5ª Edição

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> O prof. Francisco Veiga, diretor da FFUC, fala-nos sobre a Dendropharma, uma empresa que funciona como uma «ferramenta de gestão» (p. 3)

> Palestra “Desmistificação dos genéricos”, pelo Prof. Dr. Sérgio Simões (p. 9)

O Pilão

Número 5 Setembro de 2012 Semestral

Distribuição gratuita

J ORNAL I NFORMATIVO DO N ÚCLEO DE E STUDANTES DE F ARMÁCIA DA A SSOCIAÇÃO A CADÉMICA DE C OIMBRA

Nanotecnologia: Um novo paradigma nas ciências farmacêuticas? As aplicações na área pelos Profs. Drs. Luís Almeida, Almeida João Nuno Moreira e António Ribeiro (p. 10 e 11)

Esquema de um lipossoma, utilizado em nanotecnologia como nanovector

> Por onde andam os primeiros licenciados de Farmácia Biomédica da FFUC? (p. 4 e 5)

> Prof.ª Dr.ª Teresa Rosete sobre experimentação animal: Do modelo in vivo ao

in vitro (p. 6)

> O mundo dos medicamentos contrafeitos (p. 7)

> LaserLeap - a «seringa a laser» criada na UC vai permitir a administração transdérmica de fármacos (p. 8)


Editorial

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Mensagem do Presidente do NEF/AAC FICHA TÉCNICA

O Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Edição

Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra Faculdade de Farmácia Universidade de Coimbra Pólo das Ciências da Saúde Azinhaga de Santa Comba 3000-548 Coimbra www.nefacademica.net www.facebook.com/nefaacoimbra presidente.nefaac@gmail.com jornalopilao.nefaac@gmail.com

Direção Steve Estêvão

Coimbra (NEF/AAC) tem como função abordar todos os interesses dos estudantes que representa, criando atividades que complementem não só o seu currículo, mas também que fomentem o conhecimento e espírito crítico acerca das diversas temáticas ligadas à mui grande Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Faz parte também das nossas funções representar os interesses dos estudantes da FFUC perante a “casa-mãe”, a Associação Académica de Coimbra (AAC), e perante os outros órgãos nos quais nos fazemos representar: a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF); a European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA) e a International Pharmaceutical Students’ Federation (IPSF). Mantemos ainda relações institucionais com entidades do setor farmacêutico, nomeadamente a Ordem dos Farmacêuticos, a Associação Nacional das Farmácias e a PLURAL – Cooperativa Farmacêutica, CRL. Tendo isto em conta, é com muito prazer e orgulho que vejo continuada, mas renovada, mais uma edição do jornal “O Pilão”. Este jornal tornou-se um marco na vida estudantil da FFUC e uma grande forma de comunicar aos nossos estudantes não só todas as atividades e pareceres do NEF/AAC e das entidades supra mencionadas, mas também tudo o que de bom se faz no universo das Ciências da Saúde. Como poderás constatar, esta edição d’ “O Pilão” sofreu uma renovação em relação às edições anteriores e tudo isto devido ao dinamismo e empenho de toda a equipa redaccional deste jornal, que reflete a filosofia de trabalho do presente mandato do NEF/AAC, pelo número e caráter das atividades realizadas até então. Nos dias que correm o conceito de “informação” torna-se cada vez mais global e essencial e, para corresponder às necessidades dos nossos estudantes, que passam por uma informação permanente e atualizada, é também com grande orgulho que anunciamos a reativação do nosso site www.nefacademica.net, que será constantemente atualizado. Não me poderia despedir sem antes agradecer a toda a equipa do NEF/AAC pelo ótimo trabalho realizado, em especial à Anaísa Bartolomeu e à sua equipa redacional, por todo o esforço e dedicação para tornar este projeto possível. O NEF/AAC continuará a brindar-te com atividades ao longo deste mandato, com a qualidade e excelência a que estás habituado(a) porque, afinal, TU ÉS O NEF/AAC.

Direção Editorial

Saudações Académicas,

Anaísa Bartolomeu

Steve Estêvão Presidente do NEF/AAC

Grafismo e Paginação Pedro Martins

Redação Anaísa Bartolomeu Anita Calado Bárbara Ramalho Cristina Rebelo David Ramos Diana Marques Laura Ferreira Leonor Bruçó Mariana Alves Pedro Martins Ricardo Nelas Rita Ribeiro Rute Ambrósio

Agradecimentos Prof. Dr. Francisco Veiga Prof.ª Dr.ª Teresa Rosete Prof. Dr. Luís Almeida Prof. Dr. João Nuno Moreira Prof. Dr. António Ribeiro Vera Alvar Simonetta Borsini Fernando Silva

Periodicidade Semestral

Tiragem 500 exemplares

Impressão Gráfica “Edições Fergui”

Apoios Ordem dos Farmacêuticos Associação Nacional das Farmácias Plural - Cooperativa Farmacêutica, CRL

Nota redacional Pelouro do Jornal “O Pilão”

Confesso que aceitei receosa o convite para ficar à frente deste jornal, cujo nome já de si é intimidante. Hoje sinto-me realizada. Por ter impulsionado este jornal a ser mais, mais rico e mais novo, com este grupo a dar o seu máximo. Sim, eu sou o pelotão, sem vocês não teríamos chegado aqui. Mais do que noutro momento, trago-vos uma história diferente neste início de mais um ano letivo. Atingimos esta edição graças à atual situação económica estável do Núcleo de Estudantes de Farmácia, mas sobretudo à equipa cooperante, inclusive os novos alunos que aqui chegaram cheios de vontade de trabalhar e conhecer o seu novo mundo profissional. Há momentos que ficarão sempre na memória. A eles um muito obrigado pela diversão a trabalhar, porque quem corre por gosto não cansa. Nada me dá mais gosto do que partilhar convosco o que de melhor se faz no sector farmacêutico e o que está ao vosso alcance para crescerem na vossa formação. Não vos posso expressar o quanto me fascina, admirar-vos, a todos e a ninguém em particular, imaginar alguém a perscrutar com interesse extasiado todos os detalhes que cuidadosamente tratámos. Sinto que este projeto me fez crescer, com uma motivação própria e consciente da minha responsabilidade. Nunca estou apenas por estar. Fico enquanto ainda há tempo, ou se arranja, para fazer o máximo, enquanto se vive para alcançar os objetivos idealizados. A informação anda à velocidade da luz portanto não há tempo para saudosismos. Estamos a meio caminho para a meta e ainda há muito a conhecer e, principalmente, dar a conhecer. Se és proativo e tens mente crítica a fervilhar conto contigo para a nossa equipa, não hesites em pôr em prática as tuas capacidades. Antes de ser farmacêutico, terás de ser um indivíduo informado e ciente do que te espera. Neste mandato, o jornal “O Pilão” pretende sobretudo estar mais presente na vida dos estudantes, sendo um veículo de informação e imagem moderno e ligado ao mundo, sem se restringir à nossa faculdade. Para atingir estes objetivos, além das edições impressas semestrais, passará a haver divulgação online, através do novo site do NEF, fazendo dele um instrumento de fácil acesso e consulta de informação profícua sobre as atividades da nossa faculdade, do nosso núcleo e da área da saúde. Para finalizar, deixo o que serviu de mote às páginas que se seguem. Hoje, mais do que nunca, venho agradecer a todos. Aos meus colaboradores incansáveis, pela surpreendente e obstinada capacidade de trabalho, em especial ao Pedro Martins, subcoordenador, pelo auxílio no design e transmissão de saber. Ao David Costa e ao Willy Oliveira pela disponibilidade e competência na parte gráfica e de imagem. Ao Diogo Silva pela paciência e salutar divisão do antigo pelouro da informação, que resultou positivamente. Ao João Branco pela coragem e apoio incondicional. Em último e mais importante, ao presidente Steve Estevão pela audácia e confiança irrefutável que em mim depositou. Porque por trás de um bom trabalho está uma grande família! Entra em contato connosco através de qualquer elemento ou do nosso e-mail: jornalopilao.nefaac@gmail.com. A coordenadora, Anaísa Bartolomeu


À conversa

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«A Dendropharma serve fundamentalmente como uma ferramenta de gestão» O Pilão esteve à conversa com o Prof. Dr. Francisco Veiga, atual diretor da FFUC, para nos dar a conhecer a Dendropharma, a empresa com sede na nossa faculdade e da qual é presidente

por Cristina Rebelo e Rita Ribeiro Sim, começou a operar nos princípios de 2011. Houve algumas dificuldades porque é a primeira empresa deste género na Universidade de Coimbra, mas resolveu-se. Demorou mais porque era a primeira e havia algum desconhecimento acerca de como a haveríamos de criar, mas depois de criada não teve mais problemas. É uma empresa com contas certificadas, com um técnico oficial de contas e um revisor oficial de contas. Neste momento estamos a entregar as contas e está tudo em ordem, sendo uma empresa que deu lucro.

O Prof. Dr. Francisco Veiga afirmou a 16 de março deste ano, aquando da sua tomada de posse como novo diretor, que a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) tem «sucesso e futuro». Professor associado com agregação, disse ser portador de três prioridades, uma aposta e uma preocupação. A aposta é a internacionalização, a preocupação prende-se com as restrições orçamentais e as prioridades consistem na valorização dos recursos humanos, transparência na gestão e inovação na investigação e ensino. Segundo o docente e investigador, a sua (e nossa) Faculdade possui «vasta produção científica, excecionais indicadores, aproveitamento escolar e qualidade pedagógica». O professor doutor Francisco Veiga apelou ao reitor João Gabriel Silva para que a UC «privilegie a boa gestão das faculdades». Os Profs. Drs. Fernando Ramos, João José Sousa e Rui Barbosa são os subdiretores da FFUC. O novo diretor sucedeu ao Prof. Dr. Amílcar Celta Falcão, nomeado, entretanto, para vice-reitor. Adaptado de “Campeão da Províncias Online”

Encontrámo-nos com o Prof. Dr. Francisco Veiga para esclarecer melhor o objetivo da criação da Dendropharma, assim como as suas atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares. É uma sociedade unipessoal de investigação e serviços de intervenção farmacêutica que surgiu na nossa instituição de ensino há dois anos atrás. O que é a Dendropharma? A Dendropharma é uma empresa privada de capitais públicos participada pela Universidade de Coimbra e pela Faculdade de Farmácia, razão pela qual o seu Conselho de Administração tem um representante da Reitoria e dois da Faculdade de Farmácia. Esta Dendropharma serve fundamentalmente, é assim que eu a considero e concebo, como uma ferramenta de gestão. Ela permite agilizar alguns procedimentos que em condições normais demorariam muito tempo a acontecer. Por exemplo: se queremos organizar um congresso ou fazer um contrato com uma empresa privada de prestação de serviços, a Dendropharma articula-se como a empresa que vai mediar este contrato, sendo certo que ficarão sempre salvaguardados os interesses da Faculdade de Farmácia. Portanto, se a Dendropharma fizer um contrato de prestação de serviços com um privado, vai depois subcontratar à Faculdade de Farmácia esse mesmo serviço, sempre de uma forma agilizada, em que o nosso cliente rapidamente vê os serviços prestados. A Dendropharma é meramente uma ferramenta de gestão.

Qual a importância de uma empresa com estas características na área farmacêutica? Temos um grande potencial para termos muitos clientes na área farmacêutica, alimentar, das águas, dada a polivalência que a Faculdade de Farmácia tem. Para além do mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas, temos ainda as licenciaturas em Farmácia Biomédica e Ciências Bioanalíticas, o que nos concede um potencial enorme. Neste momento, estamos a tentar uma parceria com uma empresa privada que quer que nós venhamos a prestar uma carteira enorme de serviços, nomeadamente no controlo de qualidade de produtos alimentares, [uma área] para além das tradicionais indústrias farmacêuticas que têm recorrido a nós. Sendo certo que no passado tivemos algumas dificuldades em responder atempadamente a algumas empresas farmacêuticas, porque a Faculdade de Farmácia tem uma estrutura chamada UCQFarma [Unidade de Controlo de Qualidade de Produtos Farmacêuticos], que é uma empresa certificada e que presta serviços. Mas muitas vezes não cumpre os prazos de entrega porque, imaginemos, é preciso comprar um padrão, e esse padrão, com todos os procedimentos administrativos, demora um/ dois meses a chegar, porque o circuito interno da Universidade é muito demorado. Se nós tivermos uma forma expedita de comprar esse mesmo reagente, através da Dendropharma, nós temos o reagente passado, no máximo, oito dias. Isto facilita-nos e vai-nos agilizar essa resposta atempada aos nossos clientes. Quais as maiores dificuldades encontradas durante a formação da empresa? A Dendropharma é uma empresa recente?

Quais os projetos atuais e futuros da empresa? Nisso serei sempre muito comedido. Enquanto for diretor da Dendropharma, nunca a utilizarei para entrar em aventuras comerciais. É uma empresa que tem um capital social de 10.000 euros e, portanto, não tem grande músculo orçamental para entrar em grandes aquisições ou em grandes contatos se não estiver devidamente sustentada na retaguarda. Assim sendo, o caminho enquanto eu for director da Faculdade será ser uma empresa que se pautará por ter um comportamento exemplar no restrito cumprimento das regras contabilísticas e das regras de fluxos financeiros entre a Dendropharma e a entidade a que está ligada, que é a Faculdade de Farmácia, e que permitirá sempre agilizar procedimentos. Nunca entrar em qualquer aventura que não se compagine com a sua atividade. Que conselhos deixa a jovens empreendedores que ambicionem ter o seu próprio negócio? Eu penso que essa é uma característica que os nossos jovens, e os nossos jovens são vocês, têm que ter. Têm que pensar de facto que, nos dias de hoje, ser apenas assalariado de um terceiro não é futuro. Não passa apenas por aí, acho que tem de haver um grande espírito de empreendedorismo, e que as pessoas têm que criar o seu próprio negócio. Não têm que ser negócios de milhões, mas podem ser negócios mais pequenos mas que explorem novas áreas emergentes, nomeadamente a área da prestação de serviços, consultadoria. Penso que há um campo enorme para ser explorado. Eu se tivesse a vossa idade, hoje não sei se seria professor universitário ou consultor. Um exemplo prático do que o nosso diretor nos transmitiu é o caso da Bluepharma, uma empresa farmacêutica portuguesa com sede em Coimbra, que no final de 2010 pagou a sua primeira visita à China. Um ano depois, com a ajuda de uma empresa de consultoria portuguesa e um parceiro chinês, a Bluepharma está muito perto de obter o registo do seu primeiro produto na China, a ser lançado neste mercado até 2013.


Farmácia Biomédica

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Por onde andam os primeiros licenciados em Farmácia Biomédica? O Pilão entrevistou três dos primeiros licenciados em Farmácia Biomédica pela FFUC - Liliana Damas, Tânia Gonçalves e Diogo Oliveira

por Anaísa Bartolomeu, Diana Marques e Rita Ribeiro pessoas muito novas (todos na casa dos 30), tudo muito informal. Esperava que fosse um ambiente mais sério, pesado, mas surpreendi-me pela positiva. A nossa unidade tem sete pessoas, todos jovens, por isso a comunicação é muito fácil e conseguimos todos ter uma relação muito boa, de amizade. Isto porque também é um ambiente muito pequeno, é quase como uma segunda casa, uma segunda faculdade. Sendo esta licenciatura um curso muito peculiar, alguma vez sentiste vontade de mudar para outro mais reconhecido e de “banda larga” como por exemplo o de Ciências Farmacêuticas? Acho que todos nós quisemos já mudar, algum dia. Ainda por cima nós somos os primeiros e não tínhamos ninguém que nos desse uma luzinha, por mais pequena que fosse, e a primeira reação foi: “quero sair daqui”. Mas depois, mais no segundo semestre do segundo ano, nós criámos mais ligações com os colegas do curso e mesmo os professores eram diferentes e davam-nos uma perspetiva nova do curso e das oportunidades que poderíamos ter. Acho que a partir daí nunca mais surgiu esse pensamento de mudar. Mesmo quando terminei o 3º ano, nunca considerei, por exemplo, ingressar no Mestrado em Ciências Farmacêuticas. Acho que, se o tivesse feito, deveria ter sido no 1º ano, e, como não o fiz, acho que não se justificava.

O Pilão decidiu fazer esta entrevista para elucidar não só os estudantes de Farmácia Biomédica das suas saídas profissionais mas também os de mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas dos pontos em que os dois cursos se complementam e da área de intervenção específica dos biomédicos que começam agora a sair da nossa “casa” para o mercado de trabalho. Boa tarde, Liliana Damas. Em primeiro lugar gostaríamos de saber se a tua preparação a nível académico te fez sentir capaz quando chegaste ao mercado de trabalho? Liliana: Definitivamente sim! É claro que ainda há fragilidades nalguns pontos, mas mesmo as pessoas com quem trabalho admitem que tanto eu como a minha colega, quando lá chegámos [ao Infarmed] sabíamos muito mais do que todas as outras pessoas que lá tinham chegado na mesma situação. Eles próprios ficaram muitíssimo admirados com o programa curricular do nosso curso, e quando passámos realmente à prática viram que realmente nós sabíamos mais do que aquilo que eles pensavam! De facto, sim, nós temos uma boa preparação, pelo menos na minha área eu acho que saímos muito bem “equipados” e que somos uma mais valia, definitivamente!. Comparativamente a outros estudantes de Ciências Farmacêuticas, por exemplo, de que cursos são provenientes outros estudantes que também vão trabalhar no Infarmed? L.: É basicamente Ciências Farmacêuticas. Mas a área dos Ensaios Clínicos, a submissão de ensaios e sua autorização, acho que não é abordada quase de todo em CF, e nós quando lá chegamos temos um pouco de vantagem, pois temos muito mais noção do ambiente envolvente do que os restantes. Qual a reação do publico em geral e outras entidades empregadoras quando referes que tiraste a Licenciatura em Farmácia Biomédica, sendo este um curso pouco divulgado e apenas no berço da FFUC? L.: Ao princípio reagem do género “Que é isso?!” (risos). Mas depois nós explicamos e acho que o mais importante é despertarmos o interesse e transmitir aquilo que nos diferencia dos restantes. E as pessoas ficam curiosas e no dia seguinte passam e dizem: “olha, realmente estive a ver e é interessante, tem isto e aquilo!”. Normalmente dizem sempre que temos uma boa bagagem. Com a recente implementação de Bolonha, sentes que se fecham portas de mercado apenas por teres uma formação tão curta de apenas três anos, o que

equivale a uma Licenciatura? Após o términus do curso, quanto tempo é que demoraste a ter o teu primeiro emprego ou estágio? L.: Respondendo à primeira parte da pergunta, realmente é pouco, acho que a dificuldade maior é no fim dos três anos escolher a direção. É muito complicado para nós, principalmente, pois somos um curso novo e tendo sido nós os primeiros a licenciarmonos tudo se torna mais difícil! Também são muitas áreas diferentes e no início não há nada que agrade a 100% para tornar a escolha um pouco mais facilitada. Quanto à segunda parte da questão, nós acabamos a Licenciatura em Junho/Julho e eu depois comecei a trabalhar em finais de Outubro, porque foi o processo das candidaturas em Setembro e depois até começar prolongou-se até Outubro! Podes explicar-nos em que ramo do Infarmed é que estás inserida e de que forma o conhecimento académico que adquiriste na tua licenciatura te está a ajudar no trabalho e desempenho diários e a enquadrar com os restantes profissionais de saúde da área? L.: O Infarmed tem várias direções, eu estou na direção de Avaliação de Medicamentos. Essas direções subdividem-se em diversas unidades, e eu estou na unidade de Ensaios Clínicos. Basicamente o que eu faço é a gestão de processos, gestão de ensaios, ou seja, quando uma empresa quer fazer um Ensaio tem que submeter um pedido ao Infarmed e esse pedido tem de estar instruído com diversos documentos, nomeadamente protocolos, consentimentos informados, brochuras de investigador, entre outros. O que eu faço é validar o processo, ver se está tudo conforme e, se não estiver, fazer pedidos de elementos às empresas e posteriormente fazer a distribuição de todo o processo para avaliadores que façam a avaliação Clínica, Toxicológica e Farmacêutica do Ensaio. Após a distribuição pelos avaliadores, dá-se um prazo para eles tecerem uma avaliação e emitirem um parecer, assim que se tiver esse parecer compila-se tudo e envia-se a compilação para um Conselho que determina então a realização do Ensaio, cabendo-nos depois a nós informar a empresa em causa sobre a aprovação ou não do Ensaio pretendido. Numa entidade séria e regulamentar como o INFARMED vive-se um ambiente informal e descontraído que permita uma convivência saudável em meio laboral ou apenas é estabelecido um contacto estritamente profissional? L.: Eu também pensava que era algo muito formal, mas não. É um ambiente extremamente descontraído, são

Hoje, olhando para trás, voltarias a tomar a mesma decisão? Se calhar voltaria a fazer o mesmo. Mas talvez ainda seja cedo para responder a essa pergunta, só daqui a uns dois ou três anos é que vos poderei responder com 100% de certeza. O importante é que neste momento me sinto bem onde estou. Como vos disse, quando tu chegas e vês que as pessoas realmente se interessam e acham que tens de facto capacidades, tu consegues ver que aquilo que os professores te diziam afinal é verdade, não é só teoria. O problema é a divulgação, nós temos que dar a conhecer ao máximo o nosso curso para que não seja só uma pessoa no Infarmed este ano e depois nunca mais apareça ninguém.

O Diogo Oliveira e a Tânia Gonçalves seguiram uma carreira semelhante. A vossa preparação académica fez-vos sentir preparados quando chegaram ao mercado de trabalho? Diogo: Sim, principalmente no 2.º ano há cadeiras mais específicas, como por exemplo Desenvolvimento de Novos Fármacos, que nos dão uma boa bagagem e consistência para a pôr em prática nas instituições onde trabalhamos, perante as tarefas que nos pedem. Qual a reação dessas entidades empregadoras e o senso comum quando referem que tiraram a Licenciatura em Farmácia Biomédica? Tânia: Há um grande desconhecimento, nomeadamente por parte das empresas. Com Bolonha, sentem que se fecham portas no mercado de trabalho apenas por terem uma formação tão curta, correspondente a uma Licenciatura? Após o términus do curso, quanto tempo é que demoraste a ter o teu primeiro emprego ou estágio? D.: Sim, sentimos sem dúvida necessidade e a importância de completar a formação com um estágio com coordenador, como há em CF ou Ciências Biomédicas em Aveiro, para além de um mestrado. Para mim é realmente importante continuar a estudar. Eu e a Tânia estamos neste momento a tirar o Mestrado em ] aqui na FFUC, ao mesmo tempo que enveredamos em projetos de trabalho. Neste momento que trabalho de ensaios clínicos desenvolves exatamente nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC)? Comparativamente a outros locais onde já trabalhaste, quais os prós e os contras de cada e onde sentes maior realização profissional?


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D.: A UICC (Unidade de Investigação Clínica em Cardiologia) é responsável por 70% da investigação de todo o hospital e já atingiu o estatuto de maior centro de ensaios de Portugal. Dado o grande número de estudos e doentes envolvidos é necessária uma grande gestão de todos os procedimentos. O meu cargo é de Clinical Research Coordinator (ou Study Coordinator) e as minhas funções são gerir e coordenar todo o centro de ensaio, tendo também uma forte relação e comunicação com a indústria farmacêutica. Relativamente à comparação, quer na Novexem quer nos HUC senti-me muito realizado profissionalmente. São trabalhos completamente diferentes mas ao mesmo tempo muito complementares. Numa CRO as tarefas são mais restritas enquanto num centro de ensaio são mais abrangentes. Mas sem dúvida que trabalhar nos dois lados me deu um grande conhecimento. E o melhor serviço de Cardiologia do país é efetivamente cá em Coimbra. Podes explicar-nos o que é uma CRO? D.: A sigla? Significa Contract Research Organization. São empresas subcontratadas para realizar todos os procedimentos relacionados com a investigação clinica ou outros estudos como fármaco -económicos, entre outros. A Novexem é uma CRO de Coimbra. Contudo há algumas farmacêuticas que não subcontratam e podemos trabalhar diretamente com eles. Imaginem, dois exemplos: a Boehringer tem uma política em que tem pessoas da própria empresa (CRAs, PMs – Project Manager, etc) que tratam de todos os procedimentos do ensaio clínicos, como tem essas pessoas não subcontrata muito CROs; uma farmacêutica que não tenha essas pessoas nos seus quadros, ou tenha poucas, tem que subcontratar CROs. Portanto, como licenciados em Farmácia Biomédica, podemos trabalhar em CROs ou nas próprias indústrias farmacêuticas. A indústria farmacêutica é um mundo, tem imensos cargos que podemos ocupar. Eu não tinha noção disso quando estava a estudar. Dos três, és o que tem um contacto mais próximo com a realidade humana da doença. De que forma é que achas que se torna um incentivo ou não aquando de todo o processo de desenvolvimento de uma nova possível solução terapêutica? D.: Todos os profissionais de saúde trabalham para um mesmo fim: a saúde e bem-estar dos doentes. Para mim é muito gratificante trabalhar e colaborar para estudos que podem resultar na comercialização de um medicamento que poderá ajudar muitos doentes a ter uma melhor qualidade de vida. A investigação clínica evoluiu muito nos últimos anos

ao nível das questões éticas e sobretudo na transparência. Desta forma acho que no futuro teremos novas soluções terapêuticas para as mais diversas necessidades dos doentes. Uma das saídas profissionais do vosso curso pode então passar por trabalhar numa CRO, como a Novexem em Coimbra. Sendo que já experienciaste essa vivência laboral, podes partilhar-nos os diversos trabalhos que aí são desenvolvidos e de que forma se tornam relevantes em todo o processo de investigação no ramo da indústria farmacêutica? D.: Uma CRO é subcontratada pelo promotor (normalmente industria farmacêutica) para realizar todos os procedimentos necessários ao desenvolvimento de um ensaio clínico. Desta forma, a CRO é responsável pelos pedidos de autorização às entidades envolvidas (Infarmed, CEIC – Comissão de Ética para a Investigação Clínica e CNPD – Comissão Nacional de Proteção de Dados). Posteriormente são feitas visitas de monitorização aos centros de ensaio para verificar se tudo está a decorrer em conformidade com o protocolo do estudo. Bem como gerir toda a documentação do estudo até ao final do mesmo. A CRO tem de acompanhar todas as etapas do estudo. É a representante do promotor e faz o elo de ligação entre o centro de estudo e o promotor. Nessa PME (pequena ou média empresa), Novexem, estabelecem-se contratos efetivos de trabalho ou apenas são recrutadas pessoas para o decurso de um ensaio que lhes é solicitado? T.: As pessoas que lá trabalham não são contratadas, são permanentes. A empresa aceita o projeto consoante os recursos humanos que tem em vigor e os conhecimentos que esses mesmos recursos possuem. Já contratos específicos de pessoas para a realização de um dado ensaio, a empresa não realiza. Quanto tempo é que costumam trabalhar lá, ou seja, desde o momento que se inicia um projeto, quanto tempo costuma durar cada trabalho? D.: Há alguns projetos que podem atingir vários anos e eles acompanham todo o processo até ao fim. De seguida entram novos projetos e os profissionais envolvidos nos anteriores participam nos mais recentes, por vezes acabam por ficar abrangidos por vários trabalhos ao mesmo tempo! As pessoas são contratadas pela empresa e, consoante o trabalho que se tem em mãos, são divididas por cada um dos projetos a realizar. Atualmente trabalhas nos HUC, Diogo, foi opção tua dado que já sabias que o teu estágio na Novexem iria terminar?

D.: Entretanto o meu estágio na Novexem acabou e eu enviei o meu currículo para várias empresas, fui a várias entrevistas e depois fiquei aqui nos hospitais. E tu Tânia, como foi a tua passagem pela Novexem? T.: Eu gostei, apesar de eles na altura não estarem envolvidos em muitos projetos. Deu para estar em contacto com o meio profissional, para aprender bastante e para aplicar aquilo que tinha estudado no meu curso. Quanto tempo estiveste lá? T.: Estive lá 3 meses, assim como o Diogo. Sendo esta Licenciatura um curso único, alguma vez sentiram vontade de mudar para um mais conhecido e da área como Ciências Farmacêuticas, por exemplo? D.: Infelizmente, eu acho que são poucas as pessoas que entram como 1ª opção para este curso, e eu fui uma delas! Contudo, à medida que foi decorrendo, fui gostando bastante, foi-me cativando e fui aprendendo imenso. Verifiquei que realmente o que eu queria fazer era algo relacionado com a investigação, quer clínica quer de laboratório. E achei que este curso nos preparava bem e, como já foi dito, há sempre a possibilidade de completarmos a nossa formação com Pós-graduações ou Mestrados daquelas áreas que realmente gostamos mais. Hoje em dia penso que há uma grande flexibilidade nesse campo, e o facto de se começar num curso não quer dizer que a nossa formação acabe nesse curso, podemos sempre prosseguir noutras áreas. T.: Todos os cursos têm as suas debilidades, cabenos a nós perceber o que é que falta para completar o conhecimento que vamos adquirindo! D.: Eu tive a felicidade em entrar num curso em que realmente gostei e saí do curso e é isto que, para já, eu quero fazer! E portanto, na minha formação neste momento, para além do Mestrado em Biotecnologia, que não está diretamente relacionado com investigação clínica mas muita da investigação clínica que vai surgir no futuro será relacionada com produtos de biotecnologia, decidi complementar isso como uma Pós-graduação mesmo em Investigação Clínica e realmente é esta a área que mais me fascina! T.: E também não faria sentido mudar para Ciências Farmacêuticas, sendo a área de investigação básica e clínica aquela que nos interessa mais, pois é aqui que temos um conhecimento mais aprofundado nesse âmbito.

Muito obrigado por partilharem a vossa experiência com quem um dia também gostará de desempenhar o vosso papel!

www.ordemfarmaceuticos.pt/simposioluso_brasileiro


Experimentação animal

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«Ainda é preciso trabalhar muito para se deixar de utilizar animais» Entrevistámos a Prof.ª Dr.ª Teresa Cruz Rosete, docente da FFUC e investigadora no Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC), tendo como ponto de partida os prémios ganhos pelos seus trabalhos em modelos in vitro

por Vera Alvar, Simonetta Borsini e Fernando Silva *

Em 2008 ganhou um prémio atribuído pela indústria de cosmética LIERAC pelo seu trabalho intitulado “Mecanismos celulares e moleculares envolvidos na ativação das células dendríticas por alergénios e irritantes”, onde o principal objetivo é desenvolver modelos “in vitro” para o teste de novos cosméticos. Ficou em terceiro lugar no concurso denominado I2P (Idea to Product) Portugal, com um método inovador de realização de testes de sensibilização cutânea para as indústrias de cosmética e higiene pessoal, onde são utilizados modelos in vitro. Devido a novas normas que irão ser implementadas pela União Europeia, será proibida a utilização de animais para testes no ramo dos cosméticos. Assim a pesquisa de técnicas in vitro é uma área de investigação em expansão e tem cada vez mais investigadores aderentes. Por que razão utiliza modelos “in vitro”? Estamos a estudar alergénios cutâneos e a tentar procurar marcadores que nos digam quais os mecanismos ativados na utilização de substâncias desconhecidas, para que assim seja possível estudar os mecanismos destas alergias cutâneas, evitando o modelo animal. Aliás esse é o objetivo, uma vez que a nova legislação pretende acabar com os testes de cosméticos em animais. O recurso a modelos in vitro é de alguma forma mais barato? Sim, sem dúvida. A utilização de animais requer muitos gastos na sua compra e manutenção. Utilizando linhagens celulares os custos de manutenção são muito menores, além disso com linhagens celulares podemos fazer culturas indefinidamente, após a compra de uma só amostra. O uso de modelos in vitro torna a investigação mais fácil? Do ponto de vista prático é mais fácil, não temos que trabalhar com animais, as condições de manutenção são menos exigentes utilizando culturas celulares. A utilização de animais permite verificar o aparecimento do fenómeno num sistema biológico, o modelo in vitro permite saber o porquê da ocorrência de tal fenómeno. Além disso sinto que desde há cinco anos existe um maior controlo para quem utiliza animais, por exemplo agora é preciso tirar um curso para utilizar os animais, antes compravam-se os animais e fazia-se indiscriminadamente o que se queria sem ter que prestar justificações, hoje já não é bem assim. Tudo isso torna o uso de animais mais dificultado.

Recorre com frequência a modelos animais? Não, só trabalho in vitro. Animais neste momento só nas aulas na faculdade. Acha possível fazer uma investigação sem recorrer totalmente ao uso de animais de forma direta ou indireta? Eu acho que sim, mas não neste momento, ainda é preciso trabalhar muito para se deixar de utilizar animais. Acredita que um dia poderemos substituir o modelo animal por modelos alternativos? Sim, eu acredito, estou a trabalhar para isso, mas por exemplo na área da toxicologia ainda existem testes muito complexos, impossíveis de praticar in vitro, e ai o uso de animais é inevitável. O que pensa da utilização de animais para fins didáticos? Eu acho que eventualmente será importante, contudo

podemos utilizar outros recursos como vídeos, diminuindo o número de animais sacrificados. Atualmente a utilização de modelos animais é imprescindível para o avanço das ciências da saúde. A discussão acesa sobre a utilização de animais de laboratório é relativamente recente, contudo parece não existir um fim à vista uma vez que as ideias dos que estão a favor, bem como as dos que que reprovam tal ato são extremamente válidas. Contudo, vocacionando a vertente do trabalho para a área da farmacologia, podemos verificar que o uso de animais é extremamente importante, uma vez que as regras de utilização de cobaias humanas em testes farmacológicos são extremamente rígidas e apertadas. Só após vários anos de testes, em animais ou in vitro, é que se pode recorrer a cobaias humanas, numa fase já bastante avançada da investigação de novos fármacos, em ensaios clínicos. A utilização de animais, torna a investigação mais cara em relação à utilização in vitro mas mais barata do que a utilização de cobaias humanas, contudo o estudo in vitro nem sempre dá resposta às exigências experimentais, tendendo-se assim ao usar modelos animais. O potencial do uso de animais levou não só a um grande número de investigações de forma a estudar e aperfeiçoar o uso de modelos, como em simultâneo foi desenvolvida legislação, que regula, defende e planeia a utilização destes. A extrapolação de dados de modelos animais para os seres humanos só se tornou possível após a prática de várias experiências que pretendiam conhecer melhor os modelos animais, os parâmetros comparativos em relação ao ser humano, ou por insucesso de investigações que utilizaram modelos animais inapropriados. Para terminar deve ficar em mente que, independentemente dos benefícios, os animais sentem dor, ansiedade entre outras experiências desagradáveis que o ser humano bem entende. Como tal, o sacrifício não deve ser feito em vão, por mero divertimento, deve ser poupado ao máximo do desconforto e da dor. Além disso o valor e a importância dos animais sacrificados não é de todo reconhecida, pela sociedade em geral.

* Entrevista gentilmente cedida pelos colegas, realizada no âmbito de uma monografia destinada à unidade curricular de Farmacologia Geral (2.º semestre do 2.º ano do MICF) PUB


Contrafação de medicamentos

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Medicamentos contrafeitos geram mais lucros do que tráfico de droga e menos riscos criminais — o flagelo escondido Crime não é penalizado em Portugal. Encomendas na Internet para pessoas obesas, com disfunções sexuais e doenças oncológicas

por Anaísa Bartolomeu

Fabricar medicamentos falsos é um delito que, em Portugal, dificilmente levará o infrator à prisão. Tal só acontece se se provar, posteriormente, que alguém sofreu danos ao consumir esse medicamento. O alerta foi feito pelo vice-presidente do Infarmed Hélder Mota Filipe, que defende uma alteração da lei para, desse modo, se poder travar este tipo de criminalidade. Em declarações à Lusa, o responsável do Instituto da Farmácia e do Medicamento diz que a legislação portuguesa segue a regra de outros países europeus. Essa prática, diz, dificulta a criminalização de um negócio muito mais rentável do que o tráfico de droga. “É muito difícil provar esse risco (do dano causado pela ingestão de medicamentos contrafeitos), a não ser que morra alguém ou que fique altamente debilitado. Mesmo assim, é preciso provar que não há inequivocamente dúvida nenhuma de que aquela situação resulta só e apenas da utilização do medicamento. Tudo o resto é difícil de criminalizar”, adiantou ainda Hélder Mota Filipe à Lusa. Proceder à contrafação de medicamentos é, de acordo com a atual lei, apenas um crime de violação de propriedade intelectual. Espera-se que, no máximo, dentro de três anos, este tipo de delito possa ser mais duramente punido: em outubro de 2011, Portugal subscreveu, com 12 outros países da União Europeia, uma convenção que criminaliza todos os atos ligados à contrafação. Com a nova lei, passa a ser possível criminalizar todos os intervenientes no crime, desde o contrafator do medicamento ao fabricante das embalagens. E mesmo os consumidores só não responderão criminalmente caso provem que não possuíam vantagens no negócio. Em Portugal, de acordo com os dados revelados há mais de um ano pelo Infarmed, a maior parte dos medicamentos contrafeitos são encomendados pela Internet e chegam ao país depois de serem enviados por via aérea. Muitas das apreensões acabam por ser feitas nos aeroportos.

Os medicamentos contrafeitos, que são vendidos a preços mais baixos do que os verdadeiros, possuem, na maior parte das vezes, doses de substância ativa bem inferiores ao que é anunciado na bula. Por vezes as contrafações são de tal qualidade que não é possível identifica-las através da simples observação da embalagem ou do medicamento, sendo necessária uma análise laboratorial, já houve casos em que as peritagens revelaram que a substância ativa anunciada nem sequer existia. A maior parte dos medicamentos contrafeitos apreendidos em Portugal destina-se a doentes do foro oncológico, a pessoas que pretendem resolver casos de disfunção eréctil e a outras que sofrem de obesidade ou que apenas pretendem reduzir o peso. As encomendas (via internet) são pagas antecipadamente com cartões de crédito. A maior parte deste tipo de produtos é fabricada em países asiáticos, sobretudo na China. Um dos casos detetados pelo Infarmed e já noticiado dizia respeito a pessoas que, em Lisboa, negociavam quase porta a porta medicamentos contrafeitos que alegadamente se destinavam a fazer perder peso. Para Hélder Mota Filipe, é imperiosa a existência de uma rede que possa combater a contrafação e o tráfico de medicamentos e que passa pelo reforço da cooperação entre polícias, alfândegas e diversas autoridades dos medicamentos existentes em cada país. “O medicamento [contrafeito] segue por um conjunto de países, pelo mundo todo, para lavagem da imagem”, diz. O responsável do Infarmed diz que em qualquer país é possível montar uma fábrica de contrafação de medicamentos. Por norma, os países mais desenvolvidos, como por exemplo Inglaterra, são os que maiores garantias oferecem contra essa prática, mas isso não significa habilidade total, explica Hélder Mota Filipe à mesma fonte.

revelou que apreendeu mais de 182 milhões de dólares em medicamentos falsificados no mês anterior. Detiveram 2.000 suspeitos pelo país, segundo o ministro da segurança pública da China. Até foram encontrados medicamentos para a raiva contrafeitos. Não foi clarificado se estes fármacos eram destinados ao mercado doméstico ou internacional. O governo chinês reporta com frequência detenções e apreensões para demonstrar a sua dedicação à revisão e avaliação de situações e escândalos envolvendo medicamentos e alimentos, que ameaçam a confiança do público e a estabilidade social. Apesar deste caso ser o maior dos últimos meses, em novembro do ano passado, as autoridades anunciaram a apreensão de medicamentos contrafeitos no valor de 30 milhões de dólares e apreendeu 114 suspeitos. A China é um dos maiores países produtores de fármacos contrafeitos, segundo um relatório da londrina International Policy Network. Alguns ingredientes falsificados chegaram, no passado, a ser exportados para utilização no exterior. A Food & Drug Administration (FDA) descobriu que muitos fornecedores chineses fizeram abastecimentos de heparina com ingredientes contaminados e foram relacionados com uma crise de saúde pública em 2008, que conduziu à morte de 80 pessoas e a centenas de casos de reações alérgicas nos EUA. As autoridades chinesas estão a tentar proteger o mercado farmacêutico e as universidades e empresas do país estão a fazer investimentos no desenvolvimento de fármacos. Empresas estrangeiras como a Roche ou a Pfizer também têm vindo a investir fortemente na China nos últimos anos. As vendas de produtos farmacêuticos na China deverão alcançar os 115 mil milhões de dólares até 2015, triplicando o valor de 2010 (42 mil milhões), segundo previsões da IMS Health.

In “Público”, por José Bento Amaro (2 de Abril de 2012)

Já no mês de Agosto deste ano, a polícia chinesa

Adaptado de Netfarma.pt

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Inovação na UC

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LaserLeap: A “seringa a laser” criada na UC vai permitir a administração transdérmica de fármacos dentro de um ano por Pedro Martins com Anaísa Bartolomeu

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dministração transdérmica de fármacos e cosméticos através de um dispositivo laser não invasivo e indolor – eis o que a tecnologia do LaserLeap, a “seringa a laser”, se propõe fazer. A investigação para esta tecnologia inovadora, cujo início remonta ao ano de 2008, foi realizada na Universidade de Coimbra, mais especificamente no Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia, de onde provêm os três responsáveis pela tecnologia LaserLeap – o docente Luís Arnaut e os investigadores Carlos Serpa e Gonçalo Sá. A tecnologia baseia-se no efeito termoelástico, princípio que consiste numa onda de pressão exercida por um material – o alvo – após a absorção da energia emitida por um laser sob a forma de luz. Os três investigadores adaptaram este princípio teórico à administração de moléculas através da pele, construindo um protótipo com um laser de alta intensidade, transportado através de fibra ótica, e um alvo descartável que consiste num filme de moléculas altamente eficientes na transformação de luz em calor, embutidas numa matriz polimérica de estireno. Entre o filme e a camada córnea da pele estaria um gel ou creme, contendo o fármaco ou cosmético a administrar. Ao absorverem a energia (luz) do laser, as moléculas do filme passam rapidamente ao estado excitado e deste novamente ao estado fundamental, libertando rapidamente a energia proveniente do laser sob a forma de calor e gerando, deste modo, uma onda de pressão de muito curta duração capaz de causar uma disrupção temporária na camada córnea da pele, abrindo os poros e permitindo a passagem de moléculas de grande dimensão presentes no gel. A elasticidade da pele fá-la regressar ao normal minutos depois, tornando-se novamente impermeável ao fármaco. A camada córnea, camada superficial de células mortas da pele, é permeável a pequenas moléculas. A inovação do LaserLeap está em tornar esta camada também permeável a moléculas de grandes dimensões. Na teoria, como refere o investigador Carlos Serpa, as características do laser e do alvo permitiriam gerar uma pressão de 40 bar sobre a camada córnea. Até agora, na prática, conseguiram cerca de 50 por cento deste valor. Já com vários testes de segurança realizados, os investigadores concluíram que a onda de pressão aplicada não induz a morte de células. Contudo, a onda de pressão entra, em alguns casos, no interior das células, alterando de uma forma reversível o estado morfológico da bicamada fosfolipídica da membrana celular, recuperando ao fim de algum tempo. No conjunto de todos os testes realizados até agora, o grupo de investigadores concluiu, como afirma Carlos Serpa, que «todos os efeitos da aplicação de uma onda de pressão na pele são reversíveis». A tecnologia é segura, é eficiente e está já patenteada, podendo vir a ter aplicações na administração de fármacos, vacinas, anestesias e cosméticos e no tratamento do cancro da pele. Carlos Serpa vê ainda na administração de fármacos de origem biotecnológica uma potencial aplicação do

pecuniário que permite avançar com a investigação e transformar a ideia em produto. Em 2010 vencem o prémio da Red Emprendia, uma rede universitária ibero-americana, cujo valor pecuniário, segundo Carlos Serpa, proporcionou grande impulso à investigação (ver caixa). Neste momento trabalham ainda com fundos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional). O financiamento possibilitado pela Red Emprendia vai permitir fazer algo único e bastante valioso: passar da investigação universitária para o meio empresarial. O prémio foi muito importante, não só para a apresentação de um pedido de patente, mas também para a prova de conceito com a entrega de moléculas modelo, a criação de um protótipo portátil, a realização de testes de segurança com voluntários saudáveis e ainda para testar a administração transdérmica de vários alvos terapêuticos. Cumprindo o espírito deste prémio, nasce em 2011 a empresa LaserLeap Technologies, de forma a explorar comercialmente a tecnologia desenvolvida. A empresa é criada e gerida pelos três responsáveis pela tecnologia e está atualmente incubada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra. Atualmente os três investigadores trabalham na otimização do protótipo do instrumento, testam efeitos e interações no organismo humano e investigam a utilização da tecnologia com alvos terapêuticos reais. Num futuro próximo, a LaserLeap Technologies ambiciona internacionalizar a patente da sua tecnologia, construir um protótipo com um novo design e obter aprovação por parte das entidades reguladoras para o seu instrumento médico.

Os três responsáveis pela tecnologia: Gonçalo Sá, Luís Arnaut e Carlos Serpa, respetivamente

LaserLeap, já que são fármacos de grandes dimensões, sendo na sua maioria macromoléculas destruídas no trato gastro-intestinal. A administração transdérmica é, assim, uma via altamente favorável à aplicação destes fármacos no organismo. Como uma das aplicações desta tecnologia no mundo real encontra-se a terapia fotodinâmica em doentes com cancro, que atualmente tem uma duração de 4 horas. Com a tecnologia LaserLeap esta terapia duraria apenas 30 minutos. A equipa vence a 4.ª edição do Concurso Nacional de Inovação BES, em 2008, valendo um prémio

A RedEmprendia é uma associação criada com o apoio do Grupo Santander, que congrega 20 das mais prestigiadas universidades do espaço iberoamericano e cuja missão é impulsionar um eixo estratégico de atuação neste espaço geográfico, nomeadamente através da criação de um tecido empresarial a partir dos resultados da I&D das universidades parceiras. O Prémio AVCRI - Valorização y Comercialização dos Resultados de la Investigação pretende apoiar financeiramente projetos que possam conduzir resultados de investigação promissores até à fase de prova de conceito ou a uma aplicação prática e comercializável, preenchendo assim lacunas existentes no financiamento com vista à valorização comercial de projetos de investigação de elevado potencial. Dos projetos submetidos a concurso pelas várias universidades associadas à RedEmprendia, acabou por ser escolhido o projeto candidatado pela Universidade de Coimbra, através da sua Divisão de Inovação e Transferências do Saber (DITS- UC).


Medicamentos genéricos

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Palestra “Prós e Contras: Desmistificação dos genéricos” A atividade, promovida pelo Pelouro da Formação, contou com o Prof. Dr. Sérgio Simões como orador

por Anaísa Bartolomeu e Bárbara Ramalho

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o dia 19 de Abril do corrente ano, o Pelouro da Formação contemplou os alunos da FFUC com esta atividade inovadora e relevante, permitindo esclarecer as dúvidas dos futuros especialistas do medicamento sobre os genéricos com o Prof. Dr. Sérgio Simões, professor assistente do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da FFUC e vice-presidente da Bluepharma. A aceitação dos genéricos é uma questão cultural e temporal, sendo diferente nos EUA e Centro/Norte/Leste da Europa vs. Sul da Europa. No primeiro grupo geográfico a definição de genérico corresponde a igual composição quantitativa e qualitativa do princípio ativo (API), na mesma forma farmacêutica. É impreterível garantir a bioequivalência, ou seja, as mesmas moléculas ou suas alternativas, que na mesma quantidade e no mesmo grupo, têm biodisponibilidade comparável, equivalência terapêutica. Biodisponibilidade é a quantidade de fármaco libertado na corrente sanguínea que atinge o órgão alvo. E a que corresponde este limite de bioequivalência?

Seguindo o raciocínio, a condição de bioequivalência que os genéricos têm de cumprir traduz-se no seguinte:

As principais vantagens são os diferentes custos de produção em empresas inovadoras (altos custos de R&D de $350 a $600 milhões e superiores para NCE – New Chemical Entity) e em empresas de genéricos (baixos, de $1 a $2 milhões para os que demonstram bioequivalência). O que põe em causa a credibilidade dos genéricos, que por vezes não atuam como o esperado tal e qual o medicamento de marca, está muitas vezes relacionado com a questão dos excipientes, devido à sua origem e possível interferência na biodisponibilidade. É de salientar o controlo de avaliação de medicamentos e segurança a que são submetidos por parte do Infarmed, departamento onde este instituto tem o máximo rigor. Uma das questões mais preponderantes em estudo é a passagem da barreira hematoencefálica, cuja diferença em alguns genéricos devida à troca de excipientes e lipossolubilidade intrínseca é registada. Contudo, as vantagens monetárias em tempos de crise e a possibilidade de aquisição facilitada de um medicamento bioequivalente por quem tem menos posses é o cerne da aplicação prática desta problemática na população de hoje. O nosso papel é desmistificá-la. PUB

Neste gráfico de AUC podemos ver a diferença permitida de concentração plasmática entre o genérico testado e o medicamento de referência patenteado, a tracejado.

Esta é a fração a que corresponde uma bioequivalência total. Há uma margem de 20 % (para cima e para baixo) devido às variabilidades intraindividuais ou biológicas:


Tema de capa

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Nanotecnologia - A ciência “invisível” que começa a dar a cara Entra facilmente no ouvido e não é, de certo modo, um termo estranho. Mas sabes as aplicações farmacêuticas desta tecnologia de futuro?

por Anaísa Bartolomeu, Leonor Bruçó e David Ramos

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ara além das inúmeras utilizações nas mais variadas áreas que afetam o nosso quotidiano, como o desporto e a engenharia, cientificamente falando são sistemas sintéticos, mais do que biológicos. Basicamente é uma técnica nova, com desenvolvimento recente, porém com terminologia antiga. Escolhemos este mote emergente como tema principal desta edição do jornal, pois concilia algumas das grandes investigações em desenvolvimento na nossa faculdade, nomeadamente pelos Professores Doutores Luís Almeida, João Nuno Moreira e António Ribeiro, com quem nos reunimos para um debate proveitoso sobre as diferentes perspetivas de aplicação desta área que está em ascensão nas ciências da saúde. As imagens que o senso comum concebe acerca da nanotecnologia (robôs à escala nano) muitas vezes não correspondem à realidade. Qual é, afinal, a verdadeira conceção de nanotecnologia? Luís Almeida: Há sistemas sintéticos de base lipídica ou polimérica para transporte de proteínas recombinantes. Mas na minha vertente de estudo, os biológicos utilizam vírus para esse efeito. As proteínas são fármacos de elevado peso molecular, que difere mas está de acordo com o do mRNA que as codifica. Aqui o que importa é o transporte ou silenciamento de genes que são responsáveis por doenças, como oncogenes, dependendo da patologia em estudo. O Prémio Nobel da Fisiologia de 2006 foi atribuído conjuntamente a Andrew Z. Fire e Craig C. Melloum(1) pela sua descoberta do mecanismo da interferência de RNA no silenciamento génico através de dupla cadeia de RNA. Ao tentar expressar um gene importante para a contração muscular dos vermes, por exemplo, quanto mais RNA lá existente, maior é o efeito que provoca. Tal não acontece com genes silenciados, é como se o animal não tivesse o gene. Portanto, começaram-se a usar sequências duplas de RNA (que também existe, sim), este é reconhecido por um complexo especial que usa uma cadeia para promover o seu desenvolvimento. Para silenciar genes, coloca-se siRNA (short interfering RNA). Também se pode obrigar as células a produzir proteínas, ao expressar genes recorrendo a um vírus, que introduz a sequência na célula. Há doenças neurodegenerativas genéticas que se podem promover em animais. Nas doenças de Alzheimer ou Parkinson a maior parte dos casos são de natureza esporádica de causa desconhecida ou ambiental, uma pequena minoria é de origem genética. A doença de Machado-Joseph, prevalente em Portugal principalmente em território açoreano, é de causa (1) Referências: The Nobel Prize in Physiology or Medicine 2006". Nobelprize.org. 30 Jul 2012 http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/ laureates/2006/ exclusivamente genética, pelo que os animais constituem um bom modelo para mimetizar a doença. Introduzem-se mutações em animais transgénicos (com novos genes inseridos no seu DNA, permitindo-lhes desenvolver doenças humanas que naturalmente não lhes dizem respeito). E isto é aplicável a outras doenças. O trabalho mais inovador é na produção de vírus para tratar ou produzir modelos de doença modificados por proteínas mutadas. Introduz-se no cérebro e induz-se a doença nos animais. Só um artigo antes do meu demonstra o uso desta estratégia. O vírus por autofagia impede que a proteína seja clivada em bocadinhos muito tóxicos. Pretendem com este trabalho obter uma patente? LA: Os fármacos que estamos a usar têm patente de empresa.

O trabalho de Sandro Alves, Prémio Pulido Valente de Ciência 2011, com orientação científica do Prof. Luís Pereira de Almeida e da Dra. Nicole Déglon, incidiu a doença de Machado-Joseph, doença do grupo das ataxias espinocerebelosas, caracterizadas pela descoordenação motora, em especial dos movimentos musculares voluntários e da fala. Esta doença autónoma foi identificada pela primeira vez na década de 70, em famílias açorianas e em luso-descendentes nos EUA, e diagnosticada pelo médico Corino de Andrade do Porto. A doença encontra-se hoje identificada em casos pelo mundo todo, manifestandose tardiamente, pelos 40 anos, na maioria dos casos. No fundo pretende-se que estas plataformas de base nanotecnológica possibilitem uma entrega direcionada desses novos agentes terapêuticos. A atividade científica do Prof. Dr. João Nuno Moreira centra-se no desenvolvimento de nanotecnologias para o transporte de fármacos ou ácidos nucleicos na terapêutica antitumoral. É membro ativo da plataforma de colaboração MIT-Portugal, sendo que o Research Coimbra “MIT program” financiou um dos seus projetos no âmbito da atividade pedagógica. Quais são os trabalhos que está a desenvolver nesta área? Que materiais utilizam e como funcionam as nanopartículas a que recorrem? JNM: Na área oncológica é extremamente importante a segurança e alguns mecanismos de degradação não são conhecidos. As principais vantagens que a primeira geração deste sistema veio trazer são ter extensão diminuída, não tem o mesmo perfil de toxicidade, os ensaios clínicos aprovam para a ação terapêutica pretendida; e são lípidos sintéticos, um polímero à superfície da partícula. Tudo depende da: - Natureza dos fármacos (de baixo PM como ácidos nucleicos para silenciamento de genes, ou DNA que é maior) que podem ser encapsulados por partículas versáteis, isto é, que veiculam fármacos de natureza diferente; - Acessibilidade do tumor: um tratamento de administração sistémica tem de ultrapassar muitas barreiras; outros conseguem tornar-se praticamente invisíveis ao organismo, pois este tem dificuldade de reconhecimento. As partículas que circulam no sangue mais tempo têm maior probabilidade de se acumular no tumor. Utiliza-se portanto uma tecnologia “Stealth” para tornar inacessível e as “camuflar”, colocando novos adereços à superfície como proteínas recetoras. Este sistema procura aproveitar debilidades do tumor, como por exemplo a mal formação de vasos sanguíneos (células do endotélio têm espaços e são justapostas). As partículas, que são a chave, passam dos vasos sanguíneos para o tumor, cujo recetor é a fechadura. Isto é importante porque as propriedades dos materiais variam em função do tamanho, quanto mais pequena é a partícula mais facilmente ultrapassa o desafio, neste caso o vaso sanguíneo do tumor. Havendo espaços de diâmetro limitado, quanto mais pequena for a nossa partícula que veicula o fármaco, mais capacidade tem de afetar o tecido tumoral. São extremamente versáteis. Agora, como se acondicionam os fármacos? JNM: As forças de estabilização que se criam são um modo de proteção. Usa-se um “disfarce”, um polímero (há diferentes classes para fármacos com características diferentes), que é uma forma de “colocar um rótulo” a uma partícula estranha. Já na opsonização a proteína medeia o uptake para facilitar o processo de englobamento de células.


O Pilão | 11 Por exemplo, uma barreira ao ter muita água dificulta a interação com as células, não sendo tão eficaz o fármaco pois a extensão de recetores do sistema imunitário diminui. Sabemos que desenvolveu a nanopartícula que contém o fármaco doxorrubicina para o combate ao cancro da mama, também tem atividade noutros tumores? JNM: Sim, é para o tratamento do cancro da mama e mais, também estamos a encontrar oportunidades para o do pulmão, entre outros. Relativamente à administração oral de nanopartículas de insulina, em investigação pelo prof. António Ribeiro, a biodisponibilidade de 30% será suficiente? AR: Uma biodisponibilidade de 30% é o valor elevado em testes animais. Os ensaios em modelos animais muitas vezes não se repetem na mesma ordem de grandeza que no ser humano. É necessário fazer ensaios à escala clínica para elevar o nível de biodisponibilidade para tornar possível comercializar. Para além do mais, os ensaios

clínicos dependem de financiamento resultante de movimentos sustentados e o estudo em seres humanos requer um elevado conhecimento médico. Há em Portugal um Comité que estabelece as regras a obedecer para realizar estes testes e não é fácil obter aprovação. Na Índia, África e países do Médio Oriente a legislação não é tão apertada. A insulina é uma proteína, tem grande PM, que alterações sofre para não ser degradada no tubo digestivo administrada per os?

AR: Aproveitando tudo o que constitui uma nanopartícula, o excipiente na maior parte são polímeros. A confirmar-se 30% em humanos ficávamos (farmacêuticos que produzissem) ricos, a tecnologia tem um potencial de escala, é um laboratório industrial que produz. Uma biodisponibilidade de 15% é suficiente para avançar com a formulação. Ao trabalhar com partículas tão pequenas não temos uma perceção real do que fazer, pesquisamos em bibliografia, confirmamos, variamos condições do meio como pH, solvente para conhecer a constituição da pesquisa bibliográfica após reproduzi -la. Antecipadamente podemos prever situações desagradáveis, como por exemplo, polímeros com grupos OH dão cabo da lipossolubilidade pretendida, os grupos NH já não interferem, o que depende também do objetivo ao nível do recetor ou da camada de muco. Em suma, o trabalho com pesquisa bibliográfica é muito intenso, uma vez que temos de planear o estudo de forma a melhorar a preparação. É necessária muita atenção ao lidar com proteínas, na estrutura terciária ou quaternária, não basta ela estar lá, tem de manter a estrutura

Na área farmacêutica uma das maiores preocupações é a segurança. Como eliminamos esses excipientes? Não podem ser tóxicos e acumular-se no nosso organismo? JNM: O organismo tem mecanismos de eliminação. Primeiro temos de ver se o veículo por si tem toxicidade, isto é difícil de estudar e fazer o tipo de ensaio mais adequado que mimetize as condições do organismo humano. LA: Muitas vezes os polímeros são biodegradáveis, damos o medicamento, tornam-se inócuos e acabam por ser excretados do organismo. AR: Normalmente os grupos de investigação preocupam-se muito com a segurança, mas aqui não há muitas razões para isso, pois há milhões de nanopartículas no ar e no meio ambiente que não vemos. Nós trabalhamos as mesmas, de pequena dimensão, com outros materiais. No sistema gastrointestinal não há grandes preocupações, não parecem surgir muitos efeitos secundários em comparação aos fármacos não nanométricos. Na fase de investigação nota-se logo se há toxicidade associada e não se pode prosseguir o trabalho. Numa cápsula nem tanto.

conservada e não ser afetada ou degradada por enzimas digestivas. É primordial conhecer bem a tendência dos grupos químicos da insulina para atingir uma conformação ativa que ocupe um espaço menor e se torne ativa ao chegar ao recetor, dependendo de pH, solventes, força iónica, entre outras variáveis. Devemos “encolhê-la” mas preservando a estrutura, que é maior ao interagir com o recetor.

LA: Há materiais nanotóxicos na engenharia, como por exemplo materiais de construção, pelo que indivíduos que trabalham nessa área e sujeitos a elevada exposição sofrem por vezes de patologias associadas. JNM: Temos inúmeras possibilidades biológicas variando o polímero, dependendo das suas características, se é mais hidrófilo ou lipófilo. E esta área farmacêutica está extremamente regulamentada em termos de segurança.

Imagem da edição Imagem de uma célula estaminal mesenquimal humana, obtida a partir de um microscópio eletrónico de varrimento. Esta célula estaminal cresce numa superfície coberta com micro-colunas com 13 micrometros de comprimento (1 µm = 1x10- 6 m). Após um dia de cultura a célula exerce força centrípeta, possível de comprovar pela inclinação das colunas. A célula estaminal diferenciar-se-á numa célula adiposa. Créditos: Jianping Fu (College of Engineering, University of Michigan)

fonte: http://www.engin.umich.edu/newscenter/feature-story-photos-repository/future-fat-cell


XIV CAD

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XIV Concurso de Aconselhamento ao Doente por Anaísa Bartolomeu e Bárbara Ramalho

O CAD surgiu na APEF como uma atividade

de Farmácia, através do Departamento de Educação e Promoção para a Saúde. Esta edição contou com a participação de oito estudantes de CF, os finalistas das oito eliminatórias locais: Ricardo Santos, estudante do 4.º ano da Universidade do Algarve; Tiago Santos, 4.º ano pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (Almada); Inês Dias, 3.º ano pela Universidade Lusófona; Maria Inês Martins, estagiária de 5.º ano pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa; João Vale, 4.º ano pela Universidade da Beira Interior; Susana Saldanha, 4.º ano pela Faculdade de Farmácia da

formativa, ao mesmo tempo que descontraída, oferecendo aos estudantes de Ciências Farmacêuticas o aperfeiçoamento das suas capacidades como profissionais de saúde, nomeadamente como ponte entre a técnica científica do medicamento e o utente. No dia 10 de Abril de 2012, a Faculdade de Farmácia acolheu a eliminatória local do XIV Concurso de Aconselhamento ao Doente. As meninas do Pelouro da Intervenção Cívica esmeraram-se na preparação de um espaço tão acolhedor como a tua farmácia de eleição, com a colaboração de Susana Saldanha (a vencedora professores da nossa casa como a Prof. da eliminatória local) e Ruy de Dra. Lígia Salgueiro que gentilmente Liceia, como “utente” nos cedeu algum material de decoração e exposição, de forma a mimetizar da melhor forma o ambiente de uma farmácia comunitária. Contámos com a presença da Doutora Maria Helena Amado, representante da Ordem dos Farmacêuticos – Secção Regional do Centro, da Doutora Isabel Belchior da ANF e da Doutora Margarida Castel-Branco da FFUC, que constituíram o júri da prova. Como corajosos participantes tivemos Paulo Monteiro do 5.º ano; Raúl Almeida, Bruno Peixoto, Raquel Monteiro e Susana Saldanha do 4.º ano e Diogo Silva do 3.º ano. A participação especial da “utente”, interpretada por Ruy de Liceia, nosso caloiro mas já mestre na arte de representar, trouxe momentos de boa disposição que não deixaram nem o júri indiferente. Os nossos concorrentes deram a sua melhor prestação à vez e, após 10 minutos de consideração final do júri, tanto da Universidade de Coimbra; Francisca Marques, 5.º postura como do aconselhamento terapêutico ano pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde oportuno e bem ponderado, deram-se a conhecer do Norte (ISCS-N, CESPU) e Miguel Maia, 4.º ano os resultados com um 3.º lugar para Bruno Peixoto, pela Faculdade de Farmácia da Universidade do 2.º lugar para Diogo Silva (apesar de ser apenas Porto. estudante do 1.º ciclo) e 1.º lugar, com chave direta Os oito participantes são projetados para o balcão para participação na final, para Susana Saldanha. de uma típica farmácia de oficina, no qual serão Já a 22 de Abril, após um fim-de-semana de confrontados com uma situação-problema que Seminário de Prática Farmacêutica promovido pela terão de resolver num intervalo de 10 a 12 minutos. APEF, decorreu a final do XIV Concurso de Cada prestação é então avaliada pelo júri, tendo Aconselhamento ao Doente, nas instalações da por critério a competência profissional Cooperativa Farmacêutica Plural, em Coimbra, demonstrada, bem como a capacidade de iniciativa da Associação Portuguesa de Estudantes comunicação com o utente, de forma empática e ao

mesmo tempo cientificamente correta. Porque a aptidão profissional do especialista do medicamento não reside exclusivamente no que sabe, mas no modo como o aplica em prol da saúde pública, capacidade adquirida na prática a que os estudantes não têm tanto acesso na faculdade. Daí que concursos desta natureza constituam uma mais-valia pessoal e de enriquecimento profissional, um teste às nossas capacidades in loco. Caso clínico: Uma mulher de 60 anos de idade recorre à farmácia pedindo um laxante e a troca de um antiácido que toma regularmente. Encontra-se obstipada há cerca de três dias, sofrendo frequentemente de dores de estômago, para as quais toma Pepsamar®. Toma ainda Aspegic® como analgésico e Fosamax® para a osteoporose. Possui hábitos de uma alimentação muito condimentada, ingerindo também uma média de 3 cafés/dia. A edição deste ano contou com a presença do Dr. Miguel Silvestre, Presidente da Delegação do Centro da ANF e da Prof. Dra. Margarida Castel-Branco, professora auxiliar na FFUC e investigadora no âmbito da Farmacologia no Centro de Estudos Farmacêuticos integrado na mesma instituição. Cada universidade participante concorre em três categorias diferentes: Melhor Utente (ganha por Helena Silva do ISCS Egas Moniz), Melhor Cenário (ganha pela CESPU) e Melhor Farmacêutico, ficando Ricardo Santos em 3.º lugar, Susana Saldanha (concorrente da nossa “casa”) em 2.º lugar e Maria Inês Martins em 1.º. A vencedora desta edição foi congratulada com uma viagem ao Egipto para participar no Congresso deste ano da International Pharmaceutical Students Federation (IPSF) em Hurghada no Egipto, no Verão, patrocinada pela ANF. Foi um congresso de grandes alegrias, que juntou estudantes de todo mundo e proporcionou uma troca de experiências única. Em 2013, o congresso realizar-se-á na Holanda, em Utrecht, de 30 de Julho a 9 de Agosto, e será, como já é hábito, o prémio para o estudante mais profissional do concurso. Aproveita, mostra o que vales e participa!


XIV ENEF

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O XIV Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia realizou-se em Alvor, Algarve Foi no passado mês de Março que o Algarve se encheu de sol e boa disposição para acolher todos os estudantes de Ciências Farmacêuticas que rumaram ao Alvor

por Sara Reis Torgal, Diretora do Departamento Cultural e Científico, APEF 2012

“It’s gonna be legen.. (wait for it)] DARY!!” foi o mote para um fim de semana que se revelou verdadeiramente inesquecível, graças aos dias recheados de festa, descontração e do apelidado e sempre sentido espírito do ENEF. O XIV ENEF decorreu nos dias 23 a 26 de Março de 2012, no Aparthotel Vitor’s Plaza, que, pela sua disposição, promoveu de forma ainda mais acentuada o convívio entre todos os participantes. E que convívio! Logo na 1ª noite, a “Scrabble Party” juntou muitos que, mesmo sem se conhecer, tentavam ser os mais rápidos a construir as palavras anunciadas. No dia seguinte, todos tiveram a oportunidade de receber um pequeno mimo para a sua pele, no âmbito da Plataforma Científica “(in)forma-te: Take Care!”: desde esfoliações, hidratações e limpezas de pele, a maquilhagem e conselhos personalizados, as representantes da Oriflame não se coibiram de nos presentear com a sua simpatia e disponibilidade para responder a qualquer pergunta que pudesse surgir. Os que não sofrem com o dia seguinte a uma grande festa, puderam ainda participar nas tardes de sábado e domingo na I Supertaça ENEF, torneio desportivo que contou com os mais resistentes! E como em ambiente de festa o tempo voa, depressa caiu mais uma noite, desta vez com o tema “80’s & 90’s: Nostalgy Party”. A diversão e a nostalgia foram grandemente sentidas durante toda a noite, muito graças à participação especial dos Pharmaceutical Brothers (DJ Nuno Gomes e DJ Cláudio Carmona), colegas da FFUL, que nos brindaram com as músicas que todos crescemos a ouvir e nos proporcionaram um ambiente absolutamente fantástico! Apesar da noite ter sido longa, a tarde de

domingo trouxe-nos mais uma atividade incluída na Plataforma Científica “(in)forma-te: Take Care!”. Com vista a aliviar os mais aflitos e queixosos e a satisfazer os mais curiosos, os participantes foram brindados com uma sessão de terapias alternativas. Desde dores no corpo a insónias, todos puderam escolher entre uma massagem ou experimentar a tão falada acupunctura. Foram muitos os que decidiram arriscar pela segunda hipótese e deixar o medo de agulhas de lado, e a verdade é que ficaram bastante satisfeitos com os resultados! Na noite em que o cansaço já deveria acusar, a discoteca Babylone, em Portimão, recebeu Ciências Farmacêuticas na sua verdadeira essência e pluralidade, acolhendo todos aqueles que

orgulhosamente envergavam a cor da sua Faculdade: FFUC de vermelho, FFUL de verde, FFUP de azul, UBI de preto, Egas Moniz de branco, Lusófona de amarelo, CESPU de castanho e UAlg de laranja. A festa “ENEF Sensation” trouxe muita cor, diversão e expectativa, que sem dúvida animaram a derradeira noite que ninguém queria perder, pelo já tradicional motivo: a entrega dos tão esperados Prémios, onde a FFUC arrecadou o prémio de melhor Faculdade! Depois de três grandes dias, foi tempo de regressar a casa com a sensação de que este foi mais um inesquecível Encontro Nacional de Estudantes de Farmácia, que ficará por muito tempo na memória de quem o viveu. Vemo-nos para o ano!


Student Exchange Program // Uma pitada de cultura

«SEP - Uma experiência para a vida»

O Pilão | 14

Uma pitada de cultura

por Mafalda Costa dos Santos

Novo acordo ortográfico – O que já sabes e o que te passou ao lado por Anaísa Bartolomeu

15 de Julho de 2012 – Destino: Plovdiv, Bulgária. Já me sinto nas nuvens e o avião ainda não descolou. O meu coração bate apressadamente. Cerca de meia dúzia de horas e estou num país novo. Tento imaginar como irá ser esta experiência... Irei conhecer muitas pessoas? Conseguirei compreendêlas? Orientar-me-ei num país completamente desconhecido? Como será o dia-a-dia de um farmacêutico na Bulgária? Estas eram algumas das minhas inquietações. Eis que chego ao tão aguardado destino. No momento da aterragem esperava-me um pôrdo-sol muito sedutor e ardente. A primeira sensação não podia ser melhor. Pés firmes na terra aguardava-me a Student Exchange Officer (SEO) da Bulgária que, com extrema simpatia, tão bem me recebeu e orientou. Na farmácia - A∏teka (designação búlgara) fui, também, muito bem recebida e acarinhada por todos, desde os proprietários da farmácia aos funcionários e utentes. Adquiri conhecimentos, partilhei experiências e, com o intuito de dar o meu melhor e causar uma boa impressão, desempenhei todas as funções com muito afinco, tendo contornado com alguma ligeireza o alfabeto cirílico, que para além de um obstáculo, foi muito mais um desafio. Na farmácia senti-me como se estivesse em casa e na Bulgária como se estivesse no meu país! Para além do horário na “A∏teka” o tempo disponível era utilizado para desfrutar da beleza dos locais irresistível ao click de qualquer máquina fotográfica; complementavam-na a sua gente, os seus costumes e tradições. Em suma foi um trabalho sério, com muita diversão. Vivi o que nunca pensei viver. Podia ter ido de SEP (Student Exchange Program) para outro país? Poder podia, mas não tinha conhecido este país tão aprazível com gente tão acolhedora! Uma experiência que vai ficar para a vida!

A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra realizou um workshop de louvar, no passado semestre, ao qual compareci por gosto pessoal e curiosidade em saber as armas de que teria de me munir primeiro, para um futuro próximo de 3 anos de transição, segundo, para esta edição. Entrei numa sala antiga de madeira e qual não é o meu grande pasmo ao ver estudantes mais novos entre adultos e pessoas de uma certa idade que já denunciava a reforma. Sentei-me num dos poucos lugares que restavam. Deparei-me com duas professoras experientes cujo despique, apesar de dissimulado, era inevitável, sendo uma apologista de um ensino mais antigo e reto e outra moderna, extremamente confiante e aproximada do público. Assim como a passagem para a moeda única, vivemos dias em que a, já arcaica, escrita comum se cruza com o novo acordo ortográfico que já deu tanto que falar. A grande maioria discorda, mas talvez não tenham ainda reparado nas duas faces desta nova moeda. Uma coisa é certa, ao escrever um documento devemos seguir integralmente um acordo. É triste, mas comum nos dias de hoje, ver um texto mais parecido com uma salada russa, neste caso à moda portuguesa. Respeitando todo o humilde individuo que se propôs ler este texto para se cultivar, afirmo que eu própria já fui autora dessa receita, mas só assim agora reparo naquelas palavrinhas que denotavam um tempero ensosso e que, inequivocamente, já não andam ao deus dará nas escolhas do meu cardápio literário. Ora bem, passando à prática, com a lição bem estudada, aqui vos partilho os casos preponderantes do novo domínio linguístico que nos assalta desde 2009, ano em que entrou em vigor. Eis as principais alterações. Passam a escrever-se com minúscula: os nomes dos dias da semana, dos meses, dos pontos cardeais e colaterais, MAS mantém-se a maiúscula inicial nas abreviaturas e designação de regiões (N, E, Vive e trabalha no Sul). O que não se pronuncia não se escreve, ou seja, desaparecem as consoantes mudas integrantes de: cc, cç, ct, pç, pc, pt. Assim: cc -colecionador, direcional, MAS faccioso, ficcional. cç – ação, correção, MAS convicção, fricção. Ct – ato, afeto, MAS bactéria, compacto, entre outros exemplos do mesmo modo. Supressão de acentos gráficos: nos verbos da 2.ª conjugação, 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo (creem, veem, leem); nas palavras graves com ditongo oi, como comboio e dezoito que já não se acentuavam (asteroide, heroico, espermatozoide, alcaloide); do acento grave em palavras homógrafas, como para (parar) e para (preposição), MAS paramos (presente) e parámos (pretérito perfeito), pôde e pode, pôr e por. Supressão de hífen nos casos de: prefixo terminado em vogal e elemento seguinte começado por r ou s (antirreligioso, contrarrelógio, minissaia, semirreta), ligação de preposição de com formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver (hei de, há de), prefixo terminado por vogal e elemento seguinte começado por vogal diferente (agroindustrial, coautor, extraescolar). Manutenção de hífen, pelo contrário, nos seguintes casos: prefixo terminado por vogal e elemento seguinte começado pela mesma vogal (anti-ibérico, micro-ondas), EXCETUA-SE o prefixo co (coobrigação); palavras que designam espécies das áreas botânica e zoológica (abóbora-menina, couve-flor, feijão-verde, bem-mequer).


Erasmus

O Pilão | 15

Um Erasmus ao contrário Conhece a Joana Varela, uma portuguesa estudante de Ciências Farmacêuticas que está a fazer Erasmus em Portugal

por Anita Calado e Laura Ferreira

B.I. Erasmus

temos a festa anual da faculdade, O edifício principal da Universidade de Sevilha. organizada pelos alunos, de que

Nome: Joana Varela Idade: 25 anos Nacionalidade: Portuguesa Curso: Ciências Farmacêuticas Ano: 5.º ano Universidade de origem: Sevilha Universidade de Erasmus: Coimbra

gosto muito. E há uma festa para aqueles que acabam o curso. O resto és tu que fazes, sair com os amigos, conhecer a cidade. Então estando tu no 5º ano, quase a acabar o curso, viveste agora a tua primeira queima, latada, trajaste? J.: Sim vivi isso tudo e gostei. Como só era um ano, optei por não trajar.

Joana, és portuguesa e estás a fazer Erasmus em Portugal, o que é um pouco contraditório. Queres explicarnos o porquê disto? Joana: Sim, claro. Quando acabei o 12º ano em Portugal, eu não sabia bem o que queria seguir, que curso queria entrar. Então eu e umas amigas minhas (que também não sabiam o que seguir) decidimos ir para uma academia em Badajoz, Espanha, uma academia só de estudantes portugueses, onde tínhamos aulas de espanhol, matemática, inglês, química, física. Estive lá durante um ano, fiz lá amigos para a vida. No ano seguinte eu e umas colegas da academia entramos em Ciências Farmacêuticas em Sevilha. As médias em Sevilha são mais baixas? J.: Sim. As notas lá (em Espanha) são de 0 a 10 e a média do nosso curso ronda os 6 vírgula qualquer coisa. Como foi deixar tudo e ir para Espanha, primeiro para Badajoz e depois para Sevilha. Deixaste cá os amigos, a família. Como foi a adaptação? J.: É assim, eu quando fui para Badajoz, fui com umas amigas que já conhecia e a adaptação foi muito fácil porque havia imensos portugueses nessa academia. Formamos um grupo muito grande e unido, e além disso estava muito perto de casa (aproximadamente duas horas), e vinha frequentemente. Quando entrei na faculdade em Sevilha, entrei com amigas que conheci em Badajoz mas estávamos mais longe, a quatro horas de casa, por isso ficava lá mais tempo e fomos conhecendo pessoal da faculdade e criando amizades como qualquer universitário a iniciar a sua vida, numa cidade nova. Decidiste fazer Erasmus em Portugal, mais precisamente em Coimbra, porquê? Gostas da cidade? J.: Sou portuguesa e queria fazer Erasmus. Tive a oportunidade de fazer Erasmus no meu próprio país e não quis perdê-la. Coimbra é a cidade com mais história académica, com mais tradição, é a cidade dos estudantes. Não foi a minha primeira opção, essa foi Lisboa, mas entrei aqui e estou muito feliz. Quando soube que entrei aqui, entrei em contacto com uma amiga minha que tinha feito o 12ºano comigo em Portugal. Ela e as amigas

Vieste um ano, não um semestre, porquê? J.: Foi devido às equivalências. Há lá cadeiras que as dão no 1º semestre e outros no segundo, e aqui é ao contrário. Também aproveitei para fazer cadeiras em atraso.

integraram-me no grupo simpáticas para mim.

delas,

foram

muito

Já que tiveste a oportunidade de frequentar duas universidades em diferentes países, mas no mesmo curso, que diferenças e semelhanças existem entre as duas em termos de ensino? J.: O método de ensino é diferente, as disciplinas são as mesmas mas dadas por ordem diferente. Há disciplinas que são anuais (mais no 1º e 2º ano), em que se faz um exame no fim do 1º semestre, outro no fim do 2º semestre e depois há um exame no final. Há também disciplinas semestrais. Outra diferença é que aqui todas as semanas vocês têm o mesmo horário, por exemplo têm química orgânica laboratorial uma vez por semana durante duas horas, todas as semanas durante o semestre. Lá não, durante uma semana, temos por exemplo química orgânica de manhã das 9h até ás 13h e na semana seguinte, tínhamos outra disciplina. As teóricas tinham horários definidos e nós encaixávamos as laboratoriais onde quiséssemos. E em termos de exigência dos professores e do grau de dificuldade nas cadeiras? J.: Lá há muita gente que entra com média baixa (porque lá a média é mais baixa), e depois como não têm bases, acabam por desistir do curso. A exigência não é muito diferente, há disciplinas que cá são mais fáceis e lá mais difíceis (como química orgânica) e vice-versa. Aqui em Coimbra há a Queima, a Latada, há o traje de estudante, o cortejo. Lá em Sevilha como é, em termos de vida académica? J.: Lá não há nada disso, queima, latada, traje. Nós

Já que estas no 5º ano, vais acabar cá o curso, ou voltas para Sevilha? J.: Vou voltar em Setembro para fazer o estágio de farmácia comunitária (de Outubro a Abril) e depois já meti os papéis para fazer estágio num hospital cá em Portugal. Então se vais fazer o estágio só para o ano, lá o curso são 5 anos mais o estágio? J.: Não, lá o curso é igualmente 5 anos, mas como vim para cá não pude fazer o estágio e então só vou fazer para o ano. Que vantagens/desvantagens te trouxe fazer Erasmus? J.: Tive a oportunidade de depois do 12º ano ir para Espanha, entrei lá na universidade e depois pude vir fazer Erasmus ao meu país. Penso que era o que muitos estudantes queriam, pelo menos eu queria e tive por sorte fazê-lo. Conheci duas realidades diferentes, novas pessoas. E achas que isso vai contribuir para quando arranjares emprego? J.: Sim, por exemplo uma pessoa que faz Erasmus em Itália, se aqui não arranjar trabalho, pode tentar lá e já sabe o que conta. Para mim arranjar trabalho lá ou aqui em termos de adaptação será mais fácil, estudei nas duas realidades. Aconselhavas as pessoas a fazer o mesmo que tu, ou entrar aqui em Portugal e depois ir um ano para fora e fazer Erasmus? J.: Para mim foi ótimo fazer como fiz, poder viver em Espanha e no último ano conhecer a vivência académica do meu país; mas compreendo que o mais natural seja viver um ano for através do Erasmus e, se houver essa oportunidade, acho que se devia aproveitar ao máximo, sem dúvida! Obrigada Joana, pelo teu testemunho encorajador.


Tunas da Faculdade

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Phartuna - Tuna Mista de Farmácia de Coimbra

O

ano transato não podia começar melhor! Como forma de dar as boas-vindas aos caloiros, no dia 3 de Outubro de 2011 surgiu o nosso “I Praxis Tuna”, um pequeno encontro de tunas mistas com o intuito de integrar os novos caloiros e mostrar-lhes um pouco da tradição de Coimbra, principalmente no que toca ao universo das tunas mistas. Tivemos como tunas convidadas a Desconcertuna (Tuna Mista da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra), a Quantunna (Tuna Mista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra) e a K&Batuna (Tuna Académica Mista da Escola Superior de Educação de Coimbra). A noite foi um sucesso, o Centro Cultural D. Dinis, local do evento, estava cheio e a recetividade por parte da comunidade estudantil e, em especial a dos caloiros, foi muito boa, o que nos deixou muito felizes e com uma vontade enorme de no próximo ano voltarmos com um “II Praxis Tuna”. Nos tempos seguintes sucederam-se atuações solidárias, a Festa das Latas, o aniversário da nossa tuna afilhada, a Desconcertuna, entre muitos outros eventos. Como já é tradição, e em 2011 não foi exceção, num fim-de-semana de Novembro a Phartuna rumou à cidade da Guarda, com o intuito de integrar os novos Pharcaloiros, para mais um tradicional “retiro espiritual”. Foi sem dúvida alguma um fim-de-semana muito divertido e cheio de histórias hilariantes para mais tarde recordar! No final do 1º semestre, em parceria com o Pelouro da Formação do NEF/AAC, realizámos uma campanha de recolha de bens com o slogan “Vamos dar as mãos por esta causa”, que reverteu para o Centro de Acolhimento João Paulo II em Coimbra. Estar numa tuna não significa crescer somente numa componente musical, mas também proporcionar momentos acolhedores aos que mais precisam e com esta atividade podemos fazer jus a esta nossa premissa. Desde já agradecemos a todos os que contribuíram para esta tão nobre causa! Já no segundo semestre, e ao fim de vários meses de preparação, o “II Quando a Noite Chega”, o nosso encontro de tunas académicas, finalmente chegou. Foi no dia 30 de Março, no auditório do IPJ, tendo desta vez como tunas convidadas a Isecotuna (Tuna Mista do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra), a Quantunna (Tuna Mista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra) e a A_marTuna (Tuna Mista da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche) e, como grupo convidado, o Grupo de Fados de Coimbra A Velha Cabra. Este ano quase todo o tipo de apresentações estiveram a cabo dos

nossos Pharcaloiros. Puxando ao máximo pela sua veia artística, dedicaram-se à arte da representação e prepararam uns sketches para entreter o público entre atuações e introduzir as tunas. Gostava de deixar aqui os parabéns aos pharcaloiros que tão bem se apresentaram e um muito obrigado ao Ruy de Liceia, responsável pelos textos e pelo ensaio dos caloiros. Sem a sua ajuda esta pequena brincadeira não seria possível. Foi com um gosto enorme que mais uma vez vimos aquele auditório repleto de pessoas! A todos, um muito obrigado pela presença. Findas as atuações, a festa prosseguiu noite dentro, no The Famous. E assim, envolto num ambiente fantástico, chegou ao fim o “II Quando a Noite Chega”! Uma vez mais, deixamos um muito obrigado ao Willy Oliveira pelo cartaz, à mãe da Margarida Soares pela ajuda com a decoração, a todas as tunas presentes, à Associação Académica de Coimbra, ao NEF/AAC e ao Instituto Português da Juventude. Um especial agradecimento a todos os elementos da Phartuna, pois sem a sua entrega nada teria sido possível. Com o mês de Maio chegou também a festa mais ansiada por todos os estudantes de Coimbra, a Queima das Fitas! Chegado o dia de Farmácia foi a vez das tunas da nossa Faculdade subirem ao palco principal. O público que nos esperava foi formidável! Fica a nossa

gratidão pelo apoio e entusiasmo com que nos receberam. A alegria de pisar este palco estava espelhada no rosto de cada um dos elementos da Phartuna e, como o que é bom acaba depressa, ao fim do que nos pareceram meros instantes, chegou ao fim a nossa atuação. Para uma última música, chamámos ao palco os cartolados da nossa faculdade a quem desejamos a maiores felicidades e muita sorte nesta nova etapa das suas vidas que agora começa. Por fim, um último agradecimento, este à pessoa que nos liderou durante este ano 2011/2012, João Martins. Muitas das conquistas devem-se a ele, ao seu espírito de sacrifício e à sua ansia de querer sempre mais e melhor para a Phartuna! Foi um ano de muito trabalho, dedicação e algumas dores de cabeça. Muito foi feito e ainda muito está por fazer! Resta a promessa de que no próximo ano trabalharemos mais e melhor, contando sempre com o vosso apoio pois sem o “calor” do nosso público não somos ninguém! E já sabem que na nossa humilde família serão sempre bem-vindos! Cá vos esperamos] Pela Phartuna, Andreia Padrão (Presidente)


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Imperial TAFFUC - Tuna Académica da FFUC

Foto por Isabel Vitória Figueiredo

A Imperial TAFFUC, Tuna Académica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, conta com cinco anos de existência e já várias histórias para recordar. Foi fundada por um grupo de estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) que partilhavam o gosto pela música e vida académica coimbrã. Compondo originais desde a sua génese, bem como tocando músicas tradicionais do meio, a Imperial TAFFUC faz a sua primeira atuação no dia 5 de Dezembro de 2007, aquando do jantar de aniversário do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Desde então, tem tido a oportunidade de pisar os mais diversos palcos, quer em Portugal quer no estrangeiro, representando honrosamente a FFUC, bem como toda a Academia Coimbrã. Recentemente, já no ano corrente, podemos destacar a participação em alguns encontros e festivais de tunas como o “II Panaceia”, “III Bagatunaço”, “15º FEITUNA”, “VI FTEP” e na nossa Queima das Fitas.

Na verdade, o ano de 2012 trouxe muito mais do que atuações e da já sabida animação inerente às atividades da tuna. O dia 8 de Março de 2011 ficará para sempre gravado na história da Imperial TAFFUC como a data que assinala o amadrinhamento por parte da Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra (TFMUC), que viria a ser anunciado publicamente no “I Panaceia”. Este acontecimento surge em sequência do ótimo relacionamento entre os dois grupos. Atendendo a que o texto será lido por muitos dos novos caloiros da FFUC, não podemos deixar de lhes dirigir uma palavra especial. Antes de mais, os nossos sinceros parabéns pelo feito que acabam de alcançar. Fazer parte desta instituição secular, com um peso histórico tão grande, é razão suficiente para que todos se sintam orgulhosos. Na Imperial TAFFUC acreditamos que a música, arte e cultura representam um complemento necessário à nossa formação. Para além disso, a tuna proporciona experiências e momentos únicos que marcam todos aqueles que têm o privilégio de os vivenciar. Por tudo isto, lançamos o convite aos

www.nefacademica.net o NEF/AAC mais perto de ti!

interessados em se juntarem a nós. Para o fazerem não é necessário que possuam qualquer tipo de conhecimento musical, sendo que é a própria tuna a dar formação aos seus elementos. Esperamos ver-vos brevemente num ensaio] Acompanha a Imperial TAFFUC em www.imperialtaffuc.pt.vu e entra em contato connosco através do e-mail: imperialtaffuc@gmail.com.

Saudações Académicas, Pela Imperial TAFFUC, Fábio Teles


Pelouros do NEF/AAC

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Começámos por promover uma formação que visava ajudar a conhecer e manusear o “Índice Nacional Terapêutico”. Para tal, contámos com a presença do Doutor Fernando Casinhas. Presenteou-nos com uma apresentação dinâmica e interativa e, no final, com exemplares do Índice Nacional Terapêutico. Dada a relevância e importância do tema, tivemos a oportunidade de esclarecer todas as dúvidas sobre medicamentos genéricos com o Professor Doutor Sérgio Simões, no “Prós e Contras: Desmistificação dos Genéricos”.

CULTURA Estudar em Coimbra apesar de um privilégio não é uma tarefa nada fácil. Numa cidade com tão vasto património cultural, chegar aos estudantes da forma pretendida acaba por, muitas vezes, ser apenas uma miragem. No entanto, o Pelouro da Cultura partiu a esta conquista, a de enaltecer este vasto património e a de o fazer chegar aos nossos estudantes. Nesse sentido realizamos uma série de eventos no semestre que findou com o término do ano letivo. Como já é habitual realizamos o tradicional jantar de curso no dia da serenata Monumental, tendo lugar no restaurante “Salão Brazil”. De registar a casa cheia e os momentos de convívios extraordinários neste que foi para alguns o último jantar de curso. Com lugar no café Santa Cruz, no dia 23 de Maio, um dos eventos que mais trabalho, prazer e orgulho nos deu, aconteceu. Refiro-me à homenagem ao Dr. António Pinho de Brojo, ex-docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, ex-vice-reitor e um nome incontornável não só da guitarra de Coimbra, como da música Coimbrã. Foi uma noite memorável, noite esta que contou com momentos únicos e diversificados, desde um monólogo realizado por um estudante da FFUC, a uma dança interpretada ao som de uma música tocada pelo Professor também realizada por duas estudantes da FFUC, a duas intervenções de pessoas muito próximas ao Professor e que terminou com uma brilhante atuação ao som da guitarra e Fado de Coimbra, com o fantástico grupo de Fado Raízes de Coimbra, que se encontra eternamente ligado ao homenageado. Este maravilhoso evento culminou com a entrega de um ramo de flores roxas à viúva do Professor. Deixar um especial agradecimento a todos os intervenientes e dizer que é muito bom saber que existe muito talento dentro das nossas portas. Acreditamos que há muito por onde inovar, daí que realizamos um workshop de Teatro de Movimento, no qual se abordaram tópicos como a desinibição e postura corporal. Partimos com o receio de por ser algo novo, a adesão não ser a suficiente ou esperada, no entanto, acabou por ser um final de tarde bastante agradável, com uma boa adesão e ambiente, em que alguns estudantes tiveram a possibilidade de se divertirem de uma forma diferente, aprendendo ao mesmo tempo. Apostas como esta serão para manter. Com a chegada da Queima das Fitas, momento em que, tradicionalmente, os caloiros envergam pela primeira vez a tão desejada Capa e Batina e como preparação desta realizou-se o nosso workshop de Capa e Batina. Com a presença do Dux Veteranorum, foram cerca de duas horas em que caloiros e estudantes de todos os anos tiveram a possibilidade de aprender um pouco mais acerca do código da Praxe de Coimbra. Uma vez mais no Café Santa Cruz, espaço ímpar da Cidade de Coimbra, decorreu um evento que já vem sendo habitual no NEF/AAC, o chamado café cultural. Este ano com o tema “ A Academia Coimbrã – Paralelismo Outrora vs Presente”, contamos com quatro professores e um estudante, de diferentes faixas etárias, o que nos permitiu abranger um maior espaço temporal. Com cerca de setenta pessoas a assistir foram vividos bons momentos, num ambiente mais descontraído, no qual estudantes e professores partilharam vivências. Aproveitamos para agradecer aos cinco convidados a sua presença. Em suma, estes forem alguns dos momentos que marcaram o semestre no que concerne ao trabalho do pelouro da Cultura. Muito mais haveria a dizer ou fazer, daí que esperamos que o próximo semestre seja, no mínimo, tão prazeroso e com atividades tão ricas quanto o passado. Congratulamo-nos pela realização de duas atividades totalmente novas, realizadas de raíz, que em

muito nos enriqueceram e, pela continuação dos bons eventos anteriormente realizados. Será neste propósito que continuaremos a trabalhar, sempre com o intuito de inovar e renovar, mas não esquecendo eventos realizados no passado. Aceitamos o desafio de transportar um pouco mais de Cultura para as portas da FFUC, desafio este que acreditamos estar a ser vencido. Esperamos contar com a participação e adesão dos nossos estudantes, porque sem vocês nada disto é possível! Pelo Pelouro da Cultura do NEF/AAC, O coordenador, João Manuel Martins

Finalizámos as atividades do Pelouro da Formação referentes ao semestre passado com o “Curso de Serviços Farmacêuticos Centrados no Doente”, sob coordenação da Professora Doutora Isabel Vitória Figueiredo e do Professor Doutor Fernando FernandezLlimos. Para além da presença dos coordenadores, estiveram também presentes a Professora Doutora Margarida Castel-Branco e o Professor Doutor Cassyano J. Correr. Com a duração de 15 horas, começou por abordar a necessidade da implementação de novos serviços farmacêuticos e sua evidência científica. Concluiu com a avaliação de resultados e intervenção em farmacoterapia e revisão da medicação (medication review). Especialmente a ti, Caloiro(a), que inicias a tua jornada pela nossa Faculdade: sê muito bem-vindo. Não temos quaisquer dúvidas que é aqui que pertences, e que não mais daqui quererás sair. Conta connosco para o que precisares, quer seja para satisfazer alguma necessidade formativa que tenhas (estarás sempre permitido a fazer sugestões), ou apenas se necessitares da nossa camaradagem. “Se queres ser um grande profissional amanhã, começa por ser um grande aprendiz hoje.” A coordenadora, Mara Melo

DESPORTO

A subcoordenadora, Salomé Brogueira

Parece que a nossa vida académica nunca pára, que passa sempre a correr e é verdade pois já passou mais um semestre. Neste semestre o Pelouro do Desporto do NEF/AAC teve o orgulho e o prazer de proporcionar bons momentos de diversão aos alunos e às alunas da faculdade com as diversas atividades realizadas. Desde o já normal torneio de futsal masculino que enche os rapazes de entusiasmo para ver quem é o melhor no toque de bola, ao torneio de vólei feminino que é um sucesso entre as nossas fantásticas raparigas, às diversas aulas de ginásio (step, bodypump, GAP) realizadas em parceria com o Ginásio Homo Universus Corpore (dos HUC) e que foram sem dúvida nenhuma uma boa maneira de descomprimir a pressão das aulas e das avaliações. E como o tempo passa mesmo a correr não vamos perder oportunidades de fazer ainda mais atividades no resto do nosso mandato. Além disso, estamos sempre recetivos a novas ideias e sugestões, por isso se gostavas de ver uma atividade realizada por nós não hesites. Deixamos também o repto de que o Pelouro do Desporto do NEF/AAC está sempre de braços abertos a novos elementos, sejam eles os nossos queridos caloiros ou os nossos excelentíssimos doutores. Por isso se gostas de desporto e se quiseres fazer parte desta família vem ter connosco e serás muito bem-vindo. A nível pessoal gostaria apenas de fazer um agradecimento a esta maravilhosa equipa do NEF/AAC e principalmente aos meus fantásticos colaboradores que têm sido excelentes, um muito obrigado. Saudações Académicas, O coordenador, Hernâni Almeida

FORMAÇÃO Desde sempre a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra primou pelo enriquecimento da formação dos seus alunos. O Pelouro da Formação contribui para isso mesmo nesta etapa das nossas vidas.

INFORMAÇÃO A Informação, como pelouro do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, tem como objetivo divulgar, alertar e informar a comunidade estudantil da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Todas as atividades desenvolvidas pelos vários pelouros do NEF são divulgadas em suportes apropriados, como cartazes que são colocados em vários locais da faculdade, como o Ponto NEF, através das redes sociais, hoje em dia bastante utilizadas, e correio eletrónico. No ano letivo transato, a Informação alterou, momentaneamente, o logotipo da instituição de forma a comemorar o vigésimo quinto aniversário do Núcleo de Estudantes de Farmácia, um dos mais antigos da academia. Todas as atividades dos vários pelouros, citando alguns como a Cultura, a Intervenção Cívica ou a Formação, passam pela Informação, que traduz o essencial para que os estudantes saibam que podem encontrar formação adicional aos seus planos de estudos ou, então, um porto de convívio e lazer entre os vários estudantes, como as atividades das Relações Internacionais e do Desporto. A Informação é responsável ainda pela criação da página institucional de Facebook, administrada pelos vários coordenadores e direção para estar em contacto não só com estudantes da faculdade, mas também com outras faculdades e instituições, nacionais e estrangeiras, para que se troque informação diversa sobre o que se faz na FFUC e o que de interessante se faz fora do Pólo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra. É bom saber que os nossos estudantes saibam que as atividades do Núcleo existem e, para este ano letivo, a Informação espera continuar nos mesmos moldes de trabalho que, a nosso ver, têm funcionado da melhor maneira possível. Pelo Pelouro da Informação, Diogo Silva


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JORNAL “O PILÃO” (Ver nota redacional)

PEDAGOGIA O Pelouro da Pedagogia comprometeu-se com os alunos a contribuir para uma melhoria no processo de aprendizagem, através da reflexão e implementação de novos métodos e sistemas pedagógicos. Desta forma, durante o ano letivo transato tentámos estar sempre presentes para resolver todas as questões pedagógicas que nos foram apresentadas pelos alunos e sempre que nos foi colocado um problema conseguimos chegar à sua resolução. Achámos importante tornar mais fácil e clara a comunicação entre os diferentes órgãos pedagógicos da nossa faculdade e a comunidade estudantil, conseguindo que um representante do NEF/AAC estivesse presente nas reuniões realizadas pelo Conselho Pedagógico, tentando sempre defender os interesses dos alunos e tentar que questões de extrema importância para a comunidade estudantil fossem discutidas pelo conselho pedagógico bem como pelo conselho Científico. Foram também realizados inquéritos pedagógicos, cujos resultados serão apresentados no âmbito de outra atividade desenvolvida pelo nosso pelouro.

Para além destas dificuldades, há outros obstáculos como não se saber por que área ingressar, quais os prováveis inconvenientes em cada uma ou possíveis deceções quando determinado trabalho não corresponde ao esperado. Neste sentido, o Pelouro dos Protocolos Extracurriculares pretende proporcionar aos estudantes o contacto com a dinâmica de trabalho em várias áreas do exercício profissional, promovendo diversos estágios em diferentes entidades, como farmácias comunitárias e hospitalares, indústria farmacêutica, cooperativas de distribuição farmacêutica, investigação científica, Ordem dos Farmacêuticos, Centro de Neurociências e Biologia Molecular de Coimbra (CNC), Centro de Estudos Farmacêuticos, com o objetivo de auxiliar os estudantes a direcionar escolhas futuras. Com base no supracitado e numa aposta contínua na formação dos estudantes da Faculdade de Farmácia, este semestre desenvolvemos um estágio extracurricular de Serviço farmacêutico de Ação Social na Cruz Vermelha na delegação do Porto, mas muitos mais faremos neste ano letivo. Está atento!

PROTOCOLOS EXTRACURRICULARES Caloiros, sejam bem-vindos a uma das melhores Universidades Portuguesas. Mas o canudo por si só já não é suficiente pois o mercado de trabalho é cada vez mais competitivo e com menos oportunidades, havendo uma necessidade crescente dos novos licenciados se destacarem tanto pela qualidade da sua formação como pela experiência adquirida em ambiente de trabalho.

A subcoordenadora, Sofia Carvalho

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

SAÍDAS PROFISSIONAIS, AÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EDUCATIVA

Saudações Académicas, Pelouro das Saídas Profissionais, Ação Social e Política Educativa

A coordenadora, Sara Neves

A coordenadora, Raquel Monteiro

A coordenadora, Margarida Albuquerque

Caros colegas, Os estudantes deparam-se com mudanças constantes da realidade socioeconómica nacional por grande influência de um conjunto de fatores financeiros e políticos que dominam a conjuntura atual. Esta nova realidade obriga a um grande esforço, por parte da comunidade académica numa tentativa de adaptação para ter sucesso no percurso académico e para ter acesso a um mercado de trabalho cada vez mais inacessível e injusto. Como mega pelouro do NEF-AAC, integramos uma equipa que visa proporcionar uma ajuda efetiva em todo o processo do estudante, desde a chegada ao ensino superior até à sua incursão no mercado de trabalho, como uma ferramenta de esclarecimento e mesmo de suporte na busca de alternativas válidas, nomeadamente no estabelecimento de contatos com as entidades empregadoras. As atividades propostas pelo pelouro incluem as Jornadas Biomédicas, que irão abordar o tema da investigação biomédica em Portugal e as perspetivas desta atividade a médio prazo; A Feira das Saídas Profissionais em conjunto com Workshop's de elaboração de CV's e Cartas de Motivação com o contacto direto com o sector empresarial farmacêutico. O culminar da representação dos estudantes da FFUC passa invariavelmente pela defesa dos direitos básicos do estudante, pelo que a política educativa é uma componente do pelouro que dá atenção especial à interação entre os estudantes, os corpos de gestão da Faculdade e o Conselho Pedagógico, lutando por esses mesmos direitos para um ensino superior justo e exigente. O pelouro compromete-se a criar soluções para encurtar a distância entre os estudantes, a Faculdade de Farmácia e a Universidade de Coimbra, assim como a minimizar as barreiras que os separam do mercado de trabalho. Com a realização das atividades propostas, acreditamos que os estudantes irão despertar para as necessidades sociais da comunidade, assim como para as suas próprias necessidades no caminho do sucesso.

capacidade de autoajuda. Para sermos farmacêuticos e pessoas ainda melhores!

INTERVENÇÃO CÍVICA Sabemos que hoje atravessamos períodos de grandes dificuldades e cada vez mais nos deparamos com uma sociedade carente de valores que deveriam ser o pilar da comunidade. Assim, o Pelouro da Intervenção Cívica procura incutir em todos os alunos atitudes proactivas no âmbito da solidariedade, tais como voluntariado, recolha de bens, mas acima de tudo o sentido de ajuda pelo próximo! Assim, o nosso primeiro workshop este semestre intitulou-se “Voluntariado Nacional”, onde algumas instituições foram convidadas a vir apresentar os vários projetos de voluntariado que têm, dando desta forma a conhecer como podemos integrar os diferentes projetos. Foi realizado o “Concurso de Aconselhamento ao Doente”, um concurso nacional onde cada participante tem uma situação-problema que se poderia passar num habitual dia de uma farmácia de oficina, e cuja prestação foi avaliada por um júri. A estudante que representou a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra conseguiu um excelente 2.º lugar, e o cenário da farmácia que organizamos alcançou o 3.º lugar. Também durante este semestre o Pelouro da Intervenção Cívica participou em mais um “Hospital do Ursinho”, juntamente com o NEM/AAC e NEMD/AAC, onde pudemos ajudar as crianças a enfrentar o medo do hospital! Realizamos uma recolha de livros que foram entregues à associação Karingana, uma vez que se encontrava a realizar uma campanha de recolha de livros para Timor com o objetivo de proporcionar um futuro mais próspero a este país; assim como uma recolha de alimentos para o Centro de Acolhimento João Paulo II, na Paróquia de São José em Coimbra, que acompanha presentemente cerca de 800 famílias ou indivíduos nacionais e estrangeiros, com manifesta situação de carência de meios de subsistência e outros, que se encontrem no patamar da pobreza e exclusão social. Foram ainda realizados rastreios na população estudantil da Faculdade de Farmácia (hipertensão arterial, IMC e glicémia) e para finalizar, já no fim do semestre, durante duas semanas procedeu-se a uma recolha de alimentos que foram dados a um orfanato de Coimbra! Aos novos Caloiros, desejamos que esta nova etapa na Faculdade seja uma experiência única, e que tenham o maior sucesso nesta caminhada. O Pelouro da Intervenção Cívica estará sempre disponível para tudo o que for necessário e está a vossa espera para colaborarem em mais um semestre recheado de novas atividades. Desafiamos assim todos os alunos a conhecerem mais de si, da sua relação com os outros e a desenvolver a

O Pelouro das Relações Internacionais é o pelouro responsável por receber os estudantes de mobilidade e integrá-los na vida académica e Coimbrã. Somos também responsáveis pelo SEP (Student Exchange Programme), programa de intercâmbio de estudantes promovido pela IPSF (International Pharmaceutical Students’ Federation). Organizámos o primeiro Botellón Erasmus FFUC na Praça da República onde reunimos não apenas os estudantes Erasmus da FFUC bem como outros estudantes de outras faculdades e institutos. Quanto ao SEP o trabalho iniciou-se com a procura de locais de estágio para os estudantes, alojamento e a organização de atividades para lhes dar a conhecer a cidade de Coimbra. Entre estas atividades destaca-se o Botellón de Farmácia com a atuação da Phartuna, o Peddy-tascas com perguntas sobre a cidade de Coimbra, visitas à Universidade e a outros locais históricos da cidade. Realizaram-se também contactos junto dos Coordenadores das Licenciaturas no sentido de promovermos a realização de estágios internacionais. Por fim, o Pelouro das Relações Internacionais quer dar as boas vindas aos novos estudantes da FFUC 2012/2013 e dizer que podem contar com o nosso pelouro para qualquer esclarecimento relativo a Erasmus e a outros programas de mobilidade. Queremos também que os caloiros da FFUC participem nas nossas atividades tanto de esclarecimento como de convívio com os alunos de Mobilidade. Estamos ao vosso dispor para tudo o que precisarem! Pelo Pelouro das Relações Internacionais, Eliana Mota r.internacionais.nefaac@gmail.com

RELAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS O Pelouro das Relações Internas e Externas continua a apostar na divulgação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra junto das escolas secundárias e para isso decidimos aliar-nos a outros núcleos da UC para visitas conjuntas a essas escolas. Esta ação também tem sido levada a cabo dentro a própria faculdade, em conjunto com as relações externas da faculdade, coordenadas pela Dra. Cecília Machado, a quem gostaria de deixar o meu maior agradecimento e apreço pelo trabalho efetivado, através da realização de visitas às instalações da FFUC por alunos do secundário, bem como da visita a escolas secundárias para demonstração e divulgação do que melhor se faz por cá. O que podemos esperar para os tempos que se aproximam é a continuação do projeto de divulgação da FFUC, a realização do Dia Aberto, em moldes ainda a ser discutidos de acordo com as possibilidades que nos são permitidas, tendo em conta infraestruturas e orçamentos. O pelouro está também presente na colaboração da realização das atividades de outros pelouros. O coordenador, Sérgio Vaz


Atividades do NEF/AAC

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Foto-reportagem de atividades dos pelouros do NEF/AAC Ano letivo de 2011/2012 1

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1 - “Memórias de Uma Guitarra” - Tertúlia de Homenagem ao Prof. Dr. António Pinho Brojo, antigo Catedrático da FFUC, ex vice-reitor da UC e exímio mestre da Guitarra de Coimbra - 23 de Maio de 2012 (Pelouro da Cultura) 2 - Torneio de Volleyball Feminino - 28 de Março de 2012 (Pelouro do Desporto) 3 - Curso "Serviços Farmacêuticos Centrados no Doente" - 28 e 29 de Abril de 2012 (Pelouro da Formação) 4 - Participantes da eliminatória local do XIV Concurso de Aconselhamento ao Doente - 10 de Abril de 2012 (Pelouro da Intervenção Cívica) 5 - Peddy-Tascas SEP - 10 de Julho de 2012 (Pelouro das Relações Internacionais)


Agenda

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Conferência CEF 2012 Data: 25 de Setembro de 2012 Local: Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Anf. Caetano de Santo António Organização: Centro de Estudos Farmacêuticos (FFUC) Mais info: www.ff.uc.pt/cef2012

Dia do Farmacêutico 2012 Data: 25 e 26 de Setembro Local: Coimbra Organização: Ordem dos Farmacêuticos Mais info: luisrhodesbaiao.wix.com/diafarmaceutico2012

I Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Farmácia Clínica e Farmacoterapia “A história de uma necessidade na necessidade de uma história” Data: 29 de Setembro de 2012 Local: Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Anf. Tomé Pires Organização: Sociedade Portuguesa de Farmácia Clínica e Farmacoterapia Mais info: www.spfcf.pt

I Congresso Internacional de História Interdisciplinar da Saúde Data: 18 e 19 de Outubro de 2012 Local: Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Organização: Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do Centro de Estudos Interdisciplinares do Séc. XX da Universidade de Coimbra; Sociedade de História Interdisciplinar da Saúde Mais info: www.ceis20.uc.pt

I Simpósio Luso-Brasileiro de Farmácia “Resposta dos Farmacêuticos à necessidade de Ganhos em Saúde” Data: 1 de Novembro de 2012 Local: Centro de Congressos de Lisboa Organização: Ordem dos Farmacêuticos (Portugal) e Conselho Federal de Farmácia (Brasil) Mais info: www.ordemfarmaceuticos.pt/simposioluso_brasileiro

Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2012 “Mais Intervenção na Sociedade, Melhor Saúde” Data: 2 a 4 de Novembro de 2012 Local: Centro de Congressos de Lisboa Organização: Ordem dos Farmacêuticos Mais info: www.ordemfarmaceuticos.pt/congresso2012

Expofarma 2012 “Valorizar a Saúde” Data: 2 a 4 de Novembro de 2012 Local: Centro de Congressos de Lisboa Mais info: www.expofarma.pt

V Semana APFH - XV Simpósio Nacional “Da Farmacotecnia à Farmacogenómica: A Terapêutica Individualizada” Data: 21 a 24 de Novembro de 2012 Local: Centro de Congressos do Estoril Organização: Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares Mais info: www.apfh.pt


Opinião

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Artigo de opinião da autoria do Prof. Dr. Francisco Batel Marques e do Dr. José Aranda da Silva, publicado a 6 de Maio de 2012 no jornal “PÚBLICO”


Divulgação

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