24ª Edição

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O PILÃO

Nº 24 | OUTUBRO 2019 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

MENSAGEM DA PRESIDENTE DO NEF/AAC PÁGINA 4

ENTREVISTA DR. RUI SANTOS IVO PÁGINA 14

ii fEIRA DE EMPREGO nef/aac PÁGINA 18

NA SOMBRA DE BÁRBARA ROCHA PÁGINA 25


Editorial

Ficha Técnica Caros leitores,

O Pilão é a revista informativa do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra.

Direção Editorial Ana Margarida Ribeiro e Bruno Sequeira

Grafismo e Paginação Ana Margarida Ribeiro e Bruno Sequeira

Redação Ana Margarida Ribeiro, Ana Raquel Fernandes, Bruno Sequeira, Camila Rodrigues, Carla Almeida, Carolina Vinagre, Catarina Batista, Ester Oliveira, Francisca Silva, Helena Pinto, Iara Pratas, João Cotovio, João Leitão, Lúcia Parente, Patrícia Oliveira, Rita Pereira e Veronica Resende.

Tiragem | 300 exemplares Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Polo das Ciências da Saúde Azinhaga de Santa Comba 3000-548 Coimbra

nefaac.pt /opilao.nefaac opilao@nefaac.pt @opilao.nefaac

É com enorme orgulho que apresentamos a 24ª edição d’O Pilão, a revista do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). A construção desta edição não foi um desafio fácil para nós, mas a dedicação e o esforço dos vários elementos da equipa facilitaram todo o processo e permitiram ultrapassar muitas das dificuldades que foram surgindo ao longo desta caminhada. As nossas expectativas para esta 24ª edição são continuar a adequar a revista às tuas exigências e necessidades, primando sempre pela qualidade e rigor que já lhe são característicos. Umas das novidades que trazemos até ti está relacionada com a edição online da nossa revista. Esta contará com conteúdos e rubricas exclusivas, permitindo ultrapassar a limitação quanto ao número de páginas da revista em papel. De forma a que o acesso a esses conteúdos seja fácil e cómodo, será criado um código QR, que constará na capa da revista. Ao longo das páginas seguintes, poderão encontrar uma grande variedade de temas, que vão desde a divulgação das inúmeras atividades dinamizadas pelo NEF/AAC, passando por entrevistas a inúmeras personalidades, até testemunhos de estudantes da nossa faculdade. Para a Grande Entrevista, tivemos o enorme privilégio de poder contar com a colaboração do Professor Doutor Rui Santos Ivo, atual presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (INFARMED, I. P.). O habitual Espaço Pedagógico desta vez traz até ti uma entrevista com o atual Coordenador do Departamento de Política Educativa da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia, onde é explorada a temática da política educativa. Apresentamos também uma entrevista com a Professora Doutora Bárbara Rocha, que é atualmente docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). Não podemos esquecer de referir a nossa mais recente rubrica online onde, em parceria com o pelouro da Intervenção Cívica e Social, damos a conhecer projetos de voluntariado que contam com a participação de estudantes da nossa faculdade. Não podemos terminar sem dar as boas vindas aos novos estudantes da FFUC. Esta será certamente a primeira edição da nossa revista com a qual vão contactar, mas esperamos que usufruam de tudo o que ela tem para vos oferecer. Por fim, queremos deixar uma nota de agradecimento a todos aqueles que colaboraram connosco e nos ajudaram a concretizar esta 24ª edição d’O Pilão, nomeadamente: a Prof. Dra. Bárbara Rocha, a Beatriz Melo, a Dominika Grin, o Filipe Mendes, a Francisca Gonçalves, a Laura Carreira, a Madalena Madeira, Mafalda Amendoeira, a Nicole Perpétuo, o Rodrigo Teixeira, o Prof. Dr. Rui Santos Ivo, o Diogo Braz e a todos os pelouros do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, em especial ao pelouro da Intervenção Cívica e Social, ao pelouro da Pedagogia e ao pelouro das Relações Internacionais. Votos de excelentes leituras! A equipa d’O Pilão


ÍNDICE 4 | Mensagem da Presidente do NEF/AAC 6 | NEF/AAC - 2019/2020 9 | Receção ao Caloiro 10 | I Jornadas Desportivas 12 | Roteiros de Coimbra 13 | Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia - APEF 14 | Grande Entrevista - Dr. Rui Santos Ivo 18 | II Feira de Emprego 20 | NEF/AAC na Festa das Latas e Imposição das Insígnias 21 | SEP Team 22 | Farmácia Além-Fronteiras 23 | Espaço Pedagógico - Entrevista a Rodrigo Teixeira 25 | Na sombra de Bárbara Silva Rocha 27 | Diário de um caloiro 28 | NEF Agir 30 | Gala APEF 31 | IV Volei Cup 31 | FFUC Talks

NÚCLEO DE ESTUDANTES DE FARMÁCIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA geral@nefaac.pt

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Gostas do que lês e julgas que podes acrescentar valor ao Pilão? Manifesta a tua vontade de integração na equipa através do e-mail opilao@nefaac.pt.

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MENSAGEM DA PRESIDENTE DO NEF/AAC Aos novos estudantes, Sejam bem-vindos a Coimbra e à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), onde certamente viverão os melhores anos da vossa vida! Esta Faculdade será a tua nova casa e é aqui que farás as amizades que levarás “para a vida”. A FFUC permitir-te-á traçar um percurso dinâmico e rico em experiências, onde o contínuo contacto com uma estrutura que te acompanhará ao longo do percurso académico, o Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), com iniciativas nos mais diversos âmbitos, fará de ti e desta jornada algo completamente inesquecível. Contando com cerca de 32 anos de história, o NEF/AAC é o Núcleo mais antigo da Associação Académica de Coimbra. Durante o seu percurso, acompanhou sempre todos os estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra na luta constante da revindicação dos interesses dos mesmos, apostando também no desenvolvimento de capacidades formativas e pedagógicas, que visam enriquecer e diferenciar o percurso profissional de cada um. Este organiza-se através de diversos pelouros, dirigidos por coordenadores que permitem fomentar o dinamismo e a proatividade, realizando atividades de todos os âmbitos, de maneira a responder às exigências dos cerca de 1500 alunos de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramento que este representa. Os coordenadores estarão sempre disponíveis para esclarecer qualquer dúvida que te possa surgir, assim como toda a equipa que, diariamente, trabalha em atividades que te permitam uma constante aproximação e integração na estrutura.

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No que concerne às Relações Internacionais, é do conhecimento do Núcleo que o estudante da FFUC sempre apresentou um espírito curioso e audaz. No entanto, notou-se uma necessidade de abrir horizontes e de dar a conhecer aos estudantes o que se passa além-fronteiras, tornando-se inevitável a criação de uma estrutura que combatesse esta lacuna, o TWINNET. Este programa de mobilidade, acessível a todos os alunos da Faculdade, é organizado em colaboração com a EPSA e permitirá que todos os participantes desenvolvam e contactem com diferentes perspetivas de trabalho, diferentes conteúdos pedagógicos e também adquiram conhecimento de novas culturas. Atualmente, o espírito competitivo e exigente característico do mercado de trabalho é cada vez mais notório, tornando-se premente melhorar e capacitar os estudantes de valências e ferramentas apropriadas para a sua distinção no futuro. O contacto cada vez mais recente na vida académica do estudante com entidades e outras áreas do setor da saúde, como a indústria, a investigação ou as análises clínicas, é perentório. A aposta nas soft skills, trainnings e em diferentes workshops que visem criar oportunidades de potenciar o desenvolvimento profissional do estudante, assim como a sua competência nas mais variadas áreas, será sempre um mote pelo qual é crucial reivindicar. Ao longo do presente mandato, o NEF/AAC continuará a apostar numa melhoria da qualidade pedagógica dos cursos ministrados na FFUC, sendo imprescindível a contínua luta pela garantia de um ensino de excelência, que vise sempre a defesa dos direitos e interesses dos estudantes, tendo em vista o melhor desempenho académico possível de quem por esta estrutura é representado. Tendo estes pilares como bandeiras, comprometemo-nos a (e)levar o NEF/AAC e a FFUC ao nível que ela merece, com a ousadia que sempre nos pautou.

Pelo NEF/AAC,

A Presidente da Direção do NEF/AAC,

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NEF/AAC - 2019/2020 O NEF/AAC és tu, somos todos nós. Uma equipa de pelouros que, diariamente, trabalha para trazer até ti as mais variadas atividades. Tornar-te mais capaz e melhor é o nosso lema, por isso tudo o que queremos é incentivar-te a participar nesta equipa e dar-te a conhecer um pouco mais aquilo que fazemos. Descobre mais sobre cada pelouro, e junta-te a nós, vem fazer parte desta equipa! COMUNICAÇÃO E IMAGEM Este pelouro é responsável por toda a imagem e forma de comunicação da estrutura que é o Núcleo de Estudantes de Farmácia. Tem como principal tarefa a criação de imagens ou outro tipo de conteúdos de multimédia, necessários à divulgação e promoção das diversas atividades dinamizadas pelo NEF/AAC, sendo ainda responsável pela forma como estas são publicadas nas suas diversas plataformas. O pelouro realiza também diversas atividades, como o Workshop de Photoshop ou o Concurso de Fotografia. Coordenadores: Gabriela Ferreira e Pedro Alves

EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO PARA A SAÚDE O pelouro de Educação e Promoção para Saúde (EPS) permite o contacto dos estudantes da nossa Faculdade com as várias áreas que constituem a saúde, através de palestras, formações, workshops e outro tipo de atividades. Ao proporcionar estas iniciativas, o pelouro EPS promove o desenvolvimento dos estudantes como profissionais de saúde e também como membros da sociedade perante a saúde pública.

Coordenadores: Ana Raquel Calvo e Beatriz Cunha

ESTÁGIOS E SAÍDAS PROFISSIONAIS O pelouro dos Estágios e Saídas Profissionais tem como principal princípio a aproximação dos estudantes da FFUC ao mercado de trabalho. O pelouro dá a conhecer as diversas saídas profissionais possíveis dentro do setor farmacêutico, criando, para este efeito, um abrangente programa de estágios extracurriculares, coadunado à intenção de estimular o empreendedorismo nos estudantes, ao longo de todo o seu percurso académico.

Coordenadores: Edna Caldeira, Maria Aquino, Maria Inês Gil

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FORMAÇÃO O pelouro da Formação, tal como o próprio nome o indica, tem como objetivo formar o estudante em áreas para além do que o plano curricular lhe proporciona. Assim, este pelouro procura criar atividades tanto de cariz científico, cujo objetivo é aprofundar áreas menos abordadas nas unidades curriculares dos cursos ministrados na FFUC, como de natureza prática, onde se proporciona ao estudante a oportunidade de adquirir e/ou melhorar as tão faladas soft skills. Entre muitas outras atividades, o pelouro da Formação é responsável por realizar o XIII Congresso Científico NEF/AAC, o XXI Simpósio NEF/AAC, trainings em soft skills e os ciclos de palestras Dose Extra. Coordenadores: Ana Isabel Sebastião e Inês Penedones

GABINETE DE APOIO AO ESTUDANTE Queres participar numa atividade, mas não sabes como? As aulas laboratoriais começaram e não tens bata? O Gabinete de Apoio ao Estudante tem a solução para ti! Este pelouro encontra-se representado no ponto NEF, à entrada da faculdade. É aqui que são divulgadas as diversas atividades do núcleo, esclarecidas todas as dúvidas sobre as mesmas e realizadas as suas inscrições. É também neste local que ocorre a venda de produtos de merchandising, como batas, canetas, CD’s das tunas académicas, entre outros. Assim, o GApE é o pelouro a que te deves dirigir sempre que tiveres alguma dúvida ou necessitares de alguma informação relacionada com o núcleo ou com a faculdade. Coordenadores: Ana Cláudia Cruz e Marta Cordeiro

INTERVENÇÃO CÍVICA E SOCIAL O pelouro da Intervenção Cívica e Social tem como objetivo aproximar e expor à comunidade estudantil problemas cívicos e sociais inerentes à nossa sociedade. Na parte social, pretendemos um maior contacto do estudante com o voluntariado, no sentido de prestar serviço pelo outro sem esperar nada em troca. Na vertente cívica, urge a necessidade de momentos de discussão sobre problemas atuais que nos afetam a todos enquanto crescimento pessoal.

Coordenadores: Beatriz Nascimento e Gabriela Gomes

O PILÃO A principal função do nosso pelouro é elaborar a revista O Pilão, que tem como intuito divulgar as inúmeras atividades dinamizadas pelo NEF/AAC. Para além disso, são abordados diversos temas relacionados com o setor farmacêutico e são também dadas a conhecer algumas das personalidades mais importantes desta área. Outra das tarefas do pelouro prende-se com a gestão das redes sociais d’O Pilão, tanto do Facebook como do Instagram, e com difusão de newsletters.

Coordenadores: Ana Margarida Ribeiro e Bruno Sequeira

PEDAGOGIA O pelouro da Pedagogia tem como foco principal a defesa dos interesses dos estudantes da FFUC, bem como proporcionar-lhes um ensino de qualidade e excelência, priorizando sempre a sua opinião individual ou coletiva. É da competência do pelouro, dinamizar atividades que visem despertar o espírito crítico dos estudantes e estimular o debate, trazendo para si benefícios a nível pessoal e profissional. Estreitar a ligação entre alunos e professores e destacar a relevância dos órgãos da FFUC e da Universidade de Coimbra são duas das nossas principais ambições. Coordenadores: Elsa Morgado e Helena Costa

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RECREATIVO - VERTENTE CULTURAL A vertente Cultural do pelouro Recreativo tem como principal objetivo a dinamização de atividades que visam aproximar a comunidade estudantil à tradição Coimbrã e à Academia. Deste modo, este pelouro desenvolve várias atividades de índole recreativa e cultural que consideramos serem indispensáveis para um percurso académico ativo e dinâmico, bem como para potenciar a integração e convívio entre toda a comunidade da FFUC.

Coordenadores: Inês Maia e Miguel Ferreira

RECREATIVO - VERTENTE DESPORTIVA O pelouro Recreativo vertente Desportiva prima essencialmente pela aproximação dos estudantes da Faculdade de Farmácia à prática desportiva, necessária para a plenitude do bem-estar físico e psicológico. A nível de objetivos, cabe ao nosso pelouro a dinamização de todo o tipo de atividades de cariz desportivo, não esquecendo a vertente solidária, uma das nossas bandeiras, que defendemos com a realização de uma recolha de material desportivo e de uma corrida solidária NEF/AAC. Por fim, de entre as atividades planeadas para este mandato, podemos destacar o Simpósio Cientifico-Desportivo e as Jornadas Desportivas. Coordenadores: Luís Andrade e Miguel Brêa

RELAÇÕES INTERNACIONAIS Enquanto pelouro das Relações Internacionais, somos responsáveis pela divulgação de todas as atividades de cariz internacional, expandindo assim os horizontes dos nossos alunos, incentivando-os a aventurarem-se numa nova experiência. Promovemos todos os programas de mobilidade disponibilizados pela European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA) e pela International Pharmaceutical Students’ Federation (IPSF), bem como pelo NEF/AAC. Das nossas atividades, destacamos o Twinnet, que iremos realizar pela primeira vez este ano, o programa Student Exchange Programme (SEP) e as Jornadas da Mobilidade. Coordenadores: Bárbara Ribeiro e José Mariano

MESA DO PLENÁRIO O Plenário de Núcleo é a estrutura deliberativa máxima do NEF/AAC. Este órgão é constituído por todos os estudantes da FFUC que aqui podem ter uma voz ativa, participando nas votações e dando a sua opinião acerca dos assuntos debatidos. A Mesa do Plenário é quem convoca e preside o Plenário de Núcleo, sendo constituída por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário. Apela-se a que todos os estudantes compareçam nestas reuniões, dada a importância dos assuntos em discussão. Por isso, se queres ser parte ativa do teu Núcleo, vem fazer-te ouvir! A Presidente da Mesa do Plenário: Gabriela Moço

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Por João Cotovio e Verónica Resende

O Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) esteve presente na Semana das Matrículas, que decorreu de 9 a 13 de setembro, com o intuito de receber os novos estudantes da Faculdade de Farmácia. Foram vários os elementos do Núcleo que se disponibilizaram a estar presentes na banca do NEF/AAC, localizada no Átrio das Químicas, no Polo I, para acolher os estudantes recentemente colocados num dos três cursos da faculdade. Durante estes dias, foram partilhadas diversas informações úteis para esta nova etapa, quer referentes à própria Faculdade e à Universidade de Coimbra, quer à vida académica envolvente. Durante a primeira semana de aulas, o NEF/AAC continuou bastante envolvido na receção aos caloiros, preparando diversas atividades com o objetivo de ajudar na sua integração e contribuir para a sua adaptação a esta nova fase das suas vidas. No dia 16 de setembro, os novos alunos assistiram à Sessão Solene de Abertura, que contou com a presença do Diretor da faculdade, o Professor Doutor Francisco Veiga, e da Presidente do NEF/AAC, Francisca Gonçalves. Neste primeiro dia, puderam ainda visitar os diversos espaços da faculdade, com a ajuda de estudantes mais velhos, e participaram também na sessão “NEF for you”, em que foram dados a conhecer os diversos pelouros que constituem o Núcleo de Estudantes e a Mesa do Plenário. No dia 18 de setembro, surgiu a iniciativa “UC Plantas”, com o intuito de promover a recuperação da biodiversidade e das florestas nacionais. Os interessados em participar nesta atividade deslocaram-se até ao Jardim Botânico, acompanhados por membros do pelouro da Intervenção Cívica e Social. Cada um dos participantes recebeu uma planta, devendo cuidar dela ao longo de um ano. Posteriormente, estas pequenas árvores serão plantadas num espaço verde da região, com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este ano, a habitual febrada de receção aos caloiros foi intitulada como ‘’Mega Pólo III”, uma vez que foi organizada em conjunto com o Núcleo de Estudantes de Medicina e o Núcleo de Estudantes de Medicina Dentária. O convívio decorreu no dia 18 de setembro e ficou marcado pelas atuações das tunas da nossa Faculdade, a Imperial TAFFUC e a Phartuna, e ainda pelas atuações da Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra e da Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra. No dia 19 de setembro, decorreu o Peddy-Papper, organizado pelos pelouros Recreativo – Vertente Desportiva e Recreativo – Vertente Cultural. Esta atividade proporcionou aos novos estudantes a passagem por vários locais da cidade de Coimbra, tais como o Jardim Botânico, a Porta Férrea, o Palácio dos Melos e a Sé Velha. Sob orientação de vários estudantes da FFUC, os caloiros tiveram a oportunidade de ficar a conhecer melhor alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade, bem como parte da História inerente a estes.

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I jornadas desporTivas Do NEF/AAC Por Patrícia Oliveira

No dia 26 de setembro, o Núcleo de Estudantes de Farmácia realizou a primeira edição das Jornadas Desportivas. O objetivo desta atividade era dar a conhecer as várias Secções Desportivas da Associação Académica de Coimbra e chamar a atenção para desporto associado à vida académica, permitindo desta forma sensibilizar para a adaptação de um estilo de vida mais ativo, através das várias modalidades disponíveis. As Jornadas Desportivas decorreram ao longo do dia, no exterior da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Foram várias as secções desportivas que marcaram presença, como foi o caso das secções de Karaté, de Ténis e de Rugby. Cada uma teve direito a uma banca em que expuseram algumas informações sobre a modalidade, desde a história até ao funcionamento, e também alguns troféus que venceram em competições. Os alunos tiveram a oportunidade de participar em demonstrações de algumas das modalidades, como o xadrez e o ténis. Para além disso, conseguiram esclarecer as suas dúvidas junto dos elementos das secções, sempre com a maior disponibilidade por parte destes.

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ROTEIROS DE COIMBRA COIMBRA DOS SABORES Por Carla Almeida e Helena Pinto

SWEET & SALTY O Sweet & Salty foi inaugurado em 2018. O nome advém do duelo de sabores que podemos encontrar nesta casa, isto é, por um lado temos os salgados (“salty”) e, por outro, a parte da gelataria (“sweet”). O menu é bastante diversificado, incluindo opções desde francesinhas a hambúrgueres. Como sugestão do chefe, temos o hambúrguer citadino, que consiste num hambúrguer grelhado com queijo e envolvido em massa folhada. O preço do mesmo é de 9€. Para quem não se puder deslocar ao local, o restaurante está disponível em diferentes empresas de transporte, como a Bring Eat, a Uber Eats e a Glovo, dando aos clientes a possibilidade de comerem as suas especialidades sem saírem de casa.

Horário: Segunda a Sábado do 12h às 23h Contacto: 916 542 556 Endereço: Avenida Calouste Gulbenkian, n°22B, 3000-092, Coimbra

SAPIENTIA BOUTIQUE HOTEL O Sapientia Boutique Hotel foi fundado em Junho de 2017 e tem integrado nele a Tasca das Tias Camellas, que de certa forma recria uma taberna história. Esta parte do hotel, funciona aos almoços, lanches, jantares e ainda como bar. O menu conta com um variado leque de opções, mas como sugestão de uma das gerentes, temos um Chá das Camellas. Esta é uma sugestão ideal para 2 pessoas, uma vez que inclui chá, mini scones, mini cheesecakes, mini sandes e um copo com fruta e granola. O preço do mesmo ainda está por definir, visto que é uma das novidades do restaurante, que existirá brevemente!

Horário: Refeições - das 12h às 15h (Almoço) e das 18:30h às 23:30h (Jantar) Lanche e Bar: Verão - das 9h às 24h ; Inverno - das 9h às 23h Contacto: 239 151 803 Endereço: Rua José Falcão n°4, 3000-062, Coimbra

CASA DOS PREGOS A Casa dos pregos abriu em 2015 e, tal como o nome indica, é especialista na confeção dos mais diversos tipos de pregos, apostando bastante na inovação. Para além disso, o menu também dispõe de sugestões vegetarianas e de uma grande variedade de hambúrgueres e sobremesas. Como sugestão de comida, deixamos o Prego Meio Solho, que ronda os 9,90€, e o Prego d’Aço, cujo preço é 10,90€.

Horário: Segunda a Quinta das 12h às 15h / 19h às 23h Sexta feira das 12h às 15h / 19:30h às 23:30h Sábado das 12:30h às 15:30h Encerrados aos Domingos Contacto: 239 164 273 Endereço: Rua Bernardo Albuquerque, n°66, R/C, 3000-071, Coimbra

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Por Ana Raquel Fernandes e Laura Pereira

SÁBADO, DIA 28 DE SETEMBRO O primeiro dia da quarta edição do Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia, cujo mote foi: “Pelo teu Futuro, Pelo Futuro da Saúde”, iniciou-se com uma sessão de boas-vindas por parte da Diretora do Departamento de Formação e Ensino da APEF, Sónia Guerra. A primeira apresentação, que ficou a cargo do Dr. Ricardo Costa (Managing Partner, SDO Consulting Portugal), teve como foco “O Poder da Imperfeição”. Seguiu-se uma sessão plenária subordinada ao tema “Multidisciplinaridade nos Cuidados de Saúde”. Esta sessão teve como moderador o Prof. Dr. José Aranda da Silva, Presidente da Fundação para a Saúde, e como intervenientes a Dra. Ema Paulino (Ordem dos Farmacêuticos), a Dr. Susana Henriques (Infosaúde), e o estudante José Ganicho (representante do Fórum Nacional de Estudantes de Saúde). Antes de terminar a manhã, houve ainda tempo para a sessão de abertura, em que estiveram presentes a Prof. Dra. Ana Paula Martins, Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, o Prof. Dr. Fernando Ramos, Subdiretor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Mariana Oliveira, Presidente da APEF, e Sónia Guerra, Diretora do Departamento de Formação e Ensino da APEF. A parte da tarde começou com uma apresentação acerca do “Passado, Presente e Futuro do SNS”. Esta explicação do funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, ao longo dos seus anos de história, foi dada pelo Prof. Dr. José Aranda da Silva. De seguida, realizou-se um debate entre o deputado do PSD, Ricardo Baptista Leite, a deputada do CDS-PP, Galriça Neto, e o deputado de PCP, Dr. Jorge Seabra. Para moderar este debate, esteve presente a jornalista Marina Caldas. Os deputados estiveram disponíveis para responder a todas as questões dos participantes acerca do papel do farmacêutico no século XXI e apresentaram também algumas das suas ideias em relação à Saúde e ao SNS do futuro, consoante o partido que representam. O dia terminou com o tema “Empreendedorismo Jovem: Recria o teu Futuro”, que teve como orador o Dr. Ricardo Marvão.

DOMINGO, 29 DE SETEMBRO O segundo dia do congresso iniciou-se com uma sessão plenária com o tema “Acesso ao medicamento e a sua Sustentabilidade”, que foi moderada pelo Prof. Dr. Carlos Maurício Barbosa e contou com a participação do Engenheiro Joaquim Cunha, Diretor Exclusivo da Health Cluster Portugal, e do Dr. Heitor Costa, Diretor Executivo da Apifarma. Nesta sessão, foram abordados os temas: “A saúde não é um custo, é um investimento” e “O impacto do medicamento em Portugal”. Seguiram-se os temas “Impacto da Farmacoeconomia na Decisão Terapêutica”, com o Prof. Dr. Julian Perelman, e “Medicamentos Genéricos e Biossimilares no aumento do acesso ao Medicamento”, com o Dr. Paulo Barradas Rebelo. A parte da tarde iniciou-se com uma sessão plenária com o tema “Cadeia de valor do medicamento – Desafios da inovação no Setor Farmacêutico”, que teve a moderação da jornalista Marina Caldas. Nesta sessão, abordaram-se os seguintes temas: “Inovação em Saúde – Qual o Impacto na Saúde dos Portugueses?”, com a Dra. Andreia Túlia Oliveira (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), “Medicamentos do Futuro”, com o Dr. Hélder Mota Filipe (Professor da Faculdade de Farmácia de Lisboa), “Distribuição Farmacêutica – Desafios e Oportunidades”, com o Dr. Nuno Cardoso (Associação de Distribuidores Farmacêuticos), e “Contributo das Farmácias para a criação de big data em Saúde”, com Dr. Duarte Santos (Associação Nacional das Farmácias). A sessão de encerramento desta quarta edição do congresso contou com a presença do Dr. Paulo Cleto Duarte (Presidente da Associação Nacional das Farmácias), da Prof. Dra. Cláudia Cavadas (Vice-reitora da Universidade de Coimbra) e da presidente da APEF, Mariana Oliveira.


PROF. DR. RUI SANTOS IVO EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL 1986 – 1987: Presidente da International Pharmaceutical Students Federation (IPSF); 1988 – 1993: Farmacêutico no Hospital Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental; 1994 – 2000: Membro do Conselho / Vice-Presidente do INFARMED; 2000 – 2002: Administrador na direção da Agência Europeia de Medicamentos (EMA); 2002 – 2005: Membro do Conselho de Administração EMA; 2002 – 2005: Presidente do INFARMED; 2004 – 2005: Chairman do Grupo de Coordenação das Autoridades do Medicamento da União Europeia; 2006 – 2008: Administrador na Unidade de Produtos Farmacêuticos / Direção Geral de Empresas e Indústria, Comissão Europeia; 2008 – 2011: Diretor Executivo da APIFARMA - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica; 2011 – 2014: Vice-presidente do conselho diretivo da ACSS - Administração Central do Sistema de Saúde; 2014 – 2016: Presidente do conselho diretivo da ACSS - Administração Central do Sistema de Saúde; 2009 – presente: Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa; 2016 – presente: Membro do Conselho Executivo da EMA; 2017 – presente: Membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra; 2016 – 2019: Vice-presidente do Conselho Executivo do INFARMED; 2019 – presente: Presidente do Conselho Executivo do INFARMED.

FORMAÇÃO 1987: Conclusão da Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa; 1997: Formação pós-graduada em Direito da Saúde, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e na Escola Nacional de Saúde Pública; 1999: Conclusão do Curso de Medicina Farmacêutica, na Universidade de Basileia; 2000: Pós-graduação em Gestão de Unidades de Saúde, na Universidade Católica Portuguesa; 2015: Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde – PADIS, na AESE Business School. 14


Nesta edição d’O Pilão, o grande entrevistado é o Prof. Dr. Rui Santos Ivo, atual Presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (INFARMED, I. P.). Embora tenha iniciado a sua carreira profissional como farmacêutico hospitalar, é na área regulamentar que tem vindo a exercer diversos cargos com grande importância para o panorama farmacêutico, tanto a nível nacional como a nível internacional. Fica a conhecer com mais detalhe o percurso do Prof. Dr. Rui Santos Ivo, o balanço que faz dessas experiências profissionais e os principais desafios que terá de enfrentar num futuro próximo. Por Ana Margarida Ribeiro e Bruno Sequeira

O Pilão: Em 1987, licenciou-se em Ciências Farma- meu estágio em farmácia de oficina e em farmácia cêuticas. O que o motivou a prosseguir os seus estu- hospitalar. E é como farmacêutico hospitalar que me dos nesta área? sinto. É a minha base, a minha matriz. Mas é verdade que todas estas vivências me “puRui Santos Ivo: Não tendo antecedentes familiares, xaram” para procurar a tal visão de helicóptero, de a minha escolha foi ditada pelas minhas preferências 360°. Passar para a área regulamentar surgiu como no ensino secundário, onde senti sempre um gosto natural. particular pelas áreas da química e biologia. Em 1993, é criado o INFARMED, portanto, surge aqui O ambiente numa cidade de província, como Caste- a oportunidade única de iniciar uma carreira que junlo Branco, ajudou a colocar a área da Saúde nas mi- ta a minha base de formação aos conhecimentos que nhas escolhas, e as Ciências Farmacêuticas aparecem tinha adquirido das minhas vivências a nível europeu como uma ótima opção, provavelmente a pensar no e internacional. Desde então, o meu percurso foi que poderia vir a fazer mais tarde na região. predominantemente o de regulador, a nível nacional ou europeu, partilhado com a atividade de Professor OP: Quais eram as perspetivas que tinha quando Auxiliar Convidado na Faculdade de Farmácia da Uniterminou o curso? Acha que são muito diferentes versidade de Lisboa, desde 2009. das de um estudante que esteja a terminar o curso atualmente? OP: De 2002 a 2005, foi membro do Conselho de Administração da EMA, tendo sido também o priRSI: Provavelmente as perspetivas não serão assim meiro Presidente do Grupo de Coordenação das tão diferentes. Eu creio que nessa altura pensava que Autoridades do Medicamento da União Europeia. voltaria às minhas origens, mas quis o destino que a De que forma é que este contacto mais próximo da Universidade me abrisse outras perspetivas. O meu realidade europeia contribuiu para o aumento dos envolvimento na Associação de Estudantes (AEFFUL) seus conhecimentos na área da regulamentação do e em tantas outras iniciativas, desde a Associação medicamento e lhe conferiu uma vantagem para a Académica de Lisboa às associações internacionais função que exerce atualmente? de estudantes de farmácia – à época, o Comité Europeu de Estudantes de Farmácia e a Federação Inter- RSI: Essas funções surgem, em boa parte, do meu nacional de Estudantes de Farmácia (IPSF) –, rapida- percurso anterior e foi um enorme privilégio exercer mente abriram os meus horizontes e passei a querer tais cargos. Desde a Comissão Europeia, à Agência ter uma perspetiva mais alargada da profissão, que Europeia de Medicamentos (EMA) e às várias agênpudesse contribuir para ajudar a construir o sistema cias nacionais, foi um período muito estimulante, de que gira à volta do medicamento. grande construção, com o grande alargamento da União Europeia à antiga Europa de leste, à grande reOP: Iniciou a sua carreira profissional como farma- visão da legislação farmacêutica europeia. cêutico hospitalar, mas desde então tem vindo a Esta experiência tem sido, sem dúvida, uma base de desempenhar vários cargos e responsabilidades no apoio no passado e também no presente. Sobretudomínio da administração pública. O que lhe des- do, o que pretendo é que possa permitir que eu sirva pertou o interesse por esta área? melhor o meu País e preste o melhor serviço público aos meus concidadãos. RSI: Como referi, o meu percurso estudantil marcou profundamente o percurso profissional que tenho OP: Foi também Vice-Presidente e, mais tarde, Previndo a seguir. Envolvi-me de tal forma nessas ati- sidente da Administração Central do Sistema de vidades que tive o privilégio de estar na génese de Saúde. Que visão tem do sistema nacional de saúde projetos tão marcantes como a criação da Associação e como classifica a intervenção do farmacêutico na Académica de Lisboa e a organização da I Semana melhoria dos cuidados de saúde? Académica de Lisboa, a nível nacional, mas também como organizador do primeiro Congresso Internacio- RSI: O Sistema Nacional de Saúde e o Serviço Nanal de Estudantes de Farmácia em Lisboa, em 1986, cional de Saúde, em particular, são parte das nossas e como presidente da International Pharmaceutical conquistas como País e uma estrutura vital da nossa Students Federation (IPSF), em 1986/87. E muito comunidade. O SNS é, não apenas um elemento de mais haveria a contar destas vivências tão ricas. coesão social, mas um serviço de elevada qualidade e Mas o meu começo foi a Farmácia Hospitalar, tendo que se destaca a nível europeu e internacional, pelos ingressado no Hospital Egas Moniz em 1987, após o resultados que tem alcançado na Saúde dos portu15


gueses e pelo nível de qualificação e da prestação de cuidados de saúde por parte dos seus profissionais. Tenho conhecido realidades em outros países e, sem querer ignorar as carências e dificuldades que enfrenta o nosso SNS, tenho de me regozijar pelo nível e serviço do SNS português e pela evolução que tem tido nos cuidados aos doentes, mas também no seu desenvolvimento organizacional. Neste contexto, a intervenção do farmacêutico ao nível da prestação de cuidados de saúde também tem evoluído de forma notável. Por um lado, a farmácia portuguesa tem um nível de qualidade que se destaca em toda a Europa, assentando a sua prestação no recurso às tecnologias, desde a dispensa totalmente eletrónica, à gestão e recolha de informação e comunicação. O farmacêutico tem vindo a potenciar de forma notória as suas capacidades técnicas e científicas ao nível da prestação de cuidados de saúde, desde a farmácia hospitalar à farmácia comunitária. O acesso à vacinação nas farmácias, a monitorização e acompanhamento das terapêuticas e a prestação de serviços desde a nutrição aos meios de diagnóstico são exemplos de uma intervenção cada vez mais significativa e que evidencia uma maior integração da prestação farmacêutica no sistema de saúde. OP: Recentemente, voltou a ser nomeado como Presidente do Conselho Diretivo do INFARMED, função que já tinha exercido entre 2002 e 2005. Quais as principais dificuldades que encontrou na altura e que hoje já não existem? Neste período, quais é que foram as maiores conquistas do INFARMED? RSI: As principais questões mudam de faceta, mas não se alteram significativamente. Tudo o que tem a ver com o acesso ao medicamento, a garantia da sua qualidade, segurança e eficácia, a sua utilização em condições adequadas, eram e continuam a ser objetivos de antes e de agora. Nesse período, o principal desafio foi o acesso aos medicamentos genéricos. Foi preciso vencer barreiras, resistências, fazer muito pela informação, divulgação, credibilização e mostrar que a qualidade era a base para todos os medicamentos, fossem genéricos ou não. Foi duro, mas vencemos a batalha e hoje os genéricos fazem parte do nosso quotidiano, permitem melhorar a sustentabilidade do SNS, reforçar o acesso dos cidadãos aos medicamentos e desenvolver a indústria nacional. Hoje, podemos dizer que boa parte destes objetivos se mantêm, mas temos de forma mais vincada duas realidades que temos de enfrentar. Por um lado, a disponibilidade de medicamentos. O modelo económico europeu, que levou à deslocalização da produção de muitas matérias-primas para fora da Europa, tem gerado desabastecimento de determinados medicamentos. Temos de combater este fenómeno multifacetado e, por isso, estamos envolvidos em estratégias europeias para o efeito. Também precisamos de fazer cessar más práticas a nível nacional que agravam esta realidade, ao observarmos a exportação paralela de medicamentos para fora de Portugal 16

na procura de preços mais elevados. A recente legislação aprovada em agosto vem combater estas práticas, estando o INFARMED a promover ações inspetivas para esse efeito, mas quero aqui apelar aos jovens farmacêuticos que, nas suas funções em qualquer ponto do circuito do medicamento, evitem práticas que levem a que doentes em certos pontos do país possam ficar sem medicação. Essa responsabilidade de impedir práticas comerciais prejudiciais aos doentes é de todos os farmacêuticos e está bem plasmada de forma indelével nos seus deveres deontológicos. Uma outra questão tem a ver com o acesso à inovação, aos novos medicamentos. Hoje, a rapidez do desenvolvimento de novos fármacos coloca desafios essencialmente a dois níveis. Primeiro, o acesso cada vez mais precoce, com pouca evidência e dados que permitam a melhor segurança na disponibilização de medicamentos e a evidência sobre a sua eficácia e, se possível, mais valia terapêutica face a alternativas. Segundo, os custos. Estes novos medicamentos surgem a preços sem precedentes, totalmente insustentáveis. E isto, sem que o regulador disponha de qualquer informação sobre os custos de investigação e outras etapas que levaram ao desenvolvimento do medicamento. Esta realidade desafia hoje os sistemas de saúde, a sua sustentabilidade, os cidadãos e a sociedade. É nesta linha de dar aos nossos concidadãos a confiança e a garantia no acesso aos medicamentos e outras tecnologias de saúde que vamos trabalhar e, para isso, estamos a construir o nosso Plano Estratégico para 2020-2022.


OP: Quais é que pensa que serão os principais de safios que terá de enfrentar enquanto Presidente do INFARMED e, dentro destes, quais necessitam de uma resolução mais urgente e quais terão de ser vencidos a médio ou longo prazo?

também a América Latina, o Norte de África, o Médio Oriente e a China/Macau. Hoje, estamos inseridos num contexto de mercado farmacêutico mundial e, portanto, à parte de certas particularidades, a realidade farmacêutica é próxima da dos outros países. Em termos de desempenho e O mais importante é continuarmos a dar a garantia resultados, merecemos estar orgulhosos, pois evide confiança aos cidadãos e ao sistema de saúde. denciamos um nível muito elevado nos nossos serviO INFARMED tem uma missão muito importante ços prestados à população. porque é quem garante a conformidade dos medicamentos, dos dispositivos médicos e produtos cos- OP: Prevê um futuro promissor no setor farmacêuméticos que todos utilizamos. Este é o nosso dever tico, no que toca a empregabilidade e condições de de prestadores públicos e temos de estar preparados trabalho? De que forma é que a aprovação da carpara os desafios que aí vêm. Nós temos de saber ir reira farmacêutica contribuiu para a progressão e ao encontro das necessidades de todos quantos se valorização desta profissão? dedicam à nossa instituição; nós temos um grupo de trabalhadores muito competentes, muito dedicados RSI: Sinceramente estou muito otimista. A ciência à sua missão, sentimos que existem alguns constran- médica e farmacêutica estão num momento de degimentos e temos de encontrar respostas para que senvolvimento científico sem precedentes. A moniestes nossos técnicos altamente qualificados se man- torização e utilização de dados epidemiológicos e de tenham no INFARMED. Isso vai ser algo a que vamos utilização de medicamentos são também necessidadedicar uma grande atenção e temos de permitir que des imperiosas. as pessoas prossigam as suas carreiras no INFARMED. A par destes enormes desafios da ciência, a prestaOutra área que vamos ter de ter atenção particular ção de cuidados cada vez mais próximos dos cidaé a da disponibilidade dos medicamentos. Há, atual- dãos e a necessidade de os agentes do setor também mente, problemas no acesso ao medicamento e a se aproximarem mais das necessidades dos cidadãos questão é discutida a nível europeu, porque é mul- são indicadores de um futuro muito promissor para tifatorial. Estão a ser discutidas medidas para ultra- todos quantos estão a chegar ao mercado de trabapassar algumas questões que se prendem com as lho. E, é claro, que a carreira farmacêutica, se mais empresas que comercializam, com os distribuidores, não for, é um elemento diferenciador do farmacêuticom as farmácias e vamos rever as obrigações de to- co e potenciador da sua função. dos. OP: Para terminar, que conselhos gostaria de deixar OP: Qual a sua opinião relativamente ao posiciona- aos nossos leitores, maioritariamente estudantes mento do INFARMED a nível Europeu? A realidade da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimfarmacêutica portuguesa é muito diferente da que bra, para que também consigam ser bem sucedidos se encontra noutros países da Europa? nesta área? RSI: O INFARMED a nível europeu evidencia-se como uma agência de referência e respeitada pelos seus congéneres. Não apenas a nível europeu, mas também a nível mundial, sobretudo nas regiões onde desenvolvemos mais cooperação. Refiro em primeiro lugar os países de língua portuguesa em África, mas

RSI: Mais que conselhos, gostaria de exprimir confiança num futuro promissor e dizer-vos que, acima de tudo, se empenhem com rigor na vossa formação e procurem ter mundo. Hoje, a par da base sólida da formação, é igualmente essencial obter todos os demais skills de adaptabilidade e networking social.

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Por Carolina Vinagre

Nos dias 1 e 2 de outubro, decorreu na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) a II Feira de Emprego NEF/AAC, que contou com a presença de 22 entidades do setor da saúde, das mais diversas saídas profissionais dos vários cursos ministrados na FFUC. Em relação à edição anterior, esta edição contou com uma alteração do espaço para colocação dos stands, com a adição do Workshop de CV e Carta de Motivação (dinamizado pela Bluepharma) no programa da Feira de Emprego e com a experiência única de Simulação Individual de Entrevista (dinamizado pela Plural) a 8 estudantes finalistas dos cursos da FFUC. No entanto, mantiveram-se os moldes da 1ª edição relativamente às sessões complementares, sendo estas realizadas nos 15 minutos académicos, de forma a permitir que os estudanses pudessem assistir a um número mais elevado de sessões, sem comprometimento do normal funcionamento das aulas ao longo dos dois dias. A dinamização dos diversos stands no piso 0 permitiu uma elevada afluência às diferentes entidades, possibilitando assim um contacto próximo entre o estudante e possíveis entidades empregadoras, podendo tirar-se dúvidas, aprender mais sobre uma área das saídas profissionais e até entregar currículos, sendo este um dos pontos mais fortes e um dos principais objetivos de uma atividade como esta, organizada pelo pelouro dos Estágios e Saídas Profissionais. Quanto às sessões complementares, a afluência às mesmas foi sempre elevada, demonstrando o elevado interesse que os estudantes da FFUC têm não só para conhecer as suas possibilidades de empregabilidade, como para descobrir novas áreas e novas entidades que até ao momento poderiam ser desconhecidas. O Workshop de CV e Carta de Motivação, estando integrado na Sessão Complementar da Bluepharma, teve lotação esgotada. O workshop abordou a necessidade de diferenciação de um currículo e pontos fulcrais que deverão ser cumpridos para que o currículo de cada estudante se torne num currículo de sucesso. A Simulação de Entrevista contou com o número máximo de inscritos a participar, sendo que, em simulações de 15 minutos, cada estudante finalista poderia treinar as suas competências para uma entrevista de emprego real. No final da atividade, destaca-se que a mesma correu dentro do esperado, tendo a adesão dos estudantes superado as expectativas iniciais. A II Feira de Emprego NEF/AAC foi uma edição de enorme sucesso, esperando o pelouro que tenha contribuído, em parte, para um aprofundamento dos conhecimentos em relação às saídas profissionais dos estudantes da nossa faculdade.

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NEF/AAC nA FESTA DAS LATAS E Imposição de Insígnias Por Camila Rodrigues e Lúcia Parente

A Festa das Latas e Imposição de Insígnias 2019 decorreu, este ano, entre os dias 9 e 13 de outubro. O objetivo da mesma é celebrar o ínicio de mais um ano letivo, tentando, deste modo, dar as boas vindas aos novos estudantes da cidade de Coimbra. Tudo teve início à meia noite do dia 9 de outubro com a mítica Serenata na Sé Nova, cuja duração foi de aproximadamente meia hora. Este é um momento muito esperado por todos os estudantes, principalmente para aqueles que a ouvem pela primeira vez e para os que dela se despedem. No dia seguinte, no Parque da Canção, deu-se início às tão esperadas cinco noites de festa. Como tem sido habitual, o Sarau Académico voltou-se também a realizar com a presença das tunas e os grupos estudantis. Como manda a tradição, o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Farmácia (NEF/AAC) marcou, mais uma vez, presença na Festa das Latas e Imposição de Insígnias com a sua banca, sendo que o tema definido este ano pela Comissão Organizadora foi “Os 50 Anos da Crise Académica de 1969”. A decoração da banca do NEF/AAC, que ficou a cargo do pelouro Recreativo – vertente Cultural, contou com vários elementos alusivos ao tema. Na mesma, destacou-se a célebre frase de Alberto Martins, na altura presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, “Em nome dos estudantes de Coimbra, peço a palavra!”. Esta foi proferida durante a inauguração do Departamento de Matemática, onde estavam presentes vários membros do governo. Além disto, realçou-se o “balão” como um dos símbolos deste período ímpar da nossa Academia, uma vez que, em sinal de protesto, os estudantes de Coimbra fizeram uma largada de balões nos quais estavam escritas expressões de protesto. A ideia de forrar toda a estrutura inferior com folhas de jornal não foi ao acaso. A mesma remete para a importância que este meio de comunicação teve na altura para, ainda que de forma súbtil, explicar algumas das ações levadas a cabo pelos estudantes, uma vez que a comunicação social estava proibida de escrever ou falar do que se passava em Coimbra. A bebida elegida este ano designava-se por “Savana”. O encerramento desta festividade deu-se no domingo, dia em que decorreu o Cortejo, que teve início às 14h30, no Largo D. Dinis. É um dia memorável para todos os estudantes, principalmente para os caloiros que, como é habitual, desfilam pelas ruas de Coimbra com os trajes escolhidos e elaborados pelos seus doutores e padrinhos. No término deste dia, ocorre o batismo dos novos estudantes da cidade com as águas do Mondego. A última noite de parque contou com a tradicional atuação do Quim Barreiros e finalizou-se com a destruição das barracas dos diferentes Núcleos de Estudantes.

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SEP TEAM Por pelouro das Relações Internacionais

A SEP Team é a equipa responsável pela receção de todos os estudantes estrangeiros que vêm estagiar para Coimbra, durante o mês de julho e a primeira quinzena de setembro. Nesse sentido, é feito o acompanhamento destes estudantes, de forma a garantir que têm as melhores condições, e é também elaborado um programa cultural, com o objetivo de lhes dar a conhecer a cultura portuguesa. Esta atividade é igualmente uma forma de promover o contacto com o mundo internacional e a interação com novas culturas e realidades para todos os estudantes da nossa faculdade. Ao longo de um mês e meio, não consecutivo, em que tivemos cá os estudantes SEP, procurámos sempre que eles se sentissem acompanhados e que se divertissem connosco a explorar Coimbra. As atividades incluíram uma descida em canoa do rio Mondego, visitas aos locais mais emblemáticos da Universidade de Coimbra, piqueniques no Parque Verde e no Choupal e o tão afamado International Dinner, onde estes estudantes tiveram a oportunidade de provar alguns dos nossos pratos típicos, assim como nós tivemos oportunidade de provar algumas iguarias dos seus países de origem. Estamos muito orgulhosos com a conclusão da atividade, por sabermos que ajudámos a construir, quer para os estudantes SEP, quer para os membros da SEP Team, experiências e amizades inesquecíveis! Deste mês e meio de trabalho, fica a alegria das amizades que criámos, das saudades que estas vão deixar e da convivência que hoje todos partilhamos, independentemente do nosso país de origem! Se queres conhecer novos Mundos sem ter de sair de Coimbra, inscreve-te na SEP Team, a inscrição é aberta a todos os alunos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra!

TESTEMUNHO BEATRIZ MELO

A SEP team foi uma experiência muito surpreendente. Com o programa organizado, foi fácil conseguir coordenar todas as atividades, que se revelaram muito divertidas para todos os participantes. O International Dinner conseguiu a partilha de culturas muito diferentes, através da gastronomia, da dança e da música, dando-nos a conhecer novos mundos. Desde a visita à universidade, aos piqueniques no parque verde, até à ida ao Portugal dos Pequenitos, demos sempre a conhecer as nossas histórias e tradições. Para quem esteja reticente em se juntar à SEP team, para o próximo ano não hesitem, é uma experiência incrível, sem dúvida!

TESTEMUNHO DOMINIKA GRIN

Chamo-me Dominika e sou da Polónia. Este ano tive a oportunidade de fazer o meu SEP na bonita cidade de Coimbra, no Laboratório de Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia. O SEP durou duas semanas, mas no primeiro dia já dava para prever que iria ser uma experiência extraordinária. No laboratório, eram todos muito simpáticos e queriam mostrar-me o máximo possível em cada dia. Acho que o SEP é mais para além dos estágios, serve também para conhecer pessoas, os seus países e a sua cultura. Conheci muitas pessoas extraordinárias, que tenho a certeza que voltaria a conhecer de novo. Os nossos orientadores eram muito adoráveis e, graças a eles, cada dia era uma aventura. Foram duas semanas inesquecíveis e estou feliz de ter tido a oportunidade de lá estar.

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FarmáCia além fronteiras Por Iara Pratas

Se sempre ponderaste ter algum tipo de experiência internacional ao longo do teu percurso académico, este artigo é dedicado a ti! Aqui estão dois testemunhos bastante entusiásticos de estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra que poderão incentivar-te a partires à aventura. LAURA CARREIRA , 4° ANO, MICF

À medida que o tempo passa, e já com 3 anos de curso realizados, estou ciente de que a experiência profissional é uma das grandes mais-valias que podemos adquirir enquanto estudantes do Mestrado Integrado de Ciências Farmacêuticas. Desde que ouvi falar do SEP (Student Exchange Programme) pela primeira vez que pensei que seria uma atividade extremamente cativante, mas, na realidade, nunca pensei que fosse tão relevante na minha vida académica e pessoal como viria a ser. Quando me candidatei a este projeto, fi-lo a pensar na experiência profissional que poderia adquirir por um lado e, por outro lado, na possibilidade de conhecer um novo país e uma nova cultura. Dentro das várias possibilidades, fui colocada na Sérvia, país que me recebeu muito bem e pelo qual estou sinceramente grata por conhecer. Neste país, tive a possibilidade de estagiar em farmácia comunitária e perceber a sua organização e modo de trabalho e tive também a oportunidade de estagiar na área de investigação, onde contactei mais de perto com a vida quotidiana de um investigador e com a própria rotina de um estudante na Sérvia. Falando um pouco deste país que tão bem me acolheu, considero que foi uma agradável surpresa. A cidade onde fiquei foi Novi Sad, a cidade do amor. Esta cidade era muito bem organizada e limpa e, para além disso, tinha uma vertente histórica enorme, da qual nunca me vou esquecer. Considero que fazer SEP foi das melhores experiências que tive na minha vida e é, sem dúvida, uma experiência que aconselho a qualquer um!

FILIPE MENDES, 4° ANO, MICF

O Annual Congress consiste no maior evento realizado pela European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA), tendo a 42ª edição do mesmo decorrido na cidade de Sófia, Bulgária, durante os dias 21 a 28 de abril de 2019, sendo subordinada ao tema “Non-communicable diseases - a serious threat of the modern world”. Enquanto participante, tive a oportunidade de assistir e participar nas mais variadas sessões, desde assistir às General Assemblies, onde os estudantes podem ficar a conhecer em primeira mão a forma de funcionamento da EPSA, dar a sua opinião e contribuir para o futuro da mesma, aos Trainings de Soft Skills sobre as mais variadas temáticas e Workshops, onde foi possível adquirir novos conhecimentos científicos relativos à temática do evento. Para além destas sessões, foi ainda outorgada aos participantes a possibilidade de participar nas mais diversas atividades, tais como Campanhas de Saúde Pública, Feira de Emprego, Atividades Desportivas, Excursões Científicas e um Concurso de Pósteres. Ao longo do evento, o programa educacional foi ainda acompanhado por um rico e vasto programa Social, onde destaco atividades como a noite internacional. Assim, apesar da curta duração do evento e pelas razões supramencionadas, considero que o potencial inerente ao mesmo foi explorado de uma forma eficiente, tendo constituído uma oportunidade perfeita para desenvolvermos não só as nossas competências pessoais, como também ganhar ferramentas que auxiliar-nos-ão a crescer enquanto futuros profissionais de saúde e permitir-nos-ão expandir os nossos horizontes relativamente ao estudo de Farmácia e à profissão farmacêutica na Europa. 22


ESPAçO PEDAGÓCICO - entrevista a rodrigo teixeira Por Pelouro da Pedagogia No sentido de integrar e explorar a temática da Política Educativa no seio da comunidade estudantil da FFUC, o pelouro da Pedagogia traz até ti o atual Diretor do Departamento de Política Educativa da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), Rodrigo Teixeira, para te explicar como foi elaborada a Tomada de Posição sobre os Descontos nas Farmácias. O Pelouro da Pedagogia quer, desde já, congratular a APEF pelo sucesso da projeção alcançada. A crescente popularização da prática de campanhas promocionais e aplicação de descontos, quer a nível de medicamentos sujeitos a receita médica, quer a nível de medicamentos de venda livre, não tem sido vista com bons olhos por parte de diversas associações do setor farmacêutico. Com esta Tomada de Posição, a APEF vem demonstrar a sua preocupação com a possibilidade de os descontos promoverem elevada diferenciação entre farmácias consoante a região do país e alertar para os problemas éticos que estes, efetivamente, acarretam. P: Olá, Rodrigo! Antes de mais, queríamos agradecer a tua disponibilidade para participar nesta edição d’O Pilão para esclarecer os estudantes sobre esta problemática tão relevante no setor farmacêutico. Em jeito de introdução, podes explicar-nos como surgiu a ideia de elaborar uma tomada de posição sobre a temática dos Descontos nas Farmácias? Quais as maiores dificuldades que encontraram? RT: Olá, também agradeço o convite da vossa parte! A ideia de elaborar a tomada de posição intitulada “Descontos e Concorrência nas Farmácias Portuguesas”, que foi assinada a 25 de junho de 2019 pela APEF e pelos 8 Membros que representa, surgiu devido ao facto de este ter sido um dos assuntos de política do setor farmacêutico e tendo em conta que o mesmo não teve o devido seguimento, ficando “na gaveta” do Ministério da Saúde após um parecer negativo por parte da Autoridade da Concorrência. Não posso deixar de referir que o principal mérito tem de ser atribuído ao Vice-Presidente da APEF, Lucas Chambel. P: Uma vez que estes temas de Política Educativa não são muito explorados no seio da comunidade estudantil, podes contextualizar, explicando-nos sucintamente qual a legislação que vigora atualmente sobre estes descontos em Portugal? Quais as lacunas que consideras mais gritantes? RT: Neste momento, não existe legislação em Portugal que coloque um limite aos descontos nas Farmácias, existindo apenas o Decreto-Lei n.º 62/2016 que prevê no seu Artigo 4.º que «podem ser estabelecidas limitações aos descontos efetuados pelas farmácias nos preços dos medicamentos». No entanto, tais medidas nunca chegaram a ser efetivadas após 2016, continuando a não haver um limite. Esta é uma lacuna enorme, uma vez que isto implica que haja uma total desregulação da concorrên-

Rodrigo Teixeira Diretor do Departamento de Política Educativa (DPE) da APEF - Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia, no mandato 2018/19; Presidente da Direção-Geral da AAUAlg - Associação Académica da Universidade do Algarve, nos mandatos de 2016 e 2017; Representante dos Estudantes no Conselho Geral da Universidade do Algarve.

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cia no mercado farmacêutico, ao contrário dos restantes países da União Europeia. P: Agora uma questão mais pessoal: consideras que há, efetivamente, muita desigualdade no acesso ao medicamento a nível nacional? Porquê? RT: Concordo que existe uma desigualdade no acesso ao medicamento, principalmente no que respeita às farmácias de grandes centros urbanos, contrastando com as farmácias que se situam em locais mais remotos do nosso país. Ainda que haja um trabalho de muito esforço por parte da distribuição farmacêutica, estas farmácias estão mais vulneráveis, uma vez que têm menos utentes e, subsequentemente, menor capacidade financeira, fazendo com que as suas encomendas e os seus stocks sejam mais limitados. É importante que o Estado possa apoiar devidamente estas farmácias, principalmente tendo em conta que muitas delas são fundamentais na prestação de cuidados de saúde primários, onde não existe nenhum outro serviço público de saúde. P: Depois de uma leitura atenta da vossa Tomada de Posição, há um ponto em que referem que a Autoridade da Concorrência se manifestou contra a regulação dos descontos em medicamentos. Consideras que uma legislação mais apertada iria tirar espaço à concorrência entre farmácias? Qual a posição que a APEF defende exatamente sobre este assunto? RT: Depois de realizarmos uma investigação sobre o tema, apercebemo-nos que após a publicação do Decreto-Lei n.º 62/2016 existia um projeto de despacho por parte do Ministério da Saúde que propunha um limite máximo de 3% para os descontos sobre medicamentos. No entanto, a

Autoridade da Concorrência tinha dado um parecer negativo a uma proposta de legislação para fixar um limite de descontos nas Farmácias e que esse deverá ter sido o principal fator pelo qual o assunto não seguiu o seu caminho devido. Esta legislação é fundamental para que haja uma regulamentação devida do mercado, impedindo que haja uma concorrência desleal na venda de medicamentos, no qual quem apresenta maiores descontos conseguirá mais clientes e maiores vendas. O mercado da venda de medicamentos não pode ser encarado como a venda de uma mercadoria qualquer e, por isso, a APEF defende uma legislação que regule os eventuais descontos a serem aplicados. P: A conjetura da maioria dos países da Europa é bem diferente no que toca a esta temática de descontos em farmácias. Que motivo apontas para que não tenhamos uma legislação com limites bem definidos? RT: Sabendo que Portugal é um dos poucos países da União Europeia que ainda não estabelece quaisquer limites de descontos na venda de medicamentos, é com muita preocupação que a APEF encara esta problemática. Tendo em conta o que explanei anteriormente, considero que apenas houve falta de vontade política para concretizar a proposta que estava elaborada pelo Governo, estipulando um valor máximo de 3%. Após a publicação da moção, o próximo passo a dar pela APEF é reunir com as várias entidades do setor farmacêutico, de forma a pressionar o Governo a avançar com estas medidas.


NA SOMBRA DE BÁRBARA SILVA ROCHA À semelhança das edições anteriores, temos mais uma vez presente n’O Pilão a rubrica “Na Sombra de…”. Nesta 24ª edição, entrevistámos um rosto conhecido na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Damos-te a oportunidade de conheceres melhor o percurso académico e profissional da Professora Doutora Bárbara Silva Rocha. Por Catarina Batista e Iara Pratas O Pilão: Realizou parte da sua formação académica na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, nomeadamente o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e o Doutoramento em Farmácia. Era esta a área que ambicionava seguir? O curso correspondeu às suas expectativas? Bárbara Silva Rocha: Inicialmente, a Licenciatura (ainda pré-Bolonha) em Ciências Farmacêuticas surgiu um pouco por acaso, já que o que tinha bem definido era seguir uma área das Ciências da Saúde. Na verdade, à medida que os estudos foram progredindo fui-me interessando cada vez mais, não só pelas áreas mais relacionadas com a saúde e a doença, mas também com as ciências básicas. Rapidamente se tornou muito claro que a forma mais compensadora de conciliar estes interesses e, sobretudo, de apaziguar uma curiosidade crescente sobre os mecanismos biológicos e bioquímicos subjacentes a fenómenos patológicos, seria fazer um Doutoramento. Fi-lo aqui na Faculdade de Farmácia e no Centro de Neurociências e Biologia Celular, sob a orientação do Dr. João Laranjinha, em colaboração com a Universidade de Montevideu, no Uruguai, e o Instituto Karolinska, na Suécia. Foi uma experiência única e indescritivelmente compensadora a todos os níveis. Também serviu para me mostrar que nunca conseguimos apaziguar a nossa curiosidade porque surgem sempre novas perguntas. E isso é muito bom! OP: Entre 2012 e 2018 formou-se em Medicina. O que a motivou a realizar outro curso na área da saúde? BSR: À medida que fui desenvolvendo o meu trabalho de investigação, percebi que estava a evoluir num sentido translacional, isto é, com potencial de aplicação a curto-médio prazo na prática clínica. Por este motivo, rapidamente percebi que um conhecimento aprofundado da fisiologia, fisiopatologia e das diferentes áreas clínicas seria fundamental para o cunho futuro que pretendia dar ao meu trabalho, precisamente na área da investigação clínica. Assim, este objectivo profissional, aliado ao meu interesse pessoal na área das Ciências da Saúde, conduziu-me à nossa Faculdade vizinha, tendo concluído o Mestrado Integrado em Medicina em 2018.

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OP: Como se desenvolveu o seu percurso profissional?

tinha em mente.

BSR: Fazendo uma análise retrospetiva, posso dizer que o meu percurso profissional foi-se desenrolando de uma forma natural e, felizmente, muito compensadora. Depois do estágio curricular em Farmácia Comunitária, iniciei de imediato um trabalho de investigação aqui na Faculdade de Farmácia e no Centro de Neurociências até começar o meu trabalho de Doutoramento no ano seguinte. A este, seguiu-se um Pós-Doutoramento durante 5 anos, nas mesmas instituições, o qual fui conciliando com o Mestrado Integrado em Medicina. Desde Setembro de 2018, assumi funções como Professora Auxiliar da Faculdade de Farmácia, onde desenvolvo o meu trabalho de docente e de investigação.

OP: Em geral, no que consiste o seu trabalho no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra?

OP: Tem no seu currículo várias experiências a nível internacional, tais como a realização do Programa Erasmus em Roma. Como acha que essa experiência contribuiu para o seu enriquecimento académico e pessoal? Quais os conselhos que daria aos estudantes que estão a ponderar concorrer a este programa? BSR: A instituição do Programa Erasmus foi um marco incontornável na vida académica (e nem só), que representa, por si só, os valores mais altos da União Europeia. Permite o contacto com outras culturas, outras formas de estar, outras formas de aprendizagem. Com ele aprendemos a ser mais tolerantes, curiosos e sedentos de vida. Também aprendemos a conhecer-nos melhor... muitas vezes, descobrimos interesses que nem sabíamos que tínhamos. E fazemos amigos, muitos amigos! No meu caso em particular, o Programa Erasmus foi um ponto de viragem: redescobri muitos interesses pessoais, foi o meu primeiro contacto com um laboratório de investigação (permitiu-me inclusivamente participar num curso pós-graduado em Neurociências na Holanda) e claro, fiz muitos amigos que ainda preservo! Sabendo que as instituições universitárias dispõem de bolsas para este programa, acho que esta é uma oportunidade imperdível para qualquer estudante. OP: Recebeu alguns prémios como o “Young Investigator Award” e “Best Oral Presentation” pela Federação das Sociedades Bioquímicas Europeias. O que significaram para si estas distinções? BSR: Estes prémios foram atribuídos numa fase ainda inicial do meu trabalho de Doutoramento. Naturalmente, fiquei muito feliz por ser galardoada, mas naquela altura a principal mais-valia foi perceber que o meu trabalho tinha valor e interesse para os outros. Tendo trabalhado sempre numa área que não era a mais atrativa para a maioria dos investigadores (dizemos em gíria, que não era hot), o reconhecimento por terceiros foi um estímulo importantíssimo para continuar o meu trabalho e seguir a linha que

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BSR: De uma forma muito geral, neste momento estou particularmente interessada em perceber como é que um composto, muitas vezes negligenciado, mas abundante em alimentos com conotação salutar, o nitrato, pode modular o microbiota intestinal. O microbiota é um ecossistema complexo que habita maioritariamente no trato gastrointestinal e cuja disfunção tem sido recentemente associada a várias patologias, não só gastrointestinais (como a Doença Inflamatória Intestinal) mas também sistémicas (Doença de Alzheimer, Parkinson, diabetes tipo 2, entre muitas outras). O último objetivo é estabelecer os mecanismos moleculares pelos quais o nitrato modula a composição e a atividade metabólica destas comunidades bacterianas, de modo a poder ser utilizado não só em situações de doença já estabelecida, mas também como agente preventivo em situações em que o ecossistema microbiano está em risco, como por exemplo, durante a toma de antibióticos. OP: Elucide-nos um pouco acerca do projeto de investigação que está a realizar atualmente. BSR: Neste momento, está ainda em evolução muito embrionária, um projeto que pretende avaliar o impacto do nitrato presente em vegetais de folha verde, como bróculos, alfaces e rúcula, no microbiota intestinal de doentes sujeitos a terapia de erradicação de Helicobacter pylori. Este estudo tem como objetivos avaliar não só o efeito do nitrato na composição do microbiota intestinal, mas também em outcomes clínicos e metabólicos. OP: Que mensagem gostaria de deixar aos estudantes da nossa faculdade, futuros profissionais de saúde? BSR: Gostaria de dizer a todos que estão a atravessar, neste momento, uma das melhores fases das suas vidas. Que a aproveitem bem! Se têm a oportunidade de experienciar muitas coisas, e coisas diferentes, que o façam! Que sejam curiosos e irrequietos. Que se envolvam na Faculdade, que a procurem e que tirem o máximo proveito dela, para serem os profissionais que todos desejamos que possam vir a ser.


DIÁRIO DE UM CALOIRO Como é habitual, com o início do novo ano letivo, chegaram também à nossa faculdade os novos estudantes. Nesta edição do Diário de um Caloiro, recolhemos o testemunho de duas caloiras que ingressaram recentemente num dos cursos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Fica a conhecer como está a ser o seu período de adaptação a esta nova fase e que memórias já levam destas primeiras semanas de vida académica. Por Rita Pereira A verdade é que caí aqui de paraquedas como tantos outros caloiros e sentia-me mais que perdida na primeira semana, mas eu tinha a vantagem de já conhecer Coimbra. Sempre admirei Coimbra pela beleza da cidade e pelo espírito académico que diziam que se vivia aqui, mas o que eu não sabia é que, apesar de tudo, Coimbra ainda tinha muitas surpresas para mim. Desde a praxe, aos jantares de curso, às amizades que foram crescendo, às doutoras e doutores que conheci, só quem vive Coimbra e o seu espírito académico é que sabe mesmo o que os estudantes sentem. Foi fácil conhecer as pessoas do meu curso, talvez também por sermos poucos, ficou muito mais acessível falar com todos. É nas praxes que contactamos mais com os estudantes de outros anos e, pelo facto de também não serem muitos, foi fácil conhecê-los a todos, assim como foi igualmente fácil escolher uma madrinha com quem me identificasse. Entretanto foi a serenata, que me deixou de coração cheio por poder ouvir o grupo de fados debaixo da capa da minha madrinha. Com a serenata veio a Festa das Latas, o Cortejo e, por fim, o batismo. Mais que festas, todos estes acontecimentos são tradições importantes e, para mim, são as tradições o que mais move o espírito académico de Coimbra e dos estudantes. Só sei que quero ficar cá para poder viver todas as tradições e emoções que me faltam viver, seja agora como caloira, seja nos próximos anos.

MAFALDA AMENDOEIRA, 1° ANO, LFB Em setembro, disse adeus ao secundário, à família, aos amigos e à pequena cidade a que estava habituada desde que me lembro. Foi um momento difícil, não posso negar. Partir para uma nova cidade onde não conhecia nada nem ninguém parecia-me uma mudança demasiado grande e para a A verdade é que caí aqui de paraquedas como tantos outros Madalena qual não estavaBandeira, preparada. 1°MICF caloiros e sentia-me mais que perdida na primeira semana, mas Quando cheguei, a cidade correspondeu às minhas expectativas: uma cieu tinha a vantagem de dade cheia de jovens de capa e batina, calma, mas não demasiado parada, já conhecer Coimbra. Sempre admirei Copela beleza daser cidade e pelo espírito académico que diziam e bela como só Coimbra pode ser. Após deixar asimbra malas naquela que vai a minha casa nos próximos 5 anos e fazer a matrícula, seguiu-se o primeiro que se vivia aqui. Mas o que eu não sabia é que, apesar de tudo, dia. Admito que, devido a tudo o que se ouve falar da praxe por parte Coimbra ainda tinhados muitas surpresas para mim. Desde a praxe, meios de comunicação, estava preparada para uma suja de e agressiva. aos praxe jantares curso, às amizades que foram crescendo, às douNo entanto, o que eu não estava à espera era detoras uma epraxe com o intuito doutores que conheci, só quem vive Coimbra e o seu esde nos integrar, divertir e ensinar a defender o curso. Fui a todas as praxes pírito académico é que sabe mesmo o que os estudantes sentem. e adorei! Foi lá que falei pela primeira vez com a minha (agora) madrinha Foi fácil conhecer as pessoas do meu curso, talvez também por sere muitas das amigas que tenho hoje, percebi como funcionava a faculdade mos poucos, ficou muito e ganhei o gosto pela tradição académica de Coimbra. Foi cansativa? Sim, mais acessível falar com todos. O mesmo com os doutores, é nas mas valeu a pena cada segundo! Num piscar de olhos chegou a minha pri-praxes que contactamos mais com eles e por serem muitos foi fácil os conhecermos e, falo por mim, meira Serenata. Nunca esquecerei a emoção quetambém foi ouvir não o Fado de Coimfoi igualmente escolher uma madrinha com quem me identifibra debaixo da capa da minha madrinha. No entanto, para mim, fácil o melhor dia desta semana foi o do Cortejo. Foi incrível sentir a união do meufoi curso casse. Entretanto a serenata, que me deixou de coração cheio, e da minha família de praxe e uma emoção enorme ser batizada poderaoouvir o grupopela de fados debaixo da capa da minha madrinha. minha madrinha e avó de praxe debaixo do luarCom de Coimbra e comveio a água a serenata a Festa das Latas, o Cortejo e por fim o batis(gelada) do rio desta cidade. Assim, após a minha primeira Latada, reconmo. Mais que festas, bebida e tudo mais, todos estes acontecimentos heço que toda a ansiedade que senti antes de vir para cá não valeu a pena, são tradições importantes e, para mim são as tradições o que mais pois é em Coimbra que me sinto em casa!

move o espírito académico de Coimbra e dos estudantes. Só sei que quero MADALENA MADEIRA, 1° ANO, MICF ficar cá para poder viver todas as tradições e emoções que me faltam viver, seja agora como caloira, seja nos próximos anos.


Por Pelouro da Intervenção Cívica e Social

O projeto “Voluntários por um Sorriso” é um programa de voluntariado no Hospital Pediátrico de Coimbra que permite que pessoas de diversas faixas etárias comuniquem e dinamizem atividade lúdicas com crianças e adolescentes. Este grupo de voluntários está distribuído pelos sete dias da semana, entre os serviços de internamento e as consultas externas, sendo que há uma formação prévia de dois dias para quem acaba de ingressar no projeto. ICS: Qual a organização de voluntariado em que ingressaste? Nicole Perpétuo: Na Casa Acreditar, no projeto “Voluntários por um Sorriso”. ICS: O que mais gostaste de fazer durante o teu programa? NP: Interagir com as crianças. ICS: Como foi o teu relacionamento com os outros voluntários? NP: Bastante bom, todos nos dávamos bem e havia imenso espírito de entreajuda. ICS: Com que idade começaste a fazer voluntariado? NP: 19 anos. ICS: Qual foi a razão principal que te levou a fazer voluntariado?

delas, até porque foram situações bastante diferentes entre si. A primeira foi quando conheci uma rapariga de 17 anos a ser tratada devido a uma escoliose. Ela já estava no hospital há mais de 3 meses quando a conheci. O que ela mais necessitava era mesmo de alguém com quem falar, desabafar, saber o que se passava fora do hospital, saber o que eu e as minhas colegas de grupo íamos fazer a seguir ao voluntariado, falar de roupa, sapatos, tudo um pouco para se distrair e para ter um bocadinho da vida normal dela naquele hospital. Ganhei uma grande empatia com ela, tanto que, nos dias de hoje, às vezes ainda falamos pelo Instagram. A segunda experiência mais marcante foi a de uma menina de 4 anos que não andava. Ao início, foi um bocadinho difícil ganhar a confiança dela, só queria brincar durante aquele tempinho, mas passado tantas semanas seguidas de lá irmos, além da confiança, ganhámos também o carinho dela e ela ganhou o nosso. Ela ficava super contente por nos ver, largava o que quer que estivesse a fazer para estar connosco, até que, quando era hora de ir embora, ela chorava e não queria que fossemos. Foram situações que, apesar de difíceis, me encheram o coração e que me fizeram adorar o voluntariado.

NP: Saber que poderia contribuir para a alegria das crianças e adolescentes, sabendo de antemão que, em certas situações, não é o que está mais presente. ICS: O que sentes ao fazer voluntariado e ao observar o impacto que as tuas ações têm perante os outros? NP: É uma sensação incrível ver a alegria na cara das crianças, e até mesmo adolescentes, só por nos verem e saberem que, durante aquelas horas, vão ter com o que se entreter, vão poder sair um pouco da rotina do hospital e até mesmo falar das coisas deles e desabafarem com alguém próximo da idade deles. ICS: De entre as experiências que já tiveste, qual te marcou mais? NP: Tive duas experiências neste voluntariado que me marcaram bastante e não consigo escolher apenas uma

NICOLE PERPÉTUO , 4° ANO, MICF


PORTO • COVILHÃ • COIMBRA • CALDAS DA RAINHA • LISBOA • FARO

W W W.PLUR AL.PT


Realizou-se, no passado dia 28 de setembro, a Gala dos XX anos da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), em Coimbra. Um momento onde foi possível o convívio entre as diversas gerações de Dirigentes Associativos da estrutura, assim como com os alunos representados pelos Membros. Durante a cerimónia, foram atribuídos prémios, sendo que o NEF/AAC saiu vencedor em três categorias: Projeto + Inovador 2018/2019, Papel por Alimentos e Vampire Cup 2018/2019.

O Prémio Papel por Alimentos foi conseguido no âmbito da Campanha Papel por Alimentos. Esta Campanha consistia na recolha de papel ou livros antigos, num local destinado para o efeito, na Faculdade de cada membro da APEF. Este papel angariado era entregue ao Banco Alimentar Contra a Fome e, posteriormente, convertido em dinheiro para produtos alimentares básicos. Para o Projeto + Inovador, o NEF/AAC concorreu com uma atividade realizada no mandato de 2018/2019 denominada “+Saúde”. Esta iniciativa englobou um conjunto de rastreios de saúde gratuitos na Praça do Comércio, em Coimbra. A campanha de saúde teve como principal foco a sensibilização da população para questões de promoção e educação para a saúde, acrescida de hábitos alimentares saudáveis e prática de exercício físico regular. Desta forma, pretendia-se impulsionar a população Conimbricense a adotar estilos de vida saudável. A Vampire Cup consistiu numa campanha de doação de sangue e medula óssea, realizada em parceria com o IPST (Instituto Português do Sangue e Transplantação) e contou com uma ativa adesão dos estudantes representados pelo Polo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra.

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Por Ester Oliveira

No dia 7 de outubro, pelas 21h30, iniciou-se no campo Santa Cruz a quarta edição da Volley Cup, que foi mais uma vez dinamizada pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra. Este evento, organizado para os estudantes de Farmácia e aberto também a estudantes de outras Faculdades que mostrassem interesse em participar, teve como principal objetivo o fortalecimento de laços e a criação de novas amizades entre os estudantes. Até às 2h da manhã, sete equipas com um total de cinquenta jogadores disputaram o primeiro lugar do torneio, ao mesmo tempo que aproveitaram o convívio proporcionado não só pelos restantes jogadores, como pela própria plateia que assistia e apoiava. No entanto, o método de apuramento este ano foi diferente relativamente ao do ano passado. Foi usado um método de dupla eliminação que consistia em colocar as equipas que perdessem na primeira ou segunda ronda num quadro competitivo diferente, tendo ainda possibilidade de vencer o torneio. Depois de quase quatro horas em que o primeiro lugar foi desejado por todas as equipas em jogo, surgiu aquela que realmente se destacou: “busca noutro lado”. O balanço final desta atividade foi bastante positivo, porque para além de ter proporcionado aos amantes de desporto momentos de lazer, promoveu ainda a criação de novas amizades num ambiente agradável para todos os que nele participaram e para todos os que assistiram.

TALKS No dia 15 de outubro, realizou-se pela primeira vez uma atividade denominada “FFUC talks”, desenvolvida pelo pelouro da Educação e Promoção para a Saúde. A finalidade deste evento foi a exposição de um tema e a simultânea criação de um ambiente onde os estudantes se sentissem confortáveis para manifestar todas as suas dúvidas e questões acerca do mesmo. O tema escolhido para esta primeira edição das “FFUC talks” foi Esclerose Múltipla. A atividade ficou marcada pela presença de vários oradores, nomeadamente o Prof. Dr. Carlos Fontes Ribeiro, a Enfermeira Berta Augusto, a Enfermeira Isabel Ribeiro e a Prof. Dra. Alexandrina Mendes, que foi a moderadora da sessão. Para acrescentar notoriedade à atividade, esta contou ainda com a participação e testemunho na primeira pessoa de Sofia Neiva, que falou um pouco sobre a sua história. Durante esta sessão, foram desenvolvidos vários temas, desde guias de tratamento da Esclerose Múltipla (projeto da qual ambas as enfermeiras fazem parte), tratamentos passados e atuais, perspetivas e testemunhos sobre a doença.

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AGENDA FORMATIVA

dezembro

novembro

Mês

Dia(s)

Evento

Local

8a9

V Congresso Científico Anual UBIPHARMA: “Antibióticos: até quando?”

Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior

7 a 10

1º Congresso Nacional de Doenças Raras

Lisboa

13

Jornadas de Reabilitação do Doente Oncológio Após a doença, o que fazer?

Porto

14 a 16

III Congresso Internacional de Investigação de Ciências da Saúde: envelhecimento e cancro

Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior

14 a 16

23ª Reunião Anual Sociedade Portuguesa De Genética Humana

Coimbra

15

1st Annual Meeting in Pharmaceutical Sciences

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

15

XXI Simpósio NEF/AAC

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

20

7º Congresso em Envelhecimento Ativo e Saudável

Convento S. Francisco, Coimbra

20 a 23

XII Congresso Nacional da APFH: “Alianças Estratégicas para o Farmacêutico do Futuro”

Centro de Congressos do Estoril

22 e 23

Congresso “Cancro: da Medicina Personalizada à Medicina de Precisão”

Hotel Quinta das Lágrimas, Coimbra

22 e 23

XIV Congresso AEFFUP: “A Profissão Farmacêutica para o Cidadão”

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

28 e 29

16º Congresso Nacional de Oncologia

Centro de Congressos do Estoril

29

VII Formação Dermofarmácia e Cosmética

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

5a7

Microbiotec’19 - Congresso de Microbiologia e Biotecnologia 2019

Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra

6a8

XIX Congresso Nacional de Dermatologia e Venereologia

Hotel Sheraton, Porto


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