Jerko Ledic, a história de meu pai

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JERKO LEDIC, Meu Pai Pouco sei de seus ancestrais e da história real vivida por este brilhante homem. Umas poucas coisas soube por ele, outras foram contadas e algumas captadas por impregnações. Segundo consta em registros de cartório em 06/09/46, em Roma, Itália, Jerko Ledic nascido em 21 de fevereiro de 1919, em Sarajevo, Bósnia, na Jugoslávia, era filho de Izidor Levi e Bianka Kabiglio (minha avó era do Trieste, atualmente Itália, mas que naquela época fazia parte da Croácia, que por sua vez pertencia ao Império Austro-húngaro. Trieste foi palco de inúmeras escaramuças, inclusive o poeta italiano D'Anuzzio formou uma milícia para invadir aquela porção de terra. E as desavenças continuam latentes até hoje).

Nesse documento consta que Jerko era graduado como construtor engenheiro. Sabíamos que tinha três irmãs, das quais nada sabemos, nem mesmo os nomes. Meu pai teve educação primorosa junto à família do Rei Pedro II Karađorđević, neto do Rei Pedro I da Sérvia e filho da princesa Maria da Romênia e de Alexandre I, (o qual foi assassinado em Marselha por um terrorista croata). Nessa monarquia o regente era o primo do sucessor Pedro II (um adolescente), o Príncipe Paulo Karađorđević (sobrinho de Alexandre I). Meu pai falava sete idiomas: servo-croata, esloveno, russo, francês, italiano, inglês e alemão. Na Segunda Guerra Mundial na Jugoslavia - Em 10/03/1941 o Príncipe regente Paulo assinou o tratado de amizade com os alemães, permitindo às tropas do ‘Führer‘ Adolf Hitler utilizar do seu território para ofensivas contra a Grécia e Albânia. Todavia, em 27/03/1941, explode uma revolta em Belgrado. O jovem Rei Pedro II, assumiu o reinado e então formou novo governo que renegava todo compromisso com Hitler. Essa atitude corajosa faria os jugoslavos pagarem um alto preço. A invasão começou em seis de abril daquele mesmo ano, quando Belgrado sofreu um dos mais violentos bombardeios aéreos de toda a guerra. Os combates formais terminaram e o Rei Pedro II se refugiou em Londres, adotando o estatuto de Governo no exílio, após a ocupação do território de seu País pelos alemães, búlgaros e romenos. Todavia, a Jugoslávia nunca foi conquistada, devido a ação de guerrilha, que fazia seu primeiro teste no seio da guerra moderna, cuja principal matéria-prima é a disposição do povo em não se subjugar.

ASSIM, MEU PAI SE TORNOU, EM 1942 (com apenas 23 anos), UM GUERRILHEIRO SÉRVIO, DO GRUPO DE RESISTÊNCIA ‘CHETNIK’, PARTIDÁRIOS DA MONARQUIA ORTODOXA, SENDO LIDERADOS PELO GENERAL DRAGOLJUB DRAŽA MIHAILOVIĆ. Mihailović se retirou para as montanhas perto de Belgrado, quando os alemães invadiram a Jugoslávia e lá organizou bandos de guerrilheiros conhecidos como Exército Jugoslavo da Pátria. Foi o primeiro movimento de resistência jugoslavo a ser formado Outros jovens, mais tarde, formaram, sob o comando do marechal Josif Broz Tito, a frente de resistência ‘partisan’, de croatas comunistas. A invasão da Jugoslávia virou um pesadelo para os nazi-fascistas, que não conseguiram conter a insurreição. Praticamente sozinhos, durante quatro anos de combate contra os invasores alemães, italianos, búlgaros e romenos, foram utilizadas 40 divisões inimigas, com cerca de meio milhão de homens. Foram mortos 450 mil desses. Foi o mais eficiente movimento de resistência de toda a Europa. O que os estimulava a persistir nesta situação contra a hostilidade comandada por Hitler, QUE MANDOU EXECUTAR 100 REFÉNS PARA CADA SOLDADO MORTO E FAMÍLIAS INTEIRAS DOS JOVENS QUE OPTARAM POR CONTINUAREM NA RESISTÊNCIA, vinha pela rádio clandestina denominada Jugoslávia Livre. As palavras do General francês, Charles De Gaulle; do Presidente americano, Franklin Delano Roosevelt; do inglês ‘Sir’ Winston Spencer Churchill e do bolchevista soviético Iosif Djugashviti Stálin, falando em boletins diários, sobre as ocorrências da guerra e das vitórias alcançadas, os fortificava e os tornaram imbatíveis e impiedosos, mesmo quando cercados. Desse período sombrio, para qualquer um que está no ‘front’, algumas marcas ficaram em seu corpo: uma bala de raspão na testa e duas nas costas.


3 Nota: SEGUNDO ESCUTAMOS, OS PREOCUPAVAM OS LATIDOS DE CÃES - ÚNICO TRAUMA QUE O PERSEGUIU NA VIDA, ALÉM DO ESTAMPIDO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. INDICAVAM SOLDADOS DA OCUPAÇÃO RASTEANDO GUERRILHEIROS. SAIAM EM FUGA, DIZENDO NÃO PODEREM DESCANSAR, TÃO GRANDE A FADIGA E FALTA DE COMIDA, POIS SENÃO NÃO CONSEGUIRIAM SE MOVER NOVAMENTE – IAM ATÉ O LIMITE DA EXAUSTÃO. ALIMENTAVAM-SE ATÉ COM SOLA DE SAPATO E SEMPRE PREOCUPADOS COM INFILTRAÇÃO DE ESPIÕES JUNTO AO GRUPO. UMA VEZ ELE DISSE TAMBÉM – “QUEM COMEÇOU A 1A GUERRA MUNDIAL FOI UM PRIMO MEU, DO GRUPO SECRETO DENOMINADO ‘MÃO NEGRA’”. MAIS TARDE, AO ESTUDARMOS HISTÓRIA, DESCOBRIMOS QUEM ERA. A 1A GUERRA MUNDIAL DEFLAGROU QUANDO O NACIONALISTA SÉRVIO, GAVRILLO PRINCIP, SOB A DIREÇÃO DO MOVIMENTO PAN-SERVO ‘NARODNA ODBRANA’, CHEFIADA PELO CORONEL DRAGUTIN DIMITRIJEVICH, MATOU, NUM ATENTADO OCORRIDO EM SARAJEVO, BÓSNIA (28/06/1914), O ARQUIDUQUE FRANCISCO FERDINANDO, HERDEIRO DO TRONO DA DUPLA MONARQUIA AUSTRO-HÚNGARA.

Possuo algumas fotos do pai quando jovem, uma delas com alguns amigos e amigas, na praia da cidade de Dubrovinik (declarada patrimônio da humanidade). Dizem que é das mais belas da Europa. Fica no Mar Adriático, com litoral bastante recortado, com praias de areia, penínsulas, baías e mais de mil ilhas que formam uma paisagem semelhante à da costa grega. As regiões da Ístria e da Dalmácia preservam vários monumentos construídos na antiguidade, entre os quais se destaca o Palácio de Dioclesiano, em Split. Atualmente pertence à Croácia, independente da antiga federação da ex-Jugoslavia (desde 1991), cuja capital é Zagreb.


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Possuíam apenas armas brancas, alguns rifles ligeiros fabricados na cidade de Uzice, na Sérvia e engenhos rudimentares (‘coquetel molotov’ era um – enchiam uma garrafa com gasolina ou querosene, utilizando pano como pavio e atiravam em baixo dos tanques para incendiá-los). Em uma das fotos meu pai usando um casaco do exército alemão – ele disse terem derrubado um avião com soldados do III ‘Reich‘ e conseguiram recuperar alguns pertences, assim também como armas e munição. Outras com farda do Exército Jugoslavo da Pátria.

Inacreditável. Um amigo de meu pai, lendo uma reportagem de Newton Carlos na revista Fatos e Fotos “A vitória das guerrilhas”, identificou o Jerko numa foto de combatentes jugoslavos em marcha numa estrada. No rodapé tinha escrito “Durante quatro anos eles decidiram que não entregariam o país aos alemães”. Meu pai ao receber a matéria, se reconheceu.

Um fato curioso: o que originou o uso da gravata* em larga escala em todo o mundo foi devido ao seu uso por guerreiros croatas. * NA GUERRA DOS TRINTA ANOS, ENTRE FRANCESES E SUECOS, DURANTE O SÉCULO XVII, UM GRUPO DE MERCENÁRIOS, GUERREIROS CROATAS, NO EXÉRCITO FRANCÊS, A USAVA, TIPO ‘FOULARD’ COMO IDENTIFICAÇÃO DE GRADUAÇÃO. SEU NOME, ‘KRVAT’, É ORIGINÁRIOS DO IDIOMA SÉRVIOCROATA, VINDO DO ALEMÃO ‘KRAVAT’ E DO FRANCÊS ‘CRAVATE’, QUE SIGNIFICA GRAVATA E CROATA.


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Em 1944, finalmente os alemães foram expulsos pelo Exército de Libertação Nacional Jugoslavo, criado para unificação de comandos dos grupos de guerrilha, os quais estavam atuando em operações esparsas. Em 7 de março de 1945, Tito estabelece um governo provisório da Jugoslávia Democrata e Federativa em Belgrado, enquanto o nome provisório definia tanto uma república quanto uma monarquia. Tito, entretanto, em 21/11/1945, declara a República Federal Popular da Jugoslávia, lança um vigoroso plano de socialização, esmaga a oposição política dos chetinicks e Mikhallovich foi julgado e condenado, sendo executado por um pelotão de fuzilamento em julho de 1946. Em 29 de novembro de 1945, o rei Pedro II foi finalmente deposto pela Assembleia Constituinte, mas este se recusou a abdicar do cargo, mudando-se para os Estados Unidos após o término da Segunda Guerra Mundial. Abolida a monarquia, Tito se torna Presidente da República Socialista Federativa da Jugoslávia, lançando uma resistência antifascista, combatendo o ‘stalilismo’ e sérvios, posteriormente rompe relações com a União Soviética. Seu regime ficou conhecido como ‘Titoísmo’, um dos fundadores do Movimento Não Alinhado, que era contrário aos dois blocos denominados hostis - a OTAN e o Pacto de Varsóvia. O Vaticano excomungou Tito e o governo jugoslavo, por conta de sua assistência aos terroristas da Ustaše* *ORGANIZAÇÃO FASCISTA CROATA, LIDERADA POR ANTE PAVELIĆ, QUE TINHA POR METAS: CONVERTER UM TERÇO DOS SÉRVIOS AO CATOLICISMO; EXTERMINAR UM TERÇO DOS SÉRVIOS RESIDENTES À CROÁCIA; EXPULSAR/DEPORTAR O TERÇO RESTANTE. FORAM RESPONSÁVEIS PELO EXTERMÍNIO DE 700.000 A 1.200.000 DE SÉRVIOS, 40.000 CIGANOS E 32.000 JUDEUS. AS ATROCIDADES COMETIDAS ERAM TÃO GROTESCAS QUE HORRORIZARAM ATÉ MESMO OS NAZISTAS, QUE TIVERAM QUE INTERVIR PRA FREAR O TERRORISMO DO PIOR HOLOCAUSTO NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE JASENOVAĆ, COMANDADO POR DINKO SAKIĆ..

Neste momento, meu pai (após confirmar o assassinato da sua família), com três amigos sobreviventes, resolve fugir deste regime implantado no País. Atravessaram o Mar Adriático num barco a vela em direção à Itália. Foram recebidos por um amigo na vila do papado em Castelgandolfo. Depois foi atendido no porto de Bari, onde foi internado para recuperação da saúde e em 01/04/1946 é assistido pela Ente Comunale di Assistenza di Bari’, como exinterno político, com quota diária de 39 Liras.


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Depois de recuperados foram para Roma onde ele fez seu primeiro registro em 05/09/1946, inclusive com o endereço das testemunhas. Nesse documento consta que Jerko era graduado como construtor engenheiro, residente ocasionalmente na Via Lorenzo il Magnifico n° 104. Foram testemunhas neste registro os jugoslavos Karic Aleksander (de Leskobas), Jguiatov Ljobomiro (de Lazarevac), Zarko Jeikic (de Belgrado) e dos romanos Cappellani Gustavo e Marcietti Alessandro.

Aí foi para Florenza, onde morou na Via Malavolta 7 e fez novo registro em 22/10/1946, confirmando os documentos obtidos no cartório de Roma.


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Depois de estabilizado, ao perder tragicamente um dos amigos sobreviventes, atropelado por um carro ao seu lado, resolveu migrar para o Brasil, que tinha assinado acordos para receber refugiados de guerra com organismos multilaterais, como por exemplo a Organização Internacional dos Refugiados - OIR/IRO, bem como imigrantes de países da Europa. Abaixo o documento expedido pelo Consulado brasileiro na cidade portuária de Livorno, Itália, de 21/10/1946, para ser admitido permanentemente como imigrante no território do Brasil e a ser apresentado no porto de chegada.


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Aportou em 1948 no Rio de Janeiro, fazendo novos registros conforme abaixo:

Com alguma economia e venda de recordações da guerra, começou a trabalhar como representante das máquinas de escrever Remington, indo residir em Belo Horizonte, em 1949, no Hotel Financial. Em 02 de setembro de 1950 contraiu matrimônio com minha mãe, Marvy Diniz Luz, os quais tiveram quatro filhos, Marko, Ivan, Sônia e Ana. Edificaram nossa casa na Rua Padre Severino 94, no bairro São Pedro, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em um dos cômodos da casa mantinha seu escritório de engenharia.

Em 20/10/1955 foi concedida naturalização brasileira a Jerko.


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Em 1954 abriu sua empresa, a Sociedade Brasileira de Aguardente Ltda, com escritório na Av. Olegário Maciel 745, produzindo a aguardente Tropi-Cana, destilada em tonéis de aço inox e a primeira cachaça bi-destilada, visando exportar para os USA,


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Em 11/10/1957 patenteou nos USA, no escritório Zoltan H. Polachek, em Nova York diversos nomes da aguardente. Em 27/04/1959 criou a patente do nome “YERKO’S BRAZILIAN CACHAÇA”, na classe 49.

Em 1960, mudamos para a Capital do Brasil, o Rio de Janeiro, para um apartamento em Copacabana, na Rua Santa Clara 59. Nossa estada na Capital foi curta, de apenas um ano. Mudamos para São Paulo, em 1961, onde a cidade já mostrava grande desenvolvimento industrial. Fomos para o Bairro Aclimação, Rua Castro Alves 654, no Conjunto Kovarick, onde comprou o apto 31 no edifício Diamante e depois no edifício Topázio, apto 81. Montou o escritório da Tropi-Cana no Conjunto Comercial Nacional, na Av. Paulista 2073, sala 1824. Estruturou um escritório em New York, na 17 Battery Place, Room 243. Manteve entendimentos com a Cooperativa dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado de São Paulo, para fabricação de aguardente com álcool puro e neutro, livre de aldeídos, eliminando assim os ingredientes secundários de sais de cobre, óleo fusel e resíduos orgânicos, para assegurar uniformidade do produto. Várias viagens e contatos com distribuidores norte americanos foram efetuados, obtendo colaboração do SEPRO de Nova York e suporte da CACEX.

Os rótulos eram um primor, com fundo preto, atravessado por uma tarja verde-amarela, tendo ao fundo um coqueiro e representação da Baia de Guanabara.


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Desenvolveu uma garrafa muito sofisticada e diferenciada, com base quadrada afunilando até a boca, que continha conta-gotas, embalada em caixa de papelão aos moldes dos melhores whiskys ingleses.

Em outubro de 1963 efetuou um contrato de US$600.000,00 com a ‘Standard Beryllium Corporation‘ para exportação de 50 mil caixas com 12 garrafas cada, FOB porto de Santos. Parte do pagamento (30%) seria feita com permuta de tratores e implementos para o Brasil. Nesse contrato se comprometiam a fazer quatro anúncios de página inteira no ‘New York Times’, um anúncio de página inteira na Revista ‘Life’ e na Revista ‘Time’; além de um concurso nacional com prêmios de US$100.000,00 para estimular o consumo dessa aguardente brasileira.


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No final desse ano de 1964 fez um contrato definitivo com a ‘Mediterranean Import Co.’ Empresa que ficaria responsável pela importação e distribuição da aguardente Tropi-Cana no território americano, evitando assim burocracia de transferências bancárias e outros fatores mais:

Faleceu precocemente em no dia 08 de outubro de 1965, com apenas 46 anos. Infelizmente, não houve possibilidades para manutenção da Empresa e da exportação da Tropi-Cana, pois meu pai era o único a deter os conhecimentos, mecanismos e contatos para continuidade de tão ambicioso e volumoso projeto, talvez fora de seu tempo real. Uma última carta, do ‘Brazilian Government Trade Bureau’, com sede em Nova York, assinada por José Bettencourt Machado, em 23/10/1965, dizendo sobre este rude golpe, e contando:


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Até os dias atuais, nenhuma Indústria de produção de aguardente faz exportação para os USA.


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A REPÚBLICA SOCIALISTA FEDERATIVA DA JUGOSLÁVIA (Социјалистичка Федеративна Република Југославија em sérvio; Socijalistička Federativna Republika Jugoslavija em croata; e Socialistična Federativna Republika Jugoslavija em esloveno) foi o Estado jugoslavo que existiu do término da Segunda Guerra Mundial (2 de dezembro de 1945) até o fim da Guerra Fria em 1992. Com a forma de governo de uma república comunista, o país era constituído pela união federal de seis repúblicas:        

Sérvia, com as regiões autônomas de Kosovo e Voivodina Croácia Montenegro Eslovénia Bósnia e Herzegovina Macedónia http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Jugosl%C3%A1via

Formada por um Reino comum de sete povos eslavos do sul: sérvios, croatas, eslovenos, bósnios-herzegowinos, macedônios, montenegrinos e os albaneses de Kossovo, além da província autônoma de Voivodina. Abrigou ainda minorias de húngaros, ciganos e alemães. Uma mistura explosiva de etnias e religiões que sempre viveram sob tensão e conflitos. Tanto que depois essas regiões criaram sua independência. Assim a Ex-Jugoslávia (capital Belgrado) fez parte do Império Romano e depois do Bizantino. Situada no centro da montanhosa península Balcânica, situada no centro da montanhosa península Balcânica, teve seu território subdividido com a independência e soberania, a partir de 1991, da Eslovênia (capital Liubiana) e da Croácia (capital Zagreb) que também integrou o territória da Eslavônia, logo depois a Macedônia (capital Skopje), seguido da Bósnia-Herzegowina (capital Sarajevo), separando-se depois da Sérvia (capital Belgrado), assim também Montenegro em 2003 (capital Podgorica) e Vojvodina (capital Novi Sad), além da província sérvia de albaneses de Kossovo (capital Pristina) tornar-se um protetorado internacional sob administração da ONU em 1998 No século XI, a Sérvia constituía um reino independente, até ser anexada ao Império Turco-Otomano em 1389, recuperando a independência em 1878. A região da Croácia permaneceu séculos sob domínio romano sofrendo sucessivas invasões bárbaras no século VI, procedentes da atual Ucrânia. Sua população converteu-se ao cristianismo no século VII. Em 1091 o país foi conquistado pelos húngaros, que o dominaram por oito séculos, interrompidos pela ocupação turca de 1526 e 1699. Em 1849 a Croácia passou à tutela da Áustria e, em 1868, integrou-se ao Império Austro-Húngaro. Os bósnios passaram a maior parte da Idade Média sob domínio de monarcas croatas e depois húngaros, até estabelecer, por volta de 1200, um reino próprio, incluindo a região de Herzegowina. Em 1463 o país foi anexado pelo Império Turco Otomano. Parte da população converteu-se ao islamismo, permanecendo importantes comunidades ortodoxas (sérvios) e católicas (croatas). Em 1878 foram colocados sob tutela do Império Austro-Húngaro. Os eslovenos instalaram-se na região entre os séculos VI e VIII. No século IX caíram sob o domínio dos alemães da Baviera e, entre os séculos XII e XVIII, tornaram-se parte do reino dos Habsburgos, até serem incorporados, no século XIX, ao Império Austro-Húngaro. A Macedônia geográfica foi formada pelas anexações efetuadas por Alexandre, o Grande, no século IV a.C., tornando-se posteriormente província romana, anexada, no século VI, ao Império Bizantino. Nos séculos seguintes foi ocupada sucessivamente pelos eslavos (séc. XI), pelos turcos otomanos (séc. XV) e pelo Império Búlgaro (séc. XVI), quando foi retomada por Bizâncio. Apesar da diversidade de ocupações, a maioria da população se manteve cristã ortodoxa. Com o fim da dominação turca, em 1913, a Macedônia foi repartida: a porção norte, incorporada pela Sérvia; a porção sul, hoje parte da Grécia, permaneceu no Império Bizantino; e uma pequena parte do território ficou com a Bulgária.


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A SÉRVIA fez parte da província romana da Mésia a partir do ano 29 a.C.. No século VII, a região foi invadida pelos sérvios, povo eslavo vindo da Galícia (Europa Central). Vassalos do Império Romano do Oriente, os sérvios se diferenciaram dos croatas por sua conversão ao cristianismo bizantino por volta de 875 e pela adoção do alfabeto cirílico. A Igreja Ortodoxa Sérvia ganhou autonomia no século XIII. No século XI, constituía um reino independente, até ser anexada ao Império Turco-Otomano em 1389 a 1804, recuperando a independência em 1878. Como resultado das Guerras balcânicas(1912-1913), anexou a Macedônia e o Kosovo. O reino da CROÁCIA foi criado no ano de 925 e compreendia as terras desde o Rio Drava até o Mar Adriático. Este reinado durou até o final do século XI, todavia passando a ser governados por reis Húngaros. Permaneceu séculos sob domínio romano sofrendo sucessivas invasões bárbaras no século VI, procedentes da atual Ucrânia. Com a invasão Otomana aos Balcãs, as terras croatas passaram a ser a fronteira entre o mundo muçulmano e o cristão (estando o Norte nas mãos dos croatas e o Sul nas mãos dos otomanos). Sua população converteu-se ao cristianismo no século VII. O período entre os séculos XV e XVII foi marcado por conflitos amargos com o Império Otomano. Em 1091 o país foi conquistado pelos húngaros, que o dominaram por oito séculos, interrompidos pela ocupação turca de 1526 e 1699. Em 1849 a Croácia passou à tutela da Áustria e, em 1868, integrou-se ao Império Austro-Húngaro. A região da BÓSNIA passou a maior parte da Idade Média sob domínio de monarcas croatas e depois húngaros, até estabelecer, por volta de 1200, um reino próprio, incluindo a região de Herzegowina. Em 1463 o país foi anexado pelo Império Turco Otomano. Parte da população converteu-se ao islamismo, permanecendo importantes comunidades ortodoxas (sérvios) e católicas (croatas). Em 1878 foram colocados sob tutela do Império AustroHúngaro. MONTENEGRO constituiu um principado autônomo face ao poder hegemônico que o Império Otomano exercia nos Balcãs. A sua independência foi formalmente reconhecida pelo Tratado de Berlim de 1878 (que também reconheceu a independência da Bulgária, da Roménia e da vizinha Sérvia). Em 1910, o príncipe Nicolau proclamou-se rei. No entanto, o reino do Montenegro existiu durante apenas oito anos. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, o Montenegro foi integrado no Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (não havendo no nome do estado qualquer referência aos montenegrinos, assim como aos bósnios ou aos macedónios), o qual se tornou em 1929 o reino da Jugoslávia. A ESLOVÊNIA foi ocupada entre os séculos VI e VIII. O país fez parte do Império Romano, do Império Bizantino, da República de Veneza, do Ducado da Carantania (o atual norte esloveno). No século IX caíram sob o domínio do Império Sacro Romano-Germânico da Baviera e, entre os séculos XII e XVIII, tornaram-se parte do reino dos Habsburgos, até serem incorporados, no século XIX, ao Império Austro-Húngaro. A MACEDÔNIA geográfica foi formada pelas anexações efetuadas por Alexandre, o Grande, no século IV a.C., tornando-se posteriormente província romana, anexada, no século VI, ao Império Bizantino. Nos séculos seguintes foi ocupada sucessivamente pelos eslavos (séc. XI), pelos turcos otomanos (séc. XV) e pelo Império Búlgaro (séc. XVI), quando foi retomada por Bizâncio. Apesar da diversidade de ocupações, a maioria da população se manteve cristã ortodoxa. Com o fim da dominação turca, em 1913, a Macedônia foi repartida: a porção Norte, incorporada pela Sérvia; a porção Sul, hoje parte da Grécia, permaneceu no Império Bizantino; e uma pequena parte do território ficou com a Bulgária. A ESLAVÔNIA fez parte da província romana da Panônia. No século VII, os croatas (um povo eslavo) sucederam na região um estado eslavo vassalo dos ávaros. A Eslavônia, assim


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como o restante da Croácia, tornou-se parte do Reino da Hungria em 1102. Caiu sobre domínio turco no século XVI e passou às mãos dos Habsburgos com o tratado de Karlowitz. As Revoluções de 1848 transformaram-na em terra da coroa da Áustria, mas a Eslavônia e a Croácia foram reunidas numa região autônoma Croácia-Eslavônia, que foi devolvida à coroa da Hungria em 1868. KOSOVO é um território disputado na península balcânica correspondente, grosso modo, à região conhecida como Dardânia. Foi parte do Império Otomano entre 1389 e 1912. A região esteve sob a dependência da Macedônia tendo constituído uma província separada apenas em 1877. Em 1912, apesar de ser uma zona de maioria albanesa, foi integrada à Sérvia. Entre 1941 e 1944 foi anexada à Albânia, sob ocupação italiana. Após a reintegração à Jugoslávia tornou-se região autónoma, mas integrada à república da Sérvia. VOJVODINA foi estado romano que durou até o 5 º século, após o qual a região entrou na posse de diversos povos e Estados (o Império Huno, o Império Bizantino, o Reino Gepid, Avar a dignidade, a Frankish Reino, o Reino da Croácia, a Grande Morávia, o Búlgaro Império, o Império do sérvio Nenad Jovan, o Reino da Hungria, o Império Otomano e de Habsburgos, o Império Austríaco, a Áustria-Hungria). A DALMÁCIA (croata Dalmacija, latina Dalmatia) é uma região da Croácia na costa leste do Mar Adriático, estendendo-se entre a ilha de Pag a noroeste e a Baía de Kotor a sudeste. Foi ocupada por um grupo de povos afins entre si, os liburnos, os japidos ou japudes e os ístrios na área oriental; os picenos, os japigios na área ocidental, sobre a península Itálica. A área da Dalmácia atual provavelmente era ocupada por tribos de pastores, dedicados ocasionalmente à pesca e à pirataria, os dálmatas (dalmatae). O Império Romano iniciou a ocupação da Ilíria no ano de 168 a.C., formando a província Iliricum. Em 156 a.C. os Dalmácios foram atacados pela primeira vez por um exército romano e forçados a pagar tributo. Em 10 d.C., durante o reinado de César Augusto, Illyricum foi dividida, criando-se a Panónia no norte e a Dalmácia no sul, após a última das muitas formidáveis revoltas serem dominadas por Tibério no ano anterior. Após esta determinação, Roma conseguiu a total submissão do povo e aceitação da civilização. Dalmácia foi ocupada temporariamente pelos visigodos em 399 a.C. mas retornou ao domínio romano até a queda do Império Romano do Ocidente. Bálcãs no século IVO colapso do Império Romano do Ocidente, com o começo do período de migrações deixou a região sujeita aos governantes godos Odoacro (482) e Teodorico o Grande (483) que a tornou parte do Reino Ostrogodo da Itália. Eles governaram a Dalmácia até 535 d.C., quando a área foi restaurada ao Império Bizantino por Justiniano I. Em 535, foi conquistada pelo Império Romano do Oriente, em seguida à campanhas de Belisário, tornando-se um thema bizantino (Thema Dalmatia) formalmente até cerca de 600 d.C.. RECORDANDO UM POUCO DA HISTÓRIA: a Grécia se tornou independente em 1830 e, o Congresso de Berlim, em 1878, corrigindo o tratado de San Stefano (que encerrou a guerra russo-turca) concedeu independência à Sérvia, a Montenegro, à Bulgária e à Romênia (formada de dois principados danubianos, a Valaquia e a Moldavia), estados esses, sucessores do Império Otomano. Nessa época foi confiado ao Império Austro-Húngaro um mandato sobre a Bósnia e Herzegowina, que ocupava a maior extensão do mar Adriático. Quando o Império AustroHúngaro interferiu militarmente nas fronteiras da Sérvia (que tinha o apoio da Rússia para estender suas fronteiras até o Adriático, apoiando a minoria ortodoxa da Bósnia-Herzegowina contra o domínio austríaco), a tensão resultou no assassinato do herdeiro do trono AustroHúngaro, estopim para o início da I Guerra Mundial. Após o término da I Guerra, pelos tratados de Saint-Germain e Trianon, em 1918, o Império Austro-Húngaro foi desmembrado, surgindo a Hungria, a Tchecoslováquia, a Polônia e a Jugoslávia.


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1918-1929: o pós-guerra e o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos Em 1918 o conflito terminava com a vitória da Tríplice Entente. Assiste-se então à queda do Império Austro-Húngaro e à formação de vários países no espaço que era dominado pelos Habsburgo, como a Hungria, Polónia e Checoslováquia. Também os pan-Eslavistas conseguiram finalmente unir todos os Eslavos do Sul num Estado único e soberano, o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que incluía ainda a Bósnia-Herzegovina, a Macedónia, o Montenegro e as províncias de Vojvodina e Kosovo. No entanto, os limites do reino não foram estabelecidos de acordo com as fronteiras étnicas, mas com os interesses políticos das potências Europeias. Um claro exemplo dessa situação é Trieste e outras cidades da costa Adriática que pertenciam à Eslovénia e à Croácia mas que passaram a pertencer à Itália por vontade do Reino Unido, que havia prometido terras do Império Austro-Húngaro aos Italianos para que estes mudassem de lado em 1915. Aliás, alegando que nunca receberam tudo o que lhes fora prometido no secreto acordo de Londres, o exército Italiano ia levando a cabo incursões pelo território Esloveno. Este assunto ficou resolvido em 1920 com a assinatura do Tratado de Rapallo, que prejudicou os Eslovenos ao ceder cerca de um terço do seu território a Itália. A Norte, era a Áustria que reivindicava a província de Stajerska, mas o Major Rudolf Maister, um ex-oficial do exército Austro-Húngaro, tornou-se um herói nacional ao resolver esta contenda a favor dos Eslovenos. Mas os conflitos com os países vizinhos devido às fronteiras artificiais do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos não se ficavam por aqui, com Búlgaros, Gregos e Húngaros a reclamarem também para si parte do território do reino. Este novo estado incluía seis nações (Sérvios, Croatas, Eslovenos, Macedónios, Montenegrinos e Muçulmanos), três religiões (católicos, ortodoxos e muçulmanos), três línguas (Esloveno, Macedónio e Servo-croata) e até dois alfabetos (cirílico e latino). Apesar de serem todos Eslavos do Sul, estes povos haviam tido percursos históricos muito diferentes, que criaram disparidades que era impossível ignorar. Por esta razão a criação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos nunca foi totalmente pacífica, havendo oposição por parte de movimentos independentistas e até pró-austríacos em várias das nações que faziam parte do novo país. Além de tudo isto, havia ainda uma discussão sobre o seu formato: enquanto a maioria defendia que deveria ser um estado federal, os Sérvios defendiam o centralismo. Foi a vontade Sérvia que prevaleceu, passando o novo estado a ter como governantes os reis da dinastia de Karadjordjevic da Sérvia. Os outros povos do reino opuseram-se fortemente a este excesso de poder atribuído à Sérvia. Cabe destacar que no início da II Guerra Mundial, a Croácia se tornara independente. A nova nação, aliada do nazismo alemão e do fascismo italiano tinha como líder Ante Pavelic, da organização fascista croata Ustacha, responsável pelo extermínio de sérvios, ciganos e judeus. O seu nome deriva do verbo ustati que significa "a subir" ou "a stand-up", daí ustaša significaria um rebelde. Após a invasão pela Alemanha nazi em 6 de Abril de 1941, a Jugoslávia foi desmembrada e Ante Pavelic tornou-se o líder do Estado independente da Croácia. Pavelić tratou então de dar forma ao plano Ustaše para a "purificação" do seu novo país, segundo a célebre fórmula de seu deputado Mile Budak: "matar um terço, exilar um terço e converter o outro terço" da população sérvia ao Catolicismo. Campos de concentração tais como o de Jasenovac foram estabelecidos e a Legião Negra Ustaše varria as vilas da Sérvia a pente fino, prendendo os judeus e ciganos que encontravam. As atrocidades cometidas eram tão grotescas que horrorizaram até mesmo os nazistas, que tiveram que intervir pra frear o terrorismo Ustaše. O holocausto pior foi no campo de concentração de Jasenovać, comandado por Dinko Sakić. Finda a guerra, com a derrota das forças fascistas, Pavelić fugiu para a Áustria e depois para a Itália, onde beneficiou do encobrimento pelo Vaticano e o apoio dos elementos da Ratline, que se dedicavam à protecção de criminosos de guerra fascistas, escondendo-os e ajudando-os a fugir da Europa. Ante Pavelić fugiu então para a Argentina com a ajuda do padre católico e oficial Ustaše bem como operacional Ratline, Krunoslav Draganović. Aquando da sua chegada a Buenos


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Aires, fundou um movimento político sucessor dos Ustaše juntamente com outros fugitivos croatas fascistas, agora perseguidos por crimes de guerra. Foi conselheiro de segurança do ditador argentino Juan Domingo Perón. 1929-1945: a Jugoslávia e a Segunda Guerra Mundial Os fatores acima referidos eram causadores de uma instabilidade que se tornou insuportável, sobretudo quando o terrorismo se intensificou e vários dirigentes do Estado foram assassinados. Esta situação levou a que, em 1929, o rei Alexandre dispensasse o parlamento e instituísse um regime ditatorial. A medida acarretou ainda uma mudança organizacional, passando o reino a estar dividido em nove regiões administrativas a que se chamou Banovinas - os Eslovenos viviam na "Dravska banovina" - e uma mudança de nome: o reino passou a chamar-se Jugoslávia - terra dos Eslavos do Sul, nome que realçava a sua característica comum numa tentativa de unificar o povo. A ditadura militar terminou oficialmente em 1933. Na procura de apoio internacional o rei Alexandre intensificou as relações com a Pequena Entente (grupo formado em 1920/21 pelo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, Checoslováquia e Roménia) e com a França. E foi exatamente numa visita oficial a França em 1934 que o rei foi assassinado por extremistas croatas, juntamente com o Ministro Francês dos Negócios Estrangeiros. O seu filho Pedro II ainda só tinha 11 anos, pelo que quem assumiu o papel de regente foi o seu primo Paulo, que se manteve no poder até 1941, ano em que assinou um tratado com as potências do Eixo, o que desagradou o povo que derrubou o seu governo e proclamou Pedro II, na altura já com 18 anos, como seu rei. Nesse mesmo ano a Segunda Guerra Mundial chegou à Jugoslávia, com a invasão das tropas Alemãs e Italianas ao território, e Pedro II não teve opção senão capitular. O seu território foi dividido entre os invasores cabendo ainda uma parte à Bulgária e à Hungria. Na Croácia, os Ustachi (o mais importante grupo extremista), que tinham ideologia de extremadireita, receberam o apoio dos seus aliados Alemães e Italianos e proclamaram a independência. Instituíram uma ditadura militar cujas formas de censura incluíam campos de concentração onde milhares de Sérvios, Judeus, Muçulmanos, Ciganos e até Croatas que se opunham ao seu regime foram eliminados. O rei Pedro II exilou-se em Londres e constituiu um governo no exílio. Na Eslovénia a Germanização era cada vez mais intensa, e formou-se a Frente de Libertação (Osvobodilna fronta) do Povo Esloveno para lutar contra essa situação. Nos outros países da Jugoslávia, eram dois os movimentos de resistência à ocupação que mais se notabilizavam: os Chetniks de Mihajlovic e um grupo de comunistas, os Partisans, liderados por Jozip Broz (que mais tarde passaria a ser conhecido pelo apelido "Tito"). Apesar do desejo de organização de uma frente de resistência comum, os dois movimentos nunca se entenderam, já que o grupo de Mihajlovic era constituído exclusivamente por sérvios, apoiado pelo governo exilado e pretendia restaurar o domínio Sérvio, enquanto os Partisans, cujos membros eram naturais de diversas partes do país, falavam numa Jugoslávia federativa, o que agradava aos não-Sérvios. O movimento de Tito obteve muito mais êxito que o de Mihajlovic, e a certa altura passou a incluir também não-comunistas, todos unidos por um objetivo comum: a libertação da Jugoslávia. Os Partisans, que tiveram desde o início o apoio da URSS, passaram depois a ser apoiados também pelo Reino Unido e pelos EUA, que os consideravam aliados.


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