Primeira Mão junho 2016

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primeiramão Revista Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo . ano XXVII . edição 147 . Julho 2016

HIV, o pesadelo não acabou . 12 As cultura do estupro . 14 Opção pelo parto domiciliar . 31

INFÂNCIA ARRISCADA O cotidiano de crianças que vivem em situação de pobreza e as estratégias de sobrevivência das comunidades Página 4 1


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Oi, tudo bem? Esta é a edição final da nossa Primeira Mão em 2016, para fechar com chave de ouro e deixar um gostinho de quero mais, trouxemos muita informação atual com bastante diversidade de assuntos, assim como é a nossa turma. Você vai ficar sabendo sobre crianças em situação de risco, vai ver dados preocupantes sobre o HIV e também sobre a cultura do estupro. Os jovens estão apostando em novas formas de trabalho, inclusive inovando nos ambientes, e você confere essas mudanças na reportagem sobre coworking. A constante reinvenção e algumas retomadas promovidas pela juventude lança um olhar atento para a música clássica. Não poderíamos deixar de fora as belezas do Espírito Santo, vamos mostrá-las por meio do surfe, do futebol de areia e de uma volta no serviço de aluguel de bicicletas Bike Vitória. Com a chegada de julho, vêm as férias e o friozinho, confira o que fazer neste período. Agradecemos a companhia e desejamos uma boa leitura!

Infância arriscada 4 Ufes suspende festas 7 Desvendando a mídia 10 O pesadelo não acabou 12 Coworking 15 Permacultura 16 Cultura do estupro 18 Parto em casa 20 Viva a diversidade 22 Luta, perseverança, superação 24 Estilo capixaba 26 Magrelas de aluguel 28 Juventude clássica 30 Olimpíadas 2016 31 O amor está no mar 32 O Espírito Santo nas areias 34 Vigorexia 36 O que fazer em julho 37 Até logo 38

Primeira Mão é uma revista laboratório, produzida pelos alunos do 6º período do curso de Comunicação Social/Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras | Vitória - ES CEP 29075-910 jornal1mao@gmail. com. Ano XXV, número 147. Semestre 2016/1 Reportagem e Edição: Alena Moreira André Vidal Bárbara Azalim Brenda Patrício Bruna Littig Caroline Kobi Caroline Ventura Christal Rios

Elisa Tavares Fernanda Bollis Helena Jacobem Isabela Missias Isabella Altoé Karoliny Siqueira Laiza Nicodemos Leonardo Ogioni Lucas Donato

Luisa Perdigao Luiz Felipe Guerra Mariana Dos Anjos Mayra Scarpi Nathan Santesso Nelson Aloysio Reis Nubia Nascimento Olga Samara Renata Andrade

Thais Stein Professora Orientadora: Ruth Reis Diagramação: Ruth Reis, Ana Júlia Chan, André Vidal, Bruna de Jesus, Carolina Mo-

reira, Henrique Andreão, Richele Ribeiro, Paulo Marcos, Isabela Bellumati, Silvia Fonseca Foto de capa: Luiz Felipe Guerra Impressão: Ufes

A revista Primeira Máo usa em seus textos principais fonte Ufes Sans, desenvolvida pelo Laboratório do curso de Design da Ufes

Gráfica

da

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INFÂNCIA ARRISCADA O cotidiano de crianças que vivem em bairros pobres, com alto grau de criminalidade e as estratégias de sobrevivência das comunidades

Luiz Felipe Guerra e Lucas Donato

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À beira da rodovia, uma calçada esburacada, um boteco e uma ruela mal asfaltada indicam a entrada do bairro 23 de maio em Vila Velha. O dia que em que se comemora o início da colonização no Espírito Santo, nomeia um lugar que é reflexo de suas consequências. É noite, ao entrar nas ruas do local é visível o esgoto a céu aberto, as casas sem reboco, a luz escassa e os cães vadios. As características democráticas das periferias brasileiras. Uma van se aproxima de um beco escuro, não há postes, não há calçamento, apenas um orelhão na esquina que, além dos mosquitos, está rodeado de crianças. Apesar do frio e da escuridão, elas comemoram, sorriem e correm em direção à van. Nela, estão alguns poucos jovens e adolescentes que semanalmente vão até essas crianças para levar roupas, alimentos e atenção. As crianças entram na van e logo arrastam os “tios” para a esquina que leva ao beco. No fundo do beco, um ponto de luz amarela revela os traços de alguns homens, sentados no meio-fio em pequenos grupos. Pouco se escuta, pouco se enxerga, muitos passam. Bicicletas e motocicletas passam, param próximo aos grupos e vão embora. Ao se aproximarem, homens se revelam jovens, como os voluntários que estão com as crianças. Eles vigiam, observam e permitem a aproximação dos estranhos, que rapidamente passam por um portão de ferro do outro lado da rua e chegam no pátio em que estão todas as crianças.


A Fotos desta reportagem: Luiz Felipe Guerra

O chão de cimento deixa as roupas sujas de poeira branca, que é pouco visível pela falta da luz, reduzida a poucas lâmpadas incandescentes penduradas em fios de energia. Em meio à penumbra, fragmentos de claridade revelam uma obra: lajotas sem reboco, buracos sem janelas e telhas onduladas. Seria como qualquer casa da vizinhança, apenas diferenciada pelo pátio, o grande muro e o portão da entrada. As outras casas têm apenas portas ou porteiras de madeirite. No beco em que está o movimento, funciona um projeto social. O projeto é reflexo do bairro. Em obras, a estrutura é precária, mesmo assim se torna ponto de encontro para um suspiro em meio à insegurança e à falta do básico. Às sextas-feiras à noite, pais e filhos se reúnem para conversar, brincar e comer, o que para alguns, não é possível nos outros dias da semana. A vivência nas periferias tem marcas profundas. A fantasia infantil logo é suprimida pela realidade incerta. Em meio aos pés descalços que jogam furingo, dançam e correm, conversas que mostram que essa liberdade é ocasional. “Minha mãe não me deixa brincar na rua, porque eu moro perto da boca de fumo e lá tem tiro”. Pipoca tem 13 anos e frequenta o projeto há três. Ela já não vê graça nas brincadeiras nem no jantar que é servido. “Eu só venho aqui para conversar. Passo o dia todo em casa tomando conta da minha irmã de um ano, e isso me cansa. Às vezes, vou para casa da minha amiga pertinho, mas normalmente fico lá. Meu pai tomou meu celular, agora só vejo TV, leio livro e tomo conta de casa. Faço tudo o que uma mulher faz: comida, arrumo a casa, passo roupa, tudo!”. 55


quinto ano do ensino fundamental é repreendida por um colega mais novo, que diz estar um ano à frente. “Só estou porque eu quis, a professora do sexto ano é chata”. Seguindo a idade escolar, Pipoca deveria estar no sétimo ou no oitavo ano, mas entre as crianças é difícil encontrar quem esteja acompanhando o ritmo previsto. “Eu gosto de ler, gosto de Romeu e Julieta, agora eu tô lendo mais, porque meu pai tomou meu celular. Antes, eu também não conseguia porque fazia bico de faxina na casa dos outros, aqui no bairro mesmo. Depois que minha irmã nasceu, tive que ficar mais em casa e tenho mais tempo”. A mãe de Pipoca explica que isso ajudava quando faltava dinheiro. “Agora eu trabalho como zeladora de uma igreja. Meu marido só tá fazendo bico, mas graças a Deus não falta nada na nossa

casa”, conta a mulher de 32 anos, que além da adolescente e do bebê, tem outros dois filhos de 7 e 9 anos, que frequentam o projeto social. “Isso aqui é bom para eles, porque podem vir e brincar. Nós preferimos comprar uma TV ao invés de deixar eles na rua. Eu tenho medo de eles brincarem na rua. Tem muita criança que vem aqui por causa da comida mesmo”, afirma. A maior parte das crianças vão com seus irmãos e primos, que costumam ser muitos. “Eu tenho cinco irmãos e duas irmãs, uma já morreu, mas deixou uma filha, que é minha sobrinha. Dois irmãos meus vêm sempre aqui comigo. Todo mundo mora junto com minha mãe, meu pai é caminhoneiro e nem sempre eu vejo ele, mas meu padrasto está sempre lá em casa”, afirmou a menina sentada no banco azul. Ao mesmo passo em que a família grande é comum, a ausência de figuras de referência é presente. - Ei menina, vem cá! O que você está arrumando? Cadê sua mãe? - Por que você quer saber dela? Vem cá, deixa eu te contar uma coisa! – Responde a menina, que puxa o voluntário para perto e sussurra em seu Igor Islay, Psicólogo ouvido – Minha mãe é nóia, tio, quem me traz é minha avó. Quando nascemos, precisamos de referência. PreA avó, na realidade é bisavó. Ela vivia com a cisamos de alguém que nos alimente, que nos forneça filha e a neta, que se envolveu com a droga e saiu um ambiente seguro e saudável para nos desenvolver. de casa, deixando para trás apenas sua filha, uma Viver em um ambiente que priva a criança de ter contamenina de seis anos. Mãe da terceira geração de to social, com regras, com saúde, com lazer, e princisua família, a idosa não passa a doçura esperada palmente privado de amor e afeto afeta diretamente o pela avó. É rígida, chama atenção, é uma figura desenvolvimento psicomotor além de poder acarretar educadora incansável com seus setenta e poucos várias psicopatologias. De forma mais clara, uma anos. criança que sofre violência física, entende a violência como a forma de se relacionar com o mundo, tendendo Apesar de conseguir ser a referência, não tem a se tornar extremamente agressiva, ou extremamente sido fácil se manter com a neta. “Eu era cozinheira, introvertida. mas me aposentei e meu salário é muito baixo, o Em relação ao pai, essa parte é bem delicada. O dinheiro do governo eu nem pego de tão pouco. É que chamamos de pai? A figura paterna? Ou a pessoa difícil, a mãe dela (da menina) não ajuda em nada, que provê a criança? Lembramos que a figura paterna então eu tenho que me virar, peço ajuda de um, de pode ser uma mãe, uma avó, um avô ou até mesmo outro e dou um jeito!”. um líder de projetos sociais, desde que envolva-se em A idosa sabe as consequências da falta da uma relação paterna com a criança, de cuidado, de mãe. Sua expressão revela o medo de a história se referência, de afeto. No caso de crianças que cuidam de crianças, é ou- repetir, e este se traduz na disciplina que ela impõe a uma simples brincadeira. “Ei, desce dai metra questão bem delicada. Uma criança tem o direito, segundo o ECA, de educação, saúde e lazer. Quando se nina! Você não sabe que vai machucar a menina se pular nas costas dela?” é criança dentro de seu ambiente, quando há necessidade de que ela assuma essa posição de responsável O receio do erro na educação se repete em vápelos irmãos, ela não perde esses direitos em teoria, rias famílias. “Não quero errar com eles como errei mas na prática ela é privada deles. Visto essa necessicom o mais velho”, conta uma mãe que leva seus dade, a criança se torna mais responsável, entende o dois filhos de sete e oito anos no projeto. Ela mora mundo com outro olhar, ou "amadurece" antes da hora, em um bairro vizinho, mas só passou a ir ao local mas não deixa de ser criança e negar uma criança de quando seu filho mais velho foi preso. “O advoga-

O PAPEL DE CADA UM

exercer sua infância, é doloroso. 6


do dele participa aqui e me convidou para vir e trazer os meninos”. A trajetória da família dessa mãe passa por mudanças de cidade para retirar o filho do convívio com o tráfico, mas ao retornar para a cidade de origem, o envolvimento com o comércio de drogas persistiu. “Eu não conseguia acompanhar o dia a dia dele. Trabalhava 12 horas por dia como caixa de supermercado, ele ficava sozinho em casa com minha mãe vigiando às vezes. Ele reprovou na escola e eu nem sabia, só soube quando me ligaram da escola. Agora, eu quero fazer diferente. Larguei o trabalho, vivo só para os meus filhos, levo e busco na escola, no futebol e no bodyboard. Não vai acontecer o mesmo. O dinheiro é curto, mas faço uns bicos como vendedora. A gente dá um jeito”. As crianças brincam juntas. Todas se conhecem e se chamam pelo nome e sobrenome, memorizados pela repetição diária das chamadas na escola. A maior parte delas estuda na mesma escola, a Unidade Municipal de Ensino Fundamental (Umef) Christiano Dias Lopes, que fica no bairro ao lado. A rotina é similar: elas acordam cedo e vão andando para a escola em grupos ou de bicicleta. “Não tem transporte, a gente vai junto e leva uns 20 minutos para chegar lá, mas é rapidinho”. Elas acordam cedo para ir para a escola e recebem almoço ainda cedo, por volta das 11 horas, refeição que alguns pais afirmam ser a única de algumas delas “Tem criança que só come bem no projeto e na escola, quando a merenda é boa”, . Além da alimentação, a escola parece ser um

dos poucos lugares de liberdade e diversão para as crianças. “Eu gostava de ficar o dia todo na escola! Ficava no ‘Mais Educação’ e tinha dança e esporte de tarde, agora é chato só tem capoeira às vezes”. Parece ser consenso entre os adolescentes. Já foi bom passar o dia todo na escola e chegar em casa só à noite, quando havia várias atividades pelo projeto de educação integral ‘Mais Educação’. “Eu fazia futsal e hiphop. Fiz dois anos seguidos mas aíi mandaram a professora embora e ficou ‘mó’ chato”. Agora, as oportunidades de desenvolvimento de outras atividades estão restritas. Brincadeiras, passos curtos e velozes, pique, cartinha e lepoteca, corda e bambolê, risos e conversas – Olha a roda! Todo mundo de mãos dadas! - sussurros, silêncio, concentração e oração! “Obrigado por mais uma noite de projeto, pela família e pelo alimento, amém!”. Corre-corre, pratos e colheres em mãos, fila para se servir, arroz, feijão, batata e macarrão. “Tio, você me trata? Olha o aviãozinho!”. Prato limpo, boca suja, pés imundos. Duas horas e meia depois da chegada da van, chega ao fim mais um sexta-feira no projeto 23 de maio. “Você vem de novo depois? Trás um presente para mim. Eu vou te dar uma cartinha!”. Crianças e adolescentes voltam para suas casas, sozinhos, em grupos, com os pais, com incertezas e uma realidade que parece insuperável: a falta de amparo do Estado, a família nem sempre presente, o dinheiro insuficiente, as adversidades que tentam impedir o futuro de ser frutífero e a luta pela superação delas. O tempo de brincar livremente acabou, só vai retornar na próxima semana.

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ADULTIZAÇÃO PRECOCE Crianças mal nutridas, em relação à qualidade ou à quantidade do alimento que é oferecido podem trazer sequelas muitas vezes irreversíveis no que tange à aprendizagem e à constituição do corpo, se comparado idade-desenvolvimento. Elas estão mais expostas a doenças que poderiam ser tratadas de forma simples se tivessem nutrição adequada no alto. A infraestrutura das casas também influencia na saúde das crianças. Habitações em estado precário de manutenção ou casas úmidas agravam os casos constantes de infecção respiratória em crianças com menos de dois anos. Nessas casas eu, geralmente, encontro as roupas molhas estendidas no quarto em um fio de energia, pois não há onde estender. Há crianças de cinco meses que aparentam ter secreção na respiração. Elas utilizam remédios para asmas desde cedo. As mães contam que são médicos das unidades de saúde que recomendam usar as bombinhas desde cedo. Mas como a dificuldade de voltar ao médico é muito grande, pela falta da consulta, em geral, quem receita é a farmácia, ou outra mãe. As crianças são levadas a usarem esses remédios, viciando-as desde cedo. Na questão paterna, é importante pensar nos conceitos de família, famílias ampliadas, em que muitas vezes os papeis de pai e mãe são substituídos por outros. Nem sempre as referências estão ligadas a drogas. Os adolescentes, mesmo não tendo o modelo paterno ou de família ampliada, conseguem perceber que esse caminho precisa ser evitado. Eles lutam por esse fato, e protegem irmãos e parentes e mais novos desse risco. Mesmo que não tenha uma referência paterna, não quer dizer que a criança está predestinada a não ter sucesso. Elas sabem que o caminho da droga culmina como o de pais que ficam preso por muitos anos. O adolescente não é ingênuo de ir para o mundo da droga para cair nisso. Hoje ele é capaz de discernir se é bom ou não, mesmo se ele é mais empobrecido. A exposição, desde muito cedo, a problemas na família ou na comunidade, com certeza transforma crianças de classes sociais empobrecidas, que pagam com uma precoce adultização. Entretanto, isso não é prazeroso nem positivo, elas perdem uma fase importante do desenvolvimento. Se a falta de referencia é total, a escola os equipamentos sociais, as ONG’s muitas vezes representam um espaço de acolhimento e construção de projeto de vida. Quando são eficientes, essas instituições conseguem transformar capacidades em competências, descobrindo muitas potencialidades e tornando-as claras para os educandos. Maria Ângela Varella Cabral, 69 anos, Mestra em Educação, educadora social voluntária. 8


Ufes Suspende Festas Nos Campi A decisão do Conselho Univeristário vale por dois meses, tempo em que devem ser definidas normas para realização de eventos festivos na Ufes Nelson Reis No dia 20 de maio, O Conselho Universitário da Ufes aprovou, por meio da resolução nº 26/2016, a suspensão temporária de festas e quaisquer eventos não aprovados nas dependências da Universidade Federal do Espírito Santo e e o acionamento imediato das Polícias Civil, Militar e Federal por parte da Vigilância Patrimonial, quando necessário. A suspensão é uma exigência da Justiça Federal e do Ministério Público até que o Conselho Universitário aprecie o projeto de resolução de festas nas delimitações de seus campi, no prazo máximo de dois meses. Desde 2011, o MPF/ES instaurou procedimento administrativo para acompanhar a regulamentação da realização de eventos festivos dentro das dependências da Universidade. Em 2012, chegou a recomendar a proibição de festas que não fossem diretamente organizadas pela Universidade, após a notícia de um crime de estupro ocorrido nas dependências do local –recentemente, ameaçou acontecer novamente no espaço da Universidade. Casos como estes assolam o ambiente universitário e nos fazem lembrar como nossa segurança está refém de medidas acertadas de determinados órgãos administrativos. Na ação civil pública ajuizada pelo MPF/ES, pedindo a finalização da elaboração do Regulamento de Festas, consta em documento que “o descaso da Ufes é evidente até mesmo para o corpo discente, que no dia 8 de abril do presente ano realizou festa (não autorizada) com a temática pertinente ao direito de utilização do espaço universitário para a realização de eventos. Na descrição do evento na página do Facebook,

consta a seguinte assertiva: ‘a Reitoria, gestão da Universidade que deveria ter responsabilidade para a garantia da estrutura nos eventos, insiste em atrasar o processo de regimento de festas, pelo qual lutamos para ser modificado’”. A reitoria já ampliou o monitoramento e a parceria com a Polícia Militar, porém as condições de segurança carecem de

universidade ainda será realizada. Estudantes relatam, a presença de drogas e de pessoas armadas nas festas não autorizadas,, além da ocorrência de furtos e agressões, o que indica a extrema importância desta resolução. Para Alberto Salume, conselheiro universitário do Diretório Central dos Estudantes (DCE), “festas fazem parte da vivencia universitária, têm

melhorias: falta iluminação em pontos de passagem; refletores e postes encontram-se quebrados e, por conta também do corte de verbas, continuam sem reparos. Segundo declaração do secretário estadual da Segurança, André Garcia, “a universidade também precisa investir na melhoria da ambiência, como iluminação, e ser mais rigorosa na realização de festas. Essas medidas certamente vão contribuir para a segurança no local”. Embora os termos do projeto ainda não estejam claros, Garcia assegura que os militares poderão incluir a Ufes em seu roteiro de policiamento ostensivo e que o aparato policial está à disposição para atuar, apesar de que a discussão com a

que acontecer, desde que organizadas por entidades da Ufes e que atendam aos critérios de segurança. Nós estamos lutando pra que as festas organizadas pelas entidades estudantis e por servidores sejam regularizadas, por isso a proposta de resolução é importante.” Na opinião de membros do DCE é necessário revitalizar espaços abandonados ou distantes nos campi, tomar ações concretas para melhorar a iluminação, realizar projetos de arte e cultura e estabelecer um canal de diálogo com estudantes e movimentos de representação estudantil para a regulação de festas, a fim de realizar a proteção dos estudantes e demais pessoas que se movimentam pela Universidade. 9


Desven dando a Um novo jeito de compreender os meios de comunicação através da discussão do que circula na imprensa. A leitura crítica da mídia surge como uma prática de promoção de uma socidade mais democrática e cidadã. Karol Siqueira Não é de hoje que a principal fonte de informação das pessoas são os jornais, a televisão, o rádio e, atualmente, com muita força, a internet. Muita gente diz acreditar na notícia pelo simples fato de ela ter sido transmitida por algum veículo de comunicação em que confia muito. Isso é resultado da enorme credibilidade na sociedade que as grandes mídias construíram ao longo dos anos. Antes de tudo, é necessário entender que o verdadeiro papel dos veículos de comunicação é a prestação de serviço público. Por isso, eles têm a obrigação de emitir as informações com um grau de objetividade que seja possível às pessoas desenvolverem reflexões sobre os assuntos abordados. Pode-se dizer que vivemos hoje num mundo completamente mediado. A mídia está presente em todos os lugares e isso se deve ao desenvolvimento da tecnologia que tornou a informação e a comunicação 10

cada vez mais veloz. Graças a essa velocidade, todos têm acesso fácil a uma enxurrada de notícias 24hs e muitas vezes acabam não refletindo sobre as informações recebidas. A situação em que o país se encontra aumentou a frequência de notícias sobre a política e esses assuntos se tornaram constantes no dia a dia das pessoas. Mas será que o leitor se sente realmente bem informado? Será que ele questiona sobre o comportamento da mídia em relação a esses acontecimentos? Será que gosta das informações que recebe? E da maneira como recebe? A Primeira Mão procurou o Observatório da Mídia, grupo de pesquisa da Ufes, para conversar sobre a influência que a mídia exerce sobre as pessoas. O professor coordenador Edgard Rebouças disse que “antes de tudo é necessário entender que a mídia tem um papel muito importante na formação da

opinião pública, e que atualmente o grande problema é que ela deixou de ser um mero mediador e passou a ser protagonista na formação da opinião pública. Então, tornou-se uma opinião publicada e não necessariamente a opinião do público”. O que o professor quer dizer é que quando compramos um jornal, já recebemos uma opinião pronta ao invés da informação precisa e diversificada que possibilita a reflexão dos fatos. Edgard, que é professor de Jornalismo e também já foi repórter, afirma que “sempre há uma intenção no processo de comunicação”, segundo ele ninguém fala algo à toa, “as pessoas falam com o objetivo de mudar alguma coisa.” Desde a produção da pauta até a emissão da notícia, são feitas algumas escolhas que evidenciam o posicionamento midiático, como a edição do texto, o recorte da imagem, qual matéria o veículo dedica mais importância e até mesmo o modo de leitura do texto. Vale lembrar que a mídia também é uma empresa e que as empresas defendem os seus interesses políticos e econômicos. Por esses motivos,


Crianças de escola pública discutem sobre os temas abordados na oficina de leitura crítica da mídia.

entende-se necessário uma leitura crítica da mídia. Essa leitura acontece a partir do questionamento dos próprios destinatários em relação ao que eles recebem, quando entendem quem é a mídia e que ela possui uma intenção. Consequentemente, percebem o seu posicionamento e passam a consumir as notícias e informações com outros olhos e com um pensamento muito mais crítico. O jornalista e ex-escritor do Observatório da Imprensa e também coordenador do Observatório da Mídia, Victor Gentilli afirma ser fundamental a existência de uma leitura crítica e que “até o próprio veículo precisa fazer uma análise das coisas que publica”. Edgard e Victor orientam que para uma leitura crítica, é necessário a busca por diferentes meios de informação, além da comparação e da reflexão das notícias. A sociedade como espectadora\ leitora está acostumada a receber

as notícias e não questionar, se não estiverem de acordo com o que é emitido simplesmente mudam de canal. Edgard diz que “o consumidor de mídia precisa entender que pode reclamar. Assim como as pessoas se educaram em relação aos direitos do consumidor (não compram carne vencida, leite fora da validade etc) e aprenderam a reclamar, por que no caso da mídia as pessoas não reclamam? A educação para a mídia tem esse papel bem pedagógico para mostrar às pessoas que elas têm o direito de reclamar como consumidoras.” É necessário também enfatizar a importância da mídia no campo social, como por exemplo nas investigações públicas, cobertura de eventos, divulgação de notícias e informações, o relato dos fatos e até mesmo a possibilidade de levar o espectador aonde não pode chegar com tanta facilidade. Esse serviço é fundamental para a sociedade. Porém, alguns veículos caracterizam-se negativamente, o que leva muita gente a pensar que na mídia como uma coisa extremamente ruim. Projeto de extensão O projeto de extensão Educação para a Mídia – Comunicaê, desenvolvido pelo Observatório da Mídia realiza oficinas de leitura crítica da mídia nas escolas públicas da Grande Vitória, ministradas por estudantes de Comunicação. O objetivo do projeto é a promoção da educação midiática através da exposição e discussão dos conteúdos veiculados pela mídia. Por meio desta atividade é possível despertar a reflexão dos pequenos espectadores\leitores sobre a mídia e contribuir para uma audiência mais crítica. Nas oficinas, que são destinadas a alunos de 11 à 16 anos, são discutidos durante quatro dias, as-

suntos relacionados ao jornalismo, à publicidade, às telenovelas e à produção de vídeos. Orientadora do Comunicaê, Franciani Bernardes Frizzera, comenta sobre a experiência com o projeto. “Quando realizamos as oficinas constatamos o quanto as crianças já possuem repertórios de questionamentos sobre os conteúdos midiáticos que elas consomem cotidianamente, mesmo assim percebemos que ainda é necessário discutir este assunto com eles. A experiência com a mídia é cotidiana, mas sua desnaturalização não”, afirma. No decorrer das oficinas são apresentados alguns questionamentos, por exemplo “Como vocês se informam?” , “o que vocês entendem por mídia?”, “Com quem discutem sobre as notícias?” A partir das respostas surgem outras perguntas que levam a uma reflexão maior. Ao término, os alunos produzem os seus próprios conteúdos de vídeos, colocando em prática o que debateram e refletiram. Como resultado dessas produções estudantes de ensino fundamental apresentam denúncias, reproduções satíricas dos jornais policialescos e algumas exceções como histórias fictícias. Mariana Gonçalves, aluna de 14 anos, diz que a participação nas oficinas de educação para à mídia foi muito importante. “Eu não conseguia entender algumas coisas. Depois que a oficina chegou na escola eu comecei a entender não só o que informava, mas também o que eles realmente mostravam por trás daquilo tudo”, afirma. A aluna ainda sugere que oficinas aconteçam em mais escolas, pois, na opinião dela, “ muita gente precisa aprender sobre isso”. É possível entender a leitura crítica como uma ferramenta para a construção de uma sociedade democrática, mais participativa e crítica. A mídia é uma grande conquista no campo social e a aproximação dela contribui para a promoção da cidadania. 11


O pesadelo não acabou Pouco tem se falado do vírus HIV e de suas consequências. Enquanto as pessoas se esquecem dos riscos de se contrair Aids, o número de pacientes soropositivos só cresce. Nathan Santesso

Com o surgimento de novas doenças emergenciais no Brasil como o Zica vírus, dengue, H1N1, entre outros, muito pouco tem se ouvido falar sobre a disseminação do vírus HIV. É notável a ausência de campanhas de conscientização e prevenção pelos meios de comunicação e pelo governo federal. Em contrapartida, percebe-se um crescimento no número de soropositivos no país. Segundo o Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, 798.366 mil pessoas foram diagnosticadas com aids no Brasil entre 1980 e 2015. Segundo a agência da ONU responsável pela luta contra o HIV, a Unaids, o país vive um recrudescimento da epidemia da doença, tendo registrado um aumento de 11% no numero de infecções pelo vírus entre os anos de 2005 a 2013, enquanto no restante do mundo houve uma queda de 27,6%. No surgimento da epidemia nos anos 80 o grupo de risco da doença eram os homossexuais, as prostitutas e os usuários de drogas injetáveis, sendo seis casos de Aids no sexo masculino para cada caso 12

no sexo feminino. 36 anos depois, no último dado disponível pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais chegou a 1,7 casos em homens para cada um em mulheres. No Brasil, uma em cada cinco pessoas infectadas não sabem que são soropositivas; das que sabem muitos não se tratam, porém, segundo a meta mundial, o Ministério de Saúde tem até 2020 para atingir chegar a 90% das pessoas com HIV diagnosticadas. Deste grupo, 90% devem estar seguindo o tratamento, e dentre as pessoas tratadas, 90% com carga viral indetectável. Já no Espírito Santo os números são mais assustadores. Nos últimos seis anos, o número de pacientes com HIV dobrou aqui no estado, alcançando 5.549 casos, sendo eles o maior número entre jovens do sexo masculino. A médica infectologista Patrícia Silva explica que “aqui no estado há um crescimento considerável nas cidades do interior. A cultura do preservativo é pouco divulgada e debatida; os jovens têm vergonha de ir até o posto de saúde pegar preservativo ou ir até uma farmácia comprá-los. Os costumes sociais são muito ultrapassados, é como se fosse vergonhoso transar,

mas não deixam de praticar. Outro dado do departamento de DST é que a disseminação da doença é mais comuns em regiões em que pessoas têm um acesso restrito à informação e à escolaridade. Segundo Patrícia Silva, o governo precisa criar campanhas mais abrangentes e eficazes, como a distribuição de preservativos nas comunidades mais carentes, nas escolas, universidades, na porta das baladas, entre outros. “A distribuição de preservativos não é um incentivo ao sexo, as pessoas não vão ter ou deixar de ter relações sexuais porque distribuíram ou não preservativos. O debate sobre o sexo está inserido no cotidiano dos jovens, na sociedade, nas redes sociais, é de fácil acesso, então melhor pararmos de tratar como um tabu entre os jovens e oferecer eles uma maneira de prevenir não só a AIDS como uma série de DST’s e até mesmo uma gravidez indesejada”, defende. A médica ainda fala que o assunto precisa ser mais debatido dentro de casa, detalhado pelas escolas, discutido em salas de aula. “As pessoas, os jovens, precisam ter noção da proporção do problema. para elas se


esqueceram”,desabafa. Patrícia revela que a maior dificuldade dela no tratamento com pacientes soropositivos é a autoaceitação, o emocional abalado. “É muito difícil para o paciente aceitar sua sorologia. Geralmente, vivem escondidos, com vergonha e medo de enfrentar as pessoas e a sociedade. A Medicina evolui a cada dia e oferece awo paciente

um tratamento que, embora um pouco agressivo ao corpo, proporciona a ele uma vida normal como qualquer pessoa”, orienta. Encontrados em farmácias e distribuídos em postos de saúde, o preservativo é o método mais eficaz na prevenção do HIV e precisa se tornar um hábito na vida das pessoas que mantêm relações sexuais. Segundo o Mi-

HIV 1980 798.366 casos de aids foram diagnosticadas com o vírus HIV no Brasil entre 1980 e 2015

O número de pessoas com HIV dobrou no ES entre 2009 e 2015, quando foram registrados 5.549 casos

As taxas de detecção de aids em homens enre 2005 e 2014 presentou de crescimento: passando de 24,7 casos para cada 100 mil habitantes para 27,7 em 2014 (+ 10,8%).

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Em cada cinco pessoas infectadas não sabem que são soropositivas

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nistério de Saúde, o país distribui mais de meio bilhão de preservativos anualmente, mas o que falta é fortalecer as campanhas de prevenção e levar mais informação às pessoas, apresentando a problemática do vírus, as consequências, e criando a consciência do preservativo de maneira constante, e não uma vez ou outra como tem sido realizado.

2005

2013

0 Brasil registrou um crescimento de 11% nos casos de aids entre 2005 e 2013 , enquanto que no restante do mundo houve uma queda de 27,6% (Fonte:Unaids)

2014

Fonte: MS/SVS/ Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

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Sem medo de falar sobre o HIV Guto Ferrares realiza uma das poucas campanhas de aceitação do soropositivo, onde ele expõe sua vida nas redes sociais para ajudar e orientar outras pessoas que passam pela mesma situação Guto Ferrares, 28, empresário no ramo de beleza, coordenador de eventos e concursos de beleza, descobriu sua sorologia em julho do ano passado a partir de um pressentimento, que o levou a realizar um exame de HIV. “ Eu nunca havia feito o exame porque achava que não tinha me exposto o suficiente, não sentia nada, nenhum sintoma, eu acordei com o pressentimento e falei com minha mãe e meu melhor amigo que precisava fazer um exame de HIV”. Guto, que não era leigo no assunto, fez o exame numa quarta feira, 22 de julho de 2015, e no dia 23 a clínica ligou e pedindo para que ele repetisse o exame. “Como eu já tinha uma certo conhecimento do que era, e de como funcionava o protocolo de atendimento, eu já tive uma noção do que estava acontecendo e comecei entrar em choque”, lembra. O resultado definitivo do exame saiu no dia 29 de julho. “Eu fiquei uma semana em choque, fiquei abobado, me sentia como se estivesse vivo e morto. Em sete dias eu perdi 10 kg, de tanto que eu fiquei abatido”. Com o resultado final do exame em mãos, Guto convidou a mãe, a filha e os amigos para que fossem à missa “Eu precisava daquele momento, precisava chorar, colocar aquilo pra fora, mas quando eu vi todos que estavam ali comigo chorando, minha mãe, minha filha, meus amigos, eu parei e tive uma conversa com Deus e falei que eu ia ficar bem, e pedi a ele que tirasse a dor das pessoas que estavam comigo, e que aceitassem minha sorologia.” Recorda. Naquele momento, Guto fez uma promes14

sa de transformar a dor daquelas pessoas em luta. “Quando acabou a missa, minha família e meus amigos chegaram pra mim e falaram que estavam bem, Deus foi muito misericordioso comigo”, acredita. Hoje, Guto realiza uma das poucas campanhas de aceitação do soropositivo, em que expõe sua vida nas redes sociais para ajudar e orientar outras pessoas que passam pela mesma situação. “Eu resolvi abrir sobre minha sorologia e ajudar a quem precisava. Eu sabia que iria ficar bem e decidi lutar para que outras pessoas vivessem tão bem como eu vivo. Viver no armário sorológico é sufocante, vivi um mês e achei terrível”. E com essa iniciativa Guto tornou-se um canal de informação e referência para muitas pessoas e tem um público hoje de mais de 21 mil seguidores no Facebook. “A minha campanha é de humanização, de respeito ao soropositivo. Eu sou normal como todo mundo A minha doença não é transmitida pelo contato, você pode me abraçar e me beijar. Eu trabalho a humanização, a aceitação, para que os jovens saiam do armário sorológico e se aceitem para serem aceitos”, afirma. Guto é dos poucos casos de soropositivos que aceitam a doença e fazem um trabalho de humanização. Muitos jovens portadores do vírus ainda têm vergonha de assumir a sorologia para família, os amigos, a sociedade e vivem escondidos. Essa consequência negativa, chamada também de “armário sorológico”, se dá por grande falta de conhecimento das pessoas, que fazem um julgamento equi-

vocado do soropositivo. O que elas não sabem é que quando o tratamento é feito de forma correta, acompanhado por um especialista, as cargas virais chegam a ser indetectáveis no organismo, sendo assim, o tratamento possibilita que o soropositivo tenha uma vida comum, como qualquer pessoa, até mesmo nas relações sexuais. Com todo o avanço da Medicina no tratamento do HIV, o certo mesmo é se prevenir e o preservativo continua sendo o método mais eficaz na prevenção do HIV e de outras DST’s, tendo uma grande acessibilidade, já que também é distribuído nos postos de saúde. E Guto deixa um recado a todos os jovens: “Continuem transando, vivendo, mas façam isso com segurança, para que, no futuro, vocês não colham as consequências de pequenas atitudes. E se um dia chegarem a descobrir que são portadores do vírus, não surtem, porque a ciência, a Medicina, está muito evoluída, e o mundo não acaba aqui. E que vocês vivam, mas vivam com segurança, e não deixem que um momento faça a diferença no resto de suas vidas, porque o HIV não tem cara, cor, gênero, tipo físico e aparência, ele está ai, e o jeito é se prevenir”.


Bruna Littig

Diferente, curioso e promissor, um novo ambiente de trabalho chama atenção pela proposta inovadora

Você já se imaginou dividindo a mesa de trabalho com colegas de outras áreas? Assim funciona o coworking (ou co-working), um modo de trabalho colaborativo em que o espaço físico é compartilhado. Normalmente, uma sala grande com uma mesa comprimida, várias cadeiras e mentes pensantes fazem parte desse cenário. A troca de experiências entre os integrantes é considerada a parte mais valiosa desses espaços, que tem sido procurado, preferencialmente, por profissionais em ascensão. Para quem deseja abrir seu próprio negócio, é realmente uma boa opção, pois os custos são menores que salas comerciais e não precisa fazer investimento com a compra de materiais básicos, já disponíveis no coworking. Acolher aqueles que trabalham em casa, onde a atenção se dispersa facilmente, também é um dos objetivos deste sistema. Foi o que aconteceu com a designer gráfica Ana Bárbara Amaral ao decidir abandonar seu home office. “Eu trabalhava em casa antes de vir para o coworking, mas a rotina de casa tirava o meu foco. Aí eu decidi mudar há um mês e estou gostando. É muito interessante para quem está começando”, diz. Ela chegou a fazer uma pesquisa em Vitória e optou pelo O Parque, no Centro, que possui uma proposta diferenciada. “Nós temos três setores de atuação, que a gente chama de design, arte e educação. Dentro desses setores, existem alguns negócios e projetos, como o design gráfico, o vitrinismo, os workshops, eventos e o próprio coworking”, explica o diretor admi-

nistrativo da casa Gabriel Busato, e acrescenta “A nossa ideia não é só colocar um computador em uma mesa. Nós queremos gerar outras potências; troca de opiniões, conhecer novas pessoas, ser networking, por isso nos consideramos um ponto de encontro”, pontua. Nesse modelo, a sala de reunião, cozinha e banheiro também são compartilhadas. Existem salas dedicadas exclusivamente a uma empresa, mas não tem jeito, no vai e vem dos corredores, a convivência é inevitável. “Nós começamos nosso negócio no coworking e lá conseguimos produzir bem. Vez ou outra uma pessoa pedia alguma ajuda, ou perguntava algo, mas não acho que isso atrapalha, pelo contrário, acho essa interação muito benéfica”, comenta o ex-coworking Filipe Motta, do coletivo de design Locomotipo, que ocupava a sala residente, mas por razões de mobilidade, se mudou recentemente. Em geral, casas costumam dar vida a coworkings, pela atrativa divisão de cômodos. Já a criatividade para decorar e dividir o cantinho de cada um é o que chama atenção. O ambiente fica aconchegante e convidativo. Mas não se engane, para conseguir trabalhar em locais assim, é preciso “ir com a cabeça aberta e ter espírito de parceria, porque o coworking é trabalhar em grupo e estar ao lado de várias pessoas o tempo todo”, afirma Gabriel. Sem essa disposição, você não conseguirá se encontrar neste modo de trabalho. De qualquer maneira, vale o teste!

mas passa perto

NÃO É CORAÇÃO DE MÃE

primeiramão junho 2016

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Permacultura

Homem e natureza em harmonia A permacultura mostra que é possível se conectar ao meio ambiente de maneira sustentável através de um relacionamento em que todos saem ganhando.

Austrália, meados da década de 1970. Em resposta ao sistema industrial poluidor e práticas agrícolas agressivas ao meio ambiente, os ecologistas Bill Mollison e David Holmgren vão buscar nos conhecimentos ancestrais e na sabedoria das comunidades aborígines australianas, uma alternativa à vida em conflito com a natureza. Assim nasceu a permacultura, um sistema de design ambiental que consiste em métodos holísticos de planejamento e ações prezando sempre pela sustentabilidade e pelo fortalecimento do equilíbrio da relação entre ser humano e meio ambiante. Entre os hábitos rotineiros de quem adota a permacultura estão a compostagem orgânica, hortas comunitárias e utilização de biofiltro. Tudo isso é colocado em prática na Associação CaparaOM – Instituto de Permacultura e Arte do Caparaó, projeto que toma forma entre as montanhas e cachoeiras de Patrimônio da Penha, no município de Guaçuí, ao sul do Espírito Santo. Idealizada por André Siqueira e Kalina Aurora Rodrigues, que têm a permacultura como elemento norteador de suas vidas, a ONG existe na interação entre o sistema australiano e a arte. Eles explicam que têm como principal foco a difusão de tecnologias sociais sustentáveis, através da promoção de cursos, oficinas e outros eventos voltados para educação ambiental e de16

senvolvimento sustentável. “Estamos procurando a simbiose entre permacultura e arte para tentar chegar mais perto do ideário Deleuziano ‘Vida como obra de Arte’”, conta Kalina, psicóloga, que migrou da capital capixaba para o campo a fim de se aproximar da natureza. As transformações começaram de dentro para fora, inserindo pequenos novos hábitos no seu dia a dia. Ao acompanhar de perto o trabalho da ONG, enxada, terra, adubo, materiais recicláveis, restos de alimentos e bambu se tornaram elementos primordiais para dar inicio às soluções permaculturais. Tudo pode ser reaproveitado! Aos poucos, Kalina e André constroem um legado de ensinamentos de formas alternativas para se viver em coletividade e em harmonia com a natureza, que perpassarão gerações em Patrimônio da Penha. A começar por Aurora, filha do casal, que aos três anos participa de diversas atividades junto com os pais, que fazem questão de inseri-la nesse contexto, para que futuramente, ela possa ser também uma agente de mudança. Na permacultura, a vida compartilhada em comunidade com trocas diárias de ideias e produtos materiais é tão importante quanto as práticas ambientais. Assim, manter um bom relacio-

Luisa Perdigão e Laiza Nicodemos

namento com aqueles que estão à sua volta é peça fundamental para a vida sob os conceitos permaculturais. “Eu me articulo para fortalecer elos estratégicos, por exemplo, com o tio que produz orgânico, as colegas da feirinha, os artesãos e outros atores que tornam mais próximo o ideal da sustentabilidade diária. Essa transição para um novo estilo de vida é algo muito mais profundo. Estou aprendendo na lida diária bem devagar, sem pressa”, conta. Kalina ainda não vive de maneira 100% autossustentável, mas está chegando lá. Vegana, ela planta o máximo de alimentos que consegue, reutiliza tudo o que pode e considera diversos pontos antes de comprar um produto, como a sua embalagem para fins de reciclagem e, também, sua procedência. Desperdício? De jeito nenhum - especialmente quando o assunto é água. Esta não é desperdiçada nem com descarga do vaso sanitário. Saber incorporar os princípios éticos da permacultura no ambiente em que você vive é essencial. A fim de identificar e criar possibilidades, é vital que os in-


teressados busquem informações e se capacitem para que, então, as estratégias de ação sejam traçadas. As possibilidades incluem até mesmo a construção civil, com produção de tijolos e massa para rejunte, ambos provenientes do barro. André ressalta que os ideais das relações humanas no campo e na cidade são os mesmos, porém a viabilidade produtiva é diferente. A proximidade com a natureza é o que pauta as práticas no meio rural, que preza pela diversidade de produtos, uso sustentável dos recursos naturais e utilização mínima de energia externa. “Já o contexto urbano traz ainda mais evidente o conceito de uso intensivo do espaço, o uso máximo de recursos do local

e maximização da produção, integrando elementos de descarte em ciclos de produção e reuso. As relações humanas e comunitárias também ganham mais giro e importância”, afirma André. Na cidade, essas relações podem ser vistas por meio de compartilhamento de carros e áreas verdes. Nesse cenário, a permacultura se faz presente nas comunidades onde as pessoas produzem hortas - que são irrigadas pela água das chuvas -, separam o lixo para a coleta seletiva e compartilham pomares. O ganho em saúde, tranquilidade e bem-estar a partir da aproximação entre natureza e comunidade são notórios. A permacultura permite que o homem, individualmente, ressignifique

sua concepção de mundo ao buscar impactar positivamente uma comunidade, começando dentro de casa. “Os ganhos sociais são imensos e isso é algo que contagia as pessoas, criando ainda mais sinergia nas relações interpessoais”, diz André. Além disso, ele ressalta que ações de caráter permacultural vão intensificar os fluxos de energia presentes nos ambientes rural e urbano, e levar à “vitalização geral dos espaços, oportunidades para a produção de alimento saudável e satisfação das necessidades humanas reais, como a alimentação e o abrigo”. E Kalina enfatiza: “O passo a passo não é nada do outro mundo. Trata-se de inserir novos hábitos, sem neura, de dentro para fora”. 17


CULTURA DO ESTUPRO VIOLÊNCIA QUE ATINGE MAIS AS MULHERES

Thaís Stein e Caroline Kobi

Se estivesse em casa não teria acontecido. Você viu que roupa ela tava usando? Ela tava bêbada, como sabe se não consentiu? Mas também, andando sozinha naquele horário. Olha com quem ela andava. Ela estava pedindo. Ajoelhou tem que rezar. Você provavelmente já ouviu alguma dessas frases quando o assunto é estupro. Diferente de outros tipos de crime em que a culpa é, imediatamente, aplicada ao criminoso, nos casos de estupro sempre se questiona a veracidade da acusação. Procura-se o passado e o comportamento da vítima para deslegitimá-la e até questiona-se sobre intenções não reveladas da vítima com a denúncia. Isso é chamado de culpabilização da vítima, desvalorização que ocorre quando alguém sofre um crime e é considerada responsável pelo que aconteceu a ela mesma. Uma expressão que é típica de culpabilização da vítima é o “ela estava pedindo por isso”, dito de uma vítima de violência ou agressão sexual. Dentro de uma cultura de estupro o homem sempre sempre vai ter o benefício da dúvida, nunca a mulher. Sempre que o homem afirma algo, todos acreditam, quando uma mulher afirma, é questionada a sua veracidade. Culpar e julgar a vítima é parte da manutenção dessa cultura. A vítima, sabendo como os crimes sexuais são encarados, muitas vezes também se culpa pelo que lhe ocorreu. “Eu não devia ter bebido”, “eu não devia ter usado aquela roupa”, “por que eu saí à noite?”. Com vergonha, medo e certeza de que 18

será avaliada e questionada, a prefere não registrar a ocorrência, o que leva à subnotificação de crimes sexuais. A nossa sociedade impõe normas de conduta para as mulheres, mas a tendência é de que alguma característica pode ser usada para justificar o crime, em caso de estupro. Se a mulher gosta de sair, é considerada baladeira por isso pode ser assediada. Se usa drogas ou estava bêbada, mereceu pois não se lembra que consentiu. Se tem uma vida sexual ativa, é promíscua. Se está feliz com o seu corpo e usa as roupas que lhe fazem sentir confortável, se veste “como puta” – o que também aponta que prostitutas merecem abuso. Se é religiosa ou se faz de santinha, é “do rabo quente”. Se é uma mulher lésbica, é para aprender a gostar de homem. Se é mulher trans, é para aprender a ser homem. Não tem como escapar. Mesmo a mulher mais dentro dos padrões da sociedade vai ser condenada, caso seja vítima de estupro. Basta ser mulher.

sos tipos de violência. Existe um imaginário de que o estuprador é um monstro desconhecido, que espera numa rua escura por uma vítima. Essas imagens atuam na cultura do estupro de forma a mascarar uma realidade difícil de lidar: a de que o estuprador está em casa e é mais comum do que se pensa! O estupro está presente, é constante, e o pior: é silenciado! No Brasil, por ano, ocorrem cerca de 50 mil casos de estupro, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Porém, uma pesquisa de campo realizada

O que é “cultura do estupro”?

pelo mesmo órgão, mostra que esse número representa apenas 10% do total real¹, e 70% das estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos. Em 2013, o Ipea levou a campo um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que abordava questões de violência sexual por meio de entrevistas domiciliares. A partir das respostas, estimou-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual, o que significa que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país.

A expressão “cultura do estupro” surgiu nos anos 1970, durante a segunda onda do feminismo, e foi utilizada por feministas para indicar um ambiente cultural que naturaliza o estupro e a violência contra a mulher, por meio de mecanismos culturais, como normas, valores e práticas. O princípio que sustenta essa cultura é a desigualdade social existente entre homens e mulheres, em que estas são vistas de forma objetificada e inferior aos homens, e colocando-as como propriedade ou objeto de desejo, autorizando, banalizando e estimulando diver-

68 % dos estupradores são pessoas próximas


Produção cultural reforça violência Dentre todos os mecanismos que banalizam o estupro e violência contra a mulher, um dos mais influentes é a mídia e os produtos culturais que por ela circulam. Notícias de jornal, publicidades, filmes, músicas, pessoas públicas, todos operam para reforçar esse discurso.

PESSOAS PÚBLICAS

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) respondeu a um discurso da deputada Maria do Rosário (PT-RS) contra a ditadura militar dizendo que ele só não a estupra porque ela “não merece”. O ator Alexandre Frota contou em rede nacional no programa “Agora é tarde”, da Rede Bandeirantes, como estuprou uma mulher, inclusive, fazendo-a desmaiar pela força com que a pegou pelo pescoço. O comediante Rafinha Bastos, em um de seus shows de stand-up comedy, disse: “toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia... tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso prá você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço”.

MPB:

Quando você gritou mengo No segundo gol do Zico Tirei sem pensar o cinto E bati até cansar (João Bosco)

BREGA

Se te agarro com outro Te mato! Te mando algumas flores

JORNALISMO

Estupro parece ser uma palavra intocada no jornalismo brasileiro. De modo a mascarar e suavizar os fatos, são usadas palavras mais leves, levando a uma romantização do estupro, dando uma falsa visão de que não é daquilo que estamos falando. Estupro vira sexo, machismo vira ciúme, e assim vamos mascarando a violência nossa de cada dia. .

PUBLICIDADE

Na publicidade, a palavra de ordem é objetificação do corpo feminino. A mulher aparece como adorno, prêmio, recompensa ou presa. A exibição do corpo feminino e a apologia ao estupro são utilizados para reforçar ainda mais o domínio do homem.

CINEMA

Muitas vezes, o estupro é inspiração para roteiro de filmes. É o caso de “Doce Vingança”, “Acusados”, “Irreversível”, “Sob o domínio do medo” e “Laranja Mecânica”. O filme “Último tango em Paris” tem uma cena de sodomia que foi gravada sem o consentimento da atriz Maria Schneider. Em entrevista ao jornal inglês Daily Mail, em 2009, a atriz declarou que se sentiu estuprada por Marlon Brando, e que

E depois escapo (Sidney Magal)

PAGODE

Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela Vou lhe dar uma banda de frente Quebrar cinco dentes e quatro costelas (Zeca pagodinho)

suas lágrimas na cena eram verdadeiras. De acordo com Maria, a cena não estava no script original, e teria sido idealizada pelo próprio Marlon Brando. Ela, a “vítima” da cena, só teria ficado sabendo da filmagem no dia em que aconteceu.

MÚSICA

Caminhando pelos gêneros, vemos que essa cultura se sustenta muito bem na música. O discurso de violência contra a mulher não tem distinção, nem época. Do MPB ao rock, a apologia ao estupro e à agressão permeia a música brasileira e se mostra como mais um exemplo de como a produção simbólica reproduz e banaliza a violência. Veja abaixo alguns exemplos:

SAMBA

Na subida do morro me contaram. Que você bateu na minha nêga. Isso não é direito. Bater numa mulher. Que não é sua. (Moreira da Silva)

ROCK

Todo homem que sabe o que quer. Pega o pau pra bater na mulher. Ô Silvia, piranha!!! (Camisa de Vênus)

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Parto em casa: os riscos Fernanada Bollis

Uma verdadeira avalanche de postagens sobre partos feitos em casa, inclusive de famosos, tem invadido as páginas nas redes sociais nos últimos anos, o que provoca a sensação de que a cada dia é maior o número de mulheres que vem optando por este tipo de parto, mostrando de forma um tanto glamourizada, os momentos de dor da mãe e a ansiedade de toda a família em cenas lindíssimas, ilustradas em fotos meigas e ao mesmo tempo impactantes. Sabemos que antigamente grande parte das mulheres dava a luz em casa, não por opção, mas sim por dificuldade de locomoção, afinal, hospitais ficavam longe, eram escassos e a falta de um automóvel deixava tudo mais difícil. Hoje, a realidade é outra, grávidas têm optado por dar à luz no aconchego do seu lar, acompanhadas de familiares e pessoas queridas, ao invés de procurar um hospital para os 20

Escolher a melhor maneira de dar a luz, nem sempre é fácil. O parto domiciliar é uma alternativa que ganha força, mas sua adoção requer cuidados

procedimentos de praxe. O que elas buscam na verdade é fugir de uma possível violência obstétrica e da eventual frieza de um profissional da área de saúde que está ali apenas para cumprir seu trabalho. Foi pensando nisso que enfermeira, Jamila Bonfá optou pelo parto domiciliar. Acostumada com a insipidez do ambiente hospitalar, sabendo da dificuldade que alguns profissionais têm de lidar com a decisão da mulher que escolhe um parto normal e a naturalização da cesariana, Jamila já sabia bem como queria que fosse seu parto. “Foram 41 horas em trabalho de parto, acompanhada por duas enfermeiras especializadas, uma doula, meu marido e minha mãe. A todo momento era verificada a minha pressão arterial, estado emocional e batimentos cardíacos do bebê. Qualquer alteração precisávamos cogitar a ida para um hospital, onde meu obstetra já estava preparado, caso algo

viesse a acontecer.” Apesar da dor intensa e da exaustão, Jamila diz que se engravidasse de novo, faria tudo do mesmo jeito. “O momento é mágico, e a dor seria a mesma se tivesse num hospital. Em casa, a diferença é que as pessoas envolvidas não me forçaram a nada, não me induziram a nada e respeitaram o meu tempo. Estimularam meu empoderamento o tempo todo. Não sofri intervenções desnecessárias”. explicou. Mas apesar de todos os benefícios citados por Jamila Bonfá e de trazer Antônio ao mundo há quase quatro meses, com muita saúde, foi ela quem precisou de assistência médica após o parto. Logo após o nascimento do bebê, a enfermeira teve um intenso sangramento e faltaram contrações para que a placenta fosse expulsa. Sendo assim, a curetagem foi feita num hospital, onde ela passou por uma transfusão de sangue e ainda ficou dois dias internada na UTI.


s superam os benefícios?

Onde está o risco? Para que o parto domiciliar aconteça é necessário um pré-natal minucioso e muito bem acompanhado, com exames periódicos que possam dar o máximo de segurança possível, além do encaixe correto do bebê para um parto natural. Ainda tão importante quanto os exames é observar a distância e condição de tempo para a chegada com rapidez a um hospital em caso de emergência. De acordo com a enfermeira obstetra, Telemi Flor de Lira, o parto domiciliar pode ser realizado em qualquer mulher que tenha uma gestação de risco habitual (quando não tem nenhuma patologia que possa acrescentar risco além do que já é inerente ao parto), como diabetes, hipertensão ou alguma restrição no crescimento do bebê. Além disso, o casal deve se sentir completamente seguro e não optar pelo parto por simplesmente achar que está na moda ou algo do tipo, tendo consciência de que parto de qualquer forma oferece riscos. “Para todo parto domiciliar existe um plano B. Deve ser pensado antecipadamente um hospital para onde seguir e o tempo para chegar ao local, caso algo ocorra. Pode acontecer uma hemorragia pós-parto, destorce de ombros, desconforto respiratório do bebê, batimentos cardíacos que não estão legais... São situações comuns do processo de parto, mas também são indicativos de transferência, e isso deve estar planejado. Por isso,

a equipe deve estar preparada caso uma remoção seja necessária, sem perda de tempo”, explicou a especialista. Assim que a gestante opta pelo parto domiciliar, ela deve ser acompanhada pela equipe de sua preferência, inclusive durante todo o pré-natal, e seguir até a fase ativa do trabalho de parto, com monitoramento, escuta do batimento cardíaco, que chega a ser de 15 em 15 minutos na fase expulsiva da criança e nas primeiras quatro horas depois do nascimento. “A equipe leva todo o material necessário para agir em caso de uma hemorragia, por exemplo, além de medicação e material para reanimação, tanto da mãe, quanto do bebê. Fazemos pelo menos uma vez por ano uma atualização em emergências obstétricas e reanimação neonatal para nos manter

atualizados, o que é necessário a todo profissional, ainda mais para a gente que lida com pessoas e sonhos. Somente quando não é possível resolver em casa é feita a transferência”, informou Telemi. Para ela, os riscos do parto domiciliar são equivalentes aos do hospitalar, uma vez que o ambiente não interfere tanto, desde de que a parturiente esteja cercada por uma equipe preparada e qualificada. Já os benefícios ficam por conta do maior acolhimento da mulher, menos interferências de outras pessoas, menos intervenção e autonomia que é dada à gestante. “Em casa ela manda e diz quero ou não quero. Se sente muito mais no controle, suporta melhor as contrações, aceita o trabalho de parto e até curte. Isso ajuda muito no processo de parir”, completou a obstetra. 21


Viva a diversidadee! André Vidal

Karoline Simora: Sou estudante de Engenharia do Petróleo e tenho 22 anos. Atualmente me sinto bem com minha aparência e venho me desapegando dos padrões da sociedade. Mesmo que certas situações sociais são baseadas na aparência, acho que se ater a isso é ridículo. Ainda mais porque padrões de beleza mudam de acordo com o tempo, a região. Mayara Rosado: Sou estudante de Oceanografia, tenho 24 anos. Me sinto bem com minha aparência, mas sempre tem algo que gostaríamos que fosse diferente né, claro! Ás vezes, fico mal quando uma roupa não cai bem por estar acima do peso ideal ou por ser muito baixa, mas na grande maioria das vezes não me importo com isso. Mirela Raimundo: Sou aluna de Agronomia e tenho 25 anos. Bom, quando mais nova , eu tinha problemas com minha aparência, sabe? Sou pequena, magra, sou negra. Bocão, testão me incomodavam. Hoje me aceito bem como sou. A única coisa que eu optei foi alisar o cabelo, por que não consigo gostar.

Vocês costumam ver/ouvir/falar críticas sobre vocês? Já lidaram com uma situação de discriminação?

Mayara: Sempre fui alvo de piadinhas a respeito da minha altura (1,54m) e isso nunca me incomodou, mas já lidei com discriminação por ser mulher. Sempre antes de viajar costumava passar no posto e conferir a água e a calibragem dos pneus. Quando pedi ao frentista que calibrasse o estepe ele me perguntou se eu sabia onde ele ficava num tom bem irônico. Karoline: Ainda é difícil ser criticada por minha própria família e às vezes até por “amigos” por conta do jeito de me vestir, pela falta de “vaidade feminina”, pelo meu corte de cabelo. Eu acho que a beleza feminina, ao invés do que a mídia impõe, está na autoconfiança que cada uma tem de si; em quão confortável a mulher se sente consigo mesma, independente de tudo. Eu vejo isso como realmente belo e como realmente é ser mulher. Já sofri e sofro muita discriminação por ser mulher, como nunca poder fazer coisas que não eram de menina, ou como eu e minha irmã sermos as únicas cobradas pelo serviço doméstico, enquanto que meu irmão não. Mirela: Normalmente não ouço ninguém falando de mim, quando

Fotos: selfies

O empoderamento está ligado ao referencial do ser no mundo, você dá ou adquire poder sobre algo ou alguém. E hoje, existe um discurso muito forte sobre a importância de possibilitar que grupos minori tários e discriminados tenham voz na sociedade e na grande mídia, que ganhem espaço e se empoderem diante de si mesmos e dos padrões culturais e econômicos que são ditos e vendidos como ideais. Para discutir essa questão, convidamos três estudantes que conhecem muito bem olhares enviesasdos, piadinhas tiradas a engraçadas e o preconceito dissimulado ou escancarado.

Como vocês se sentem quanto a quem são?

Karoline, Mayara e Mirela, se autodefinem também em fotografia 22


Opinião

E existe alguma pessoa na mídia que vocês se identificam ou que te representem? Pode ser uma celebridade, artista, personagem etc. Mayara: Me identifico com a Preta Gil quanto à boa autoestima. Mesmo ela não estando nos padrões de beleza que a mídia vende, ela se acha bonita, faz e fala o que quer, sem ligar para opinião alheia. Mirela: A Taís Araújo me representa. Ela tem uma personalidade forte, se impõe na sociedade e pensa em um futuro melhor para ela, seus filhos e para a sociedade. Gosto muito dela, ainda mais porque fala o que pensa, como eu. Karoline: Dois personagens de cartoon que gosto muito e me identifico são a Mafalda e o Charlie Brown. Porque são crianças que fogem do padrão e usam da inocência própria das crianças para questionarem o mundo àsua volta, sem distinção de gênero, de raça, de classe social, ou padrões estéticos. Ajudam a conscientizar para os reais valores que devemos nos importar com relação ao mundo e às pessoas.

Empodere-se e Resista! Olga Samara

O verbo “empoderar” pode ter vários significados - de acordo com o dicionário Aurélio - quer dizer dar ou adquirir mais poder. Empoderar-se, nas lutas sociais, é usado no sentido de estimular uma pessoa a se aceitar como ela é, fisicamente, psicologicamente e culturalmente, como fazem os movimentos por igualdades de gênero e de raça. O racismo contra negros é um fenômeno muito complexo e o empoderamento tem sido usado como uma ferramenta na luta contra ele. A valorização da estética negra não deve ser tratada como secundária, mas fundamental e complementar para combater o racismo que o povo negro sofre. A naturalização do racismo é algo tão forte, que, em nossa sociedade, a negritude virou sinônimo de feiura. O primeiro obstáculo que sofremos na luta contra o racismo é gostar de si mesmo. Eu, como negra, sei o quanto é difícil a tarefa cotidiana de olhar-se no espelho e tentar sentir amor ao invés de ódio de não ter um padrão de beleza europeu. Reverter no nosso consciente a ideia de que a negritude é uma coisa feia e ruim pode remexer em várias feridas, sempre abertas, que passamos a vida toda tentando esconder. Mas é só quando passamos, de fato, a acreditar em nosso valor, em nossa integridade humana, é que ganhamos força, somos empoderados, nos sentimos confiantes para enfrentar o racismo em outras dimensões. E essa redescoberta de nós mesmos, de nosso valor como humanos, de nossa ancestralidade, de nossa beleza preta, africana, deve vir com o entendimento e a aceitação de nossa diversidade. O movimento que busca valorização da estética negra é, sim, absolutamente importante, porque reconstrói nossas defesas, nossos escudos, nossa resistência individual, e também coletiva. Não é suficiente; mas que estratégia sozinha é suficiente? Se cada preta e cada preto, a partir de suas possibilidades, fizer aquilo que estiver ao seu alcance, isso já terá um impacto enorme na sociedade. Portanto, nos amar, gostar de nós mesmos, pode ser um primeiro passo para entendermos melhor outras questões e nos engajarmos nelas. Estética empodera, sim, porque não dá para enfrentar o racismo quando você ainda se odeia.

Fotos: Marvila Araújo

acontece, levo na brincadeira. Mas já ouvi coisas tipo “Mirela, você vai ser agrônoma com esse tamanho? Que produtor vai te respeitar?”. Eu apenas argumento que esses comentários são arcaicos e que por mais que a sociedade pregue isso, eu tenho que mostrar meu potencial e tentar mudar isso.

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de anos para aprender a lidar com sua deficiência auditiva e, hoje, vive uma vida regada de batalhas e conquistas Bárbara Azalim

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Luta, perserverança e superação

Lara precisou

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ussara Siqueira da Silva e Alberto da Cruz Varandas sabiam que iriam ter uma filha juntos, só não sabiam quais seriam as reviravoltas trazidas pela vida com esse nascimento. Lara da Silva Varandas nasceu deficiente. Em 29 de março de 1992, numa das salas de uma maternidade em Vitória, no Espírito Santo, veio à luz a tão esperada menina, Lara - cujo o nome fora cuidadosamente escolhido como uma lembrança da música “Tema de Lara”, composta por Maurice Jarre para o filme Doutor Jivago, dirigido pelo norte-americando David Lean e baseado no romance homônimo do russo Boris Pasternak. Hoje, aos 24 anos, contra as apostas pessimistas de muitos, essa mesma menina pode contar a todos uma verdadeira história de superação. Ainda tinha um ano e dois meses de idade, quando a família notou alguns comportamentos peculiares na criança. Lara não reagia aos barulhos intensos, como conversas altas e panelas ou travessas caindo no chão, o que fez com que suspeitassem de uma deficiência auditiva. “Demorei um pouco para perceber. Quando ela não me respondia, sempre estava brincando, e eu achava, então, que estava atenta à brincadeira. Quando fui consultar com um médico famoso de Vitória, ele me aconselhou a procurar um psicólogo para aprender a conviver com minha filha, pois ela não iria falar. Só iria gritar, ele disse. Teria dificuldades também para andar e, se andasse, não teria equilíbrio”, contou a mãe. Lara é portadora de uma deficiência denominada Displasia de Mondini, também conhecida como Síndrome de Mondini. É uma malformação da orelha interna, mais especificamente na área coclear, com ausência da chamada espira apical, entre outros aspectos, que afeta a audição e pode afetar o equilíbrio da pessoa. A síndrome é considerada flutuante, portanto, em alguns dias ela ouve melhor – ainda que não distinga tão bem os sons -, em outros não. Sara sempre se emociona ao falar da história que tem com a filha. “Ninguém engravida para ter uma filha com deficiência e, quando descobri isso, o chão se abriu debaixo dos meus pés. Não queria acreditar que isso estivesse acontecendo comigo. Mas


saí do consultório médico com uma força que não sei explicar de onde veio. Disse a mim mesma que minha filha iria falar, andar e eu iria lutar para ter uma vida ‘normal’! Assim, eu fiz com que treinasse cada palavra comigo. Demorava uma semana para que ela falasse e entendesse o significado do que falava, e foi somente aos sete anos que ela começou a falar pequenas frases, mais compreensíveis por todos. A partir daí, só tivemos mais conquistas”, declarou. O acompanhamento médico sempre foi - e ainda é - realizado em Bauru, município do Estado de São Paulo, no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (USP), onde fica a chamada Divisão de Saúde Auditiva (DSA), antes conhecida como Centro de Distúrbios da Audição, Linguagem e Visão (Cedalvi). Além disso, Lara sempre usa um aparelho auditivo e sempre fez terapias com diversas fonoaudiólogas em sua cidade natal. Com lutas diárias e perseverança, aprendeu a falar e a ler os lábios das pessoas com quem se comunica. Lara precisa olhar para se comunicar, o que restringe um pouco sua comunicação em grupos. Mas, hoje, suas dificuldades com a língua portuguesa giram em torno de

algumas questões específicas da gramática, como gênero de algumas palavras, e isso tem sido atenuado por ser uma leitora assídua desde a adolescência. Ela agora também expande seus horizontes com o aprendizado gradativo da língua inglesa, já tendo viajado para países da Europa sozinha e para os Estados Unidos com a família. Quando pensa na vida até agora, Lara sabe que a infância para ela foi uma época particularmente difícil. “A infância foi a fase mais complicada de todas que já vivi, justamente porque não conseguia me expressar tão bem, falar exatamente o que queria falar. E também por eu ter sido uma criança muito agitada. Mas posso dizer que a experiência escolar foi um grande aprendizado! Não somente para mim, mas para todos que conviveram comigo. A fase mais dura foi quando eu conheci o preconceito, ainda criança, com 12 anos de idade”, revelou. “Hoje sou uma pessoa muito tranquila, mas já tive muitas fases. Passei pelo questionamento, pela revolta e, por fim, cheguei à aceitação. Acredito que, devido à deficiência auditiva, sou solitária por natureza, não consigo interagir tão bem quanto as pessoas ouvintes. Mas, de uma forma ou de outra, me considero muito abençoada, pois, apesar dos pesares, tive e ainda tenho muito amor da família, dos amigos e do meu namorado de longa data. Minha mãe sempre diz que nada é por acaso, e eu acredito nisso. Então tenho certeza que nada foi à toa. O crescimento, as di-

Lara comemora com os pais e o irmão sua mais recente conquista: a formatura em Engenharia Química

ficuldades e o aprendizado que eu encarei por toda a minha vida foram um salto muito grande para que eu chegasse até aqui. Muitas pessoas duvidaram, reclamaram e olharam torto para minha família. E, bem, eu estou aqui, não estou?!”, enfatizou. Sobre situações de discriminação, Lara não aponta nenhuma específica, mas diz lembrar-se de muitas. “Muitas delas foram em lugares como no avião, na igreja. São realmente muitas, de outras épocas. Mas atualmente isso é raro”, disse. Entretanto, assim como as dificuldades foram muitas, as conquistas também chegaram na mesma quantidade na vida da garota. “Minha primeira conquista, sem dúvida alguma, foi conseguir formular uma frase inteira sem dificuldade, por volta dos meus sete anos de idade. Já minha maior conquista foi, definitivamente, me formar no ensino superior”, comemorou. Lara se formou em Engenharia Química pela Universidade de Vila Velha (UVV) em janeiro de 2016. “Quando olho tudo que conquistei até hoje, fico muito grata aos meus pais, ao meu irmão Victor, a toda a minha família, aos amigos, aos profissionais e a todos que nos ajudaram de alguma forma durante os anos. Hoje, minha vontade é de vencer cada vez mais! Vontade de ousar mais, continuar a sonhar e desafiar mais a própria vida. E é isso que todos deveriam fazer”, completou. Sara também comemora todas as conquistas de sua família. “Hoje, vendo minha filha formada, agora engenheira química e trabalhando em uma grande empresa em outro estado, a Biosev, de Ribeirão Preto, em São Paulo, começando a voar sozinha, independente, posso dizer que é muito gratificante”, afirmou. E as palavras deixadas para quem se encontra em alguma situação similar são simples, ainda que não sejam fáceis: “Vale a pena acreditar e confiar. Eu tenho a prova disso”, alegra-se.

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Estilo capixaba Os profissionais da moda capixaba têm apostado cada vez em uma moda exclusiva e personalizada

Criação da estilista Leia Prado

Brenda Patrício A cada ano, Vitória mostra que a moda do Brasil não está apenas centralizada no eixo Rio/São Paulo. A prova disso é o crescente número de novos estilistas que surgem no Estado. Muitos deles buscam demonstrar em suas roupas os costumes e gostos da capixaba: uma mulher litorânea e ao mesmo tempo urbana. No Espírito Santo existem estilistas que trabalham para fábricas com produção em grande escala, e outros que têm seu próprio ateliê, com peças mais exclusivas, praticamente únicas, que não atendem a uma clientela muito numerosa. Alguns estilistas têm lojas próprias, sites, páginas em redes sociais e outros vendem somente pela internet, todos com o objetivo de alcançar um público em escala nacional. Para sobressair no mercado capixaba e permanecer nele, o profissional da moda precisa inovar sempre, buscando se destacar entre os demais, com muito trabalho e amor pela profissão. Segundo a estilista Stael Magescky, é preciso persistência: “o reconhecimento 26

do profissional aqui no Estado é complicado. Existem aqueles que resistem ao tempo. Acredito que para tudo tem uma seleção natural, e os fortes sobrevivem. É só tentando permanecer no mercado que vem o reconhecimento. É preciso ter persistência”. Magescky tem 16 anos de carreira e é a dona do espaçomais badalado do Centro de Vitória, a Casa da Stael, uma casa rosa onde a arte e a cultura tomam forma de roupas, decoração, comidas e performances. Uma estilista totalmente envolvida com a arte, que busca agradar ao público que gosta de cultura. “Meu público alvo é o que curte algo diferente, é aquele que não quer usar o que está todo mundo usando.São pessoas formadoras de opinião, que frequentam teatros, espetáculos, valorizam a cultura, pessoas que dão valor a peças que não são feitas em grande escala”, orgulha-se. Para muitos, moda é seguir tendências, estilos, um conjunto de comportamentos e costumes, mas para essas estilistas a moda vai muito além disso, ela tem que ser feita comw paixão e competência. A estilista Léia Prado, que adota o slogan “Única,


excêntrica… Minha moda faço eu!”, acredita que para ter o reconhecimento do público é preciso amar o que faz: “É necessário muito amor pela profissão, porque o mercado é bem difícil na área da moda. Ter um diferencial para se destacar entre os outros é essencial. Para montar o próprio negócio, é preciso não desistir. Demorei anos para ter meu trabalho reconhecido”, afirma. A profissional busca agradar seu público com uma moda autoral e excêntrica e com preços acessíveis. Suas peças variam de R$ 20,00 a R$ 100,00, e seu alvo, mulheres de 16 a 35 anos. A estilista Euzane Serafim, dona da marca Flor do Mato, com um estilo mais Bohemian (veja abaixo) acredita que o diferencial da sua marca é a personalização para os clientes. “Vislumbro possibilidade de crescimento, com visitas para tomada de medidas, inovando na forma de servir o cliente ansioso por novidades, conforto e comodidade”. Para Euzane, o mais importante é fazer da profissão um hobbie, e ser feliz. Os valores de suas peças variam de R$ 60,00 à R$ 200,00. O Espírito Santo já atingiu uma maturidade no ramo da moda, em que sua cultura, matéria prima e o estilo são referências nacionais e internacionais para as grandes e conceituadas marcas. Um grande exemplo disso são os estilistas capixabas Luiz Guidoni e Robson Laurindo que, após 17 anos de carreira, participaram, neste ano, do São Paulo Fashion Week, a principal semana de moda do Hemisfério Sul. Um ganho não só para eles, mas todos os profissionais da moda capixaba.

Stael Magesky alia moda a cultura e mantém a Casa da Satek, no centro de Vitória, onde realiza mostras, shows e saraus litetários

Bohemian: um jeito despojado Boho, abreviatura de bohemian, nome dado aos ciganos (ou no inglês ‘gipsy’) no início do século XIX, designa um estilo que aglutina o visual dos ciganos a vários outros, como o hippie, étnico, vintage, rocker e o country. Daí derivou o estilo Boho Chic. Entretanto, o look boho recebe sua maior influência do estilo hippie que marcou os anos 1960, mas tornou-se especialmente popular depois da aparição de Sienna Miller, no Festival de Glastonbury, em 2004. Em 2005, o boho estava presente em todos os cantos da cidade de Londres, e até hoje – com altos e baixos – permanece sendo o estilo predominante em grandes festivais de música. O boho-chic é o precursor do hi-lo (high-low), cuja principal característica é a mistura de peças sofisticadas com peças baratas. O look é sempre único e personalizado, sua característica essencial é ser despojado propositalmente. Sem dúvida, é o estilo mais democrático de todos os tempos, porém é necessário estar informado para que essa mistura seja feita de maneira harmoniosa. Afinal, informação ainda é a melhor aliada para se ter estilo. 27


Leonardo Oggioni e Brenda Patrício

APLICATIVO Tudo começa fazendo o download do aplicativo, vale lembrar que para baixar o app no sistema operacional iOS, há um custo de R$3,50 e no sistema Android é grátis. Download feito, basta fazer um cadastro rápido e acessar o aplicativo. Nele você escolher a estação que deseja e seleciona a bike disponível. Feita a escolha, uma pequena luz verde acende na estação e libera a bicicleta.

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Magrelas de a O Sistema Bike Vitória tem feito grande sucesso desde que foi inaugurado no início de maio deste ano. Com12.932 viagens até o dia 21 de junho, trata-se de uma opção de transporte sustentável e não poluente.

O Bike Vitória é um projeto da Prefeitura de Vitória, operado pela empresa Samba e com o apoio da Unimed e Sicoob, constituído por estações inteligentes de bicicletas, conectadas a uma central de operações via wireless. Alimentadas por energia solar, estão distribuídas em pontos estratégicos da cidade, onde os clientes cadastrados podem retirar uma bicicleta com o aplicativo em seu smartphone ou com o cartão de transporte público da cidade, podendo utilizá-la em seus trajetos e devolvê-la em qualquer estação do projeto. Só é possível retirar as bicicletas depois de realizar o cadastro no site http://www.bikevitoria.com, e baixar o aplicativo Bike Vitória que está disponível para as plataformas Android e iOS. Feito isso, o usuário pode optar pelo passe diário de R$ 5,40, men-

sal de R$ 10,80 ou plano anual de R$ 67,50. Cada passe dará direito à retirada de uma única bicicleta por vez. As pessoas podem pedalar por até 60 minutos sem custos adicionais de segunda a sábado. O ciclista poderá circular aos domingos e feriados por 90 minutos. Existem 11 estações disponíveis para pegar as bikes, são elas: Praça da Bandeira, localizado na Prainha de Santo Antônio; no Centro de Vitória na praça Getúlio Vargas e no Parque Moscoso; sede da Prefeitura (Av. Marechal Mascarenhas de Morais), Praça do Papa, Praça dos namorados, Escola Viva, na rodovia Serafim Derenzi, em São Pedro; Tancredão; e três na praia de Camburi (ponte de Camburi, em frente ao Clube dos Oficiais e da Av. Adalberto Simão Nader, na Mata da Praia). São 12 bicicletas em cada local. As estações de com-


luguel

partilhamento funcionam diariamente das 6 às 23 horas para retirada de bicicletas e 24 horas por dia para devolução. De acordo com informação do prefeito, Luciano Rezende, à imprensa, o projeto faz parte do plano de mobilidade urbana da Prefeitura, que começou com as ciclovias e ciclofaixas de lazer. “Agora, chegamos ao processo final em que o morador de Vitória nem precisa ter bicicleta para andar de bicicleta”, disse. Luciano ainda destacou o potencial da capital para transportes alternativos e disse que a cidade tem chance de se tornar uma ‘Amsterdã brasileira’, em referência à cidade holandesa conhecida pelo uso da bicicleta como sistema de transporte. A secretária municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana, Joseane de Fátima Geraldo Zoghbi, disse à imprensa que o Bike Vitória já é um sucesso na cidade. “A capital tem uma população bastante inovadora, que gosta da qualidade de vida e do meio ambiente”, afirmou

aprovadas no TesT drive

Sábado nublado, sete e pouca da manhã, orla de Camburi cheia de gente pedalando, caminhando e tomando água de coco, e lá estávamos nós, Brenda e eu, na estação 14 do Bike Vitória, perto do píer de Iemanjá, para entender um pouco mais sobre o sistema. Não é sempre que tem uma pessoa na estação para informar os usuários como funciona todo o sistema para retirada da bike. Infelizmente, no dia que fomos, não havia ninguém, mas como já tínhamos estudado antes o aplicativo, conseguimos utilizar sem problemas, inclusive ajudamos quem estava precisando, afinal, jornalistas também são de utilidade pública (rsrsrs). Dando uma volta pela orla, conversamos com algumas pessoas que disseram estar felizes com esse sistema novo na cidade. Muitos usam diariamente a bike, outros optam por dar uma volta apenas nos finais de semana. Como por exemplo, Adriana Brunette, de Colatina, sempre anda com a bicicleta em Vitória e no Rio de Janeiro, tudo pelo mesmo aplicativo, pois os sistemas são ligados. Uma vez a bike retirada da estação, é possível utilizá-la por 60 minutos, após esse tempo é preciso devolvê-la em alguma das estações, não necessariamente a mesma, e aguardar 15 minutos para que a mesma pessoa possa retirar novamente uma bicicleta. Lembrando também que são 60 minutos de segunda a sábado e 90 minutos aos domingos e feriados. A bicicleta é extremamente confortável, com fácil ajuste do banco, marcha simples de ser alterada e punhos macios. A experiência não poderia ter sido melhor!!!

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A juventude clássica

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Música e instrumentos clássicos que vão além de hobby, uma verdadeira paixão.

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Mariana dos Anjos e Núbia Nascimento

j f i a c i s u m m c b v v d a w dl Cada vez mais, um número significante de pessoas tem despertado o interesse pela música clássica. Dos interessados, boa parte tem sido de jovens e não apenas para ouvir. O encanto dos instrumentos clássicos tem ganhado espaço e apaixonado pessoas de tal forma, que eles passaram a querer fazer parte desse universo, sentir a emoção através de seus próprios esforços, então cada qual escolhe aquele instrumento que mais se identifica e compõe esse repertório leve e brilhante da música clássica. Como disse certa vez o Cantor Luciano Pavarotti “ Aprender música lendo teoria musical é como fazer amor por correspondência”. A música clássica pode não está fortemente enraizada no gosto musical popular, mas, há quem defenda ser a sintonia e ligação de todos os outros ritmos, afinal, é possível encaixar a música erudita em diversos formatos. A estudante de edificações Mariane de Almeida, 18 anos, toca teclado, piano e violoncelo e contou um pouco sobre sua paixão por música clássica: 30

Quando surgiu o interesse? “Na minha casa já tinha um piano que era da minha mãe. Então, com seis anos eu pedi a minha madrasta para que me ensinasse a tocar. Depois disso, comecei a tocar violino também, mas eu não tinha tanto interesse. Quando contei a minha professora de música que não queria mais tocar violino, ela me sugeriu trocar de instrumento. Fiz duas aulas de violoncelo e me apaixonei”. Quais são suas referências? “Mozart, Beethoven, Tchaikovsky, Ray Charles, Bill Evans, Estevie Wonder, Mark Hayes, Kevin Olusola, Kirk Franklin, Ralph Emanuel, e muitos outros”. O que essa experiência traz para sua vida? “Tocar é uma atividade muito prazerosa e me faz esquecer problemas cotidianos. E pelo fato de tocar violoncelo, eu já viajei para fora do estado para tocar. E falando na arte religiosa, eu me sinto muito bem adorando a Deus com os meus dons”. O funcionário Público, Emerson Pires, 35 anos também é um

admirador do estilo clássico. Quando surgiu o interesse? “Bem... Eu já escutava música clássica desde criança, mas só na adolescência que desenvolvi um interesse pelo saxofone, e hoje eu tenho o sax como um hobby”. Quais são suas referências? “Kenny G, The Beatles, Wolfgong A, Mozart, entre outros”. O que essa experiência trás para a sua vida? “Eu acredito que me agrega bastante na cultura musical, além de ser muito prazeroso tocar saxofone.” Aqui no Estado a música erudita pode ser apreciada na nossa Orquestra Sinfônica, que disponibiliza sua agenda no começo do ano que é distribuída em várias apresentações no Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória, com o preço acessível a todos que interessarem. Esse ano o projeto “Orquestra nas Escolas” fez apresentações em 15 escolas municipais da capital, levando a música clássica pra cerca de 7 mil crianças, pais e toda a comunidade.


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Capixabas estarão por lá Com as Olimpíadas 2016 se aproximando, as expectativas dos atletas estão cada dia maior, e não são só a deles, outros capixabas também prometem fazer bonito nos jogos. Christal Rios e Isabela Marchezi

Entre os dias 05 e 21 de agosto, o maior evento esportivo do mundo chega ao Rio de Janeiro: os Jogos Olímpicos. Em sua XXXIª edição, será a primeira vez que os jogos serão realizados em um país da América do Sul e contará com 28 modalidades, duas a mais do que em sua ultima competição em 2012. Além dos grandes atletas, o evento contará com a atuação de pessoas que também terão papel fundamental e de muita importância, os voluntários. O Programa Voluntários Rio 2016 é uma oportunidade de participar ativamente dos jogos olímpicos e paraolímpicos em diversas áreas, fazendo com que milhares de jovens se interessassem pelo evento e tenham uma oportunidade de trabalho. Com mais de 70 mil voluntários entre brasileiros e estrangeiros, eles serão distribuídos em nove áreas de atuação: Apoio Operacional, Atendimento ao Público, Esportes, Imprensa e Comunicação, Produção de Cerimônias, Protocolo e Idiomas, Serviços de Saúde, Tecnologia e

Danylo e Daniel estarão nas Olimpíadas Rio 2016

Transporte. Além de quatro regiões do Rio: Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copacabana. Danylo Lucas, estudante de Educação Física e voluntário Rio 2016, diz que o processo para se tornar voluntário é bem simples, mas que é necessário mostrar que está realmente interessado em participar. Ele conta que após fazer o cadastro no portal dos voluntários, uma entrevista foi marcada via Internet e uma atividade em grupo foi aplicada para analisar seu desempenho. “Quando me cadastrei no programa e criei meu perfil, havia um minicurso com vários vídeos explicando cada detalhe das Olimpíadas, como: o que eram os jogos, qual é a função de um voluntário, como funciona, qual a importância de um trabalho como esse, várias informações para que o candidato tenha alguma noção e certeza de que quer participar”, explicou Danylo. Para participar não é necessá-

rio falar outro idioma. Aos candidatos inscritos e selecionados, o comitê Rio 2016 ofereceu cursos online de inglês gratuitamente, treinamento exclusivo, além de alimentação nos dias de trabalho, transporte na região metropolitana do Rio e uniforme completo. Hospedagem e passagens não são incluídas e ficam por conta do voluntário. Além de participar como voluntário, o também estudante de Educação Física, Daniel Reis, conta que aproveitará seus dias de folga para assistir a algumas competições. “Minhas expectativas para as Olimpíadas são as maiores possíveis. Poder ajudar, assessorar e interagir com os melhores atletas do mundo é extraordinário. É realmente uma oportunidade única poder fazer parte dessa história” afirmou Daniel.

O interessados em participar como voluntários dos jogos precisam acessar o site portaldovoluntario. rio2016.com preencher um formulário e aguardar um retorno da organização. 31


, O amor estA no mar Keone surfando em praias capixabas

O surfe é uma atividade que atrai milhoes de adeptos em todo o mundo, e no Espírito Santo não poderia ser diferente. Com um litoral propício para pegar boas ondas, os capixabas caem na água e mostram que o surfe é muito mais que um esporte. Elisa Tavares e Isabella Altoé

Sol, areia e sal, são atrativos para boa parte dos brasileiros que têm acesso aos 7.367 km de extensão do litoral. Mas para uma galera, o que importa mesmo é o mar. E quanto maiores as ondas, melhor. Para quem curte o surfe, a atividade passa longe de ser só um esporte e se torna um estilo de vida. A família pode ser grande influência para o amor à prática, o estudante de medicina, Keone Ferreira, de 20 anos, surfa desde os 4 anos. Ele começou seguindo os passos do pai que era surfista, mas garante que “não adianta ter um pai botando muita pilha e você não gostar do que faz, escolhi pelo amor ao esporte.” O que parecia brincadeira e era visto como má influência pelos pais de amigos, ganhou importância fun32

damental em sua vida, já que chegou a competir em categorias profissionais e foi campeão estadual por três vezes. O futuro médico carrega valores consigo que aprendeu graças ao surfe. Na água, dividindo ondas, Keone compreendeu a importância de respeitar o próximo e diz que sem a prática do esporte não teria essa visão de companheirismo em seu dia a dia. Além do exercício, o surfe funciona como uma válvula de escape da correria na vida de estudante. “É uma forma de relaxar, é muito bom entrar em contato com a natureza”, afirma Keone. Esse também é um dos motivos que leva Matheus Ribeiro à praia com frequência. Nos tubos das ondas, ele encontra um lugar para descarregar energias e se purificar. “A relação com o mar, poucos


conhecem. Além de ser um lugar para uma atividade física muito boa é no mar que você vai pra relaxar e se divertir ao mesmo tempo. Proporciona momentos ótimos, como pegar um tubo. É uma das melhores sensações que existem no mundo”, descreve. O amor pelo surfe foi tanto que Matheus, surfista desde os 10 anos, teve a oportunidade de começar a dar aulas de kitesurf, uma variação do esporte que utiliza além da prancha, uma espécie de pipa (em inglês, kite), para realizar as manobras. O agora professor, começou a praticar essa modalidade há cerca de seis anos, e devido ao bom desempenho foi chamado pelo dono da escolinha para dar aulas. Mesmo começando com aulas mais básicas, Matheus foi ganhando experiência e formou inúmeros alunos daqui do estado e até de outros países. Desde o ano passado, realizou o sonho de abrir sua própria escolinha de Kitesurf, a MR Kitesurfing, na Orla de Camburi, e afirma ser maravilhoso ensinar para outros algo que é tão especial para ele. “Não tem preço você ver a pessoa ficando em pé a primeira vez, saindo da água e te abraçando, agradecendo muito. Você vê que isso realmente muda a vida da pessoa, que para todo mundo que consegue finalizar o esporte é uma conquista enorme”, conta Matheus. O surfe pode ser agente transformador na vida

das pessoas, a exemplo de Krystian Kimmerson que começou a surfar aos três anos de idade, na praia da Barra do Jucu, e aos 17 se tornou profissional. O atleta capixaba está na Austrália disputando a World Qualifying Surf, competição que dá acesso à elite mundial do surfe. Sem patrocínio, conseguiu viajar graças à atitude de amigos que se juntaram para promover um campeonato a fim de arrecadar dinheiro para que o surfista fosse realizar seu sonho. Krystian sempre praticou diversos esportes, incluindo skate e futebol, mas foi o surfe que ganhou seu coração desde os seis anos, quando começou a competir. Além disso, o esporte também deu oportunidades para o surfista mudar seu dia a dia. “Conheci outros países, fiz várias amizades. O surfe pra mim é tudo. Eu gosto de acordar cedo e treinar. O surfe mudou muito a minha vida e a da minha família”. O surfe traz benefícios para o corpo, para a mente e muito facilmente pode se tornar mais do que uma atividade de lazer, virar profissão e estilo de vida. Para quem tem a prancha como aliada, não há nada melhor do que estar conectado com o mar. Com as mais de 100 praias disponíveis para surfar no litoral do Espirito Santo, qual a sua desculpa para não entrar nessa onda?

Matheus Ribeiro surfando em viagem a Indonesia 33


O Espírito Santo nas areias Clubes capixabas se destacam no cenário nacional do beach soccer e tentam reacender a paixão dos torcedores pela modalidade Mayra Scarpi e Renata Andrade O futebol de areia, também conhecido como Beach Soccer, não é tão aclamado pelo público como seu primo do campo, mas tão vitorioso quanto. A seleção brasileira, por exemplo, é a mais vitoriosa da Copa do Mundo de Futebol de Areia, com 13 conquistas. Este ano, acontece a Copa do Brasil de Clubes de Beach Soccer e o Espírito Santo tem dois clubes representando o Estado nesta competição: o Rio Branco

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Atlético Clube e o Espírito Santo Futebol Clube. Gestor do beach soccer do Rio Branco desde 2011 e também jogador do clube, Bruno Malias diz que o resultado pós primeira etapa foi o esperado. “O Rio Branco já tem um histórico de participações nessas competições e o resultado é sempre positivo. Pelo nosso planejamento, pela quantidade de treinos e pela qualidade dos jovens atletas que estão no nosso

elenco, a gente tinha consciência de que poderíamos terminar essa primeira etapa numa boa colocação (4º lugar)”, informou. Devido à instabilidade do esporte no Estado e à distância das datas dos jogos, os clubes têm dificuldades em manter os seus jogadores durante o intervalo das etapas, então “cada um é responsável pelo seu treinamento diário e uns até atuam em outras modalidades pra fazer


um dinheiro”, um dinheiro”, segundo Bruno. segundo Ele Seleção Brasileira de Beach o desenvolvimento profissional do também Bruno. Ele afirma também que aafirma preocupação que a Soccer, e o clube espera conquistar goleiro: “Nós estamos ajudando dos preocupação atletas dos alvinegros atletas alvinegros fica por uma vaga para a Libertadores, a desenvolver o futebol de areia, conta fica por da conta parte física: da parte “temos física: o campeonato que reúne times da elevar o nome do Espírito Santo e do Espírito Santo Futebol Clube nosso “temosmodelo o nosso demodelo jogo e essa de jogo ideia e América. Braga ressalta que o objetivo também. Já chegamos à final e já essaestá ideiacompartilhada já está compartilhada com os do Espírito Santo FC é resgatar o já somos pontuados no ranking jogadores”. com os jogadores”. Bruno destaca o apoio da futebol capixaba, e os resultados nacional de Beach Soccer”. A preparação do Espírito Santo torcida do Rio Branco, que além são imprescindíveis para que de acompanhar o clube no futebol isso aconteça. Para isso, a equipe FC continua no segundo semestre de campo, também acompanha na de marketing do clube planeja e, enquanto isso, os atletas foram areia. “Já fizemos festa na praia estratégias semelhantes as do liberados para jogar competições com uma grande participação dos futebol de campo (promoção de internacionais com outros clubes. A etapa no estado não está torcedores. Eles acompanham os cerveja, brincadeiras e música) nossos jogos aqui no ES e sempre para atrair a população para a confirmada ainda, pois a federação capixaba encontra problemas vão com faixas, bandeiras e fazem etapa que ocorrerá aqui. O goleiro Mão, considerado o com relação à crise financeira, uma grande festa”, diz o jogador. dificuldades de O caso do Espírito Santo melhor do mundo no Beach Soccer, enfrentando Futebol Clube é diferente. Gerido ressalta a alegria em jogar num viabilizar os torneios com ajuda por empresários, o clube decidiu, clube do seu estado. Ele conta de parceiros. Mas, de acordo no início do ano, organizar um time que a estrutura do ESFC oferece com Rodrigo Braga, a etapa está de futebol de areia e contratou aos atletas uma condição muito prevista para ocorrer após as grandes jogadores para buscar boa para o desempenho de cada olimpíadas. um resultado expressivo. “Nós um e está sendo importante para montamos uma equipe de ponta, tanto é que nessa primeira etapa da Copa do Brasil conseguimos a segunda colocação”, afirma Rodrigo Braga, diretor do Beach Soccer do ESFC. Sete jogadores A Copa do Brasil de Beach Soccer é o único campeonato em nível da equipe nacional e é dividido em quatro etapas distribuídas em quatro capitais também brasileiras: São Luís (MA), Recife (PE), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ). Além atuam dos clubes capixabas, participam também o Flamengo, Vasco da Gama, Santos, p pela e l a Sport, Sampaio Corrêa e Palmas.

Como funciona a competição?

A Confederação Brasileira de Beach Soccer (CBBS), responsável por organizar o torneio, disponibilizou uma vaga para cada sede, cabendo à federação do local escolher qual clube irá participar. Uma vaga ficou como indicação da patrocinadora do evento, a Sportv (Globo), e as outras três vagas foram disputadas em dois qualifier (uma espécie de seletiva): um juntando as regiões sul, suldeste e centro-oeste; e outro disputado com equipes do norte e nordeste. Para evitar problemas, a Federação de Beach Soccer do Espírito Santo (FEBSES) decidiu promover um jogo entre os clubes que apresentaram um bom projeto do Futebol de Areia, o Rio Branco e Espírito Santo FC, para definir qual seria a equipe que ficaria com a vaga indicada pela federação. O ESFC venceu e foi indicado, já o Rio Branco ganhou o qualifier da região. Cada etapa é composta por cinco rodadas onde o campeão da Copa do Brasil é o time que acumula o maior número de pontos nas quatro etapas disputadas. A primeira foi disputada em São Luís e terminou no mês de maio com Sampaio Corrêa largando na frente. 35


Vigorexia... Hein!? Um distúrbio de ansiedade pouco conhecido acomete principalmente os homens Caroline Ventura

A Vigorexia é uma doença psicológica caracterizada por uma obsessão constante em conquistar o corpo “perfeito”. Geralmente, traz uma incompatibilidade entre o corpo de uma pessoa e a imagem que ela tem sobre si. Ou seja, aquilo que a pessoa enxerga de si, não é aquilo que ela realmente é. Por ser um distúrbio pouco conhecido, a condição se torna cada vez menos debatida e, sendo assim, mais frequente. “Pela busca do ‘corpo perfeito’, muitos indivíduos cometem extremos relacionados com a alimentação e com a vida social. Essas pessoas possuem alguns traços característicos de personalidade, costumam ter baixa autoestima e muitas dificuldades para integrar-se socialmente, costumam ser introvertidas e podem, com frequência, rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria imagem corporal”, descreve a nutricionista Isabela Campos,. Letícia Pinheiro, 21 anos, Estudante de Nutrição, pratica atividade física desde os seis anos de idade e buscou, ao longo da vida, diversas alternativas para mudar seu corpo. “Com o passar dos anos, comecei a tentar emagrecer a qualquer preço. Estava no ensino médio e comecei um quadro de bulimia e depois de anorexia. Busquei a academia para tornear meu corpo e fiquei viciada”, afirma. O aumento de massa muscular é um dos principais objetivos dos vigoréticos. E, por isso, adotam medidas extremas, como o exagerado consumo de proteínas e a eliminação de alimentos gordurosos da dieta. Outra prática comum é o uso em excesso de anabolizantes que aceleram o processo de crescimento dos músculos. E, com o tempo, pode causar sérios efeitos sobre a saúde, como: problemas cardíacos, depressão, impotência e desequilíbrio emocional. “Com o tempo, esses pacientes acabam adotando comportamentos nutricionais cada vez mais restritivos, com prejuízo da sociabilidade. Isso gera conflitos e dificuldades de relacionamento”, complementa Isabela. As causas da vigorexia são vistas por alguns cientistas como sendo psicológicas; 36

já para outros, é genética. De toda forma, é considerada a mais nova patologia emocional estimulada pela cultura. A sociedade atual, com a competição crescente, culto à beleza e as influências midiáticas, pressiona o indivíduo que pode desenvolver sérios transtornos mentais. José Leão, 28 anos, é advogado e pratica exercícios físicos há 12 anos. Há seis meses, foi diagnosticado com o transtorno dismórfico muscular . ”Deixava de ficar com minha família para malhar. Quando comecei a ter problemas no trabalho, porque não conseguia me concentrar e só pensava em malhar para melhorar meu corpo, decidi procurar um médico”, afirma. Isabela Campos explica que a vigorexia atinge principalmente o sexo masculino; porém, atualmente, o número de mulheres que desenvolvem os sinais da vigorexia é crescente. Segundo ela, do ano passado para este, aumentou o a clientela que busca mudanças corporais extremas. Ela acredita que, talvez devido à vergonha pela sua imagem ou dificuldades para integrar-se socialmente, estes pacientes acabam optando por realizarem conduta própria em relação à sua alimentação. O tratamento indicado para o distúrbio é a psicoterapia, além de outras práticas terapêuticas especiais. O apoio da família e dos amigos é essencial para a recuperação do paciente, pois ele precisará de compreensão durante o processo de aceitação do próprio corpo e o aumento da autoestima. E necessário também o uso de medicamentos para controlar a ansiedade e o comportamento compulsivo, além de acompanhamento com um nutricionista. “Na área da Nutrição, trabalharemos com ajustes nutricionais na dieta, avaliações antropométricas que nos permitirão trabalhar com a imagem da pessoa saudavelmente, orientações nutricionais, planejamento alimentar de acordo com a sua necessidade sem extremismos. Podemos atingir e conquistar o objetivo proposto por cada um sem ter o radicalismo”, encerra a nutricionista.


o que fazer em julho O mês de julho chegou, e junto dele as férias para os estudantes de diversas idades. Muitos preferem usá-las descansando e curtindo o sofá, mas outros gostam de aproveitar o que acontece em sua cidade para se divertir e esquecer um pouquinho dos afazeres estudantis. Por isso, sua programação começa aqui, diversificada e repleta de opções para seu julho ficar completo. Helena Jacobem

FESTAS E FESTIVAIS A 16º edição do Festival Nacional - Forró de Itaúnas, promete animar todo o público do dia 16 ao 23 de julho, que terá atrações nacionais como Alceu Valença e Lucy Alves. Os ingressos podem ser adquiridos como pacote para todos os dias ou avulsos. Tradicional em nosso Estado, a 44ª Festa da Banana e do Leite acontece entre os dias 28 e 31, em Alfredo Chaves. O evento contará com diversas atra-

ções musicais, entre elas, a dupla sertaneja Munhoz e Mariano, sendo o único show pago da programação. A venda dos ingressos começou no mês passado, com valores promocionais a partir de R$25,00. Além disso, ocorrerá a famosa Virada de Tacho (doce de banana e requeijão), exposições, atividades culturais, venda de produtos da região e o campeonato de voo livre.

VIAGEM E AVENTURA Se você gosta de se aventurar pode aproveitar a rampa de Voo Livre de Alfredo Chaves, um dos pontos mais procurados nacionalmente. Para curtir com segurança é necessário contratar instrutores especializados, assim você aproveitará um programa radical e único com preparação adequada. Quem prefere uma viagem pelo nosso estado e conhecer as belezas da terra capixaba, vai poder

optar por fazer uma rota turística: a Rota do Mar e das Montanhas, que passa por Vitória, Viana, Marechal Floriano, Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante. Nesses meses de inverno é uma boa escolha conhecer as montanhas e tudo o que a rota oferece como culinária, práticas de esportes radicais, ecoturismo, arquitetura e história. A viagem pode ser feita pelo Trem das Montanhas Capixabas, de uso exclusivo para o turismo.

EXPOSIÇÃO, CINEMA E MÚSICA Uma opção de exposição para quem mora próximo à Grande Vitória é a Exposição Fotográfica - Itinerário de D. Pedro II na Província do Espírito Santo, que está no Museu da Vale. A mostra temporária fica até o dia 30 de julho, de terça a sexta, de 8h às 17h e aos sábados e domingos, de 10h às 18h, com entrada franca. As fotos ilustram o livro já lançado do pesquisador Cilmar Franceschetto, que aponta a raridade e a riqueza das imagens registradas pelo fotógrafo Victor Frond. Já se preferir um programa para toda família, o cinema é sempre uma boa pedida. Uma estreia muito esperada para os pequenos e os adultos fãs da fran-

A dica é a peça “Todas as ruas têm nome de homem”, da Confraria de Teatro, que fica em cartaz até o dia 24 deste mês. A peça conta a história de quatro mulheres em tempos distintos, colocando em discussão a questão do que é ser mulher em nossa sociedade. Vivenciada fora dos palcos tradicionais, surpreende ao utilizar das ruas e prédios na Cidade Alta, no Centro de Vitória, como caminho e construção da narrativa para os espectadores. Vale a pena conhecer a

quia é o filme A Era do Gelo: O Big Bang. Com os marcantes personagens da animação, eles seguem para mais uma aventura, onde por meio de uma catástrofe a vida na Terra é ameaçada. Outra alternativa para todas as idades é o Ciclo Mozart, da série “Sesi-ES Música Clássica”. O concerto será na primeira semana do mês, no Teatro do Sesi, e vai contar com a soprano Natércia Lopes, a pianista Célia Ottoni e regência de Ernani Aguiar. Os ingressos são a preços populares, sendo R$2,00 (inteira) e R$1,00 (meia) e as vendas são realizadas na central de atendimento do Sesi de Jardim da Penha.

TEATRO trajetória dessas mulheres, chorar e sorrir com as quatro atrizes que instigam o público a fazer suas escolhas e formar sua opinião. Os ingressos custam R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia), sendo as apresentações realizadas apenas às sextas, às 20h, sábados e domingos, às 19:30h. A exibição é limitada a um público de até 30 pessoas, por isso as reservas devem ser realizadas pelo telefone (27) 9.99655195 ou pela página do Facebook da Confraria de Teatro.

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mão, avisá-los que a eir im pr em o nh ve s, re ito Queridos le r um longo tempo. Se po as ad rç fo as ri fé ar irei tir ma não é de saúde, apesar estou doente? Não, meu proble fazer aquilo que mais de a ad cit pa ca in u to Es . ico de ser fís cês. Meus braços e pernas, vo er et tr en e ar rm fo in o: st go itar e diagramar cada responsáveis por escrever, ed embora. cantinho de mim estão indo estou acostumada. Perco já , sim as é e tr es m se de al Todo fin r que se regenera. Eu gosto e ganho membros, como um se nova. Porém, desta a gi er en e ue ng sa o nh ga is disso, po para receber essa doação os an is do r ra pe es e qu i re te vez, o em que o meu curso – od rí pe o é do to po m te se Es . novamente meus estudantes boicotaram Os o. ad ch fe ou fic – o m lis jorna cursos de graduação e como uma prova avaliadora dos mos interditados*. fo o, og ál di de s ce an ch m se , resposta e Propaganda também Nossos amigos de Publicidade pou, assim como ninguém ca es m ué ng Ni o. sc no co am er sofr cial nos três processos de adentrou em Comunicação So em 2013, lamentamos e a, oc ép Na s. te in gu se s re la vestibu consequências desse triste as os em fr so je, Ho . os m ca iti cr ria e a disposição eg al a eu rd pe * i* un m Ce o ss episódio. No ojetos de extensão ficaram pr os ss No o. ur lo ca um de típica ntas para não cairem. desfalcados, segurando as po jejum acabou. Mas, No meio do ano passado, esse ra impedir minha pa te ien fic su o i fo o nã , te en infelizm cuperar o tempo perdido. re s ai m o ig ns co o Nã a. id rt pa rma chegar ao 6º tu a im óx pr a ra pa ão ch to Falta mui . Por isso, me despeço com ita fe u so eu do an qu é e qu o, períod histórias, notícias as nt ta m ra Fo s. na gi pá s lágrimas na mo será passar esses co i se o nã , go lo i, pe m ta es e e fotos qu lta de muita coisa, anos em branco. Vou sentir fa saudade que essa mas nada me causará mais cês me folheiam, do vo do an qu to sin e qu a nh ui cosq ta página! Para es r ra vi ao a, or ag r ze fa o jeitinho que vã vou, mas eu volto. eu e qu o et om pr , vo no de o sentir iss A vocês, meu até logo!

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* Em 2013 o MEC suspendeu o vestibular dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda devido a nota baixa registrada nas provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O vestibular para os dois cursos só retornou no segundo semestre de 2015.** Prédio ond e funcionam os cursos.

Até logo!


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Turma de Jornalismo 2016-1

NĂłs fizemos a revista Primeira MĂŁo neste setmestre.


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, tagram cial Ins rá que e rede so s a s N a . M o . d os mpo to segund r? O projeto @ do, o te a seis fa-se tu cadas a cad so redo disciplina s ra o g n to o li o a F pub stá s da tos são emos o que e or estudante m olhar mais duas fo perceb esenvolvido p de, propõe u te n los e e cida realm o ângu res, d óveis e osolha cobrind fletir sobre vix.outr dispositivos m os cerca. Des re e permit eridos fia, ue n projeto l estamos ins Fotogra para o meio q ória, o a u hi, it c q V n e a d ia n B atento ra ade ade s da cid r e da visibilid tação: Ana Cla unicação e m nuance n a o e C lh ri o O em uzir. ca do ) duação reprod a políti a capa Pós-Gra mos a verso d ma de o e ajuda n ra g a u ro n P ti o n d o a (c d n s-Ufes. mestra alidade Territori


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