Jornalesas - março 2024

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Publicação trimestral l março 2024 l número L X V I I I ( 88 )
democracia
mulher literatura arte ciência
silêncio olimpíadas desporto conhecimento cultura

Índice

Olimpíadas Português

Melhor aluna do Básico

Palestra literária

Lemun 2013

Percurso Torguiano

Ruas do Porto

World of Discovery

Há Física no som

Parque Paleozoico

Parque Oriental

Planetário

Horta

Viver no silêncio

Os 230

Eça de Queiroz

Versejar

Assaltos Poéticos

Mãe, esposa (…)

Filosofia

Mega Sprinter

Livro / Música

Olimpíadas Matemática

Editorial

XI Olimpíadas da Língua Portuguesa: três alunos avançam para a próxima fase

A22 de fevereiro, realizaram-se as provas da primeira eliminatória das XI Olimpíadas da Língua Portuguesa, uma competição nacional, que se desenvolve em três fases, e que visa promover a excelência no uso do idioma entre os alunos do 3.º ciclo do Ensino Básico – Escalão A – e do Ensino Secundário – Escalão B. Organizada pela Associação de Professores de Português (APP), a iniciativa contou com a participação de estudantes de várias escolas de todo o país. Esta atividade tem como objetivo principal fomentar o domínio da norma-padrão do português europeu e estimular o interesse dos alunos pela língua e pela literatura. Este ano, a competição tem um significado especial, uma vez que se celebram os 500 anos do nascimento de Camões, figura ímpar da cultura portuguesa.

No nosso agrupamento, participaram 125 alunos e, embora vários concorrentes tenham conseguido nota mínima de acesso à segunda eliminatória, o exigente processo de seleção só permitiu o apuramento de três alunos: do Escalão A, Francisco Carvalho, do 7.º C, e do Escalão B, Sofia Agostinho, do 11.º G, e Sara Morais, do 10.º F.

A próxima fase tem lugar no dia 19 de março, na Escola Secundária de Gondomar, a Escola Coordenadora da zona norte, e os três alunos que seguem em prova em representação do AEAS terão de competir ao mais alto nível para conseguir o acesso à fase final, que terá lugar a 17 e 18 de maio, em Aveiro.

Carmo Oliveira, prof.ª de Português

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Sara Morais, a nossa melhor aluna do Básico

A Sara Morais está, atualmente, a frequentar o 10.º ano de Humanidades e foi considerada a nossa melhor aluna do Básico da AESAS. No 5.º e 6.º anos andou na Escola Básica Eugénio de Andrade, em Paranhos.

Qual a sensação e qual o caminho para chegar à categoria de melhor aluna do Básico de todo o agrupamento?

Nunca pensei nisso! Orgulho-me das notas que tenho, não exatamente por ser a melhor, até porque gosto muito de aprender com pessoas que são melhores do que eu. Estar num ambiente competitivo de maneira saudável pode ser muito benéfico. Na minha turma, tenho colegas que são muito boas alunas e eu acho que é algo que me estimula. Deixei a turma do 9º ano, com colegas que já me acompanhavam há vários anos e agora tenho um ambiente diferente, com outras pessoas e sinto que isso está a ajudar muito no meu crescimento. Consideras que passas muitas horas a estudar? Como ocupas os teus tempos livres?

Não sei responder, estudo regularmente, tento estudar todos os dias, mas nem sempre consigo. O ano passado não estudava tanto, só antes dos testes. Agora procuro fazer as tarefas com tempo para não “panicar” à última da hora e procuro rever aquilo que dei nas aulas. Tenho outras atividades que gosto de fazer, ando aqui no des-

porto escolar, no Volley. Em casa, por vezes, também aproveito para jogar com amigos, porque moro num sítio que tem um bom espaço exterior. Pratico escalada na faculdade de Desporto, toco piano, frequento a catequese e não dispenso estar com os meus amigos. Quando o tempo permite, gosto de ir à Baixa e à praia e… gosto muito de ler.

Os teus pais controlam as tuas horas de estudo?

Nunca tive ninguém que me mandasse estudar. Aliás os meus pais proibiram-me de estudar ao fim de semana.

Quais são as tuas expectativas para o 10ºano?

Passar de ano! Nada é garantido. No 10º ano desce-se sempre um bocado, mas tento manter ou, se possível, subir as minhas notas. Não penso muito nisso. Ainda não tenho nada determinado como profissão de futuro. Quando me perguntam, eu respondo Direito, mas os meus pais dão-me total liberdade, não fazem pressão alguma. Falo em Direito, porque gosto muito de defender as pessoas, pensar em argumentos.

Ficamos a saber que embora toque ao piano música clássica, a sua música preferida fica no espetro Taylor Swift, aliás a camisola que vestia no dia da entrevista (ver foto) denunciava essa preferência.

Sara Isabel Costa Silva T. Morais, 10.ºF

Entrevistada por Madalena Pinto, 8.ºC

3 I Jornalesas

Não te esqueças de que tens os olhos verdes

Palestra Literária da neta de Maria Judite de Carvalho, Inês Fraga

AEscola Secundária Aurélia de Sousa teve a honra de receber uma convidada especial, a professora Inês Fraga, neta de Maria Judite de Carvalho. A sua visita foi programada pela professora estagiária Cândida Barbosa, que a convidou para falar aos seus alunos do 12.º ano, os quais se encontravam a estudar um dos contos da sua avó, a saber: “George”. A palestra teve lugar no Auditório da Escola, entre as 10:30h e as 11:20h, e contou com a presença das turmas B e C do 12.º ano.

Inês Fraga apresentou o percurso pessoal e profissional da avó, o que cativou a plateia, desde o primeiro segundo. Posteriormente, abordou o conto “George”, sob um ponto de vista biográfico, de forma a alargar os horizontes literários dos estudantes. Por fim, os alunos puderam, de forma livre, dialogar com a palestrante. Tivemos oportunidade de ouvir uma neta, comovida, a falar de uma avó. Maria Judite de Carvalho, uma mulher despojada de afeto desde a infância, marcada pela tristeza de uma orfandade que nunca a abandonou. Segundo Inês Fraga, a personalidade triste da sua avó manifestou-se na sua obra. Contudo, não considera que a tristeza, como manifestação pessoal e literária, seja, para Maria Judite de Carvalho, uma forma de apatia, mas sim de resistência. Abandonada pelos pais, sonhava, triste, com o reencontro, mas resistia. Em Tanta gente, Mariana, recordou Inês Fraga, a escritora conta a história de uma menina, Mariana, quinze anos, que é encontrada a chorar no quarto pelo seu pai. Mariana diz ao pai que não se passa nada. Este responde-lhe: “Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e muita gente à nossa volta. Tanta gente, Mariana! E nós tão sós. E ninguém pode fazer nada por nós”. Triste, Mariana, está abandonada a si própria, e só pela sua tristeza ativa e solitária poderá resistir no mundo.

Por fim, recordemos uma história que a neta da escritora nos revelou. No último dia que viu a sua avó, esta disse-lhe: “Nunca te esqueças de que tens os olhos verdes.”.

A neta não entendeu as palavras, pois, de facto, não tem os olhos verdes. Após o funeral da escritora, mexendo em papéis, encontraram um poema inédito:

Eu dantes tinha olhos verdes

Só agora reparei

Verdes, viam tudo verde por que eram verdes, não sei.

Hoje olham e reconhecem que há muito mais cores para ver.

Cor de flor, que logo esquecem

Cor de charco a apodrecer.

Inês Fraga, depois de ler o poema, pensa saber aquilo que a avó lhe quis dizer com aquelas palavras: pediulhe para nunca perder a alegria do olhar.

Fiquemos com estas palavras de Maria Judite de Carvalho. Não nos esqueçamos de que os nossos olhos são verdes.

ESAS , 27 de fevereiro de 2024

Texto dos estagiários Cândida Barbosa e Rafael Cepa sobre a conversa com Inês Fraga.

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LEMUN 2023

Desafios Globais, Amizades Sem Fronteiras

No início de dezembro de 2023, eu e um grupo de colegas da escola, embarcamos numa jornada inesquecível no Leiden Model United Nations (LEMUN). Como representantes da delegação Australiana, participamos em debates, contribuímos para discussões globais e, acima de tudo, criamos laços duradouros.

A atmosfera da típica cidade holandesa, Leiden cativou-nos desde o início e ao entrar no Stedelijk Gymnasium Leiden Athena, fomos imediatamente envolvidos pela atmosfera vibrante e multicultural que caracteriza este evento internacional. Esta diversidade enriqueceu as nossas interações e debates, proporcionando um ambiente propício para a compreensão global.

Em comités diversos, desde o Grupo de 20 até à Assembleia Geral, enfrentamos desafios complexos, desde desafios ambientais até conflitos geopolíticos, que exigiram pensamento crítico e colaboração. O nosso compromisso em

defender os interesses australianos e em contribuir para um diálogo global construtivo destacou-se durante as intensas negociações.

No entanto, a verdadeira riqueza do LEMUN revelou-se nos momentos fora dos comités. Trocámos experiências com estudantes de todo o mundo, tanto com os nossos hosts, como com os outros delegados ou com os membros do staff e construímos amizades que transcendem fronteiras. No entanto, a experiência no LEMUN não seria completa sem a festa "Let it snow" no último dia. Ao refletir sobre esta experiência única, percebemos que o LEMUN não nos preparou apenas academicamente, mas também nos deixou com memórias que durarão para sempre.

Ana Lúcia Camelo, 12.º C

5 l Jornalesas gaa@ae-aureliadesousa.com

Percurso Torguiano

Visita de Estudo

No âmbito da disciplina de Português, mais concretamente na rubrica da «Educação Literária» Poetas do Século XX, os alunos do 12.º ano de escolaridade (perto de uma centena), acompanhados pelos professores de Português, professores estagiários na disciplina e por um professor de Matemática, participaram numa visita de estudo, Percurso Torguiano, no passado dia 15 de fevereiro.

Com o objetivo de conhecer os locais relacionados com a obra poética de um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX, os alunos começaram por visitar o Espaço Miguel Torga, cujo projeto arquitetónico é da autoria de Eduardo Souto Moura. Foram lidos alguns poemas, produzidos pelos alunos, de homenagem ao escritor. Seguidamente, deslocaram-se à casa onde Miguel Torga nasceu e residiu durante toda a infância.

Nesse espaço, encontram-se preservadas diversas memórias do poeta. Também o retábulo em talha dourada e a pintura do teto da Capela de Nossa Senhora da Azinheira não deixaram os estudantes indiferentes. A visita/ «aula in loco» foi concluída, a 566 metros de altitude, no Miradouro de S. Leonardo de Galafura, que "Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza." (Diário XII, Miguel Torga).

Deste modo, a visita de parte da região do Douro Vinhateiro, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, proporcionou, para além de momentos singulares de convívio, uma oportunidade para conhecer melhor Torga e um estímulo à leitura e à preservação de um tesouro de beleza ímpar.

Catarina Teixeira, 12.ºA

E, de novo, Sobe a pedra

Sísifo

E a Deus eu louvo

Para não ter quebra

Neste caminho duro.

Sou futuro!

Falta-me liberdade.

Mas, quando lá chegar, Vou festejar?

Se calhar, eu não quero liberdade…

E muito cansado, Vou subindo.

Avisto ao longe uma montanha.

Não me é estranha…

E rindo, Conquistado, “Irei por lá passar”.

Castigo Infinito

Que faz pensar…

Afinal, é um castigo bonito.

Vicente Matos, 12.º E

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Aprender nas ruas da cidade do Porto

Aturma 10º B da Escola Secundária Aurélia de Sousa realizou uma visita de estudo pelo centro histórico do Porto, inserida no estudo das Crónicas de Fernão Lopes/O casamento de Dom João I e Dona Filipa de Lencastre, no dia 11/01/2024.

A visita foi uma excelente oportunidade para dar a conhecer aos alunos a parte mais antiga da cidade que é de extrema importância em termos culturais devido ao seu antigo património, reconhecido pela UNESCO como património mundial da humanidade, demonstrando assim a sua relevância a nível nacional e mundial.

A visita proporcionou também a hipótese de observar cada pormenor dessa zona da cidade do Porto. O guia acompanhou a turma desde a casa do Infante Dom Henrique até à Sé do Porto, passando pelas ruelas da Ribeira, Igreja de S. Francisco, Palácio da Bolsa, Rua

das Flores, Rua da Banharia, o que possibilitou uma melhor e mais completa visão da cidade, quer no passado quer no presente.

A beleza do Porto é notória, beleza que resulta da própria natureza da cidade, do seu enquadramento geográfico (rio e escarpas), conjugado com os edifícios medievais e mais recentes, bem como pela renovação arquitetónica consequência do recente “boom” turístico que a cidade sofreu.

Sair fora do espaço físico da escola, aprender noutros locais é sempre muito agradável e gratificante e, com esta visita, percebemos como real e literatura se cruzam.

Rodrigo Miguel Dourado, 10.º B

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Projeto Cultural de Escola
“WORLD OF DISCOVERIES”

Na redescoberta da saúde Lusitana nas naus quinhentistas

Conhecer a aventura dos descobrimentos portugueses promove a valorização de grandes feitos e da superação de um vasto rol de grandes obstáculos que ameaçaram a saúde física e a saúde mental das tripulações das naus lusitanas.

“Saúde é o nosso lema!” – afirmam os alunos do 9ºA. E foi nesse contexto que viajaram no Museu dos Descobrimentos, em busca de vivências e comportamentos da época quinhentista.

Avaliar a organização espacial do interior de uma nau permitiu compreender as dificuldades inerentes à alimentação dos marinheiros e os fatores condicionantes da falta de uma higiene básica, durante as viagens da rota das especiarias.

Imaginar as emoções da tripulação das naus ao ver animais de grande porte nunca antes vistos, prever as suas reações ao calor tropical e a fenómenos atmosféricos desconhecidos, compreender os efeitos de doenças novas em marinheiros debilitados pela falta de frutos e

legumes frescos...foram esses alguns dos desafios que os alunos do 9ºA tiveram de enfrentar. O conhecimento de novas civilizações terá certamente sido um prémio para os marinheiros aventureiros e para quem liderava as expedições ao serviço do Rei português, mas foram muitas as perdas de saúde e os sofrimentos que caraterizaram a perigosa vida das tripulações, durante anos, em pleno oceano.

No Museu, sentimos a emoção da partida, na praia do Restelo, o perigo da guerra, ao passar por Ceuta, e a violência das tempestades em alto-mar...mas sabemos que isso foi só uma pequena alusão aos problemas das viagens dos Descobrimentos. O pior ficou certamente por contar! É assim a História, em que grandes feitos sobrevivem graças a heróis desconhecidos! A esses portugueses do passado, a nossa homenagem!

Alunos do 9.º A Prof.ª Manuela Lopes

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Há física no som

Os alunos do 8º ano participaram na oficina “Há Física no Som”, realizada na Casa da Música e orientada pelos formadores Inês Lapa e Filipe Fernandes. Os alunos experimentaram as diferentes atividades, colocaram questões pertinentes e, em conjunto, foram capazes de participar num concerto, utilizando materiais do dia a dia. Esta oficina permitiu, através da abordagem STEAM – Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics, motivar os alunos para o estudo do Som, bem como estimular a sua criatividade, a atenção, o espírito crítico, a criação musical e a exploração de objetos do nosso quotidiano que produzem sons com diferentes características.

A participação dos alunos neste workshop foi considerada bastante positiva. As atividades preparadas, bem como a qualidade dos monitores permitiu que os alunos tivessem demonstrado entusiasmo e interesse .

Casa da Música : 4 e 7 de dezembro de 2023

Prof.ªs Ana Isabel Amaro e Clara Mesquita

Parque Paleozóico

Museu da Lousa em Valongo

AVisita de estudo

s turmas 7.ºA e 7.ºB da Escola Aurélia de Sousa fizeram uma visita de estudo a Valongo.

De manhã, a turma do 7ºA foi ao Museu da Lousa, enquanto o 7ºB visitava o Parque Paleozóico de Valongo. De tarde, foi ao contrário.

No Parque Paleozóico de Valongo, as turmas fizeram um percurso de 5 km com um guia que lhes explicou tudo o que observavam, como por exemplo, dobras e falhas geológicas, animais, espécies raras e muitas outras curiosidades do Parque.

No Museu da Lousa, as turmas receberam uma breve explicação sobre como viviam e trabalhavam os mineiros, antigamente. Depois, os alunos foram levados a fazer pinturas em ardósias. Aconselhamos todos a fazer esta visita, pois irão encontrar algo nunca antes visto! Também recomendamos visitas ao Museu, pois poder observar o modo como viviam e trabalhavam estes mineiros é extremamente interessante!

Valongo, 20 de fevereiro de 2024

Margarida Figueiredo e Matilde Oliveira, 7.ºB

9 l Jornalesas

Benefícios para

a

saúde PARQUE ORIENTAL

OParque Oriental da cidade do Porto é um parque urbano com caraterísticas únicas, acompanhando o curso do rio Tinto e incluindo grande biodiversidade. Inicialmente, com dez hectares abertos ao público em 2010, tem atualmente uma extensão de dezoito hectares e atravessa zonas habitadas e vias de comunicação, possuindo uma riqueza histórica de património construído e de costumes.

No âmbito de uma atividade proporcionada pela C.M.P., a nossa turma (9ºA) visitou este espaço verde da cidade e registou as vantagens e desvantagens do parque para a saúde e bem estar dos seus utilizadores. Vimos várias pessoas a correr ou a fazer ginástica ao ar livre. Outros passeavam e aproveitavam o bem-estar proporcionado pela Natureza.

O aspeto mais negativo que identificámos foi o mau cheiro do rio Tinto, na proximidade da Estação de Tratamento de Águas Residuais

(ETAR). No restante troço, o rio não aparentava estar poluído. Achamos também que o parque poderia ter algumas casas de banho e mais bebedouros dispersos pelo percurso. Compreendemos que o arquiteto Sidónio Pardal se preocupou, certamente, com a possível má utilização dessas estruturas de apoio, porque muitas vezes as pessoas não sabem valorizar o que lhes é proporcionado e não deve ser fácil fazer o policiamento de uma área tão grande.

Globalmente, gostamos muito do Parque Oriental, apesar dos aspetos que referimos.

Em contexto de saúde, os parques urbanos proporcionam condições para o relaxante contacto com a Natureza e para a tão importante prática de exercício físico na vida quotidiana das pessoas. O Parque Oriental não constitui exceção e aconselhamos mesmo a sua visita.

Alunos do 9.ºA

Prof.ª Manuela Lopes

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Fomos ao Planetário do Porto

Os alunos do 7º C fizeram uma visita de estudo ao Planetário do Porto. Nesta visita de estudo, os alunos realizaram duas atividades: uma sessão imersiva e uma atividade experimental acerca do peso e da massa de um corpo em diferentes planetas.

A oficina iniciou-se com uma sessão laboratorial sobre a observação do Sol com telescópio e a atividade prática, O peso certo. Esta atividade teve como objetivo determinar o peso de um astronauta noutro astro do Sistema Solar (Lua, Marte, Úrano e Neptuno).

De seguida, os alunos assistiram à sessão imersiva que consistiu na curta-metragem: Exoplanetas, no momento imersivo principal; O Espantoso telescópio, no momento imersivo complementar; Uma aventura no Sistema Solar, no momento imersivo ao vivo.

Na minha opinião, a visita de estudo foi bastante interessante. Houve muita interação com os alunos,

que tiveram a oportunidade de estar com especialistas na área e puderam assistir a vários filmes na cúpula que lhes proporcionou uma visão do filme de 360º. Os monitores, que nos explicavam o que fazer e esclareciam dúvidas, caso necessário, eram muito simpáticos, ajudando os alunos a compreenderem melhor todas as situações.

Além disso, foi muito importante para consolidar a matéria dada nas aulas e tirar dúvidas.

Para concluir, acho que a visita de estudo superou as minhas expectativas, pois foi enriquecedora e, ao mesmo tempo, divertida.

Planetário, 9 de janeiro, 2024

Guilherme Hermenegildo, 7.ºC

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Uma horta para ser feliz

Lugar da Ciência, Aurélia de Sousa

Sendo este o título de um livro que é um verdadeiro guia para quem quer cultivar no seu jardim ou na sua varanda, encerra também a filosofia de vida que se pretende para a comunidade escolar. Afinal, produzir alimentos de forma sustentável é saudável, inteligente e dá felicidade a quem o faz!

O projeto “Mais hortas”, orientado pela CMP, apoiado pela LIPOR e dinamizado pelos professores Alexandre Libânio, Manuela Lopes e Marina Gonçalves (com a preciosa colaboração das Assistentes Operacionais Ermelinda Carvalho e Matilde Alves), dá força a este novo propósito de ensinar capacidades especiais e fazer felizes todos os que quiserem aprender a tirar alimentos do solo em vez de tirar coelhos da cartola. Começámos pela familiarização com as caraterísticas do solo e com a biodiversidade que o mesmo abriga. Depois, os alunos encheram alguns garrafões com terra e aí mergulharam as sementes que lhes foram fornecidas .

Um aluno, com as sementes na palma da mão, pergun-

tou-me “Para que é isto?”. Percebi, então, que não me tinha lembrado de lhe explicar a magia que acontece com uma semente Mas como explicar um assunto tão complexo, a quem está a aprender as bases do conhecimento? Entendi que o melhor seria deixar que visse todos os passos do truque natural, desde a sementeira até à colheita (o ponto mais alto da magia!). Foi assim que lhe coloquei a questão “Vamos descobrir o que vai acontecer com esta semente?”, explicando-lhe que para fazer essa investigação teríamos de regar regularmente, que o solo teria de ser periodicamente enriquecido com o que tiramos do compostor e que teríamos de saber esperar.

A curiosidade instalou-se. “O que irá sair dali?” - foi a pergunta que ficou no ar Quer saber??... Pois terá de esperar para ver sair da terra da nossa horta uma plantinha que irá crescer e ser coroada com algo maravilhoso como um pimento, uma abóbora ou outro alimento muito saboroso.

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LdC
José Cardoso ( 9.ºD), Joana Silva (10.ºG) Fábio Botelho (11.ºG) , Carlinda Castro (9.ºD) com a prof.ª Joana Cardoso

Viver no silêncio

As coisas que eu não sabia!

Os surdos, não são mudos, comunicam através da Língua Gestual Deficiência ingrata porque não se vê.

A maioria das pessoas desconhece o que acontece na vida daqueles que nascem sem ouvir ou que perderam a audição por razões diversas. Nós quisemos saber, até porque entendemos que o conhecimento é uma forma de combater o isolamento em que são forçados a viver.

Conversamos com a Dr.ª Ana Bela Baltazar, Intérprete e Psicóloga Clínica, sobre o universo das pessoas surdas e do mundo de incompreensão que as rodeia. Estamos a tratar de uma comunidade fechada, que constitui uma subcultura portuguesa, e, se não conhecermos as suas características, a sua forma de pensar e de estar, torna a comunicação muito difícil. No seu trabalho, a Psicóloga Clínica alia o domínio da Língua Gestual à saúde mental, o que a diferencia e lhe acrescenta valor. A Dr.ª Ana chegou a ser a única profissional intérprete a nível nacional.

Por vezes temos a sensação de que há um conhecimento e um domínio generalizado da Língua Gestual. É verdade?

Não, não há muita gente no nosso país que domine a Língua Gestual, embora já haja a possibilidade de formação. Pode tirar-se um mestrado e uma licenciatura na ESE do Porto, Coimbra ou de Setúbal e Curso de Tradução e Interpretação de Língua Gestual. Mas 3 anos, que é a duração média do curso, não são suficientes para se aprender e dominar a Língua Gestual, particularmente para quem nunca teve contacto com surdos. Os alunos terminam o curso, mas se não entram logo no mercado de trabalho, esquecem facilmente. Trata-se de um mundo novo e diferente, há uma memória visual que tem de se apurar e desenvolver muito. Aprender alguns gestos não é suficiente, é necessário que a tradução seja fluente. Não são só as mãos, as expressões faciais e corporais também são componentes a considerar. Para qualquer indivíduo dominar a Língua Materna e a Língua Gestual, ou seja, aprender as duas línguas é uma mais-valia. Pode não ser a profissão principal, mas será sempre mais uma competência a apresentar no currículo.

Há muita procura no mercado para quem domina a Língua Gestual?

Sim, há muita procura de intérpretes de Língua Gestual, principalmente para quem tem histórico na área como eu que já exerço há mais de 30 anos. Os órgãos de comunicação visual são hoje legalmente obrigados a ter estes profissionais. Contudo, deveria haver mais programas traduzidos para Língua Gestual, tais como documentários e outros que divulgam conhecimento e cultura. Não há capacidade para cobrir as idas ao médico, ou ao tribunal, por exemplo. Há muitas necessidades que ficam por cobrir.

E se todo os programas forem legendados?

Um surdo não domina a Língua Portuguesa, mesmo que os programas tenham legenda, eles têm muita dificuldade em interpretar. Pensam na língua deles e a sua estrutura gramatical é diferente, pois não possui conjugações verbais ou preposições. Leem e escrevem de acordo com a Língua Gestual que não tem nada a ver com o Português. Daí a dificuldade de passar de uma língua para outra e o desinteresse pela leitura.

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Os surdos têm sucesso escolar?

Existem escolas especializadas para os receber, como por exemplo, aqui muito próximo, a Escola Básica Eugénio de Andrade, em Paranhos, e a Escola Secundária Soares dos Reis, com professores, intérpretes e terapeutas. Todavia, as limitações de compreensão dos textos condicionam severamente o sucesso escolar. Responder às questões de um teste de qualquer disciplina é uma impossibilidade. Atualmente, os curricula são adaptados apesar de que a forma como as respostas da tutela estão a ser dadas não é, a meu ver, a que lhes garante a autonomia que precisam.

Não aprendem a fazer a leitura labial e necessitam de andar sempre acompanhados de um intérprete. Esta situação de dependência, no dia a dia, não é viável. Deveriam

desenvolviam competências manuais, saíam aptos para o mercado e tornavam-se independentes. Eram alfaiates, eletricistas (…)

O que o futuro próximo lhes reserva?

Hoje, são feitos testes logo à nascença. Antigamente, era difícil, considerava-se que eram crianças distraídas, que não reagiam (…) e eram detetados muito tardiamente. Estamos numa fase de mudança, porque cada vez surgem mais crianças em que lhes é implantado, através de cirurgia, um dispositivo que lhes permite ouvir, chama-se implante coclear. Apesar de terem um aparelho, não deixam de ser surdos. Quando isto acontece, os pais não se interessam, nem estimulam a aprendizagem da Língua Gestual, mas é um erro, pois seria mais uma ferramenta. Porém, nem todos podem ser implantados. Também há quem não queira e há quem não se adapte. Principalmente, se a intervenção não acontece logo nos primeiros anos de vida. Nessas situações os sons não são compreendidos, o cérebro não aprendeu a ouvir, a distinguir os sons e as queixas são de fortes dores de cabeça. Surgem situações em que é retirada a parte exterior do implante e desistese da tecnologia.

Sabias que…

• Cada país tem a sua Língua Gestual e os gestos resultam de caraterísticas visuais ou culturais, são criados de forma diferente nos diversos lugares do mundo.

• Um intérprete de Língua Gestual não deveria ter sessões que ultrapassassem 45 minutos /1 hora, dada exigência da tarefa

• Em Portugal, estima-se que existam cerca de 120.000 pessoas com algum grau de perda auditiva

• 15 de novembro é a data escolhida para assinalar o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa (LGP), porque foi nesse dia, em 1997, que a Constituição da República reconheceu a LGP como a língua da comunidade surda portuguesa.

Em tempos, havia escolas com oficinas em que os alunos

Na foto Margarida com a Dr.ª Ana Bela Baltazar Entrevista realizada por Margarida M. Carvalho, 8.º C Equipa Jornalesas

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O que diz esta imagem?

Democracia nas escolas

O que é o projeto “OS 230”?

“Os 230” é um projeto de responsabilidade cívica independente, apartidário e sem fins lucrativos, que ambiciona contribuir para o reforço da democracia portuguesa e promover a participação cívica consistente de toda a sociedade.

Sendo o projeto de natureza apartidária, pauta-se por padrões de neutralidade e transparência, não tendo os voluntários filiação partidária.

Porque surgiu? Quais os objetivos?

Portugal é hoje, felizmente, um país democrático. Mas viver numa democracia não é só um direito é também um dever cívico de conservá-la e aperfeiçoá-la, por isso nasceu este projeto que procura aproximar de forma transparente a classe política de todos os cidadãos.

Porquê “OS 230”?

Em S. Bento, na assembleia da República, são 230 os deputados que têm a responsabilidade de representar mais de 10 milhões de portugueses.

O que aconteceu na ESAS?

No âmbito deste projeto, acreditando que o seu contributo é valioso, deslocaram-se à ESAS, Mariana Nóbrega e Afonso Vicente, incansáveis voluntários, que deram dezenas de sessões aos alunos do Básico (9ºano – 50 min.) e do Secundário (10.º/11.º/12.ºanos – 90 min), invocando a importância da literacia política.

Tudo foi explicado, com muita jovialidade, rigor e paciência. Não faltou nada, falaram sobre o funcionamento da Democracia Portuguesa, esclarecendo como tudo acontece, quais as competências dos órgãos de soberania (Presidente da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais), como se fiscalizam entre si, passando ainda pelo processo de formação de partidos políticos e das eleições nacionais.

Para os curiosos

Os que não tiveram o privilégio de poder assistir às sessões, aqui fica o link para o vídeo de apresentação e o site site: https://www.youtube.com/watch? v=bxh4MX95d0k e www.os230.pt

Com estas ações a democracia sai fortalecida, podem ter a certeza!

A ESAS agradece reconhecida o exemplar desempenho dos voluntários Mariana e Afonso Equipa Jornalesas

Foto acima Mariana Nóbrega da Universidade Católica e Afonso Vicente da Universidade Portucalense voluntários do projeto

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12.ºG
F
12,ºD e
12,º

Eça de Queiroz - Tormes

O venusto percurso pela ruralidade baionense

No final do passado mês de fevereiro, os alunos do 11.º ano dirigiram-se, cumulativamente, num venusto percurso pela sedutora e convidativa ruralidade baionense, ao Mosteiro de Ancede e à Fundação Eça de Queiroz, em Tormes.

Na verdade, é de objetar, por excelência, que esta visita se realizara como forma de colmatar, isto é, solidificar, os conhecimentos atinentes à augusta personalidade literária do século XIX – Eça de Queiroz – estudada nas aulas de português, bem como amplificar a mundivisão juvenil de um abonado património material e cultural lusitano que, malgrado se tolde entre as acidentadas colinas nortenhas – como é o caso – deve ser, impreterivelmente, valorizado. Calcorreando os sinuosos trilhos do norte continental, as viagens contaram com a presença ininterrupta da partilha de experiências e momentos de convívio, que pautaram, em profundidade, toda a visita.

Em Ancede, mais precisamente no Mosteiro, os alunos tiveram contacto com um insigne espaço, o qual, percorrendo séculos de periclitante história, fora renovado, conservando, todavia, o primogénito arcaboiço de um convento, primeiramente, agostinho e, a posteriori, dominicano. Note-se que, a par do mosteiro, houve, ainda, a possibilidade de conhecer a capela do Senhor do Bom Despacho, onde os figurativos contornos barrocos sobreluziram, preponderantemente.

Por sua vez, já na Fundação Eça de Queiroz, a frescura da sussurrante e serrana brisa, que envolvia a casa-museu, gerou, deste modo, o ambiente consentâneo e aprazível à visita de um espaço que, verdadeira e objetivamente, inerente aos seus alicerces, contém impregnado a identidade de uma família faustosa que, no campo, segregado

do citadino, encontrara o ad aeternum refúgio. Gradativamente, orientados pelo domicílio do escritor, muitas informações relativas à sua vida particular foram surgindo, propiciando, então, uma melhor compreensão do tão completo meio em que Eça estivera envolto. Com efeito, ateste-se, também, que, simbioticamente com a obra Os Maias, entre outras, a correlação concretizada entre obras e aspetos biográficos robusteceram a cabal assimilação dos factos. Além disso, é de conjeturar que não somente se ficou, pois, a conhecer melhor o “meio” queirosiano, como se imergiu, em certa medida, num tempo e espaço já tão distantes, tomando parte de um universo elogioso materializado em cada objeto, detalhe, apontamento Resta acrescentar que, impreterivelmente, esta visita de estudo fora o mote – em tom motivador – para todos nós, alunos, acolhermos a interpelativa e idiossincrática escrita de um autor extremamente sagaz, ávido crítico do seu tempo. Conhecer Eça será, quiçá, para um português, uma incumbência! Aliás, quanta não será a ignorância da alma que o olvida, que enegrece a sua apoteótica nuance descritiva, analítica, progressista...? Em suma, edificada perante uma atmosfera de concórdia e fuga do veemente quotidiano, a ida até Baião revestiuse da necessidade de, por um lado, conhecer melhor a vida e obra de Eça de Queiroz, e, por outro, valorizar o património cultural português e desenvolver competências de natureza plural (quer literárias, quer socioculturais).

António Pedro Moreira 11.º F Tormes, 28 de fevereiro de 2024

16 l Jornalesas l março L X V I I I

Experiências no versejar

A turma C do 12.º ano de escolaridade escreveu, alterando segmentos frásicos criados pelos Inteligência Artificial, pequenas aparências de poemas. Sentiram que aquilo que a Inteligência Artificial lhes ofereceu era desprovido de emoção e beleza sintática, próprias da poesia. Portanto, estes não são poemas. São objetos para a construção de uma pergunta: continuaremos livres caso não adotemos uma postura crítica em relação às novas tecnologias?

Poema sobre Manuela de Azevedo

Uma voz de resistência, contra censuras e proibições. Oposição à prepotência e às descabidas imposições.

Foi em páginas proibidas que desafios enfrentou. Jornalista destemida, pelas verdades que revelou.

Poema sobre Maria Lamas

Maria Lamas, Defensora das mulheres, com ardor sem igual

Em cada verso um grito contra o mal, Teu exemplo ressoa, soberano e em chamas. Nas linhas do tempo, tua história se entrama, Maria Lamas, tua coragem nos inflama, Teu legado perdura e em cada alma se aclama.

Poema sobre Maria Keil

No silêncio da luta levantou a voz. Ilustrou sonhos que no silêncio ecoam.

No palco da vida, nas tintas da alma a eternidade a pairar.

Azulejos contam histórias, segredos da cidade o íntimo do seu coração.

Maria Keil, uma inspiração.

9.ºDLeonor Matari, Maris João Andrade, Soraia Matari, Leonor Rocha e Sofia Ye

9.ºD

Leonor Matari

Maris João Andrade

Soraia Matari

Leonor Rocha

Sofia Ye

17 l Jornalesas
Leonor Rocha e Sofia Ye, 9.ºD

Assaltos Poéticos ou

Brigadas da Resistência e da Liberdade

(…) são uma iniciativa que tem como objetivo central promover a poesia em contexto escolar.

Aatividade decorrente do Projeto Cultural de Escola, foi-nos proposta pela professora Catarina Cachapuz. É, realmente, desafiante, oferecer poesia aos alunos de uma forma diferente e sedutora.

Neste sentido, aquilo que nos foi proposto foi realizar a atividade “Assaltos Poéticos”, no âmbito da semana na qual se celebra o Dia Mundial da Poesia. Contudo, estes assaltos têm uma outra missão: falar de liberdade através da voz de poetas, no ano em que se comemoram os cinquenta anos da revolução dos cravos e se celebram os quinhentos anos do nascimento daquele que nos faz, sempre, renascer enquanto povo vivo pela poesia e para a poesia, Camões. Somos um povo criança, que acredita na verdade e na força da palavra, que sonha com os poetas e, com eles, sobrevive em liberdade. Queremos levar aos alunos a força da liberdade.

A proposta que apresentamos é fruto de bastante leitura de documentos curriculares, escolares e de bibliografia científica e pedagógica. Tudo isto para que consigamos atingir o nosso objetivo com eficácia: levar, com os alunos e pelos alunos, a liberdade através da poesia para toda a comunidade escolar.

Espera-se, então, que os estudantes sejam capazes de ler poemas com expressividade, que sejam capazes de comunicar eficazmente com o público-alvo que lhes será dado,

de maneira que possam fazer com que os seus pares tenham um momento de fruição artística através do material poético (Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória). Para isto, iremos reunir com os alunos propostos pelos professores de Português do décimo segundo ano de escolaridade e pelos alunos propostos pela professora Lígia da turma de Literatura Portuguesa do décimo primeiro ano de escolaridade. Reunindo com eles, iremos, em diálogo, escolher os poemas que cada um quer ler aos colegas. O critério, contudo, não será só este, pois teremos que encontrar poemas adequados a cada nível de escolaridade. Um poema simples será mais adequado para uma turma do sétimo ano de escolaridade e um poema complexo será mais adequado para uma turma do décimo segundo ano de escolaridade. Posto isto, iremos discutir o poema com cada um dos alunos, pois apenas lhes será possível comunicar algo a partir de momento que conhecem, com profundidade, o objeto da sua comunicação.

Sendo a fruição o nosso principal objetivo, parece-nos que explicar, depois da leitura, o conteúdo dos poemas aos colegas, será contraproducente. Isto porque expor algo sobre os poemas seria adotar uma postura semelhante à lecionação das aulas de Português e não é esse o nosso objetivo. Assim, espera-se que o tempo de aula ocupado por cada assalto não excederá os três ou quatro minutos. Contudo, iremos fazer, mais tarde, um inquérito por questionário a todos os alunos da escola e professores envolvidos, de maneira a compreendermos os efeitos e resultados desta atividade. Este inquérito por questionário também servirá o projeto de Investigação-Ação do professor estagiário Rafael Cepa.

Assim, agradecemos à professora Catarina Cachapuz a liberdade que nos deu para pensar e repensar esta atividade.

Texto adaptado do projeto /estagiários de Português Responsável superior: Professora Catarina Cachapuz

Orientadoras: Professora Catarina Cachapuz, Professora Ana Amaro, Professora Isabel Morujão (FLUP)

Mentor do Projeto: Professor estagiário de Português Rafael Cepa

Organizadores do projeto: Professora estagiária Cândida Barbosa e Professor Estagiário Rafael Cepa

Pensadas e construídas a partir do projeto BIP (Brigadas de Intervenção Poética), uma iniciativa que tem como objetivo central promover a poesia em contexto escolar. Resultam de um protocolo estabelecido entre a Escola Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves e a Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE).

18 l Jornalesas l março L X V I I I
Júlia - 11ºG

Mãe, esposa e dona-de-casa

Reduzidas ao papel de MÃE, ESPOSA E DONA-DECASA, muitas mulheres, desde cedo, resistiram à sua subalternidade na vida social, profissional e política. A mulher praticamente não tinha direitos. A lei portuguesa designava o marido como chefe de família, donde resultava uma série de incapacidades para a mulher casada: a mulher não tinha direito de voto, a mulher não tinha possibilidade de exercer nenhum cargo político e, mesmo em termos da família, a mulher não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos. Nos anos 60, a manutenção da guerra colonial e a forte emigração que se fazia sentir permitiu que as mulheres saíssem de casa para trabalhar, em substituição dos homens, enquanto as raparigas começaram a invadir os liceus, contribuindo para uma menor passividade da população perante as regras instituídas e para uma maior consciencialização dos problemas sociais. Muitas mulheres, operárias e camponesas, intelectuais e estudantes, trabalhadoras e donas de casa, com origens socioeconómicas distintas, lutaram contra o Estado Novo na clandestinidade, nas prisões, em fábricas, nas universidades, nos movimentos sociais e muitas delas não escaparam à repressão. Nos muitos movimentos que se organizaram ( a Comissão Feminina do Movimento de Unidade Democrática em 1945, o Movimento Nacional Democrático Feminino do Movimento Nacional Democrático, entre 1949-1957, a Comissão Feminina Eleitoral da Candidatura de Humberto Delgado em 1958 ou o Núcleo Feminino da Comissão Eleitoral de Unidade DemocráticaCEUD em 1969), houve mulheres que se destacaram ao alertar para as situações de desigualdade entre homens e mulheres em ambiente familiar, no trabalho, na assistência social ou na vida política. Muitas delas começaram por integrar associações de mulheres como o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas ou a Associação Feminina para a Paz, duas organizações encerradas pelo Estado Novo em 1947 e 1952. Elas intervieram publicamente, falando nos comícios, estando presentes em pa-

lestras e debates, e sentiram na pele a repressão do regime.

Contudo, era sobretudo no mundo do trabalho que, diariamente, as mulheres faziam ouvir as suas reivindicações, lutando pelos seus postos de emprego, pelas oito horas, pelos aumentos salariais ou por melhorias das condições de trabalho. Ainda no rescaldo da II Guerra Mundial, milhares de mulheres manifestaram-se contra a falta de géneros e o racionamento do pão, organizando marchas de fome, duramente reprimidas pelas forças policiais.

Em 62, na “crise académica”, em Lisboa e em Coimbra, as estudantes que entravam em força no ensino superior, marcaram presença em todos os momentos de contestação, tendo sido inclusivamente algumas presas e suspensas das universidades de todo o país.

Em 1968, Marcelo Caetano substitui Salazar. Com promessas de mudança, em 1969 decorreram as primeiras eleições para a Assembleia Nacional, tendo surgido as primeiras candidatas nas listas da oposição da CDE e da CEUD. Nas segundas eleições, em 1973, entre a lista de candidatos da oposição voltaram a surgir nomes de mulheres, inclusivamente o de uma operária, e foram discutidas questões em torno dos problemas das mulheres trabalhadoras. Nesse mesmo ano, três escritoras – Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa – foram julgadas em tribunal pela obra conjunta Novas Cartas Portuguesas.

De Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal, a 28 de maio de 1911, a Catarina Eufémia, Maria Keil, Maria Lamas, Isabel do Carmo, Manuela de Azevedo, e tantas outras, ao processo judicial contra as ‘três Marias’, uma das primeiras grandes lutas pela causa feminista em Portugal, a luta pela igualdade e pelos direitos das mulheres em Portugal só se concretizou com a Revolução do 25 de abril.

Maria João Cerqueira , prof.ª de História aposentada

As escritoras, conhecidas pelas “três Marias” foram julgadas pela obra conjunta Novas Cartas Portuguesas.

Na foto da esquerda para a direita Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno.

19 l Jornalesas

Dia Mundial da Filosofia - ensaio

Fora no dia 16 de novembro que, mais uma vez, se celebrara o Dia Mundial da Filosofia – um marco para uma ciência humana que vê, paulatinamente, numa sociedade putrefacta, a oportunidade para, ainda que somente por um dia, exacerbar a sua crassa importância.

É necessário, com efeito, recuar ao dealbar dos tempos para reconhecer, verdadeiramente, a essência desta atividade crítica e subjetiva. Assim, note-se que, já no século IV a.C, a filosofia – este ambíguo estudo que relativiza e hipotisa tudo – tomava a dianteira do processo evolucionista humano, preponderando nos grandes meios sociais. Com o passar do tempo, esta, transfigurando-se, incumbira-se rotineiramente de impelir para o questionamento e introspeção, a fim de, numa ambição, quiçá, utópica, granjear uma maior consciência social e cívica.

Hodiernamente, e mais do que nunca, urge que a filosofia seja impreterivelmente tratada com a cortesia que merece. Na verdade, se muitas vezes associamos a atividade filosófica a algo mormente, vagaroso, abstrato e que, simplesmente, não se reveste de qualquer utilidade prática, invertamos, urgentemente, esta conceção, não só pelo facto de, regularmente, nos defrontamos com filosofia (ou temas filosóficos) – em conversas, debates, comentários políticos, etc... – mas também visto que esta prima por um pensamento organizado, analítico e simples, logo, cartesiano.

Em 2002, a UNESCO instituiu o Dia Mundial da Filosofia,

fruto de uma obnóxia conjuntura mundial de desleixo e negligência crónica por esta área. Deste modo, a asserção desta comemoração pretende, hoje e sempre, enfatizar o irrevocável contributo para uma humanidade quer a níveis críticos, singulares e autónomos, quer na construção de um mundo mais justo, pacífico, entre outros.... Ademais, o intuito é tentar alargar o ensino da filosofia ao maior número de países.

Efetivamente, de modo a frisar esta data de relevo, o Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa (AEAS), mais especificamente a Escola Secundária Aurélia de Sousa (ESAS), no Porto, incentivou os alunos de filosofia do 10.º e 11.º anos a, ativamente, contribuírem para a edificação de uma filosofia viva, que se transpõe, indubitável e eternamente, para o quotidiano. Entre, por exemplo, a elaboração de cartazes filosóficos, ou, veja-se, marcadores de livros, criatividade e filosofia consorciaram-se, em simbiose apoteótica.

Em suma, quão necessária é a filosofia, nos dias que correm; uma tal que não deve, nem pode, ser toldada. Embora tantas vezes na penumbra, é por meio desta atividade que o raciocínio e a “Arte de bem pensar”, tão necessária, se pronunciam. Já Cícero, orador romano, vangloriava a filosofia, dizendo: «Ó filosofia, guia da vida!»

António Pedro Moreira, 11.ºF

https://antena2.rtp.pt/em

ESCOLA SECUNDÁRIA/3 AURÉLIA DE SOUSA

Rua

20 l Jornalesas l março L X V I I I
Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto Telf. 225021773 novojornalesas@gmail.com
-antena/diversos-especiais/dia-mundial-da-filosofia-21-novembro-7h55-11h55-15h55-17h55-20h55/

Mega Sprinter

Mega Sprinter é um conjunto de provas de atletismo incluindo: velocidade (40 metros), o quilómetro (1000 metros a correr), salto em comprimento e lançamento do Vortex. Esta atividade é promovida pela FPA (Federação Portuguesa de Atletismo) e pela DGE/DE (Direção Geral de Educação / Desporto Escolar).

O Mega Sprinter ocorreu no passado dia 13 de março, no Estádio Municipal da Póvoa de Varzim. A escola disponibilizou almoço e o transporte foi efetuado através de um autocarro de aluguer.

Na minha opinião, esta atividade foi uma experiência única, pois aprendi bastante sobre atletismo num contexto de competição de uma modalidade que nunca tinha praticado. No meu caso, a modalidade foi o lançamento do Vortex, uma modalidade que consiste no lançamento de um objeto de tamanho médio e leve (Vortex). O objetivo é lançar o Vortex o mais distante possível. Além disso, acho que houve uma grande adesão à atividade.

Guilherme Hermenegildo, 7.ºC

Foto da esquerda- Lançamento do Vortex

Foto da direita - Alunos vencedores da 1ª prova na FADEUP - Lançamento do Vortex (1ºlugar – Guilherme, 7.ºC; 2.º lugar – Rodrigo, 7.ºB; 3.º lugar João 7.ºD)

Recomendações Eco-escolas

Vamos todos contribuir na recolha de marcadores usados, para reciclar? Como?

Com a caixa de recolha de marcadores usados

O desafio “RETURN BOX” é o primeiro desafio da edding Portugal, em parceria com a ABAAE e o programa Eco-Escolas e pretende apresentar, em contexto Escolar, a “RETURN BOX” –caixa para recolha de marcadores usados (vazios/velhos) e sensibilizar para a escolha e utilização de produtos produzidos de forma sustentável.

Procura junto da reprografia e na papelaria da ESAS

21 l Jornalesas
“Os meus dias na livraria Morisaki”

Leitura

“Os meus dias na livraria Morisaki” é um livro escrito pelo autor japonês, Satoshi Yagisawa. O livro retrata a história de Takako, uma jovem de 25 anos que passa por um período difícil até o seu tio a convidar para viver na livraria da família localizada naquele que é o maior bairro de livrarias do mundo inteiro, em Jimbocho, no Japão. Inicialmente, Takako pensa em recusar, mas acaba por decidir aceitar e nunca se arrepende de tal escolha. É nessa livraria que Takako se torna uma ávida leitora e ultrapassa um mau momento da vida. É também lá que a jovem conhece melhor o seu tio e descobre o muito que não sabia sobre ele. Na minha opinião, este livro é facilmente lido inúmeras vezes por, de uma forma simples, nos mostrar o deslumbrante tema da paixão pela leitura. Para além disso, esta obra faz qualquer um querer viver no piso de cima de uma livraria. Atualmente, existe uma sequela deste livro “Uma noite na livraria Morisaki”.

Madalena Pinto, 8.ºC

Imagem: https://tinyurl.com/2nyxj36k

OMúsica

livia Rodrigo é uma cantora pop, compositora e atriz norteamericana, de origem filipina. Nasceu dia 20 de fevereiro de 2003. A sua fama iniciou-se através da participação em séries e filmes, mas o rumo da sua carreira tomou um sentido diferente, a partir de 2021, ano no qual lançou o seu primeiro álbum, “SOUR”. Em 2022, realizou a sua primeira digressão - Sour Tour. Entretanto, teve muito sucesso e ganhou bastantes prémios, entre os quais alguns Grammys. Em setembro de 2023, lançou outro álbum, “GUTS” e, este ano, iniciou a sua segunda digressão - Guts World Tour - na qual estão previstos dois concertos em Portugal, em junho.

Quando era pequena, Olivia participou em alguns concursos de música, demonstrando que sempre teve um talento natural para esta área. O seu percurso é inspirador para quem quiser seguir uma carreira artística.

Madalena Pinto, 8.º C

Imagem: https://tinyurl.com/2wy3sa7u

22 l Jornalesas l março L X V I I I

A Matemática é incrível!

Temos um representante do ensino básico na Final Nacional das XLII das Olimpíadas Portuguesas de Matemática.

Quem é?

É o Diogo Lima Teixeira Pinto, do 7.ºB1.

Como te sentes por ser o aluno que levou esta escola mais longe nas Olimpíadas da Matemática?

Eu, honestamente, não pensei que chegaria tão longe nas Olimpíadas, mas fico feliz e espero poder ir à Fase Internacional e representar esta escola.

Muitas pessoas não percebem bem a matemática. O que te fez gostar tanto da matemática?

Sempre gostei da matemática. Acho que a matemática é simples, tem sempre uma solução, é muito prática. A matemática é a base de tudo o que fazemos. É incrível!

Quando e onde é a fase nacional?

A fase nacional é do dia 21 (quinta) até ao dia 24 (domingo) de março, em Santarém.

Estaremos aqui a torcer por ti para que chegues à tão esperada Fase Internacional.

Falando com o Diogo percebemos que não é só a Matemática que o fascina, há ainda a disciplina de C.F.Química, a História

Parabéns e obrigada Diogo.

Margarida Figueiredo, 7.ºB

FICHA TÉCNICA

Coordenadoras:

Ana Margarida Sottomayor (prof.ª) e Julieta Viegas (prof.ª)

Revisão

Revisão de textos: Ana Margarida Sottomayor (profª)

Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª)

Equipa redatorial/outros colaboradores: Alunos 12.ºC; Alunos do 8.ºano; Alunos do 9.º A Ana Amaro, prof.ª de Português;Ana Isabel Amaro, prof.ª de C.F.Química; Ana Lúcia Camelo, 12.º C, Ana Margarida Sottomayor, prof.ª de Português; António Carvalhal, prof.de Desenho e coordenador do Clube de Fotografia; António Pedro Moreira, 11.ºF; Blandina Lopes, prof.ª de Filosofia aposentada; Carmo Oliveira, prof.ª de Português; Catarina Cachapuz, prof.ª de Educação Física; Catarina Teixeira, 12.ºA; Clara Mesquita, prof.ª de C.F.Química: Equipa Jornalesas; Guilherme Hermenegildo, 7.ºC; Joana Cardoso, prof.ª de Educação Visual; José Fernando Ribeiro, profº de Português; Julieta Viegas, prof.ª de Geografia; Lugar da Ciência; Madalena Pinto, 8.ºC; Manuela Lopes, prof.ª Ciências; Margarida Figueiredo, 7.ºB; Margarida M. Carvalho, 8.º C; Maria João Cerqueira, profª de História aposentada; Matilde Oliveira, 7.ºB; Paula Pinheiro, prof.ª de C.F.Química; Rodrigo Miguel Dourado, 10.º B; Sara Morais, 10.ºF; Valência de Apoio à Multideficiência e Vicente Matos, 12.º E. Desenhos de: Alunas da turma D do 9ºano, Leonor Matari, Leonor Rocha, Maris João Andrade, Sofia Ye , Soraia Matari, da turma G do 11.ºano, Júlia e Mariana.

Financiamento:

Brun’s | Pão Quente; Estrela do Lima | Café Restaurante; Estrela Branca | Pão quente, pastelaria; Glam | Cabeleireiro e Estética; | Sapiens, Centro de Estudos; Escola de Condução Costa Cabral e Escola Secundária/3 Aurélia de Sou-

Mariana, 11.º G

Editorial

Ainda fará sentido, nos dias de hoje, comemorar o Dia Internacional das Mulheres?

“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.”

Simone de Beauvoir O Segundo Sexo, vol. 2, A Experiência Vivida

Com estas palavras proferidas por uma das mulheres que mais se dedicou, no século XX, à afirmação dos Direitos das Mulheres e do Movimento Feminista, em França e não só, com os seus livros (ensaios filosóficos e romances literários) e com as suas ações de luta e de libertação das mulheres, afigura-se-nos que é ainda, não só pertinente como urgente, continuar a celebrar o Dia Internacional das Mulheres. Este dia foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1977, através da Resolução 32/142. Tal facto resultou de um conjunto de movimentos de lutas das mulheres trabalhadoras, em vários pontos do mundo, nomeadamente, na Europa e nos Estados Unidos, por melhores condições de trabalho e por direitos que lhes estavam vedados como, por exemplo, o direito ao voto.

Apesar de, ao longo de muitos séculos se ter já feito sentir a existência de uma profunda consciência de desigualdade entre homens e mulheres e de estas terem ido lutando de diversas formas por uma paridade de géneros, os séculos XX e XXI vão ser os séculos da globalização, por excelência, e dos seus efeitos a muitos níveis, incluindo o da luta pelos direitos das mulheres, não só nas sociedades ocidentais como noutras partes do mundo. O século XX foi um século que proporcionou tanto aos homens como às mulheres melhor saúde e longevidade, uma maior democratização da escolaridade e, fundamentalmente, modos de vida marcados pela urbanização e pela multiplicação dos consumos de bens e de serviços. No que toca mais especificamente às mulheres, assistiu-se a uma transformação do trabalho doméstico e do regime da maternidade que diminuiu o tempo necessário a essas atividades de reprodução e lhes permitiu uma maior participação na vida social.

Claro que, intimamente relacionado com esta emancipação progressiva das mulheres está a descoberta de um fármaco – a pílula contracetiva oral combinada –, na segunda metade do século XX, e que se revelou como uma das causas, senão mesmo a causa principal, da revolução dos costumes e da emancipação sexual das mulheres. Com o advento da pílula contracetiva, os códigos tradicionais de comportamento relacionados principalmente com a sexualidade humana e com os relacionamentos interpessoais sofreram ruturas sem retorno, nas décadas de 60 e de 70, no mundo ocidental, e que ainda hoje, mais precisamente na primeira metade do século XXI, continuam a fazer-se sentir de uma forma mais global. Saliente-se que, como consequência direta desta dita “liberdade sexual”, a homossexualidade e outras formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto foram fenómenos sociológicos e culturais que começaram progressivamente a ganhar força nas sociedades ocidentais. No entanto, e como não há bela sem senão, também sabemos que estas evoluções têm sempre o reverso da medalha, pois foi e continua a ser sobre a mulher que recai, na maior parte das vezes, a responsabilidade da contraceção, o que lhe pode trazer alguns efeitos secundários nocivos para a sua saúde física e psi-

ESCOLA

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cológica.

E, para reforçarmos o nosso ponto de vista segundo o qual faz todo o sentido ainda hoje celebrarmos um dia especificamente dirigido às mulheres, ao lermos o jornal “Expresso” de 8 de março de 2024 (mera coincidência a data!), num dos seus artigos intitulado “Mais de 31 mil vítimas de violência doméstica em três anos”, segundo a APAV (Associação de Apoio à Vítima) “a violência é cada vez mais violenta”. Esta violência não tem como alvos apenas as mulheres, mas ao analisarmos os gráficos objetivamente apresentados, destacamos que são estas o alvo mais constante e sistemático. O psicólogo Daniel Cotrim, no mesmo artigo, destaca o seguinte: “Estamos neste ponto porque ainda temos uma sociedade estruturalmente patriarcal e machista, em que as vítimas são olhadas como o elo mais fraco. É uma forma de violência que está naturalizada por questões de género, poder e controlo.” É ainda referido o seguinte dado extremamente alarmante: “Desde o início do ano (e ainda estamos no início de março, acrescentamos nós), pelo menos seis mulheres foram mortas em contexto de violência doméstica, cinco pelos atuais maridos, na casa de família, e uma pelo ex-companheiro.”

Apesar de nos centrarmos no mundo ocidental e em Portugal, mais especificamente, não estamos deliberadamente a esquecer todas as mulheres de outros locais geográficos, sociais e culturais, onde as situações de discriminação e de falta de direitos individuais ainda são mais gritantes. Mas, por vezes, assiste-se a uma tendência generalizada em desvalorizar o que se passa dentro de portas, com a desculpa de que há situações vividas por mulheres noutros países bem piores. Sempre que uma mulher, em qualquer parte do mundo é discriminada, maltratada e, numa situação limite, morta, é urgente chamar a atenção para tal facto e criar condições para que, numa relação de paridade e de reciprocidade entre homens e mulheres, se concretize uma existência do quotidiano mais saudável, mais livre e, simultaneamente, mais responsável entre os diferentes géneros. Consideramos que a escola pode e deve ter um papel importantíssimo a desempenhar na formação de jovens conscientes e críticos que os desperte para a necessidade de desconstruir estereótipos e preconceitos, tantas vezes impeditivos de vivências interpessoais sãs e eticamente responsáveis.

Assim, e para concluirmos, revisitamos Simone de Beauvoir lembrando a pertinência de uma frase que, para nós, é paradigmática de tudo quanto aqui foi defendido e que salienta mais a importância do contexto espaciotemporal e da existência concreta e não tanto da determinação biológica:

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. (in O Segundo Sexo, vol. 2, A Experiência Vivida)

Blandina Lopes

março. 2024

SECUNDÁRIA/3
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