, o teatro foi dominado pela alta classe da sociedade branca, e os negros participavam dos bastidores apenas como empregados em serviços como limpeza. Não havia, então, um orgão teatral que promovesse o protagonismo negro. Um dos primeiros registros do teatro negro no Brasil foi feita pelo ativista Abdias Nascimento, em 1944. Ele recrutou negros de todas as variedades de trabalhos da época para aprender e fazer peças de teatro. Naquele mesmo ano, Nascimento fundou a companhia Teatro Experimental do Negro (TEN), conhecida como o maior laboratório de diversidade dentro das artes cênicas brasileiras.

Leia mais Ouça a conversa com o dramaturgo Gil Rhodrigues, curador da Mostra Para o produtor cultural Gil Rhodrigues, é preciso abrir portas para que mais pessoas negras tenham espaço na arte

portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Decreto autoriza eventos em Curitiba com 70% da capacidade Decreto também determina que podem frequentar casas de shows e casas noturnas apenas pessoas que apresentem com teste negativo PCR ou de antígeno para Covid-19 Lorena Motter Maria Fernanda Dalitz Natália Volaco Valentina Nunes 2º período

Cultura

C

Freepik

asas de shows e casas noturnas de Curitiba estão autorizadas a reabrir, desde que com até 70% de ocupação, cumprimento de protocolos e limitação de público a mil pessoas. A liberação aconteceu a partir do Decreto Municipal nº 1650, publicado pela Prefeitura na primeira semana de setembro. Apresentações teatrais ou musicais em espaços abertos, que já estavam liberadas pelo Decreto nº 1550, agora podem ter capacidade de 50% do público total do espaço. O novo decreto também estipula, para os eventos, acesso

Microfone representando um show musical

“Somente agora com os novos

decretos, é que estamos voltando aos poucos como era antes” restrito a pessoas com teste negativo PCR ou de antígeno para Covid-19 realizado antes da data do início do evento. Existe, ainda, a proibição da comercialização e do consumo de alimentos e bebidas alcoólicas no local. De acordo com a assessoria da casa de shows do John Bull, as expectativas para a reabertura são positivas. Eles acreditam que, neste Verão, já será possível voltar com uma agenda de shows mais ampla. Durante a pandemia, a casa de fechar completamente, ficando sem faturamento e arcando com despesas diversas,

Crise devido a pandemia afeta diretamente o setor de eventos

Um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Eventos - seção Paraná (Abeoc-PR) mostra que o estado teve uma perda de R$ 25 bilhões com a parada do setor de eventos por conta da pandemia de Covid-19. Presidente da Abeoc-PR, Fabio Skraba disse em tribuna livre

na Câmara de Vereadores de Curitiba que, em 15 meses, cerca de 3,5 mil eventos sociais foram cancelados na capital. Sendo assim, 90% dos empregos gerados diretamente pelo segmento foram extintos, e a queda no faturamento das empresas do ramo foi de 98% somente em 2020. Diretora do Teatro Guaíra, Mônica Rischbieter relatou, em entrevista à Gazeta do Povo, as dificuldades do espaço durante o período de restrição de eventos. “Em 2020, nós tínhamos imaginado realizar 150 eventos, que tiveram de ser cancelados”. Ela também ressalta que boa parte da renda do teatro vem das locações do espaço, que custam, em média, R$ 8,5 mil, e foram paralisadas. Em nível global, a retomada dos eventos aconteceu a partir de eventos em que se testaram protocolos de segurança diversos. Em dezembro de 2020, por exemplo, ocorreu um show teste em Barcelona. A pedido de um grupo de cientistas, o evento

Pessoas aproveitando um show de máscara

AFP/AFP

foi realizado com público de cerca de 5 mil pessoas, adotando como medidas de segurança uso de máscara PFF2, distanciamento social e apresentação de teste PCR negativo. Assim, após os 14 dias de espera, somente 6 indivíduos testaram positivo para a doença, que foi interpretado como um sucesso e indicativo de que os eventos poderiam ser paulatinamente retomados.

Fãs esperam ansiosamente por novos concertos

A paralisação do setor de eventos não foi apenas um problema para a economia; foi também uma decepção para os fãs que tiveram adiados os shows a que queriam assistir. Diversas apresentações de grande porte tiveram que ser canceladas e remarcadas por causa da pandemia, com shows de Kiss, Metallica, Michael Bublé e Zeca Pagodinho, além do Festival Coolritiba. Fãs que compraram os ingressos antes da pandemia estão na expectativa de que, com a retomada do setor, os shows possam ser realizados. A estudante de biologia da UFPR Lais Guralhs comprou o ingresso para o show do Kiss em novembro de 2019. A banda é a sua favorita e ela tinha o sonho de assistir a um show do grupo. No entanto, a pandemia acabou atrapalhando os planos. “Infelizmente, com a chegada da Covid-19, o show teve de ser remarcado. Fiquei chateada, pois era algo que eu queria muito; estava ansiosa. Mas, pelo menos, essa espera fez com que eu ficasse com mais expectativa para o show”.

Médica alerta para necessidade de cumpir protocolos A médica infectologista Mireille Spera, que atua em Curitiba-PR, acredita que o novo decreto é seguro para a população, desde que as medidas de prevenção sejam extremamente rigorosas e supervisionadas pelos organizadores. Ela ressalva, porém, que mesmo o indivíduo imunizado com todas as doses da vacina contra a Covid-19 tem possibilidade de se contaminar e transmitir o vírus. “As vacinas não impedem as pessoas de contraírem a Covid-19; elas evita a evolução para doença grave que, leva à internação na UTI.” Por isso, segundo a médica, o uso de máscaras e o distanciamento de até 1,5 metro é essencial para evitar a transmissão para pessoas suscetíveis.

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Confira a agenda de shows disponíveis até o final de Novembro portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 19 de Novembro de 2021

Ensaio

Artesanato no isolamento Harry Dalitz nasceu em 1933 . Hoje, as 88 anos, é um senhor ativo que não suporta ficar parado. No entanto , com a pandemia, muitas de suas atividades não eram mais possíveis. Os passeios matinais no Passeio Público, as viagens de ônibus, os encontros com os netos. Desse modo, ele teve de se reencontrar para aguentar a pandemia isolado em casa, e foi assim que encontrou o artesanato. Maria Fernanda Dalitz 2° período

Harry passa boa parte do dia trabalhando em sua oficina improvisada

Ele utiliza materiais recicláveis para confeccionar as peças, como latas de cerveja, molduras antigas e galhos.

A ascendência alemã é muito importante para sua identidade. Um dos seus produts de artesanatos é uma casa com arquitetura alemã

O artesanto foi oque o salvou do tédio e da angústia criados pela pandemia

Os quadros com barcos e paisagens do mar são seus favoritos


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