Cinema do IMS Poços, março de 2025

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Encarnação do demônio, de José Mojica Marins

destaques de março

Em 1964, o aclamado À meia-noite levarei sua alma, de José Mojica Marins, introduziu na cultura brasileira o personagem Zé do Caixão. No encerramento da mostra dedicada ao cineasta, dois filmes reelaboram esse personagem: em Delírios de um anormal, um psiquiatra obcecado por Zé recorre ao próprio Mojica atrás de socorro. Em Encarnação do demônio, o cineasta recupera os direitos sobre o personagem e encerra a saga iniciada 44 anos antes.

O barão do terror, uma história que envolve a Inquisição e uma maldição de mais de 300 anos encerra o ciclo México Macabro: 1958-1961.

A turnê de despedida de um dos maiores nomes da música mundial chega aos cinemas em Milton Bituca Nascimento. O filme de Flavia Moraes acompanha a viagem e reúne depoimentos de nomes como Gilberto Gil, Quincy Jones e Spike Lee.

O curta-metragem Terceira chamada faz uso da dança para abordar as sagas e os desafios de alunos e professores do ensino público noturno. Sua exibição no IMS Poços será acompanhada por uma conversa com o diretor Guilherme Alves Pereira e equipe.

Ainda em março: Trilha sonora para um golpe de Estado, indicado ao Oscar de Melhor Documentário, aborda as intersecções entre a violenta colonização do Congo Belga, as lutas por independências e o jazz norte-americano. Indicado à mesma categoria, Sem chão aborda a aliança entre um ativista palestino e um jornalista israelense contra a violeta expulsão em massa de uma comunidade. Em Mickey 17, o sul-coreano Bong Joon-ho, vencedor do Oscar por Parasita, retoma os horrores do mundo do trabalho em uma ficção científica estrelada por Robert Pattinson. Um musical gay de reencontros e despedidas, O melhor amigo conta com a participação especial de Gretchen. Censurado pela ditadura militar e relançado em cópia restaurada, Onda nova (1983) retrata um time de futebol feminino e interroga as normas vigentes sobre gênero e sexualidade.

[imagem da capa]

Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes

Mickey 17, de Bong Joon-ho
Onda nova, de Ícaro Martins e José Antônio Garcia
Sem chão (No Other Land), de Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor

Em cartaz

Flow (Straume)

Gints Zilbalodis | DCP

Kasa Branca

Luciano Vidigal | DCP

Mickey 17

Bong Joon-ho | DCP

Milton Bituca Nascimento

Flavia Moraes | DCP

O brutalista (The Brutalist)

Brady Cobert | DCP

O intruso (The Visitor)

Bruce LaBruce | DCP

O melhor amigo

Allan Deberton | DCP

Onda nova

Ícaro Martins e José Antônio Garcia | DCP

Sem chão (No Other Land)

Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal

e Rachel Szor | DCP

Trilha sonora para um golpe de Estado

(Soundtrack to a Coup d’Etat)

Johan Grimonprez | DCP

José Mojica Marins

Restaurado

Delírios de um anormal

José Mojica Marins | DCP, restauração 4K

Encarnação do demônio

José Mojica Marins | DCP, restauração 4K

México Macabro: 1958-1961

Sessão especial

Terceira chamada

Guilherme Alves Pereira | Arquivo digital

O barão do terror (El Barón del terror)

Chano Urueta | DCP

15:00 Flow (85') 17:00 O brutalista (215')

19:00 Terceira chamada (29'), sessão seguida de debate com Guilherme Alves Pereira e equipe do filme. Mediação de Marcelo Leme.

19:00 O melhor amigo (96')

15:00 O brutalista (215')

19:00 Trilha sonora para um golpe de Estado (150')

15:00 Flow (85') 17:00 O brutalista (215') 9

15:00 Trilha sonora para um golpe de Estado (150') 18:00 O brutalista (215')

16:00 O melhor amigo (96') 19:00 Kasa Branca (95')

19:00 Milton Bituca Nascimento (110')

19:00 Onda nova (102')

Neste dia não haverá sessões de cinema

15:00 Trilha sonora para um golpe de Estado (150') 18:30 O melhor amigo (96') 23

16:00 Milton Bituca Nascimento (110') 18:30 Mickey 17 (137') 30

16:00 Onda nova (102') 19:00 Milton Bituca Nascimento (110')

16:00 Sem chão (92') 18:30 Mickey 17 (137')

Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.

Flow

Straume

Gints Zilbalodis | Letônia, Bélgica, França | 2024, 85’, DCP (Mares Filmes)

Gato é um animal solitário, mas, quando seu lar é destruído por uma grande inundação, ele encontra refúgio em um barco habitado por diversas espécies, tendo que se juntar a elas apesar das diferenças.

Flow é o segundo longa-metragem de Gints Zilbalodis. Longe (Away), seu longa anterior, é basicamente um filme de criação solo. Em Flow, Zilbalodis colaborou com uma ampla equipe, numa coprodução de três países. Ainda assim, ele esteve envolvido em uma série de funçõeschave, como o roteiro, o desenvolvimento do cenário e a composição da trilha sonora. Em entrevista à Variety, o diretor comenta: “Começo a escrever a música quando inicio o roteiro, quando a argila ainda não endureceu e ainda é moldável, e a música pode influenciar o desenvolvimento

da história. Por exemplo, na cena de clímax com o gato e o pássaro nas torres, eu sabia que eles iriam para lá, mas não conseguia imaginar o que realmente aconteceria quando eles chegassem. Mas, quando a música que eu havia escrito enquanto trabalhava no roteiro estava tocando, de repente tive todas essas ideias. Se eu não tivesse escrito aquela música, toda a história seria diferente. Se eu tivesse feito a trilha sonora do filme depois, todo o significado e o destino desses personagens seriam diferentes. É também por isso que é importante que eu mesmo faça essas coisas. Não estou dizendo que posso fazer qualquer uma delas melhor do que outra pessoa, mas, para mim, tudo faz parte de um processo de descoberta.”

Em janeiro, Flow recebeu o Globo de Ouro na categoria Melhor Filme de Animação, tornando-se o primeiro longa criado com o software Blender, gratuito e de código aberto, a conquistar o prêmio.

[Íntegra da entrevista, em inglês: bit.ly/flowims]

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Luciano Vidigal | Brasil | 2024, 95’, DCP (Vitrine Filmes)

Dé é um adolescente negro da periferia da Chatuba, no Rio de Janeiro, que recebe a notícia de que a avó, Almerinda, está na fase terminal da doença de Alzheimer. Ele tem a ajuda de seus dois melhores amigos, Adrianim e Martins, para enfrentar o mundo e aproveitar os últimos dias de vida com ela.

“Eu sou nascido e criado numa favela no Brasil. E a favela é muito inspiradora”, declara Vidigal em entrevista à Fred Film Radio, por ocasião da exibição do filme no Festival de Torino, na Itália. “Tem muitas histórias potentes e singulares que eu, como cineasta, quero mostrar pro mundo. E esse filme nasceu a partir de uma observação minha de um jovem amigo do meu irmão que

Kasa Branca

convivia com a avó que estava em eminência de morte por causa da doença de Alzheimer. E eu percebi que a relação deles ficou muito bonita através do afeto. E eu entendo e acredito que o afeto num lugar chamado favela e numa pele preta pode ser revolucionário. Essa história me tocou, e eu escrevo sobre o que me toca.”

No Festival do Rio, em 2024, Kasa Branca recebeu os prêmios de Melhor Direção em Ficção, Melhor Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante, para Diego Francisco, e Melhor Trilha Sonora Original.

[Íntegra da entrevista: bit.ly/kasabrancalv]

Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

Mickey 17

Bong Joon-ho | EUA | 2024, 137’, DCP (Warner Bros. Pictures do Brasil)

Um herói improvável, Mickey Barnes, interpretado por Robert Pattinson, se vê em uma circunstância extraordinária, trabalhando para um empregador que exige o compromisso máximo com o trabalho: morrer, para ganhar a vida.

Mickey 17 é a mais nova ficção científica de Bong Joon-ho, vencedor do Oscar por Parasita

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Milton Bituca Nascimento

Flavia Moraes | Brasil | 2025, 110’, DCP (Gullane+)

O documentário musical parte da turnê de despedida de Milton Nascimento, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, para entender a complexidade simples de sua obra e o quanto os mistérios que ele carrega permitem refletir sobre a alma brasileira.

Além de acompanhar a longa e bem-sucedida turnê, a diretora Flavia Moraes reúne depoimentos de personalidades, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Mano Brown, Djamila Ribeiro, Quincy Jones, Spike Lee e Paul Simon.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

O brutalista

The Brutalist Brady Cobert | EUA, Reino Unido, Hungria | 2024, 215’, DCP (Universal Pictures do Brasil)

Em fuga da Europa do pós-Segunda Guerra, o arquiteto visionário László Tóth chega à América para reconstruir sua vida, seu trabalho e o casamento com sua esposa Erzsébet, depois da separação forçada durante a guerra por mudanças de fronteiras e regimes. Sozinho em um novo país estranho, László se estabelece na Pensilvânia, onde o rico e proeminente industrial Harrison Lee Van Buren reconhece seu talento para a construção. Mas poder e legado têm um custo muito alto.

Escrito por Brady Corbet junto a sua parceira criativa e esposa Mona Fastvold, O brutalista levou sete anos para ser desenvolvido, financiado e produzido de forma independente pela dupla.

O filme foi vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza de 2024 e das categorias Melhor Filme de Drama, Melhor Ator em Drama, para Adrien Brody, e Melhor Direção no Globo de Ouro deste ano. Filmado em Vistavision 70 mm, as mais de três horas de filme resultam em centenas de quilos de película 70 mm, dividida em 26 rolos, o que Corbet define como “por si só um objeto brutalista”. Em entrevista ao portal The Hollywood Reporter, Corbet fala sobre suas motivações e os desafios em filmar arquitetura:

“O filme trata de como a experiência artística e a experiência do imigrante caminham em sintonia, ou seja, em geral, se alguém se muda para uma cidade suburbana nos Estados Unidos e não se parece com todo mundo – por causa da cor da pele ou por causa de suas crenças ou tradições –todo mundo quer que essa pessoa vá embora. Com o brutalismo na década de 1950, quando as pessoas estavam erguendo esses monumentos, muitas pessoas queriam que eles fossem demolidos imediatamente. Agora, há uma coisa muito interessante que vem acontecendo, e não sei se as pessoas estão acompanhando. Tenho pesquisado essa área na última década, portanto, tenho prestado muita atenção. Donald Trump tem a missão de demolir todos os prédios burocráticos brutalistas de Washington – e acho que ele continuará a fazer isso se for eleito para um segundo mandato [entrevista concedida em 9 de setembro de 2024, antes das eleições]. Enquanto era o presidente em exercício, ele criou uma turnê

que era uma celebração de toda a arquitetura neoclássica em Washington D.C. Ele regularmente fazia uma tagarelice sobre como queria que todos “os prédios feios, horríveis e modernos” fossem demolidos [referência ao projeto Make Federal Buildings Beautiful Again, de Donald Trump, a favor da implementação de arquitetura neoclássica].”

“[...] Portanto, para mim, a arquitetura brutalista é representativa de algo que as pessoas não entendem e que querem que seja demolido e arrancado. E acho que isso é realmente fascinante. Todo esse movimento surgiu da Bauhaus – Marcel Breuer, Paul Rudolph ou Louis Kahn, embora os edifícios de Louis sejam de um estilo muito diferente –, o trabalho deles estava lutando contra o que o mundo inteiro havia passado na primeira metade do século. Portanto, o filme trata de como a psicologia do pós-guerra moldou a arquitetura do pós-guerra. Até mesmo muitos dos materiais usados para construir esses edifícios –muitos deles foram desenvolvidos para o período de guerra. Esses edifícios não existiriam se não fosse o trauma pelo qual grande parte do mundo passou.”

“Acho que aprendi muito cedo que não podíamos filmar a arquitetura. Tínhamos que representar a arquitetura. Fizemos isso com a trilha sonora. Fizemos isso com o formato do filme. Com o VistaVision, o campo de visão é tal que você pode ficar bem na esquina de um prédio de seis andares e, com uma lente normal de 50 milímetros – que é a lente com a qual normalmente se filma um rosto humano –, é possível ver do topo do prédio até a base. Então, tivemos a ideia de que, para o brutalismo, nunca deveria haver nada ornamental na trilha sonora. Ela deveria ser tanto minimalista quanto maximalista. Mas também tinha que representar o movimento de alguma forma. E foi criada predominantemente com instrumentação do período. Estávamos falando sobre todas as coisas normais de que se fala quando se pensa em Nova York e Filadélfia na década de 1950 – muito jazz, o movimento Beat, o Nordeste etc. De alguma forma, esperávamos que o efeito cumulativo de todas essas decisões resultasse em algo que parecesse um filme brutalista. Acho que em todo o filme, como você disse, provavelmente são mostrados apenas quatro minutos de concreto.”

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

O melhor amigo

Allan Deberton | Brasil | 2024, 96’, DCP (Vitrine Filmes)

Na praia de Canoa Quebrada, o reencontro entre Lucas e Felipe faz acender antigos desejos. Enquanto Lucas se joga nesse paraíso solar e musical, em busca de uma paixão ardente e incerta, Felipe, com sua presença sempre tão misteriosa, parece escorregar por entre os dedos. Um musical gay de desencontros e reencontros amorosos, com participação especial de Gretchen.

Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

Onda nova

Ícaro Martins e José Antônio Garcia | Brasil | 1983, 103’, DCP, restauração 4K (Vitrine Filmes)

Acompanhamos as histórias das jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, um time feminino formado em 1983, em plena ditadura militar, ano em que o esporte foi regulamentado para as mulheres no Brasil, após ter sido banido por quatro décadas. Com o apoio de renomados jogadores da época, como Casagrande, Pita e Wladimir, elas enfrentam os preconceitos de uma sociedade conservadora. Paralelamente, lidam com problemas pessoais e se preparam para um simbólico jogo internacional contra a seleção italiana.

Protagonizado por Carla Camurati e Cristina Mutarelli, Onda nova conta com participações especiais de Caetano Veloso, Casagrande e Regina Casé. O filme foi exibido na 7ª Mostra de Cinema de São Paulo, em 1983. Logo em seguida, foi proibido pela censura do regime militar e só lançado quase um ano depois.

Onda nova foi restaurado e remasterizado em 4K por Julia Duarte, Aclara Produções Artísticas e a família de José Antonio Garcia, com a colaboração da Cinemateca Brasileira/SAC –Sociedade de Amigos da Cinemateca, Zumbi Post e JLS Facilidades Sonoras.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Sem chão

No Other Land

Basel Adra, Yuval Abraham, Hamdan Ballal, Rachel Szor | Palestina, Noruega | 2024, 92’, DCP (Synapse)

Basel Adra é um jovem ativista palestino de Masafer Yatta que luta desde a infância contra a expulsão em massa da sua comunidade pela ocupação israelense. Basel documenta o apagamento gradual do local, ao mesmo tempo em que os soldados destroem casas de famílias, no maior ato de transferência forçada já realizado na Cisjordânia ocupada. O caminho de Basel se cruza com o de Yuval, um jornalista israelense que se junta à sua causa e, no decorrer de metade de uma década, eles lutam contra a expulsão enquanto se aproximam. Esse vínculo complexo é assombrado pela extrema desigualdade entre os dois: Basel vive sob uma brutal ocupação militar, e Yuval vive livre e sem restrições. O filme foi

realizado por um coletivo palestino-israelense de quatro ativistas, cocriado durante os tempos mais sombrios e aterrorizantes da região.

“Para mim (Basel), venho filmando há mais de uma década, acumulando centenas de horas da vida ao meu redor. Meus pais e a geração anterior também filmaram, por isso tínhamos um grande arquivo de imagens históricas de Masafer Yatta, capturando muitas memórias da minha infância. Como coletivo, filmamos mais de 2.000 horas de material juntos, passando semanas no terreno acompanhando as demolições de casas e também documentando a nós mesmos nesse processo”, comenta Basel Adra em entrevista disponibilizada no material de imprensa internacional do filme.

“Decidimos desde o início que todas as escolhas para o filme seriam tomadas apenas com o consenso total de todos nós. Isso significava que, se uma pessoa não estivesse satisfeita com uma decisão, não seguiríamos adiante. Isso foi desafiador em alguns momentos, especialmente quando tínhamos ideias diferentes, mas nos aproximou, pois nos levou a longas conversas e nos permitiu compreender melhor as sensibilidades políticas uns dos outros.”

“Estamos fazendo este filme juntos, um grupo de ativistas e cineastas palestinos e israelenses, porque queremos impedir a contínua expulsão da comunidade de Masafer Yatta e resistir à realidade do apartheid em que nascemos –de lados opostos e desiguais. A realidade ao nosso redor está se tornando cada dia mais assustadora, violenta e opressiva – e somos

muito frágeis diante dela. Só podemos clamar por algo radicalmente diferente: este filme, que, em sua essência, é uma proposta para uma forma alternativa de convivência entre israelenses e palestinos nesta terra – não como opressor e oprimido, mas em plena igualdade.”

Sem chão já acumulou mais de 60 prêmios em festivais ao redor do mundo. Em 2024, foi eleito Melhor Documentário e recebeu o Prêmio do Público na seção Panorama Documentário do Festival de Berlim. Também ganhou o Prêmio do Público no CPH:DOX, na Dinamarca, no Visions du Réel, na França, e no IndieLisboa, em Portugal. O filme também está indicado ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Documentário.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Trilha sonora para um golpe de Estado

Soundtrack to a Coup d’Etat Johan Grimonprez | Bélgica, Holanda, França | 2024, 150’, DCP (Pandora Filmes)

Jazz e descolonização estão entrelaçados nesta montanha-russa histórica, que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadirem o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba –político que liderou a independência da República Democrática do Congo.

“Os Estados Unidos envolveram expoentes negros do jazz, enviando-os para a região afro-asiática, as zonas de fricção, para realmente conquistar os corações das mentes do Sul Global. Mas o que é peculiar é que, por exemplo, quando Louis Armstrong chega ao então recém-independente Congo, ele é usado como isca para

esconder que, na verdade, há um golpe de Estado sendo tramado pela CIA”, relata o diretor belga Johan Grimonprez em depoimento veiculado no material de imprensa do filme.

Com vasto e impressionante uso de material de arquivo – imagens, sons, citações de obras literárias –, marca do cinema de Grimonprez, Trilha sonora para um golpe de Estado reúne depoimentos e apresentações de figuras como Malcolm X, Louis Armstrong, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, John Coltrane, Abbey Lincoln, Max Roach e Nina Simone. O filme expõe a violência do processo de colonização do Congo Belga e também a luta de independência do país.

Com uma carreira de sucesso em festivais, o filme conquistou uma indicação ao Oscar deste ano na categoria de Melhor Documentário.

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

José Mojica Marins Restaurado

Terceira chamada

Guilherme Alves Pereira | Brasil | 2025, 29’, Arquivo digital (Acervo do artista)

Usando a dança como principal ferramenta de linguagem, a obra conta sobre pequenas histórias comuns do dia a dia do ensino público noturno tanto na visão dos professores quanto na dos alunos, com o principal objetivo de aproximá-los e motivá-los a manterem vivos seus sonhos acadêmicos.

A exibição será seguida de debate com diretor e equipe. Mediação de Marcelo Leme.

Entrada gratuita. Distribuição de senhas 60 minutos antes da exibição. Limite de uma senha por pessoa. Sujeito à lotação da sala.

A mostra José Mojica Marins Restaurado exibe em São Paulo e em Poços de Caldas dez filmes restaurados em 4K do mestre do terror brasileiro.

A restauração inédita, feita a partir dos negativos originais, celebra a carreira de Mojica, ícone do cinema fantástico brasileiro.

O cineasta marcou o Brasil em 1964 com À meia-noite levarei sua alma, apresentando o icônico Zé do Caixão, o coveiro em busca da mulher perfeita para perpetuar sua linhagem. A saga de Zé continuou em Esta noite encarnarei em teu cadáver (1967) e Encarnação do demônio (2008), fechando a trilogia após 44 anos. Zé do Caixão não foi apenas um personagem de filme, ele se transformou em um ícone pop, com presença na TV, em quadrinhos e até em discos. Embora tenha explorado diversos gêneros, Mojica deixou seu legado eterno no terror.

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Delírios de um anormal

José Mojica Marins | Brasil | 1978, 86’, DCP, restauração 4K (Olhos de Cão)

Obcecado pela figura de Zé do Caixão, um psiquiatra passa a ter delírios nos quais sua esposa é raptada pela malévola criatura. José Mojica Marins, o criador do personagem, procura auxiliá-lo e por meio de hipnotismo provoca uma luta ferrenha entre as forças do bem e do mal.

Encarnação do demônio

José Mojica Marins | Brasil | 2008, 80’, DCP, restauração 4K (Olhos de Cão)

Após 40 anos preso, Zé do Caixão é finalmente libertado e persegue convicto a meta que o levou à prisão: encontrar a mulher ideal para gerar seu filho perfeito. Último filme da trilogia/saga do Zé do Caixão, iniciada 44 anos antes com o filme À meia-noite levarei sua alma México Macabro: 1958-1961

A mostra no Cinema do IMS reúne quatro clássicos do horror mexicano dos anos 1960 restaurados, alinhados à filmografia de José Mojica Marins. Mistérios de alémtúmulo, O espelho da bruxa, O barão do terror, A maldição da Chorona trazem de volta pesadelos cinematográficos com uma abordagem alternativa ao cinema de gênero dominado por Hollywood. Essa programação especial revela o impacto cultural e histórico dessas obras, que, mesmo fora do circuito hegemônico, marcaram época com suas histórias sombrias, efeitos marcantes e características genuinamente latino-americanas.

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

O barão do terror

El Barón del terror Chano Urueta | México | 1961, 77’, DCP, restauração 2K (Alameda Films)

México, 1661. Vitelius, barão do terror, acusado de sedução e bruxaria, ri enquanto é torturado pela Inquisição. Após a passagem de um cometa, Vitelius promete regressar na próxima passagem do cometa, em 300 anos, para se vingar dos descendentes dos inquisidores.

Instituto Moreira Salles

Cinema

Curador

Kleber Mendonça Filho

Programadora

Marcia Vaz

Programador adjunto

Thiago Gallego

Produtora de programação

Quesia do Carmo

Assistente de programação

Lucas Gonçalves de Souza

Projeção

Fagner Andrades e Gilmar Tavares

Revista de Cinema IMS

Produção de textos e edição

Thiago Gallego e Marcia Vaz

Diagramação

Marcela Souza e Taiane Brito

Revisão

Flávio Cintra do Amaral

A programação do mês tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Poços de Caldas, da Alameda Films, Olhos de Cão, das distribuidoras Gullane +, Mares Filmes, Pandora Filmes, Synapse, Universal Pictures do Brasil, Vitrine Filmes e Warner Bros. Pictures do Brasil e do projeto Sessão Vitrine Petrobras. Agradecemos a Felipe Martín Lozano, Guilherme Alves Pereira e Paulo Sacramento.

Venda de ingressos

Ingressos à venda pelo site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, para sessões do mesmo dia. No ingresso.com, a venda é mensal, e os ingressos são liberados no primeiro dia do mês. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 85 lugares.

Meia-entrada

José Mojica Marins Restaurado

Realização: Cinema do IMS

Curadoria: Paulo Sacramento

Produção: Olhos de Cão

México Macabro: 1958-1961

Realização, curadoria e produção: Cinema do IMS

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública e privada, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos e titulares do cartão Itaú (crédito ou débito).

Devolução de ingressos

Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas no site ims.com.br e no Instagram @imoreirasalles. Confira as classificações indicativas no site do IMS.

O melhor amigo, de Allan Deberton

Visitação: terça a sexta, das 13h às 19h. Sábados e domingos, das 9h às 19h.

Entrada gratuita.

Sessões de cinema: Quinta a domingo. Rua Teresópolis, 90 CEP 37701-058

Cristiano OsórioPoços de Caldas ims.pc@ims.com.br

ims.com.br

/institutomoreirasalles @imoreirasalles @imoreirasalles /imoreirasalles /institutomoreirasalles

Trilha sonora para um golpe de Estado (Soundtrack to a Coup d’Etat), de Johan Grimonprez

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