ENTRE TRAÇOS E VERSOS: ARTES VISUAIS
E
LITERATURA NEGRA
ARTES
VISUAIS | LITERATURA
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Fundação Itaú | Itaú Cultural
Entre traços e versos: artes visuais e literatura negra / São Paulo : Itaú Cultural, 2025. (Cadernos do professor) 22 p. : PDF.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7979-188-8
1. Sequência didática. 2. Educação Antiracista. 3.Ensino de Artes. 4. Cultura afro-brasileira. 5. Barbosa, Ana Mae. I.Fundação Itaú. II.Itaú Cultural. III.Enciclopédia Itaú Cultural. IV.Título.
CDD 370
Bibliotecária Ana Luisa Constantino dos Santos CRB-8/10076
guia de ícones
analisar, questionar, elaborar hipóteses, comentar (questionando) comentar, explicar
dica
discutir, conversar
ler
observar, ver (obra de arte)
pesquisar, aprofundar, procurar trabalho interdisciplinar
título
Entre traços e versos:
artes visuais e literatura negra
Esta sequência didática tem como foco o estudo do desenho, da leitura, da interpretação e da escrita. O objetivo é explorar o ensino transdisciplinar por meio da arte e da literatura e promover a educação antirracista, utilizando como referências obras produzidas por pessoas negras no Brasil.
A proposta está fundamentada na metodologia de ensino de artes pela abordagem triangular, desenvolvida por Ana Mae Barbosa , e alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e à Lei 10.639/2003, que destaca a valorização da história e da cultura afro-brasileira na educação.
objetivos
• Despertar o interesse pela literatura e arte negra e brasileira;
• Promover a conscientização e a aplicação da Lei 10.639/2003;
• Fomentar a produção literária e artística com temáticas sobre as relações étnico-raciais;
• Desenvolver habilidades de escrita criativa, leitura crítica e expressão artística por meio da arte e da literatura;
• Incentivar a valorização da diversidade cultural presente na escola;
• Contribuir para a construção da autoestima dos alunos e alunas negros;
• Desenvolver a consciência crítica, política e democrática dos estudantes.
áreas do conhecimento
Artes visuais e literatura. apresentação
segmento(s) e habilidades da BNCC
Ensino Fundamental II e EJA: EF69AR01, EF69AR03, EF69AR04, EF69AR06, EF69AR31 e EF69AR33.
duração
8 aulas. recursos necessários
• Papel sulfite;
• Lápis, canetas, marcadores de texto, borracha entre outros materiais de escrita e desenho;
• Computador, tablet ou notebook;
• Projetor ou televisão.
São Paulo, 2025
desenvolvimento
Introdução
Esta sequência didática adota como eixo estruturante a abordagem triangular idealizada por Ana Mae Barbosa. Segundo a estudiosa, o ensino e a aprendizagem em arte-educação devem contemplar três momentos: criação (fazer artístico), leitura da obra de arte e contextualização histórica.
Em alguns textos, a leitura da obra também aparece como “apreciação”, “leitura de imagem” ou “fruir”, enquanto a criação pode ser mencionada como “produção” ou “fazer”. O essencial nesta abordagem é que o professor trabalhe esses três momentos, independentemente da ordem em que sejam aplicados.
Ana Mae Barbosa é uma figura central no campo da arte-educação, e a relevância dessa pesquisadora se dá pela valorização do ensino de arte no ambiente escolar, tornando o tema mais acessível para os estudantes. Suas contribuições influenciam tanto políticas públicas, quanto práticas pedagógicas, por defender que a arte não é uma simples expressão, mas sobretudo um conhecimento essencial para o desenvolvimento crítico e cultural dos alunos.
As contribuições da abordagem triangular para o ensino de artes transformaram a arte-educação no Brasil e impactam professores e pesquisadores até os dias atuais.
No momento da apreciação, Barbosa incentiva o contato com diversas produções artísticas e a análise dos aspectos estéticos e visuais, colocando os alunos e suas subjetividades diante da experiência de interpretação e reflexão sobre a obra.
Na etapa de contextualização, o educador deve relacionar a obra ou o artista ao contexto ao qual pertencem, com indicação do período histórico e do cenário sociocultural da época. Isso pode ser feito por meio da biografia do artista, da análise de local e época de produção da obra ou da conexão do artista ou de seu trabalho com movimentos da história da arte. Desse modo, o professor não só amplia a percepção dos alunos, mas também permite que compreendam a arte como um reflexo de seu tempo.
Por fim, no momento da produção, o professor estimula os estudantes a criar, experimentar e desenvolver a expressão pessoal e a capacidade de materializar seus aprendizados. Nessa fase, os alunos exploram diferentes técnicas, ma-
teriais e linguagens, desenvolvendo autonomia e articulando o conhecimento adquirido à sua prática e à sua realidade, tornando-se, assim, agente ativo na produção artística.
Segundo Barbosa, a interação proporcionada pela proposta triangular constrói um ensino em arte-educação que transcende o fazer técnico, aproximando o aluno de sua realidade cultural. Essa perspectiva oferece um ensino de arte que vai além de técnica, estética e criação, ao valorizar a arte como ferramenta política, crítica, social e cultural para a construção do conhecimento.
Baseada nessa metodologia e na aplicação da Lei 10.639/2003, essa sequência didática reafirma o compromisso com a educação antirracista. A pedagoga Nilma Lino Gomes destaca que a educação antirracista é um dever ético e político, pois fortalece a desconstrução de práticas e discursos que perpetuam e ampliam as desigualdades raciais e promove a valorização de identidades negras e da diversidade cultural. Segundo Gomes, a educação antirracista não só propocia o bem-estar do sujeito, como também contribui ativamente para a realização da democracia brasileira de maneira mais saudável em direção à cidadania plena. Conforme argumenta Kaio Felipe Trindade Santana, artista e professor negro, a educação antirracista proporciona recursos e materiais que fortalecem os estudantes em relação às suas ancestralidades, além de ampliar suas possibilidades na construção de futuros ambientes decoloniais e diversos.
Para viabilizar essa educação, diversas ações podem ser implementadas não apenas pelos professores, mas também por toda a comunidade escolar. No ensino de arte, uma possibilidade é destacar a cultura, a arte e a produção intelectual de pessoas negras, propósito central desta sequência didática.

Mae Barbosa, 2025 Foto de André Seiti/ Itaú Cultural
1º MOMENTO
Contextualização: conhecendo as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008
Introduza o tema das relações étnico-raciais, que serão discutidas por meio de poemas e obras visuais de artistas e autores negros. Ressalte a importância de trazer outras referências para a sala de aula, além daquelas geralmente utilizadas, que refletem um ensino de arte eurocêntrico.
Comunique que, ao longo das aulas, iremos exercitar nosso olhar para leitura, interpretação e produção tanto de imagens, quanto de poemas. O objetivo final da atividade é a criação de um livro ilustrado com poemas dedicados à equidade racial.
Apresente aos alunos as leis que abordam o ensino de arte e cultura afro-brasileira e indígena . Escreva no quadro um pequeno texto sobre a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira na educação básica, e destaque que a Lei 11.645/2008 ampliou essa obrigatoriedade para incluir também a história e cultura dos povos indígenas. Explique que essas leis são essenciais para promover uma educação ética.
Em seguida, faça uma breve contextualização sobre o processo de colonização no Brasil. Ressalte que, além da escravização de pessoas negras e indígenas, os colonizadores impuseram os modos de vida, os hábitos, as crenças e a cultura a esses povos. Saliente que grande parte do que consumimos e produzimos, inclusive nas mídias, ainda refletem padrões eurocêntricos. Explique que, nessa sequência, trabalharemos com referências de pessoas negras – artistas e autores – para ampliar o repertório dos alunos sobre artes visuais e literatura. Considere que esses repertórios possibilitam um diálogo com outros componentes curriculares, como história e sociologia.
Enfatize a importância de que pessoas negras falem sobre suas vivências a partir das próprias perspectivas, destacando que, na história do Brasil, os estereótipos sobre o negro foram construídos por pessoas brancas.
Após essa introdução, proponha algumas questões para que os alunos debatam em dupla ou grupos. O objetivo é provocar nos estudantes uma postura crítica e ativa diante de questões raciais.
1. Vocês conhecem essas leis? Por que acham que elas foram criadas? Consideram importante falar sobre história e cultura africana em sala de aula?
2. Vocês sabem o que é racismo e por que ele é considerado um problema estrutural?
3. Vocês conhecem algum autor ou artista visual que seja uma pessoa negra? Se sim, escrevam o nome deles. Se não conhecem, conseguem refletir sobre o motivo desse desconhecimento?
4. Vocês já viram, presenciaram ou sofreram algum tipo de preconceito ou violência por causa da cor de pele? Comente.
5. Em caso de racismo, vocês sabem como proceder? Citem pelo menos três atitudes que podemos adotar para combater a desigualdade racial.
Depois de responderem ao questionário, promova uma roda de conversa para que os grupos compartilhem suas respostas e dialoguem. Aproveite esse momento para esclarecer dúvidas e desconstruir estereótipos que circulam com frequência nas escolas e na sociedade.
Durante essa atividade, tenha uma escuta sensível e atenta. Busque criar um ambiente seguro e acolhedor, no qual os alunos se sintam confortáveis para compartilhar suas ideias. Caso algum aluno relate experiências de racismo, acolha-o com empatia e oriente sobre como ele pode proceder diante dessas situações.
2º MOMENTO
Apreciação:
literatura e arte negra, artistas que ampliam horizontes
Neste momento, trabalharemos com referências de artistas e escritores negros, como modo de valorizar a produção intelectual e artística negra e brasileira. Além dos nomes aqui sugeridos, convide os alunos a pesquisarem e descobrirem outras referências na Enciclopédia Itaú Cultural
Como ponto de partida, apresente os poemas “Águas”, “Pretei” e “Legado”, escritos por de Cristiane Sobral e publicados no livro Terra negra, lançado em 2017. Disponibilize os poemas impressos ou transcreva-os no quadro ou projete-os em uma tela.

Em seguida, apresente a autora e destaque aspectos de sua biografia: uma mulher negra, atriz, professora, pesquisadora, escritora, dramaturga e poetisa.
Ressalte a relevância de Sobral por abordar, de forma profunda e poética, temas como identidade negra, gênero, relações raciais e questões sociais. Enfatize que sua literatura é ativista, engajada e afrocentrada, que contribui para descolonizar o saber e a cultura brasileira, além de empoderar pessoas negras, especialmente as mulheres. Sugira a leitura de outros poemas de Terra negra e de outras obras da autora, como o livro Não vou mais lavar os pratos, publicado em 2011.
Águas
A força das mulheres está no cheiro de terra molhada depois da chuva esperada.
A força das mulheres está na terra arrasada na planície devastada no sertão erguendo-se em seu próprio pó.
A força das mulheres um dia vai oceanar
Jorrar gotas de esperanças irrigar a terra ferida.
Sempre haverá forças nas mulheres
Isso é o que importa
Mulher não é planta seca
Mulher não é natureza morta.
Toda mulher
Pode se encontrar em suas águas
Toda mulher
Pode se encontrar nas águas do mar.
Pretei
Eu sempre sonhei com a carta branca
A roupa branca
Com a alma branca que me prometeram.
Abandonei o meu negrume para vencer
Mas a segunda-feira
Sempre foi dia de preto
Por mais que eu trabalhasse
Meu serviço era de preto
Nunca tinha dinheiro no banco
A fome era negra
Segundo o senso comum
Ser negro era coisa ruim.
Resolvi rasgar a folha branca
Onde escrevi a minha vida
Pintei o meu mundo de preta assumida
E comecei a pretar
Cabelo para o alto
Dignidade em punho
Agora era comigo
Convoquei a ancestralidade negra
Abri o meu melhor sorriso azeviche
E mergulhei na escuridão da vitória.
Legado
Quero a dignidade proclamada por Senghor
A sabedoria de Mandela
A lucidez de Martin Luther King
A contundência de Spike Lee
A forja nas letras de Paulina Chiziane
Mas também quero
A agilidade de João do Pulo.
Os neurônios de Milton Santos
A ousadia de Zumbi
Quero aprender com Lima Barreto
Frasear com Solano Trindade
Entrar na cena com Ruth de Souza
Caminhar com Luiz Gama
Luiza Mahin, Antônio Candido, Lélia Gonzalez
Quero sentar na soleira da porta
À entrada do nosso quilombo
Com Carolina Maria de Jesus conversar longamente
Falar por nossos ancestrais
Colocar o passado à nossa frente
Trazer de volta o que sempre esteve aqui
Tão longe e tão perto.
Maria Auxiliadora
Umbanda, 1968 Óleo sobre tela 50,3 x 62 cm
Acervo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Proponha aos alunos uma leitura individual dos poemas e, em seguida, promova uma leitura coletiva. Depois dessa leitura, trabalhe a interpretação dos textos em um ambiente acolhedor, no qual os alunos se sintam confortáveis para compartilhar suas opiniões. Faça perguntas que estimulem reflexões.
6. Quais são os temas abordados em cada poema?
7. Algum trecho dos poemas se conecta com a realidade de vocês?
8. Vocês conhecem as pessoas mencionadas no poema “Legado”?
9. Em algum momento, vocês já presenciaram a força e a união de mulheres em alguma situação?
10. Vocês já ouviram a palavra “pretei”? Por que a autora escreve “resolvi rasgar a branca”?
11. Como o passado histórico influencia a construção da identidade negra na atualidade?
O objetivo é provocar reflexões e incentivar a análise crítica dos textos. Depois dessa conversa, peça aos alunos que fechem os olhos e imaginem uma cena ou uma imagem para cada poema. Em seguida, pergunte o que imaginaram e incentive-os a descrever essas imagens. Apresente os artistas que serão trabalhados e forneça um breve contexto sobre cada um.
Comente que a produção artística de Criola, Panmela Castro, Maria Auxiliadora, André Vargas, Amora Moreira (Amorinha), Silvana Mendes e de outros artistas negros evidencia a potência da arte como ferramenta de resistência, memória e identidade. Esses artistas visuais negros, cada um com linguagem e abordagem específicas, exploram temas ligados à ancestralidade, à cultura popular, à religiosidade afro-brasileira, à identidade e ao ativismo social, contribuindo significativamente para a arte contemporânea no Brasil.


Criola exalta a ancestralidade negra em composições vibrantes inspiradas na diversidade cultural e na espiritualidade afro-brasileira. Panmela Castro une arte e ativismo feminista, utilizando diferentes linguagens para representar figuras femininas e reforçar a luta por igualdade. Maria Auxiliadora, uma das primeiras artistas negras reconhecidas no Brasil, retrata cenas do cotidiano e manifestações culturais afro-brasileiras com cores vibrantes e técnicas inovadoras. André Vargas busca compreender as culturas populares e linguísticas que moldam a identidade brasileira. Amora Moreira, a Amorinha, mescla hip hop, cotidiano suburbano e música black para refletir sobre a vivência da população negra nas periferias. Silvana Mendes investiga questões raciais e políticas de afirmação por meio de colagem, pintura, videoarte e fotografia, desconstruindo estereótipos visuais historicamente impostos aos corpos negros.
Todos esses artistas, e muitos outros, contribuem para a valorização da cultura afro-brasileira, promovendo narrativas que resgatam memórias, desafiam paradigmas e reafirmam a identidade negra na arte contemporânea.
Peça aos alunos que observem atentamente as obras e comentem sobre os elementos visuais e as emoções ou reflexões que elas provocam . Incentive conexões entre os poemas de Cristiane Sobral, as obras de arte apresentadas e as experiências dos alunos.
Dedique um tempo para ler as legendas das obras, converse sobre dimensões, materiais e técnicas. Ressalte que os títulos são importantes para a interpretação das imagens.
Se desejar, crie uma lista com as palavras compartilhadas pelos alunos durante a conversa. Pergunte se eles identificam símbolos que remetem à negritude, como a planta “Comigo-ninguém-pode” (de origem africana), os cabelos afros, as bandeiras, os grafismos, os búzios, entre outros elementos. Estimule discussões sobre cores, formas, materiais, texturas e composições das obras.
ATIVIDADE PROPOSTA
Cada aluno deve ilustrar um poema ou um trecho dele, ou criar algo inspirado nas conexões entre os poemas e as obras de arte. Distribua folhas de papel sulfite e deixe os alunos livres para desenhar ou escrever com os materiais disponíveis. Oriente-os a explorar elementos do desenho, como ponto, linha, figura, fundo, cores e contrastes.
Organize um painel com os trabalhos apresentados pelos alunos. Esse painel pode ser exibido na sala de aula ou em outros espaços da escola. Incentive os alunos a compartilhar seus processos criativos e a comentar sobre as produções dos colegas
Se desejar ampliar os repertórios apresentados, destacamos outras referências de diferentes linguagens: Conceição Evaristo, Rosana Paulino, Castiel Vitorino, Maxwell Alexandre, Renata Felinto, Elza Soares, Seu Jorge, Liniker, Tássia Reis, Luedji Luna, entre outros artistas.
3º MOMENTO
Produção: criando poemas e desenhos para o futuro
Explique aos alunos que iniciaremos uma nova etapa do projeto: a produção de um livro de ilustrações e poemas. Divida os alunos em grupos de quatro pessoas ou de acordo com o tamanho da turma.
É importante reunir alunos de acordo com os diferentes níveis de aprendizagem, considerando que, nos anos iniciais do ensino fundamental, é comum haver alunos ainda em processo de alfabetização.
Explique a estrutura básica de um poema: título, estrofes e versos, que podem ou não ser rimados. Para exemplificar, construa um poema coletivo com a turma. Em seguida, peça que cada grupo produza um poema com, pelo menos, três estrofes com quatro versos cada uma, mas deixe espaço para liberdade criativa dos alunos.
O tema central tem que se relacionar com a equidade racial, ou o professor pode sugerir temas específicos para cada grupo, como:
• Valorizando nossas raízes;
• Enfrentamento ao racismo;
• Homenagem a uma pessoa negra;
• Cabelo e sua diversidade;
• Música negra: cultura e luta.
Se possível, disponibilize materiais de consulta, como dicionários ou dispositivos tecnológicos (tablets, computadores, notebooks). Incentive os alunos a buscar sinônimos para enriquecer o texto, mas explique também que a repetição de palavras ou de trechos pode conferir ritmo e força ao poema.
Com os textos prontos, peça aos alunos que produzam ilustrações para cada poema. Peça que tracem linhas de contorno bem definidas com canetinhas ou marcadores de texto, pintem os desenhos com cores contrastantes e não preencham o fundo da ilustração. Esses passos ajudam o professor na hora de digitalizar, editar e retirar o fundo das imagens no computador
4º MOMENTO
Curadoria
e organização
Compartilhe os desenhos dos alunos com a turma e permita que eles escolham, como uma curadoria, quais serão usados para ilustrar os poemas.
Se a escola dispuser de computadores ou tablets, os alunos podem transcrever os poemas e ilustrá-los com a ajuda de ferramentas gráficas de edição. Nos anos iniciais, é provável que o professor assuma parte dessa tarefa, pois nem sempre os alunos têm o domínio dessas tecnologias.
Explique a estrutura de um livro, como capa, contracapa, epígrafe, sumário, lista de autores, lista de ilustradores, apresentação, agradecimentos, capítulos e referências (vide anexo).
Incentive os alunos a participar dessa organização, como a ordem de entrada dos poemas, a escolha do desenho para a capa ou selecionando os agradecimentos. Essa participação aumenta o vínculo deles com o livro.
5º MOMENTO
Montagem do livro
Com os poemas transcritos e as ilustrações escolhidas, inicie a montagem do livro. Envolva os alunos nesse processo, considerando as opiniões e sugestões deles. Em turmas dos anos finais ou do ensino médio, eles podem realizar grande parte desse trabalho, mas, nos anos iniciais, é provável que o professor precise liderar a finalização
6º MOMENTO
Compartilhando resultados
Organize o momento de compartilhar o processo e lançar o livro. Considere realizar um sarau com leitura de poemas (ou slam) e exposição dos desenhos ou até um evento de lançamento do livro com autógrafos. Convide a comunidade escolar e os responsáveis para participar do projeto e divulgá-lo.
Esse momento de socialização não só valoriza a produção dos alunos, mas também reafirma o compromisso com a educação e a construção de uma sociedade antirracista.
reflexão final
Ao longo da sequência didática fundamentada na abordagem triangular, foi possível integrar os três eixos propostos por Ana Mae Barbosa para o ensino de arte: apreciação, contextualização e criação.
Há a possibilidade de manter essa mesma estrutura de sequência didática e adaptar os referenciais teóricos e artísticos a partir de temas que evidenciem o multiculturalismo. Podem ser explorados conteúdos como diversidade cultural, culturas indígenas, meio ambiente, relações de gênero, cultura popular (como dança e teatro), inclusão social e luta contra o capacitismo.
Por fim, essa sequência utiliza referências negras brasileiras para fomentar a educação antirracista, combater o racismo e a branquitude e valorizar a produção artística e intelectual de pessoas negras, com promoção do respeito à diversidade racial. Esse protagonismo estimula o desenvolvimento do pensamento crítico e democrático, direcionado para o enfrentamento das desigualdades raciais que ainda persistem no Brasil.
sugestões complementares
Na plataforma da Escola Fundação Itaú, considere acessar os cursos Trilha formativa de equidade racial e Equidade educacional: compreender para garantir. Esses cursos apresentam conceitos fundamentais sobre lutas antirracistas, demandas do movimento negro e abordagens escolares acerca do tema da equidade.
Para aprofundar a investigação sobre personalidades negras, acesse a plataforma Ancestralidades e confira o conteúdo disponibilizado que retrata as experiências, os saberes e as vivências da população negra.
referências
ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte. Arte & Crítica, São Paulo, ano XXI, n. 65, 2023. Disponível em: https://abca.art.br/wp-content/ uploads/2023/05/Arte-Critica-ed-65-2.pdf. Acesso em: 16 jan. 2025.
BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação pós-colonialista no Brasil: aprendizagem triangular. Comunicação & Educação, n. 2, pp. 59-64, jan.-abr. 1995. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v0i2p59-64. Acesso em: 16 jan. 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.
GOMES, Nilma Lino. Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Brasília: MEC/BID/Unesco, 2005.
MASP – Museu de Arte de São Paulo. Maria Auxiliadora da Silva: vida cotidiana, pintura e resistência. Disponível em: https://masp.org.br/exposicoes/maria-auxiliadora-da-silva-vida-cotidiana-pintura-e-resistencia. Acesso em: 16 jan. 2025.
MOREIRA, Amora. Afrofutur Collage. Site Oficial do Artista. Disponível em: https://amoramoreira.myportfolio.com/afrofutur-collage. Acesso em: 16 jan. 2025.
PRÊMIO PIPA. Silvana Mendes. Disponível em: https://www.premiopipa.com/ silvana-mendes/. Acesso em: 16 jan. 2025.
PROJETO AFRO. André Vargas. Disponível em: https://projetoafro.com/artista/ andre-vargas/. Acesso em: 16 jan. 2025.
SANTANA, Kaio Felipe Trindade. O pretagonismo nas artes visuais: representação afro-brasileira. 2023. 78 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Artes Visuais) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023.
SOBRAL, Cristiane. Terra negra. São Paulo: Malê, 2017.
verbetes utilizados
• Ana Mae Barbosa
• André Vargas
• Antônio Candido
• Carolina Maria de Jesus
• Castiel Vitorino
• Conceição Evaristo
• Criola
• Cristiane Sobral
• Danças Populares
• Desenho
• Elza Soares
• Lima Barreto
• Liniker
• Luiz Gama
• Maria Auxiliadora
• Maxwell Alexandre
• Multiculturalismo
• Panmela Castro
• Renata Felinto
• Rosana Paulino
• Ruth de Souza
• Silvana Mendes
• Slam
• Solano Trindade
• Teatro Popular
ANEXO
Sugestão de organização do livro
Essa estrutura foi criada para auxiliar os professores na montagem do livro, mas pode ser ajustada de acordo com a necessidade do projeto.
Contra capa
Verso em branco
Verso da capa em branco
Título
Espaço destinado a ilustração
Alunos da escola...
Prof. responsável
Referências
Poemas e ilustrações
Agradecimentos e apresentação
Lista de autores e ilustradores
Sumário
Epígrafe
Ficha técnica
Sequência sugerida para organização e montagem do livro
Capa do livro:
• título do livro;
• ilustração opcional feita por um aluno;
• nomes dos autores (sugestão: “Alunos da Escola...”);
• organização (nome do professor ou da professora responsável).
1. Verso da capa: folha em branco.
2. Ficha técnica:
• título do livro;
• nomes dos autores
• ilustrador da capa (se houver)
• cidade, estado e ano da publicação.
3. Verso da ficha técnica: folha em branco.
4. Epígrafe (opcional): escolha uma frase, citação ou trecho relacionado com o tema do livro.
5. Sumário: liste o título e o número da página de cada seção.
6. Lista de autores: inclua os nomes dos alunos em ordem alfabética.
7. Lista de ilustradores: inclua os nomes dos estudantes que ilustraram os poemas em ordem alfabética.
8. Agradecimentos (opcional): redija um texto breve agradecendo aos envolvidos no projeto.
9. Apresentação do livro (opcional): inclua um texto curto sobre o desenvolvimento da sequência didática e os objetivos do projeto (opcional).
10. Poemas: Para cada poema, inclua:
• título;
• nome dos autores;
• texto do poema;
• ilustração digitalizada;
• informações da ilustração (autor, título, ano, técnica, dimensão original e cidade).
11. Referências: relacione as fontes consultadas durante o desenvolvimento da sequência didática, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
12. Contracapa: indique cidade, estado e ano da publicação.
núcleo de informação e difusão digital
Gerência
Tânia Rodrigues
Coordenação de Enciclopédia
Luciana Rocha
Produção e Pesquisa
Ely Andrade (estagiário)
Matias Monteiro
Pedro Guimarães
Revisão
Quadratim
Redação
Era Silva Grevy
núcleo de criação e plataformas
Gerência
André Furtado
Coordenação de Conteúdos Multiplataforma
Kety Fernandes Nassar
Design
Girafa Não Fala (terceirizada)
Produção Editorial
Bruna Guerreiro
Pedro Soares Bueno (estagiário)
