19ª Edição

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O Pilão

Nº 19 | dezembro 2017 | distribuição gratuita

Congresso Nacional dos Farmacêuticos ‘17 Medicamentos para todos

Grande Entrevista Professor Doutor José Aranda da Silva

31 Anos de NEF/AAC Na defesa dos estudantes da FFUC

X I CONGRESSO CIENTÍFICO NEF/AAC


Ficha Técnica

Editorial

O Pilão é o jornal informativo do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra.

Direção Editorial Marco Rios Santos e Sofia Meireles

Grafismo e Paginação Marco Rios Santos e Sofia Meireles

Redação Cátia Almeida, Eduardo Torres, Maria Aquino, Nuno Abrunheiro, Rita Amado Dias, Sofia Martins e Sofia Meireles

Tiragem | 250 exemplares Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Polo das Ciências da Saúde Azinhaga de Santa Comba 3000-548 Coimbra

nefaac.pt /opilao.nefaac jornal@nefaac.pt

Caros leitores,

É com orgulho que vos apresentamos a 19ª edição d’O Pilão, jornal informativo do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra. Pretendemos presentear-vos com um jornal cada vez mais inclusivo e convergente em torno de questões fundamentais da área farmacêutica e da saúde em geral. Ao longo destas páginas poderão encontrar uma vasta panóplia de temas que vão desde entrevistas a personalidades do setor que podem ser vistas como modelos de sucesso, balanços de atividades que têm vindo a ser realizadas com o intuito de fomentar as vertentes cívica, social e profissional, testemunhos concernentes a distintas realidades profissionais além-fronteiras, divulgação de atividades de enriquecimento pessoal e profissional futuras, entre outros. A par desta edição, contamos ainda com a concretização de um dos objetivos a que o pelouro e a direção do NEF/AAC se propuseram: a aquisição de um expositor para disponibilização física do jornal à comunidade, dando-lhe o merecido destaque através da criação de um espaço próprio. Neste âmbito, expressamos o nosso mais sincero agradecimento ao Luís Braga e ao Rafael Duarte, pelo incansável auxílio que nos prestaram. Não podemos deixar de agradecer individualmente a todos aqueles que contribuíram para a construção desta edição, direta ou indiretamente. Ao pelouro da Pedagogia, à Sara Cardoso, ao Pedro Amado, à Ana Baptista, ao Professor Doutor José Aranda da Silva, à Professora Doutora Victoria Bell, ao Dr. Ricardo Poeta e à Dra. Susana Marques, à AIESEC, à Inês Borges, à Inês Lourenço, à Maria Beatriz Acúrcio, à Margarida Ribeiro, o nosso muito obrigado!

Esperamos que disfrutem ao máximo desta leitura! A equipa d’O Pilão


CELEBRAÇÃO DOS 31 ANOS DO NEF/AAC

Caros leitores e caros colegas,

O Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra tem enquanto desígnio promover através de diversos meios a aproximação dos estudantes ao setor, bem como ao mercado de trabalho, não obstante o incremento do conhecimento de todos referente a notícias e debates recentes concernentes à área da saúde. Neste sentido, O Pilão é o meio de excelência para uma exposição aprofundada de assuntos pertinentes na vanguarda do setor, num espetro alargado de áreas de ação, e sob uma pluralidade de tipos de artigos, entrevistas, entre muitos outros. A 19ª edição reflete meses de trabalho da equipa envolvida na construção do mesmo e, mais uma vez, reveste-se de temáticas atuais e abrangentes, sendo um instrumento útil para uma relevante evolução científica e profissional, munindo os estudantes de valências para enfrentar o seu futuro profissional. No passado mês, o NEF/AAC celebrou os seus 31 anos de história, de um percurso singular e uma postura irreverente daquele que é o Núcleo mais antigo da academia. Unimos numa pequena celebração, os estudantes por este Núcleo representados, a comunidade docente e não docente da FFUC e da Associação Académica de Coimbra, na qual se recordaram as gerações de dirigentes que integraram a estrutura com uma ambição clara de profunda dedicação em servir os estudantes. Neste momento celebrado entre todos os que contribuem para o trabalho desenvolvido pelo NEF/AAC, foi destacada a notória disponibilidade desta estrutura associativa para ouvir os seus estudantes, fornecendo-lhes o acompanhamento devido e percecionando a pertinência e interesses de oportunidades fornecidas e prossecução de demais iniciativas. Os 31 anos do NEF/AAC teriam necessariamente de ser celebrados de uma forma mais familiar, refletindo a sua natureza de proximidade perante todos, e desta forma, lado a lado com toda a comunidade da FFUC. Celebrou-se, desta forma, mais um marco na história deste Núcleo, estruturando-se um legado cada vez mais forte. Que nas próximas décadas o NEF/AAC e as suas equipas continuem a trilhar um percurso de sucesso, tendo como premente preocupação a luta em prol da causa estudantil. Aos estudantes da FFUC, a mensagem final é breve e significativa: contem connosco! A Presidente da Direção do NEF/AAC,

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ÍNDICE 5 | Expofarma ‘17 6 | Congresso Nacional dos Farmacêuticos ‘17 8 | Espaço Pedagógico - Cadeiras Isoladas 10 | Fórum Nacional de Estudantes de Saúde 10 | UCinova 11 | XI Congresso Científico do NEF/AAC 14 | IV Jornadas da Mobilidade Internacional 14 | Jornadas das Saídas Profissionais 15 | AIESEC Showcasing 16 | Grande Entrevista - Professor Doutor José Aranda da Silva 20 | Farmácia pelo Mundo 22 | Na Sombra de Victoria Bell 24 | Magna Sanguinem Donatio 24 | Noite de Cinema Solidária 25 | NEF/AAC na Festa das Latas e Imposição de Insígnias ‘17 26 | Diário de um Caloiro PUB


A EXPOFARMA EM NÚMEROS - 3 pavilhões - 6.800 m2 de área de exposição - 75 empresas - 6.500 participantes esperados - 6 sessões paralelas - 13 workshops

EXPOFARMA ‘17

Por Sofia Meireles

A Expofarma, este ano subordinada ao tema Valorizar a Saúde e concretizada sob a direção de Hugo Maia e Filipe Mota Rebelo, constitui o maior evento profissional dedicado ao mercado farmacêutico em Portugal. Dirigida aos profissionais da área farmacêutica acolheu, durante três dias e paralelamente ao Congresso Nacional dos Farmacêuticos, milhares de participantes. Mantendo o foco no mercado farmacêutico e no negócio da farmácia, tem permitido nos últimos anos materializar as tendências do setor num ambiente de partilha de novidades, tratando-se, assim, de um importante evento para a promoção da inovação. Estiveram presentes as principais marcas do setor em stands próprios, possibilitando um contacto direto com os vários stakeholders num ambiente de networking profissional, dando espaço, através de inúmeros workshops e palestras, a uma forte componente formativa e de atualização de conhecimentos. A Expofarma é também uma plataforma de lançamento de startups, e nesta edição marcaram presença algumas como a Labfit – HPRD, Lda, a LisbonPH – Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, a Nobox, o Meds – Medication Made Easy e o YClient. Este ano, o evento contou novamente com um espaço informal que surgiu em 2016 e que se revelou um sucesso – o Networking Pharma Summit. No final de cada um dos três dias do evento existiram degustações de vinho, queijo e outras iguarias, ao som do DJ Ricardo Guerra, num ambiente descontraído e propício ao contacto entre visitantes e expositores. 5


Decorreu nos passados dias 12, 13 e 14 de outubro aquele que é o maior evento nacional da área farmacêutica – o Congresso Nacional dos Farmacêuticos – este ano subordinado ao tema “Medicamentos para todos.” Durante este período, profissionais, empresas, autoridades e demais parceiros de saúde analisaram os desafios do sistema de saúde e debateram propostas e sugestões de melhoria. Por Sofia Meireles

SIMPÓSIO PRÉ-CONGRESSO O evento contou com um simpósio, no primeiro dia, que se focou no circuito do medicamento desde o conhecimento até ao mercado e também no empreendedorismo. Durante este pré-congresso, Nuno Sousa, da Escola de Medicina da Universidade do Minho, afirmou haver falta de instituições que promovam a investigação clínica de uma forma estruturada apesar da riqueza ao nível dos recursos humanos e da formação de qualidade ministrada pelas instituições de ensino. A propósito do nome atribuído à edição do Congresso deste ano, João Almeida Lopes, da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, questiona se os medicamentos serão mesmo para todos, evidenciando o subfinanciamento e a chegada tardia de medicamentos inovadores ao país. Considera que com um financiamento adequado, a investigação em Portugal seria potenciada, dizendo ainda que o “subfinanciamento crónico do setor da saúde não atrai investidores, nomeadamente as empresas farmacêuticas, para trabalhar com as startups portuguesas.” À margem do simpósio decorreu a entrega do Prémio João Cordeiro – Inovação em Farmácia. O projeto “Rede das farmácias amigas do viajante” foi o grande vencedor e o seu objetivo passa pela criação de uma plataforma digital que permita aos farmacêuticos aceder a informações úteis aos utentes para que, assim, exista um melhor e mais eficaz aconselhamento para com aqueles que vão viajar e se dirigem às farmácias à procura de auxílio. O médico João Luís Baptista (Instituto de Higiene e Medicina Tropical e Universidade da Beira Interior) e Nuno Pombo (Sistemas de Informação) pretendem, com os vinte mil euros arrecadados, concluir o desenvolvimento desta plataforma até 2019.

DIA 13 Para iniciar os trabalhos de dia 13 de outubro, primeiro dia do CNF’17, existiram três sessões paralelas que focaram diferentes perspetivas da integração do laboratório clínico nos cuidados de saúde, as intervenções

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farmacêuticas na prestação de cuidados de saúde e a otimização da terapêutica e os sistemas terapêuticos complexos de que são exemplo os medicamentos não-biológicos complexos. Após estas preleções, houve lugar para uma sessão plenária sobre o acesso aos medicamentos que contou com a presença de Hanne Bak Pederson, da Organização Mundial de Saúde, e também de palestrantes vindos de África, da América do Sul e da Oceânia, como Carla Djamila Reis, Walter João e George Tambassis, respetivamente. Finda esta sessão, realizou-se uma segunda sessão plenária, sob a moderação de Clara Carneiro (OF), na qual participaram ilustres oradores como Maria de Belém Roseira (Ex-Ministra da Saúde), que abordou as causas globais na saúde, Ana Sofia Carvalho (Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa), que se pronunciou sobre a dificuldade das escolhas e José Inácio Faria (Parlamento Europeu), que discutiu as opções da UE para melhorar o acesso a medicamentos e sublinhou o trabalho do Parlamento Europeu no sentido de “melhorar o acesso ao medicamento a preços justos” através da adoção de modelos de preços mais sustentáveis e equitativos. Durante a tarde foi debatida a intervenção social do farmacêutico, num painel onde esteve presente


Francisco George, à data Diretor-Geral da Saúde. Na Cerimónia Oficial de Abertura, Ana Paula Martins mostrou a sua posição contra a possibilidade de a lista de medicamentos não sujeitos a receita médica ser alargada, argumentando não crer que a medida aumente a autonomia do doente e liberte recursos do SNS. Perante uma plateia composta por cerca de 1800 farmacêuticos e estudantes, a Bastonária agradeceu a Adalberto Campos Fernandes, Ministro da Saúde e presente na cerimónia, o facto de ter implementado a carreira farmacêutica mesmo nunca a tendo prometido. Foi ainda enaltecido o trabalho do presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, Henrique Reguengo, pelo empenho na luta pela criação da carreira farmacêutica. No final deste dia de trabalhos foi apresentado um vídeo dos Roteiros Farmacêuticos, uma iniciativa que vai conduzindo a Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos a vários locais, de norte a sul do país, e que procura destacar exemplos de boas práticas profissionais e mostrar aos portugueses os vários serviços de excelência desenvolvidos por farmacêuticos, que constituem importantes mais-valias para o sistema de saúde e para os doentes, bem como identificar oportunidades de melhoria que sirvam os interesses dos doentes e respondam às suas necessidades. Decorreu ainda a entrega do Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette Santos-Ferreira ao farmacêutico e investigador Diogo Mendes, da Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI), pelo trabalho sobre a utilidade da métrica NNT na avaliação da relação benefício-risco dos medicamentos, no qual participaram também os farmacêuticos e investigadores Carlos Alves e Francisco Batel Marques, ambos do AIBILI.

mento na ordem dos 7% este ano face ao ano transato. Durante a tarde, Carmen Peña (Federação Internacional Farmacêutica) abordou os desafios globais do presente, tendo ainda a sessão contado com as intervenções de Lilian Azzopardi (Associação Europeia de Faculdades de Farmácia), Amílcar Falcão (FFUC) e Catarina Nobre (EPSA) sobre as respostas da academia europeia, da academia portuguesa e a visão dos estudantes, repetivamente. O Presidente da República marcou presença na Cerimónia Oficial de Encerramento, onde enalteceu a postura da classe farmacêutica face aos que apresentam mais dificuldades no acesso aos medicamentos, referenciando o apoio prestado pelas farmácias durante a tragédia em Pedrogão Grande. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que para ele “ser farmacêutico é muito mais do que uma profissão, é uma vocação.” Nesta cerimónia foi ainda atribuído o Prémio de Jornalismo “Farmacêuticos e Sociedade” a Sofia Morais, a título póstumo, jornalista da TSF que produziu um conjunto de 25 trabalhos emitidos pela TSF entre setembro e dezembro de 2016, com a colaboração de Miguel Silva – “Horizonte VIH/Sida”. O tema revela-se de particular interesse para os farmacêuticos, uma vez que coincidiu com o início do projeto-piloto para dispensa de medicamentos para o VIH/Sida nas farmácias comunitárias. Na última noite do CNF’17, decorreu a terceira Gala abem: Gala dos Farmacêuticos Solidários, no Pavilhão Carlos Lopes. A OF associou-se à Associação Dignitude e as receitas da inscrição reverteram para o fundo solidário do programa abem:, que pretende dar resposta aos problemas de acesso ao medicamento motivados pelo contexto socioeconómico.

DIA 14 O terceiro e último dia do evento contou, logo pela manhã, com duas sessões paralelas, uma relativa à consulta farmacêutica e outra aos dispositivos médicos, seguindo-se uma sessão plenária sobre medicamentos órfãos moderada por Jorge de Oliveira Soares, da Fundação Calouste Gulbenkian. Durante a segunda sessão do dia intervieram Bruno Sepodes, da Agência Europeia do Medicamento (EMA), Filipe Assoreira, da Associação Portuguesa de Bioindústrias, Rui Santos Ivo, do INFARMED, Cristina Lopes, da APIFARMA, Margarida de Sá, do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos e Paula Brito e Costa, da Raríssimas. No entender do vice-presidente do INFARMED, Rui Santos Ivo, os farmacêuticos hospitalares podem ter um papel muito importante “na gestão das questões relacionadas com os medicamentos órfãos”, tendo o mesmo lembrado que neste momento estão a ser avaliadas em Portugal 47 moléculas para o combate às doenças raras e que o financiamento nesta área tem vindo a crescer nos últimos anos, registando-se já um au7


ESPAÇO PEDAGÓGICO UNIDADES CURRICULARES ISOLADAS A Universidade de Coimbra instituiu um regime de frequência de unidades curriculares (UC) isoladas constantes dos planos de estudo dos seus cursos, ciclo de estudos e cursos não conferentes de grau. Este segmento d’O Pilão destina-se a informar-te sobre como elas funcionam, como se aplicam na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e dá-te a ouvir testemunhos de alunas que se inscreveram em cadeiras isoladas. Por pelouro da Pedagogia do NEF/AAC

Questão: O que são unidades curriculares isoladas? Resposta: As unidades curriculares isoladas são unidades de ensino que não obrigam à frequência de um plano de estudos. Podem ser realizadas a tempo parcial para os interessados que não estejam inscritos no curso cujas UC desejam frequentar e mesmo por quem não se encontra no Ensino Superior.

Q.: Quem se pode inscrever a uma unidade curricular isolada? R.: Podem candidatar-se à frequência de unidades curriculares isoladas os estudantes inscritos em cursos do Ensino Superior ou outros interessados, desde que maiores de 16 anos. Os estudantes inscritos em cursos da Universidade de Coimbra podem ainda inscrever-se sem custos a uma unidade curricular isolada por semestre, se estiverem inscritos a tempo integral no ano letivo, ou a uma unidade curricular isolada por ano letivo, se estiverem inscritos noutro regime, desde que essas UC’s sejam do mesmo ciclo de estudos do curso em que estão inscritos e não possam ser creditadas nesse curso. A frequência de mais unidades curriculares isoladas implica o pagamento de uma quantia variável.

Q.: O que tenho de fazer para me inscrever numa cadeira isolada? R.: A candidatura a uma unidade curricular isolada é feita através do InforEstudante no separador “Candidaturas a Disciplinas Isoladas” do menu lateral. É necessário selecionar todas as edições pretendidas, anexar os documentos solicitados e submeter a candidatura. A seriação dos candidatos ocorre de acordo com as vagas disponíveis e com a abertura de vagas para alunos externos para a UC em questão.

Q.: Quais as cadeiras isoladas na FFUC? R.: Na tabela abaixo podes encontrar as unidades curriculares isoladas que a FFUC oferece. Nota: Não serão admitidas inscrições em unidades curriculares isoaladas que não sejam lecionadas no ano letivo em questão e poderão não ser abertas vagas para a frequência de UC’S isoladas cujas turmas apresentem lotação esgotada com os estudantes regulares. No caso de as vagas serem abertas, existe um limite máximo de 5 vagas por cada unidade curricular.

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas 1º Ano

2º Ano

3º Ano

4º Ano

Biologia Celular

Todas, exceto:

Todas, exceto:

Assun. Regul. do Medicamento

Biologia Molecular

Farmacologia Geral

Biofarmácia e Farmacocinética

Bioquímica Clínica

Botânica Farmacêutica

Fisiopatologia Humana

Hidrologia e Análises Hidrológicas

Bromatologia e Análises Bromatológicas

Nutrição Humana

Tecnologia Farmacêutica II e III

Histologia e Embriologia Humana Química Analítica Química Orgânica I

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Toxicologia e Análises Toxicológicas


Licenciatura em Ciências Bioanalíticas 1º Ano

Licenciatura em Farmácia Biomédica

2º Ano

1º Ano

2º Ano

Todas, exceto:

Todas, exceto:

Desenvolvimento Farmacêutico

Estatística Aplicada

Biomatemática

do Medicamento

Bioestatística

Desenvolvimento Pré-Clínico

Física e Sistemas Analíticos

Todas, exceto

Matemática e Estatística

Fármacos e Medicamento

Organização e Gestão de Qualidade

3º Ano

Farmacologia

do Medicamento

Microbiologia e Saúde Pública

Produtos de Origem Natural

Regulação e Dinâmica Celular

Screening Farmacológico

Todas, exceto:

Para mais informações, consulta uc.pt/ffuc

Biodisposição de Xenobióticos Epidemiologia e Saúde Pública

O pelouro da Pedagogia reuniu os testemunhos de quatro estudantes da FFUC que já realizaram unidades curriculares isoladas em diversas faculdades da UC.

Filipa Miranda

Joana Grangeia

Farmácia Biomédica

Ciências Farmacêuticas

Unidade curricular: Genética (licenciaturas em Biologia e Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia).

Unidade curricular: Business Strategy (licenciatura em Economia da Faculdade de Economia).

Motivação: A Filipa pensa tirar mestrado na área, justificando esta escolha para cadeira isolada como uma amostra de como um possível mestrado relacionado com Genética seria. Pontos positivos: Aquisição de novos conhecimentos, contacto com a comunidade da FCTUC e uma maior clareza para escolhas futuras.

Motivação: Interesse na área, utilidade da área para a sua formação. Pontos positivos: Alteração de mentalidade (tanto a nível pessoal como profissional), equilíbrio de pensamento entre a gestão e o bem-estar do doente e contacto com alunos ERASMUS. Pontos negativos: Tempo requerido para um bom aproveitamento da disciplina.

TESTEMUNHOS Vanessa Silva

Ana Margarida Moura

Ciências Farmacêuticas

Ciências Farmacêuticas

Unidade curricular: Empreendedorismo e Desafio (curso extracurricular da Faculdade de Economia).

Unidades curriculares: Introdução aos Estudos Literários e Cultura Inglesa (licenciatura em Línguas Modernas da Faculdade de Letras).

Motivação: Especial interesse na área empresarial, oportunidade de aplicar os conhecimentos lecionados. Pontos positivos: Maior perceção de uma área diferente da sua área de formação.

Motivação: Interesse na língua inglesa, vontade de acabar esta licenciatura. Pontos positivos: Testemunhar de uma nova forma de ensino. Pontos negativos: Dificuldade em conjugar horários, distância entre as faculdades em questão.

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FÓRUM NACIONAL DE ESTUDANTES DE SAÚDE

Por Maria Aquino

Foi no passado dia 28 de setembro, na sede dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, em Lisboa, que se celebrou a cerimónia de apresentação do Fórum Nacional de Estudantes de Saúde (FNES). Sendo uma plataforma com o intuito de promover o diálogo e iniciativas comuns entre os estudantes da área da saúde, bem como momentos de formação conjunta entre estudantes de saúde no ensino pré-graduado, representa mais de 40 mil alunos de todo o país e está assente no conceito One Health Initiative, uma estratégia mundial para reforçar as colaborações interdisciplinares dos cuidados de saúde para humanos, animais e meio ambiente. Assim, este organismo engloba entidades como a Associação Nacional de Estudantes de Medicina, a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia, a Associação Nacional de Estudantes de Nutrição, a Associação Nacional de Estudantes de Psicologia, a Federação Académica de Medicina Veterinária e a Federação Nacional das Associações de Estudantes de Enfermagem. Numa posterior entrevista, realizada pelo Diário de Notícias à presidente da APEF, esta explica que “o FNES tem cinco eixos estratégicos: política educativa em saúde, responsabilidade social e saúde pública, investigação, tecnologia e inovação em saúde e desenvolvimento profissional e deontológico”. Segundo Diana Carvalho, o conceito inovador quer "despertar a consciência dos estudantes para a importância da multi e interdisciplinaridade. Perceber que uma equipa multidisciplinar pode, além de também trazer poupanças na área da saúde, criar colaborações efetivas entre membros locais", frisando que "podem estar a ser perdidas oportunidades". "O que nos une é a paixão pela saúde", finalizou. O evento contou com a presença de altas entidades e foi descrito pela APEF como um primeiro passo na caminhada do FNES.

UCINOVA

Por Sofia Martins

A UCinova é um projeto recente e inovador criado por estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A ideia surgiu em novembro de 2016 mas, só em junho de 2017, após inúmeras reuniões, foi apresentada oficialmente, tanto aos órgãos diretivos da faculdade como ao órgão estudantil, o NEF/AAC, tendo sido estabelecido um compromisso de honra entre ambas as partes de forma a garantir a melhor harmonia e colaboração possíveis. Uma vez que se encontra na sua fase inicial de desenvolvimento, a UCinova é uma Júnior Iniciativa que pretende atingir o estatuto de Júnior Empresa, sendo esta uma associação sem fins lucrativos, não religiosa e não política, constituída unicamente por estudantes do Ensino Superior. Pauta-se pela ambição, compromisso e excelência, valores que pretende seguir afincadamente. Estes jovens empreendedores procuram ir além-fronteiras, apostando na prestação de serviços, no desenvolvimento profissional e no desenvolvimento de produtos, com o objetivo de construir valências no mundo profissional através de um elo de ligação entre entidades e estudantes. Desta forma, pretende promover o espírito empreendedor de cada membro, colocar em prática as aptidões e conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da formação académica e possibilitar a aquisição de um vasto leque de novas competências. Como qualquer outra iniciativa deste género, é formada por três órgãos sociais: o Conselho Fiscal, a Mesa da Assembleia Geral e a Direção, este último constituído pelo executivo e pelos vários departamentos.

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Nos passados dias 2 e 3 de novembro, realizou-se o XI Congresso Científico do NEF/AAC, subordinado ao tema Terapias Biológicas na Vanguarda da Saúde. A edição deste ano trouxe novidades que elevaram a qualidade do Congresso, não só na capacidade das instalações, mas também na proximidade com os congressistas e na atualidade e pertinência do tema-base. Por Marco Rios Santos - Fotografia por Bruno Lé

Apesar de serem muitos os eventos que o NEF/AAC organiza ao longo de qualquer mandato, nenhum supera a dimensão do seu Congresso Científico, tanto nos custos envolvidos, como no número de participantes. Este ano foi um passo nesse sentido, dado que pela primeira vez, o Congresso foi realizado no Auditório do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com maior capacidade do que o Auditório da Unidade Central do Polo III, local onde fora realizada a edição do ano passado. A 11ª edição do Congresso Científico do NEF/AAC, moderada por docentes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra,

foi subordinada ao tema Terapias Biológicas na Vanguarda da Saúde, terapias essas que requerem o recurso a organismos vivos, substâncias derivadas de organismos vivos ou versões sintéticas de tais substâncias para o tratamento de uma dada patologia. Este processo passa muito pela maneira como o nosso sistema imunológico atua em células cancerígenas, por exemplo. A utilização de terapias biológicas é vantajosa, no sentido em que há uma individualização na terapêutica em questão, tendo em conta que são utilizadas moléculas do próprio indivíduo para o tratamento.

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DIA 2 A ordem de trabalhos do Congresso iniciou-se com a cerimónia de abertura, na qual estiveram presentes a Presidente da Direção do atual mandato do NEF/AAC, Mariana Oliveira, o atual Diretor da FFUC, Francisco Veiga, e a Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Farmacêuticos, e também docente na FFUC, Ana Cristina Rama. O primeiro dia do Congresso dividiu-se em 4 painéis, e foi onde se falou sobre o que são as terapias biológicas e onde se aplicam, assim como o quão eficazes conseguem ser. O painel I, intitulado Anticorpos Monoclonais e Medicamentos Biossimilares, contou com a moderação da Professora Doutora Isabel Vitória Figueiredo e com a presença do Professor Doutor João Gonçalves (docente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa) e do Professor Doutor Sérgio Simões (docente na FFUC). Apesar do primeiro falar acerca do que são biossimilares e do segundo revelar alguns mecanismos de resistência à imunoterapia, ambos conseguiram complementar as suas ideias quando o debate se deu no painel. O painel II, foi moderado pela Professora Doutora Eliana Souto, e intitulado Desenvolvimento e Produção, e contou com os oradores Professor Doutor João Nuno Moreira (docente na FFUC), que nos falou um pouco soube a morfologia das proteínas no geral, da sua estabilidade e do modelo PK/PD na administração de fármacos, e com a Professora Doutora Maria Henriques Ribeiro (docente na FFUL). O terceiro painel, moderado pelas Professoras Doutoras Margarida Caramona e Cristina Luxo, aborda especificamente as aplicações terapêuticas dos anticorpos monoclonais (Professor Doutor Carlos Sinogas, Universidade de Évora) e como a imunoterapia funciona na oncologia (Dr. Luís Castelo-Branco) que, como já aqui mencionado, é um exemplo forte nas aplicações a nível clínico das terapias biológicas. O último painel do dia foi moderado pela Professora Doutora Alexandrina Mendes, e ficou marcado pelas aplicações bem sucedidas das terapias biológicas, nomeadamente no tratamento da artrite reumatóide (Dr.ª Mary Marques, médica reumatologista no CHUC) e ao nível gastrointestinal (Dr. Francisco Portela, médico gastroenterologista no CHUC).

Comissão Organizadora do XI Congresso Científico do NEF/AAC

Painel III - Medicamentos Biológicos na Prática Clínica 12


DIA 3

Painel VII - Medicamentos Biológicos Para Todos?

O segundo dia do Congresso foi dedicado para não propriamente falar de como as terapias biológicas são reguladas (em conformidade com a legislação em vigor) e como se comportam num contexto de ensaio clínico. O dia começou com o painel V, e contou com a moderação da Professora Doutora Carla Vitorino, assim como com a presença da Dr.ª Margarida Menezes (INFARMED), cuja apresentação intitula-se Regulamentação Portuguesa de Medicamentos Biológicos, e com a Dr.ª Sofia Corte-Real (Tecnophage, S.A.), que veio ao Congresso debater a visão empresarial que existe em torno dos medicamentos biológicos, sendo assim lógico que o painel se chamasse Medicamentos Biológicos. O painel VI, denominado Investigação, Futuro e Inovação, foi moderado pela Professora Doutora Cláudia Cavadas e contou com as apresentações do Dr. Sebastião Ferreira da Silva (CHUC) e do Dr. Pedro Madureira (Imunethep, S.A.), que acrescentaram uma visão aos niveis hospitalar e empresarial, respetivamente, ao debate que há em volta deste tema. O último painel do Congresso, intitulado Terapias Biológicas Para Todos?, contou, mais uma vez, com a moderação da Professora Doutora Margarida Caramona e com a discussão promovida pela Dr.ª Margarida Oliveira (INFARMED), pelo Professor Doutor Carlos Maurício Barbosa (docente na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto), pela Dr.ª Catarina Coelho (a representar a Administração Regional da Saúde - Centro) e pela Dr.ª Rita Torres Lopes (do IPO de Coimbra). O painel abordou a economia por detrás do mercado das terapias biológicas, acabando assim os parâmetros a interpretar no que concerne as terapias biológicas e dando fim ao Congresso. No final, os congressistas puderam contar com a atuação do Grupo de Fado Ad æternum.

Grupo de Fado Ad æternum

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IV JORNADAS DA MOBILIDADE INTERNACIONAL Por Sofia Martins Decorreram, no passado dia 2 de outubro, as IV Jornadas da Mobilidade Internacional, cujo intuito é esclarecer a todos os alunos interessados as diversas dúvidas relativas às diferentes oportunidades de internacionalização que a Universidade de Coimbra, a IPSF, a EPSA e a AIESEC oferecem. O primeiro painel foi subordinado ao tema “Erasmus e outros programas de mobilidade”. O programa Erasmus apresenta duas vertentes distintas: o Erasmus+ Estudos, que permite ao aluno frequentar o plano curricular de uma universidade europeia, e o Erasmus+ Estágio, que possibilita a realização de um estágio curricular ou extracurricular no estrangeiro. No segundo painel, foi dado a conhecer o programa Global Volunteer, por parte da AIESEC. O terceiro e último painel abordou o programa SEP, contando com a Raquel Oliveira da IPSF e a Leonor Pereira da EPSA para apresentarem outros dois programas: IMP e Twinnet. O SEP é um programa de mobilidade organizado pela IPSF (International Pharmaceutical Students’ Federation) que oferece a oportunidade aos estudantes de farmácia a realização de um estágio no estrangeiro numa das áreas do mundo profissional farmacêutico. O IMP (Individual Mobility Project) oferece a estudantes e recém-formados de Farmácia ou Ciências Farmacêuticas a oportunidade de realização de um estágio remunerado em empresas, universidades ou outras entidades de renome internacional. O Twinnet é um programa realizado em grupo com o objetivo de aumentar o contato entre os membros da EPSA, permitindo a troca de boas práticas e experiências, para além

de incluir uma componente educacional. A sessão foi complementada com testemunhos de alunos que realizaram Erasmus em Itália, Eslovénia e Espanha e que fizeram estágios pelo programa SEP na Turquia, Egito, Croácia, Indonésia, Inglaterra, França, Polónia e Hungria. A Inês Borges, que realizou dois estágios (farmácia comunitária e investigação) na Polónia, revela que a experiência SEP foi, no geral, uma das experiências mais enriquecedoras que a faculdade lhe ofereceu. “No final, fica a experiência de estagiar noutro país, ficam os amigos além-fronteiras, ficam as memórias, os cheiros e os sabores de um país que nos acolhe para experienciarmos e vivermos de forma intensa algo que, profissionalmente, é visto como um acréscimo no currículo e ficam também as saudades, muitas saudades”. Pela primeira vez, houve também o testemunho da Inês Lourenço, que realizou um estágio de voluntariado na China, em Chengdu, ao abrigo do programa Global Volunteer, da AIESEC. “Durante o mês que estive neste país, para além de poder ajudar populações de uma área mais pobre, desenvolvi-me muito pessoalmente através do contacto com pessoas de várias partes do mundo, que me ensinaram que não importa a barreira linguística, a ser mais paciente e a não julgar os outros. Definitivamente, a lição maior que posso tirar de toda esta experiência é que, não importa qual a nossa origem, se dermos um pouco do que temos de melhor aos outros, recebemos, igualmente, o melhor deles”, afirmou.

JORNADAS DAS SAÍDAS PROFISSIONAIS ‘17 Por Rita Amado Dias No passado mês de outubro, o pelouro dos Estágios e das Saídas Profissionais do NEF/AAC trouxe novamente aos estudantes da FFUC as Jornadas das Saídas Profissionais. Durante os dias 17, 18 e 19, os estudantes puderam aproximar-se das diferentes realidades do mercado do trabalho através de apresentações e conversas informais com especialistas das distintas áreas. Nesta que foi já a 4ª edição da atividade, as áreas exploradas foram Consultoria (Dra. Ana Catarina Marques, da Glintt), Análises Clínicas (Professora Doutora Ana Miguel Silva, da FFUC), Market Access (Dr. Diogo Belbute, da Novo Nordisk), Farmácia Comunitária (Dra. Ana Filipa Agria, da Farmácia dos Olivais), Assuntos Regulamentares (Dra. Inês Roldão, da Pierre Fabre), Ensaios Clínicos (Dra. Vanessa Pereira, do CHUC) e Indústria Farmacêutica (CESIF). É de destacar que a maioria dos oradores frequentaram a FFUC, o que revela que a formação de Coimbra foi, e continua a ser, bastante reconhecida no mercado de trabalho. Este ano a iniciativa teve uma dinâmica muito rica, uma vez que os participantes foram divididos em grupos que iam circulando pelas várias salas onde se encontravam os oradores que apresentavam, de forma interativa, o seu dia-a-dia. Desta forma, conseguiu-se um ambiente mais intimista que permitiu aos estudantes sentirem-se mais à vontade para colocar questões. Foram muitos os estudantes que procuraram saber mais sobre as saídas profissionais dos seus cursos, tendo as três sessões estado bastante completas e uma delas até lotada. A organização faz um balanço muito positivo da atividade e aproveita a oportunidade para agradecer a todos os que tornaram possível a sua concretização.

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Por Ingride Tarrafa, Public Relations Manager da AIESEC A AIESEC é uma organização gerida unicamente por jovens que te permite explorar e desenvolver as tuas capacidades de liderança através de uma experiência internacional. Nós acreditamos que os jovens de hoje serão os líderes de amanhã e, ao desenvolvermos as nossas capacidades, contribuímos para um mundo melhor. Com as experiências de voluntariado da AIESEC vais poder, antes de mais, conhecer novas culturas. Não há nada como estar num novo país e fazer voluntariado com pessoas de todo o mundo para aprender sobre outras culturas. Para além disso, vais deixar o teu impacto: tu podes fazer a diferença no mundo, tudo começa no momento em que dás o primeiro passo. Contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e aborda os problemas que mais te preocupam. Por fim, mas não menos importante, com as experiências da AIESEC vais, com certeza, sair da tua zona de conforto. Se não tentares e experimentares coisas novas, nunca vais conseguir encontrar o teu potencial total. Descobre a tua melhor versão!

Sê um embaixador dos Objetivos Globais propostos pelas Nações Unidas! Os nossos projetos de voluntariado internacional existem porque, como AIESEC, escolhemos moldar o que fazemos em torno do que o mundo precisa. Comprometemo-nos a criar um movimento jovem para alcançar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, propostos pelas Nações Unidas, até 2030. Tudo isto enquadra-se na nossa iniciativa Youth 4 Global Goals, destinada a motivar os jovens a alcançar os mesmos objetivos. O Pedro Silva, estudante de Economia, foi no verão para o Brasil, e conta-te aqui um pouco de como foi esta experiência. À chegada, deparei-me logo com uma série de obstáculos para chegar ao meu destino, mas nada que não se resolva recolhendo informações de desconhecido em desconhecido. Claro que este “desafio” foi atenuado pela semelhança linguística. Chegando à cidade, Santa Maria, fui logo “presenteado” com uma família de acolhimento provisória. Após uma semana de convívio, a família decidiu que queria ficar comigo até ao final do projeto. Durante o meu tempo lá, deveria ter desenvolvido com as crianças, na ONG, quatro SDGs (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) mas acabei por desenvolver apenas um, “Quality Education”, pois achei que era o prioritário perante uma das comunidades mais pobres da cidade. Conheci ainda outros estagiários incríveis e tenho hoje ‘casa’ em países que antes nem sonhava visitar e ponho hoje essa hipótese! Terminado o estágio, tive logo um sentimento de nostalgia que mantenho até agora, mantenho o contacto com a docentea da ONG que me mantém em contacto com as crianças, com a família que me acolheu e com os restantes estagiários. Como é que podes desenvolver liderança com a AIESEC? A resposta é muito fácil: através de experiências multiculturais. Estas experiências dividem-se em estágios profissionais e voluntariado, e podes aceder a todas as oportunidades em aiesec.org. 15


PROFESSOR DOUTOR JOSÉ ARANDA DA SILVA CRONOLOGIA 1972: Conclusão da licenciatura em Farmácia, pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

1977: Ingresso no Quadro de Oficiais Farmacêuticos do Exército 1979: Membro fundador da Sociedade Europeia de Farmácia Clínica e seu Presidente entre 1986 e 1988

1990: Presidente da Direção Geral dos Assuntos Farmacêuticos. Em 2000, abandona esta tarefa já como Presidente do Conselho de Administração do INFARMED

2001 – 2007: Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos 2009 – presente: Criador e Diretor da Revista Portuguesa de Farmacoterapia 2012 – presente: Presidente da Associação de Desenvolvimento e Investigação em Saúde Pública (INODES)

2017 – presente: Presidente da Fundação para a Saúde do Serviço Nacional de Saúde

PRÉMIOS E CONDECORAÇÕES 1998: Medalha de Mérito Militar 2000: Prémio Almofariz Figura do Ano 2003: Comenda de Mérito Farmacêutico do Brasil 2006: Menção Honrosa pelo seu contributo no desenvolvimento do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique

2010: Medalha de Honra da Ordem dos Farmacêuticos 2012: Medalha de Serviços Distintos de Grau Ouro do Ministério da Saúde 2017: Doutor Honoris Causa

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Nascido em Moçambique a 15 de novembro de 1948, o Professor Doutor José Aranda da Silva é um prestigiado farmacêutico português que sempre se distinguiu nas diversas áreas em que interveio. Frequentou a Escola Superior de Farmácia de Coimbra em 1967 e 1968 e licenciou-se na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em 1972. Especialista nas áreas de Farmácia Hospitalar, Indústria Farmacêutica e Registo e Regulamentação Farmacêutica é, atualmente, Presidente da Associação de Desenvolvimento e Investigação em Saúde Pública (INODES), da qual foi sócio fundador, Presidente da Fundação para a Saúde do Serviço Nacional de Saúde e Diretor da Revista Portuguesa de Farmacoterapia. A equipa d’O Pilão teve a oportunidade de conversar com aquele que é um dos ícones máximos do panorama farmacêutico atual no nosso país. Por Sofia Meireles e Sofia Martins O Pilão: Após concluir o Ensino Superior, ingressou no Exército, numa altura em que o serviço militar era obrigatório. Em que medida é que o seu percurso na Força Aérea foi influenciado por essa obrigatoriedade? José Aranda da Silva: Todos os jovens tinham de cumprir serviço militar obrigatório, como aliás ainda acontece em diversos países. Ingressei no Exército, onde tive de fazer na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, com cerca de mais de mil recrutas, na sua maioria jovens licenciados pelas mais diversas faculdades, o Curso de Oficiais Milicianos, que terminaria com a parte específica de saúde, na Escola Prática de Saúde Militar, junto ao Hospital Militar Principal (HMP), em Lisboa. Quando se deu o 25 de abril, estava no HMP com muitos médicos que tinham sido dirigentes da Crise Estudantil de Coimbra em 1969. Posteriormente, dado não haver recrutamento de Farmacêuticos pela Força Aérea, fui transferido para esse ramo das Forças Armadas, onde participei na organização da Farmácia do Núcleo Hospitalar do Lumiar, onde hoje está instalado o Hospital das Forças Armadas. Entretanto fui requisitado pelo Estado Maior General das Forças Armadas para trabalhar na 5ª Divisão, responsável pela dinamização cultural do Movimento das Forças Armadas. Naturalmente que esse percurso teve influência, pois mais tarde fiz, voluntariamente, o concurso público para ingresso no Quadro Permamente do Exército, tendo ficado em primeiro lugar. O Pilão: Com o fim da Guerra Colonial, propõe, com um grupo de oficiais farmacêuticos, a reformulação das atividades farmacêuticas, o que resulta na criação da valência de Farmácia Hospitalar. O que o motivou e quais foram os principais obstáculos encontrados? JAS: A tarefa que me foi atribuída de organizar os Serviços de Farmácia Hospitalar do HMP não o foi por minha escolha, mas por decisão superior. O facto de ter ficado em primeiro lugar no concurso e me ter sido atribuída uma missão que não era a que pretendia deu-me alguma capacidade de manobra para propor um plano prévio de formação em Farmácia Hospitalar. Esse plano teve o apoio de colegas mais graduados, como os então Tenente Coronel Ernesto David Ennes e o Major Damas Mora. Foi assim que, juntamente com outro colega, efetuámos o internato de um ano no Hospital de Santa Maria, em Lis-

boa, estágios e cursos no Hospital de Hammersmith, em Londres, e no Hospital de São Paulo, em Barcelona. Essa formação durou cerca de dois anos (1978 e 1979) e deunos uma forte preparação em Farmácia Hospitalar com valorização da componente de Farmácia Clínica. A criação do Serviço de Farmácia Hospitalar não foi fácil; conseguimos organizar em dois anos um serviço exemplar, com novas valências na época, como o Centro de Informação de Medicamentos e o Centro de Aditivos e Misturas para Alimentação Parentérica e para Preparação de Citotóxicos. Desenvolvíamos ainda uma intensa atividade clínica centrada nas enfermarias e alguns serviços como o de Hemodiálise e o de Medicina. O Pilão: Em 1979, foi membro fundador da Sociedade Europeia de Farmácia Clínica (SEFC), onde desempenhou o cargo de Presidente entre 1986 e 1988. Como surgiu este projeto e quais os propósitos do mesmo? JAS: Com algumas dezenas de colegas de vários países, fui fundador num simpósio realizado em Lyon, França, da SEFC. Eram colegas que pretendiam mudar a forma de intervenção da profissão, orientando a sua atividade para o doente. As associações tradicionais, como a Federação Internacional Farmacêutica e a Associação Europeia de Farmacêuticos Hospitalares, criavam muitas resistências à mudança, pelo que se optou por criar uma nova sociedade científica que agrupasse os meus colegas que praticavam Farmácia Clínica e docentees de Farmacoterapia. O objetivo era realizar anualmente um simpósio científico orientado para a Farmácia Clínica e também fazer pressão junto das organizações profissionais tradicionais e Academia, tendo em vista a mudança de paradigma da profissão. O Pilão: Quais os maiores desafios que enfrentou quando foi nomeado primeiro Presidente do INFARMED? JAS: Antes de ser criado o INFARMED, fui “requisitado” ao Exército e nomeado “por interesse nacional” Diretor Geral dos Assuntos Farmacêuticos no Ministério da Saúde. Na altura da nomeação, como condição para aceitar o desafio, apresentei um plano estratégico para desenvolvimento de um novo sistema de regulação dos medicamentos e produtos de saúde para ser aplicado em cinco anos. Nesse plano, constava a criação de um insti17


tuto ou agência reguladora com autonomia financeira e administrativa, a organização de um sistema de avaliação científica dos medicamentos e produtos de saúde, de um sistema de inspeções, sistema de farmacovigilância e um laboratório de controlo de qualidade. A criação do INFARMED, em 1993, resultou da aplicação desse plano, com os atrasos habituais da administração pública. O INFARMED passou a ter capacidade financeira, decidida em Assembleia da República. Com uma situação financeira confortável, mudámos de instalações para o Parque de Saúde de Lisboa, ocupando vários edifícios, e o INFARMED foi dotado de perícia científica através da inclusão de cerca de uma centena de peritos, especialistas em diversas áreas e académicos das Faculdades de Farmácia e Medicina de Coimbra, Lisboa e Porto. Tivemos a oportunidade de participar na aprovação do primeiro Estatuto do Medicamento, em 1991, na construção do novo Sistema Europeu de Avaliação e Supervisão do Medicamento, e na criação da então denominada Agência Europeia de Avaliação do Medicamento. Entretanto foram dinamizadas as diversas comissões de avaliação científica e os seus peritos passaram a participar de forma regular no sistema europeu. Criaram-se normas para avaliação económica do medicamento em 1998 e novas regras para a comparticipação e reavaliação dos medicamentos. Foi construído um novo edifício com auditório, diversas salas de reunião e o Laboratório de Controlo da Qualidade, que tinha iniciado o seu funcionamento provisório em 1998 em instalações alugadas ao Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, no Lumiar.

Professor Doutor José Aranda da Silva com Fernand Sauer, Diretor Executivo da EMA, em 1995.

O Pilão: Após cessar funções no INFARMED, foi eleito Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Entre inúmeras iniciativas, destaca-se a criação do processo de renovação da Carteira Profissional. Foi difícil levar a classe farmacêutica a aceitar esta necessidade de formação contínua? JAS: A candidatura a Bastonário resultou do desafio de um grupo de jovens farmacêuticos, hoje dirigentes da profissão, que me convenceram que era importante capitalizar a favor da profissão, a experiência e notoriedade pública que tinha adquirido na DGAF, INFARMED e EMEA. A minha candidatura tinha quatro objetivos principais: organizar um sistema de revalidação periódica da carteira profissional, tornando obrigatória a formação contínua, avaliar as Faculdades de Farmácia no sentido de se verificar se davam resposta às exigências do estatuto da Ordem dos Farmacêuticos (ainda não havia sistema público de avaliação do Ensino Superior), criar uma carreira farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde e mudar o paradigma de renumeração dos Farmacêuticos, “desmaterializando” o ato farmacêutico e valorizando a prestação de serviços. O programa era ambicioso e teve muitas resistências nalgumas estruturas profissionais e nos colegas mais idosos, mas também muitos apoios, nomeadamente nos mais jovens e alguns elementos da Academia. É um 18

Prof. Doutor José Aranda da Silva com colar de Bastonário.

Prof. Doutor José Aranda com o Prof. Doutor Francisco Batel-Marques no Doutoramento Honoris Causa do primeiro.


dever salientar o grande apoio do Professor Doutor Francisco Batel-Marques, docente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Alguns dos objetivos estão ainda hoje em discussão ou em aplicação. O Pilão: A Revista Portuguesa de Farmacoterapia (RPF), criada por si em 2009, foi fruto do seu evidente sentido interventivo? JAS: O primeiro projeto de constituição da RPF incluía a participação das Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos. Como tal não foi possível, avancei como projeto privado, correndo alguns riscos. Passados sete anos posso dizer que valeu a pena. Tive grande apoio de colegas das várias Faculdades de Farmácia, Medicina e Economia. A revista é reconhecida pela comunidade científica e tem algumas referenciações. A plataforma digital é acedida diariamente por cerca de duzentas pessoas espalhadas por todo o mundo. O Pilão: Apesar de todos os sucessos teve, pelo menos, um grande objetivo que não foi capaz de concluir com êxito: trazer para Portugal a Agência Europeia do Medicamento (EMA) na altura em que a opção recaiu sobre Londres. Existindo atualmente essa possibilidade, julga que Portugal é um forte candidato? Que vantagens vislumbra para a classe farmacêutica e para o país, em geral, no caso de esta pretensão se vir a concretizar? JAS: Não se conseguiu a EMA, em 1993, mas ficámos na short list que foi apresentada em sede de decisão final no Conselho Europeu. Foi-nos atribuída, entre várias agências em discussão, o Observatório Europeu da Droga

e Toxidependência. Era importante para o país e para a Europa a transferência para Portugal da EMA e, ao que parece, a candidatura portuguesa tem sido bem acolhida. Ao contrário do que sucedeu em 1993, em que havia várias Agências em discussão, agora parece-nos mais difícil, dado que só estão em causa as resultantes da saída do Reino Unido da União Europeia. O Pilão: No passado dia 3 de outubro, foi distinguido com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto. Como encara este grandioso reconhecimento? JAS: Em primeiro lugar, foi uma grande honra que partilho com todos os meus colegas. Ao que sei, sou o primeiro Farmacêutico português a quem a Universidade do Porto atribui este título em cento e dez anos de existência. Como afirmou o Professor Jorge Gonçalves no seu discurso, tratou-se do reconhecimento de toda uma carreira profissional, académica e de intervenção cívica e defesa da liberdade. O Pilão: No meio de tantas funções desempenhadas, artigos publicados, livros lançados e colaborações com inúmeras instituições de Ensino Superior, como consegue gerir o seu tempo? JAS: O tempo gere-se através da organização do trabalho, da pontualidade nos compromissos, da compreensão da família e, principalmente, com a convicção e clareza estratégica do caminho que queremos seguir.

Acima, uma fotografia do Professor Doutor José Aranda da Silva com um colega na Latada de 1967. À direita, uma fotografia do mesmo na condição de Presidente do INFARMED, em 1995.

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FARMÁCIA PELO MUNDO Em articulação com o pelouro das Relações Internacionais temos apresentado um pouco da experiência de alguns ex-estudantes que, por diversas razões, tiveram a necessidade de emigrar para trabalhar enquanto farmacêuticos. Para esta edição, conversámos com o Dr. Ricardo Poeta e a Dra. Susana Marques, atualmente a exercer a profissão no Reino Unido e na Austrália, respetivamente.

Por Maria Aquino

Dr. Ricardo Poeta

Sendo um ex-estudante da FFUC, terminou o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas em 2011. Quando questionado quanto aos anos académicos, descreve-os como os melhores anos da sua vida, não apenas ao nível dos conhecimentos técnicos adquiridos, mas também pela experiência de vida, pelas amizades que ficam e pelos laços criados. “Nunca esquecerei Coimbra e esta faculdade que muito prezo e que ajudou a formar o meu caráter”. Trabalhando atualmente como Pharmacy Manager no Reino Unido, labora numa farmácia que pertence a um grupo de 400 farmácias, fazendo a gestão de todo o negócio de farmácia e sendo o responsável clínico da mesma. Para além disto, trabalha também como Acquisitions Associate para a empresa Day Lewis, fazendo a análise financeira e de viabilidade de farmácias que o grupo pretende adquirir e subsequente treino ao staff das farmácias recém-adquiridas. Faz também parte da comissão local de farmácia e da Pharmacy Management Team. Quando questionado quanto às razões que o levaram a emigrar, responde que foram acima de tudo pessoais e familiares. “Profissionalmente fui procurar novos desafios que me valorizassem mais enquanto profissional de saúde e que me permitissem uma progressão que o mercado farmacêutico estático não permitia”, explicou. Quanto às atuais dificuldades sentidas no Reino Unido, conta-nos que as maiores passam pela redução do orçamento do NHS (serviço público de saúde do Reino Unido) que impõe novos desafios e oportunidades a farmácias e farmacêuticos. “Um farmacêutico português deve esperar uma realidade completamente nova, com um sistema de funcionamento das farmácias muito centralizado no farmacêutico em que este é muito valorizado e responsabilizado”, conta-nos a respeito da emigração. Revela também que o mercado farmacêutico britânico é muito dinâmico e exigente, oferecendo muitas oportunidades de treino e de progressão, podendo ser uma alternativa para os farmacêuticos portugueses que queiram um novo desafio e que tenham também uma boa capacidade de trabalho e de adaptação.

Dra. Susana Marques Por sua vez, a Dra. Susana Marques estudou na Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, tendo concluído o curso em 2010. Conta-nos que guarda boas memórias da vida académica, do ambiente e dos colegas, mas também de toda a vida social e energia desta etapa. Quanto ao curso, disse-nos que foi uma boa opção da qual não se arrepende. “Deu-me ferramentas para desempenhar um papel que considero benéfico para o público em geral, ajudar em casos do dia-a-dia, até mesmo a nível familiar.” Trabalhando atualmente na Austrália, as razões que a levaram a emigrar basearam-se no desenvolvimento e enriquecimento profissional. Ainda que tivesse um trabalho e vida estáveis em Portugal, sentia que começava a estagnar. “Só posso dizer que foi, sem dúvida, uma decisão sábia, o melhor que alguma vez poderia ter feito. Em termos profissionais, porque tive a sorte e oportunidade de trabalhar com reconhecidas empresas farmacêuticas, e sobretudo a nível pessoal, em que me sinto muito mais completa”, confessou. Conta-nos que nem tudo é fácil, mudar e começar do zero fê-la sentir-se desamparada, com saudades dos pais e dos amigos, mas que por outro lado conheceu a solidariedade entre pessoas que, ainda que não a conhecessem, lhe estendiam a mão sem hesitar por saberem também elas como é o processo de emigrar. Setores como a indústria, a farmácia hospitalar e a farmácia comunitária são os mais procurados, ainda que a realidade da farmácia comunitária seja bastante diferente da portuguesa. “Em termos de ambiente profissional e interação em equipa, foi onde notei maior diferença. A simplicidade, respeito e descontração com que as pessoas interagem no meio de trabalho é algo que me fez apaixonar”, explicou. Terminando com a típica questão do que deve um farmacêutico esperar quando emigra, fala-nos de que se deve considerar a cultura e uma fácil adaptação à mesma, em comunicar bem no idioma local e ver o processo de cada país em relação ao reconhecimento da profissão. Após isso, é explorar oportunidades de emprego em websites populares do país eleito. “Em geral, tentar encontrar na sua nova realidade uma segunda casa”, rematou.

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NA SOMBRA DE VICTORIA BELL Para a 19ª edição d’O Pilão, tivemos a oportunidade de conversar com um rosto relativamente recente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Damos-te agora a oportunidade de ficares a conhecer um pouco melhor a pessoa por detrás da Professora Doutora Victoria Bell, do Laboratório de Sociofarmácia e Saúde Pública da Faculdade de Farmácia. Por Eduardo Torres e Nuno Abrunheiro O Pilão: Estudou na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, onde realizou também um doutoramento em Sociofarmácia, concluído em 2015. Como foi o seu percurso a nível académico e o que a motivou para a concretização do terceiro ciclo de estudos, em específico nesta área? Victoria Bell: O meu percurso académico foi ligeiramente diferente do habitual. Normalmente, quando se termina o primeiro e segundo ciclo de estudos, progride-se imediatamente para o terceiro ciclo de estudos, mas eu fi-lo mais tarde. Na altura, após a conclusão do primeiro ciclo de estudos, fui trabalhar para uma farmácia comunitária em Viseu, e depois fui para a Farbeira (Farbeira Cooperativa Farmacêutica do Centro, atual Plural Cooperativa Farmacêutica), uma experiência que me enriqueceu muito. Depois adquiri, em regime de sociedade, uma farmácia na Figueira da Foz. Contudo, queria mais e surgiu a oportunidade de fazer doutoramento. Contactei o Professor Doutor Rui Pita, que ainda se recordava de mim como aluna, e me propôs a realização de um doutoramento na área da Sociofarmácia. Considero esta área de grande interesse para a profissão farmacêutica. Durante a tese de doutoramento, estudei a introdução e receção da penicilina em Portugal, nos anos 40 do século passado. Foram meus orientadores o Professor Doutor Rui Pita e a Professora Doutora Ana Leonor, sem o apoio dos quais a realização e conclusão da minha tese não teria sido possível. Uma tese de doutoramento não é fácil de concluir. Exige um trabalho constante e diário, que não deve ser adiado, porque não se compensa o tempo perdido de um dia para o outro. O Pilão: No início do exercício profissional trabalhou em farmácia comunitária durante um período de tempo relativamente curto. De seguida, exerceu funções na Farbeira Cooperativa Farmacêuticos do Centro, a atual Plural Cooperativa Farmacêutica, tal como referiu. O que motivou esta mudança de área? VB: Primeiramente, comecei a trabalhar numa farmácia comunitária em Viseu para substituir uma colega em licença de parto. Contudo, surgiu a oportunidade de ir para a Farbeira, onde inicialmente fui admitida como farmacêutica adjunta, mas logo destacada como responsável do armazém. A necessidade de aprender o trabalho de armazém impunha-se e pus “mãos à obra”. Aprendi como se fazia todo o circuito de receção, aviamento e embalagem de encomendas, retirada das faturas e separação das encomendas pelas diferentes rotas. Hoje em dia todo o setor é automático, mas naquela época era sobretudo manual, com picos de trabalho no final da manhã até ao inicio da tarde, período em que as farmácias fecham e enviam os seus pedidos. Os laços de amizade que criei com os funcionários ainda perduram e quando visito a Plural tenho que ir sempre cumprimentá-los, não consigo fazer uma visita à Plural em menos de duas horas [risos].

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O Pilão: Após dois anos de trabalho na distribuição por grosso de medicamentos, retomou a área da farmácia comunitária onde exerceu durante quase 9 anos. Porquê este regresso? VB: Regressei porque tive a oportunidade de adquirir, em regime de sociedade, a minha própria farmácia na Figueira da Foz, perto da marginal. Porém, a realização de algumas obras camarárias que nos retiraram lugares de estacionamento e diminuíram a acessibilidade à farmácia levou à necessidade de transferência da farmácia para outro local, um centro comercial. Quando se encontrava localizada na marginal, era uma farmácia com características de uma farmácia de aldeia, no entanto, após a mudança de localização, tornou-se numa farmácia citadina. Tínhamos na altura uma equipa com 8 ou 9 farmacêuticos, contando ainda com o pessoal da retaguarda. Em 2008, optei por sair da farmácia, com o intuito de concluir o 2º e o 3º ciclos de estudos. O Pilão: É Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Farmácia desde setembro de 2015. A carreira académica era algo que vislumbrava desde a realização do curso ou surgiu com o tempo, já na prática profissional, por algum motivo? VB: Sempre me agradou a perspetiva de um percurso académico. O meu pai era Professor Catedrático na área da Medicina Veterinária, por isso, desde cedo tive contacto com esta realidade e, desde que me integrei no corpo docente da Faculdade de Farmácia que gostei da interação com os alunos. Acho que aprendemos com eles, assim como eles aprendem connosco. A sua presença transmite vida à faculdade e, acima de tudo, desejo que tenham sucesso. O Pilão: Leciona inúmeras e distintas unidades curriculares, como História da Farmácia e da Atividade Farmacêutica, Deontologia e Legislação Farmacêutica, Organização e Gestão Farmacêutica, Sociologia da Saúde, Língua Inglesa, Tecnologia Farmacêutica e Farmácia Galénica. Quais são as que mais lhe aprazem? VB: Gosto muito de Deontologia. Também gosto de História da Farmácia, mas é uma disciplina que não é fácil de lecionar. Exige uma grande cultura e conhecimento histórico para contextualizar a evolução da ciência e, mais concretamente, da farmácia no tempo. É preciso dominar as questões sociais, culturais e políticas inerentes a cada época de forma a conhecer os fatores que influenciaram os acontecimentos científicos. Em Deontologia, consigo apresentar casos práticos que advêm da minha própria experiência em farmácia comunitária e no setor da distribuição. Com os ataques que têm havido à profissão, penso que a vertente humana é cada vez mais um fator distintivo, que nos permite valorizar a nossa profissão e a farmácia. Como eu costumo dizer, quando uma pessoa

entra numa farmácia tem de saber imediatamente quem é o farmacêutico. O Pilão: Que projetos desenvolve atualmente enquanto docente e investigadora no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra? VB: Nós temos vários projetos em curso, em áreas muito interessantes e que não são muito trabalhadas em Portugal. Projetos que dão a conhecer a História da Ciência e os cientistas nacionais. Por exemplo, quando eu estudei o período dos anos 40 para o meu doutoramento apercebi-me que foi uma época com contributos científicos importantes. Os trabalhos científicos e os artigos publicados, bem como os profissionais portugueses que os executavam, eram valorizados e reconhecidos. Houve técnicas que desenvolvemos com poucos meses de diferença em relação a outros países. Nos projetos em que estou envolvida, tentamos dar a conhecer o valor do trabalho científico realizado em Portugal. O Pilão: Quais os seus hobbies? Conte-nos uma curiosidade sobre si. VB: Honestamente, não tenho muito tempo para hobbies [risos]. Mas quando tenho tempo livre gosto muito de ler, de andar a pé, de nadar e de equitação. O Pilão: Se tivesse a oportunidade de privar com qualquer personalidade mundial, atualmente viva ou não, com quem gostaria de o fazer e porquê? VB: Penso que, e embora existam grandes personalidades na área farmacêutica, gostaria de conhecer Marie Curie. Foi uma cientista que representou a emancipação da mulher na área científica, num meio dominado quase exclusivamente por homens, e ganhou dois prémios Nobel, um na área da Física e o outro na Química. Viveu ainda durante uma Guerra Mundial, dando um contributo ativo na instalação de aparelhagem raio-X de forma a auxiliar os médicos de guerra em intervenções cirúrgicas. O Pilão: Que conselhos quer deixar aos nossos leitores, no âmbito da sua vida profissional? VB: Eu penso que o essencial é dar valor à nossa profissão, porque se não formos nós a debatermo-nos por aquilo que é nosso, ninguém o vai fazer. Cada um pode fazer a diferença no seu posto de trabalho. Cabe a cada um de nós demonstrar o quão importantes somos para a sociedade através do conhecimento do nosso papel e da atuação em conformidade com o mesmo.

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MAGNA SANGUINEM DONATIO Por Sara Cardoso, coordenadora do pelouro da Intervenção Cívica e Promoção para a Saúde do NEF/AAC, e Rita Amado Dias No passado dia 30 de outubro, o pelouro da Intervenção Cívica e Promoção para a Saúde do NEF/AAC organizou mais uma recolha de sangue, tal como tem sido habitual nos últimos anos. No entanto, este ano foram realizadas algumas mudanças que se revelaram bastante positivas. Primeiramente, foi endereçado um convite ao NEM/AAC e ao NEMD/AAC para que se juntassem à organização do evento. Na altura do Halloween, festividade invariavelmente associada ao sangue. Estas mudanças permitiram uma adesão que superou as expectativas. Houve a necessidade de prolongar o horário da unidade móvel do Instituto Português do Sangue e da Transplantação de Coimbra no Polo III, inicialmente das 10h às 17h, até às 20h, contando com a inscrição de 75 estudantes, dos quais 50 foram considerados aptos para a doação. No total, foram recolhidos 22,5L de sangue. Os Núcleos envolvidos e o IPST agradecem a todos os estudantes que contribuíram para esta causa, ajudando a que muitas vidas possam ser salvas graças à generosidade e altruísmo demonstrados. “Neste Halloween vestimos a máscara da solidariedade” e esperamos que para o ano possa ser ainda melhor!

NOITE DE CINEMA SOLIDÁRIA Por Rita Amado Dias No dia 6 de novembro, realizou-se uma Noite de Cinema Solidária, uma iniciativa desenvolvida em parceria com o projeto APEF Social, que promove um variado conjunto de ações junto da comunidade e pretende incutir o espírito de solidariedade nos jovens estudantes de Ciências Farmacêuticas de todo o país. O NEF/AAC aliou-se novamente à APEF para organizar mais uma recolha de bens para o seu fundo, que serão distribuídos aos que mais necessitam. O filme escolhido, O Herói de Hacksaw Ridge, é um drama realizado por Mel Gibson em 2016 e foi visto por vários estudantes que desfrutaram de um bom serão mediante a doação de bens alimentares ou de higiene. Em paralelo com a sessão de Coimbra, decorreram também duas sessões de cinema solidário em Lisboa, embora em dias diferentes e com filmes distintos. Estas foram organizadas pela Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e pelo Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, igualmente em parceria com a APEF.

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NEF/AAC NA FESTA DAS LATAS E IMPOSIÇÃO DE INSÍGNIAS ‘17 Mais um ano, mais uma edição da Festa das Latas e Imposição de Insígnias e, como já manda a tradição, mais uma edição da mítica banca do NEF/AAC! Todos os anos é sorteada uma bebida para cada barraca, e este ano o teu Núcleo ficou com Sweety Coconut. Por Ana Baptista e Pedro Amado, coordenadores do pelouro Cultural e Recreativo do NEF/AAC A Comissão Organizadora da Festa das Latas e Imposição de Insígnias sugere anualmente um tema para a decoração das bancas dos Núcleos de Estudantes da AAC. Este ano não foi exceção e a escolha recaiu sobre uma crítica ao RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior) e ao Regime Fundacional. O pelouro Cultural e Recreativo, encarregue da decoração da banca, optou então por simbolizar esta crítica através da torre da Cabra deitada abaixo, com uma placa onde se podia ver inscrito “SOLD” (vendida), uma crítica hiperbolizada relativamente à autonomia na aquisição e venda de património que o Regime Fundacional traria, e com três figuras pintadas de negro (com fato, gravata e uma mala empresarial) por cima desta, como que a indicar que detêm o controlo. Estas figuras foram apelidadas de “Senhores Mérito”, uma personificação do Conselho de Curadores, conselho esse que é constituído por personalidades de mérito externas à Universidade de Coimbra e que será criado caso a implementação do Regime Fundacional prossiga.

Para além disto, o pelouro optou ainda por acrescentar duas críticas pontuais às paredes da banca: “Revisão do RJIES: Loading…”, uma barra de progresso como forma de crítica ao não cumprimento da revisão deste regime de 5 em 5 anos após a sua implementação; e “Conselho de Curadores: 0% Estudantes”, um gráfico circular como crítica à diminuição da voz dos estudantes com a possível implementação do Regime Fundacional.

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DIÁRIO DE UM CALOIRO Com uma nova edição, uma nova rúbrica. Desta vez, convidámos duas das recém-chegadas caloiras à FFUC para nos falarem do que é chegar a esta faculdade, sendo de longe ou de bem perto. Por Maria Aquino

Maria Beatriz Acúrcio

to calor). Depois de anos a assistir de fora ao cortejo chegou a minha vez de entrar nele e de viver aquele dia como meu. Com a melhor companhia que podia pedir, cheguei ao Parque Verde já sem voz, pronta para ser batizada. Já de penico vazio e testa molhada abracei a minha madrinha e finalmente senti, ‘’o que o Mondego une, ninguém separa’’.

Coimbra, MICF

No dia 9 de setembro, às 21h27min, recebi o tão aguardado e-mail da DGES onde vinha confirmada a esperada colocação na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Nunca um simples e-mail provocou em mim um cocktail tão grande de emoções. Daí a pouco mais de uma semana estaria a estudar na universidade mais antiga do país, na minha cidade natal, onde o sol brilha como em nenhum outro lugar. A primeira semana na FFUC foi talvez das mais marcantes da minha vida até agora. A praxe, as doutoras, as outras caloiras, a faculdade, todo um mundo novo a abrir-se para mim. Desde as músicas gritadas com orgulho até às conversas nas filas intermináveis da cantina, tenho vindo a conhecer pessoas de todo o país, até mesmo de fora, e nunca me senti tão bem-recebida e integrada como aqui, na FFUC. A exaustão da praxe é facilmente ultrapassada pelas amizades que nascem todos os dias. É verdade, todos os dias caras novas, prontas a tornarem-se familiares. Chegado o Mítico Jantar da Liga, entre brindes e sorrisos, as pessoas estão cada vez mais ligadas, já não somos estranhos, as amizades estão a surgir e é impossível ficar indiferente à boa energia no ar. E claro, a minha madrinha. Uma das pessoas mais queridas e com coração mais generoso que conheço, que me tem ajudado em tudo e tornado esta jornada ainda mais incrível, desde o momento em que lhe fiz o pedido até este pós-latada. E falando em Latada, um aplauso a toda a minha família de praxe, pelos fantásticos dotes de costura, que fizeram de mim uma “TeleFFUCa” muito feliz (e com mui26

Margarida Ribeiro Viseu, MICF

“Margarida, entraste em Coimbra!”, gritaram os meus amigos. Foram as primeiras palavras que ouvi na noite mais longa da minha vida, a noite das colocações. Não queria acreditar que tinha entrado na primeira opção e na cidade com que sempre sonhei. Desde o início, decidi dedicar-me a isto com toda a motivação. E quando digo “isto” falo da praxe, das novas experiências, das novas amizades e de viver longe de casa e da minha família. Cheguei a Coimbra, tentei viver cada momento da praxe e da vida de caloira da melhor forma possível, apesar da dor da distância. Foi incrível! Cada momento, todas as vezes que gritei pelo nome do meu curso com toda a garra e orgulho. A Latada superou qualquer expectativa, desde a serenata ao momento mais emotivo que tive até hoje como estudante, o meu batismo. Todos os dias tenho a certeza que pertenço a Coimbra e que este é o sítio certo para o meu percurso universitário! Nunca me vou esquecer destes momentos, destas pessoas, que me integraram e me ajudaram a sentir parte deste lugar e a apaixonar-me um bocadinho mais por esta cidade.



AGENDA FORMATIVA Dia(s)

Evento

Local

Formação Contínua | Perturbações Psicóticas: O Caso da Esquizofrenia e Fármacos Antipsicóticos

Évora

FEPS’17 – Farmacoeconomia: Perspetivas na Saúde - LisbonPH

Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

8 a 10

4º Congresso Nacional de Hemofilia

Évora Hotel

14 a 16

XII Spanish-Portuguese Conference on Controlled Drug Delivery

Coimbra

22

12th Essential Molecular Biology “Hands-on” Laboratory Course

Porto

25 a 27

12º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde

ISPA, Lisboa

22 a 25

10ª Jornadas de Farmácia Hospitalar

Lisboa

23 e 24

12º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global

Tivoli Marina Vilamoura

1e2

XXII Jornadas Nacionais Patient Care

Vilamoura

14 a 16

XIII Jornadas da Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde

ESTeSL, Lisboa

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março

fevereiro

janeiro

dezembro

Mês

NÚCLEO DE ESTUDANTES DE FARMÁCIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

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