

Originalmente concebido como um episódio piloto para uma série de televisão, o aclamado Cidade dos sonhos, de David Lynch, falecido em janeiro deste ano, retorna aos cinemas em cópia restaurada em 4K.
Em Parque de diversões, Ricardo Alves Jr. cria uma coreografia sexual que remonta a um período em que o Parque Municipal de Belo Horizonte servia como ponto de cruising ou pegação.
Mergulhando em seu próprio universo e percorrendo os 40 anos de sua filmografia, Leos Carax tenta, através de imagens, responder a questão: “Onde você está, Carax?”. Com isso, surge o filme Não sou eu, exibido em programa duplo com Alegoria urbana, em que Alice Rohrwacher e JR, também através de imagens, refletem sobre a alegoria da caverna de Platão sob a perspectiva de um menino de 7 anos.
Ainda este mês, Sempre garotas, de Shuchi Talati, faz um retrato do mundo adolescente, cheio de possibilidades e entusiasmo, mas também de pressões e restrições impostas pelos papéis conservadores de gênero. A amizade incondicional de Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé e seu impacto na cultura brasileira são retratados no documentário 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado. Na animação Abá e sua banda, de Humberto Avelar, um jovem príncipe sonha em ser músico, mas precisará enfrentar Don Coco, que quer acabar com a diversidade do reino.
[imagem da capa]
3 Obás de Xangô
SérgioMachado|DCP
Abá e sua banda
HumbertoAvelar|DCP
Alegoria urbana (Allégorie citadine)
AliceRohrwachereJR|DCP
Cidade dos sonhos (Mulholland Drive)
DavidLynch|DCP,restauração4K
Kasa Branca
LucianoVidigal|DCP
Milton Bituca Nascimento
FlaviaMoraes|DCP
Não sou eu (C’est pas moi)
Leos Carax | DCP
O melhor amigo
Allan Deberton | DCP
Onda nova
Ícaro Martins e José Antônio Garcia | DCP, restauração 4K
Parque de diversões
Ricardo Alves Jr. | DCP
Sem chão (No Other Land)
Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal, Rachel Szor | DCP
Sempre garotas (Girls Will Be Girls)
Shuchi Talati | DCP
19:00 Parque de diversões (71')
19:00 Milton Bituca Nascimento (110')
19:00 O melhor amigo (96') 11
19:00 Sem chão (92')
19:00 Kasa Branca (95')
16:00 Abá e sua banda (84') 18:30 Cidade dos sonhos (147')
16:00 Parque de diversões (71') 19:00 Onda nova (102') 12
16:00 Sem chão (92') 19:00 Parque de diversões (71') 19
16:00 Kasa Branca (95') 19:00 Alegoria urbana + Não sou eu (63')
16:00 Sem chão (92') 18:30 Milton Bituca Nascimento (110') 13
16:00 Onda nova (102') 18:30 Milton Bituca Nascimento (110') 20
16:00 Abá e sua banda (84') 18:00 Cidade dos sonhos (147')
19:00 3 Obás de Xangô (74')
18:30 Cidade dos sonhos (147')
16:30 3 Obás de Xangô (74') 19:00 Alegoria urbana + Não sou eu (63') Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.
16:00 Abá e sua banda (84') 18:30 Sempre garotas (118')
mergulha na experiência arrebatadora de sexo e liberdade do cruising
Ricardo Alves Jr. fala à Bravo! sobre seu novo longa, que venceu o prêmio da crítica na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes e está em cartaz nos cinemas
Barbara Demerov
Atualizado em 6 fev 2025, 11h45Publicado em 6 fev 2025, 08h00
Um parque de diversão é muitas vezes visto como um espaço familiar e infantil. Mas esse não é o caso do novo longa de Ricardo Alves Jr. (de Elon não acredita na morte). Em seu novo filme, Parque de diversões, o cineasta percorre esses espaços coloridos e lúdicos a fim de provocar uma experiência arrebatadora de sexo e de liberdade, tanto para seus personagens como para quem assiste a tudo do outro lado.
Após ser exibido em festivais, como a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o MIX Brasil e o FID Marseille, na França, Parque de diversões desembarcou na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, evento que aconteceu entre 24 de janeiro e 1 de fevereiro, e que marca o início do calendário anual de festivais nacionais. Da cidade mineira, o longa saiu vencedor com o Prêmio da Crítica (Abraccine).
O filme propõe uma experiência imersiva que se passa no decorrer de uma única noite. O tema é apenas um: sexo. Sexo entre pessoas desconhecidas. O interesse de Alves Jr. não é o de apresentar personagens e suas histórias pregressas a fim de que a trama evolua a passos mais complexos.
O cineasta apenas quer filmar personagens anônimos que vagam por um parque fechado para o público, mas aberto para os prazeres carnais sem qualquer tipo de
julgamento. E é isso o que ele faz, com takes provocantes, cenários coloridos e uma trilha sonora de fundo que faz tudo ao redor vibrar. Para a Bravo! , Alves Jr. fala sobre as origens de seu novo filme, que mergulha no universo do cruising (prática de atos sexuais anônimos em espaços públicos), a importância do cinema independente, no sentido de criar histórias que provoquem o conservadorismo, e muito mais. Confira a entrevista completa a seguir:
Bravo!: Como foi o processo de fazer o filme? Quais desafios encontraram durante a produção?
Ricardo Alves Jr.: Filmamos Parque de diversões em um parque municipal de Belo Horizonte. E esse filme se deriva de meu filme anterior: Tudo o que você podia ser. Durante as filmagens do Tudo, teria uma cena que seria feita dentro do parque. A gente chegou a filmar essa cena e, de repente, eu pensei: “Nossa, esse não é o corpo desse filme, é de um outro”.
Mesmo filmando um longa, tive certa urgência de fazer outro. Então, aproveitei esse tempo, logo no final do Tudo o que você podia ser , e filmamos o Parque de diversões nesse parque, que está no coração de BH e que liga a cidade em vários pontos. Na década de 1970, era um lugar sem
grades, de livre acesso, com muitos encontros gays, de pessoas anônimas.
O filme surge também a partir dessa vontade. Parque de diversões foi rodado em uma semana. Foram cinco diárias noturnas, com a mesma equipe do Tudo o que você podia ser, uma equipe bem pequena, inclusive. E com um grupo de performers, atores e artistas visuais da cidade de Belo Horizonte.
Eu não gosto de falar que o filme é sobre sexo – esse é um filme de sexo. É um filme que a gente fez completamente na raça, sem dinheiro público. E, num momento como esse, em que vivemos uma onda conservadora muito forte, onde realmente a extrema direita tomou os artistas como inimigos e como centro de um ataque, um filme como esse eu não poderia fazer com dinheiro público, sabe? É independente mesmo, com toda a radicalidade que se propõe em termos de linguagem e conteúdo.
Para você, o quão importante é o ato de fazer um filme como esse em uma época na qual o conservadorismo anda tão em pauta?
O filme realmente tem esse gesto contra esse conservadorismo. Vivemos um momento de enfrentamento mesmo, de lutar pela liberdade das representações, de ser quem é. Temos de ocupar esses
espaços, inclusive em termos de representação queer. O filme não representa toda uma comunidade, isso é importante falar. É um recorte, porque são diversas as possibilidades de comunidade.
Mas acho importante pontuar essa radicalidade que o filme banca. É uma coisa muito louca, porque o sexo ainda é um tabu, ainda é um assunto que gera contradições. Parque de diversões é um filme explícito, que está no limiar entre o erotismo e o pornográfico, e coloca o espectador num lugar de voyeurista. É por isso que, quando a pessoa fala sobre o que achou do filme, aquilo pode dizer muito sobre ela mesma. O sexo é uma coisa bem particular e subjetiva.
Parque de diversões esteve na seleção da Mostra de Cinema de Tiradentes, um festival conhecido por ser fora da curva. Como se sente em exibir o filme aqui após passar pela Europa?
Estar em Tiradentes tem duas coisas. Primeiro, porque é um festival que, para mim, como realizador, é muito importante. Eu exibi praticamente todos os meus trabalhos aqui, de curtas a longas. E também é um festival que eu já vinha como público. Eu sou de BH, esse evento faz parte da minha formação como realizador. Cada vez mais, o festival está voltado a um cinema contemporâneo
feito por diversas regiões do país. São diversas linguagens, diversas formas de representação. Eu acho muito provocador estar aqui, ver os filmes e também exibir Parque de diversões no meio desses títulos.
Qual é a sua expectativa para a estreia do filme? Acha que a cota de tela ajudará a manter a produção em cartaz?
A cota de tela é super importante para garantir o espaço do cinema brasileiro, e para garantir o espaço do cinema brasileiro num bom horário, porque também tem isso, né? Às vezes acontece com certos programadores que programam filme brasileiro, mas num horário que é muito difícil, às 15h.
A cota de tela também vem para garantir que o filme vai chegar num horário possível, para que as pessoas vão ao cinema. Estamos animados para a estreia, especialmente porque o filme tem uma questão de risco, no sentido de experimentação. Mas também acho que é o momento do cinema brasileiro. Vamos colocar esse longa num cinema comercial e confrontar o público com a experiência. O que eu vejo após as sessões é que as pessoas reagem bastante ao filme. Não é uma questão de gostar ou não: é uma questão de entender o que a essa experiência pode provocar.
Sérgio Machado | Brasil | 2024, 74’, DCP (Gullane +)
Uma amizade incondicional: Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. Artistas que foram os maiores responsáveis pela criação de um imaginário de baianidade que persiste até os dias de hoje. Os três defendiam que a força de suas obras residia em documentar o que viam nas ruas: a resiliência do povo do candomblé, o poder das mulheres e a onipresença do mar. Os livros de Jorge, as canções de Caymmi e as pinturas e esculturas de Carybé apontaram para “um modo de estar no mundo” dos baianos e influenciaram gerações de artistas.
3 Obás de xangô teve sua estreia mundial no Festival do Rio em 2024 e saiu vencedor na categoria Melhor Documentário. No mesmo ano, o filme foi escolhido pelo público como Melhor Documentário na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e, em 2025, foi eleito também pelo público como o Melhor Longa-Metragem da Mostra de Cinema de Tiradentes.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Abá e sua banda
Humberto Avelar | Brasil | 2024, 84’, DCP (Vitrine Filmes)
Abá é um jovem príncipe cujo maior desejo é ser músico. Ele consegue escapar do castelo do pai sem ser reconhecido por ninguém. Quando conhece Ana, uma garota que toca bateria, o rapaz percebe a oportunidade de formar uma banda ao lado do amigo de infância, Juca, um músico genial. É o primeiro passo para seguir o sonho de criança: tocar no Festival da Primavera, o maior evento do reino de Pomar, responsável pela renovação da natureza. Mas Abá vai precisar da ajuda dos amigos para enfrentar Don Coco, que quer acabar com a diversidade que existe no local.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Allégorie citadine
Alice Rohrwacher e JR | França | 2024, 21’, DCP (Filmes da Mostra)
Na alegoria da caverna, Platão pergunta: O que aconteceria se um dos prisioneiros conseguisse libertar-se das correntes e escapar da caverna?
E se esse prisioneiro fosse Jay, um menino de sete anos?
Quatro anos após realizarem o curta Omelia Contadina, a cineasta Alice Rohrwacher e o artista visual JR voltam a colaborar em Alegoria urbana.
O curta-metragem, concebido como uma fábula, é uma extensão do projeto Retorno à caverna, instalação em dois atos feita por JR a convite da Ópera Nacional de Paris durante a restauração do Palais Garnier.
“O que está por trás do movimento cotidiano de uma cidade?”, refletem Rohrwacher e JR em depoimento para o material de imprensa do filme. “No inverno passado, nos encontramos em Paris e começamos a falar sobre a alegoria da caverna, contada na República de Platão. O mito imagina a
humanidade vivendo acorrentada, olhando para as profundezas de uma caverna e observando as sombras se moverem pelas paredes, acreditando que são a realidade.”
“Nós dois trabalhamos com imagens, que podem ser ilusões, mas também podem se tornar um instrumento de luta e liberação do pensamento. Então, com base nessa discussão, decidimos criar um curta-metragem. Tínhamos algumas ideias fixas – a caverna, a dança, a cidade agitada ao nosso redor – e uma pergunta: o que aconteceria se todos nós conseguíssemos nos virar e sair da caverna juntos? Talvez não seja suficiente afirmar que as imagens são ilusões, desde que as correntes que nos prendem sejam reais.”
Parte da seleção do Festival de Veneza em 2024, Alegoria urbana será exibido junto ao média Não sou eu, de Leos Carax.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Cidade dos sonhos
Mulholland Drive
David Lynch | EUA | 2001, 147’, DCP, restauração 4K (Retrato Filmes)
A jovem aspirante a atriz Barbie Betty viaja para Hollywood e conhece Rita, que escapou por pouco de ser assassinada, e que agora se encontra com amnésia devido a um acidente de carro. Juntas, vão em busca da verdade por trás da identidade de Rita.
Originalmente concebido como um episódio piloto para uma série de televisão, boa parte do filme foi rodada em 1999, mas rejeitada pelo canal ABC. Pouco mais de um ano depois, Lynch retomou o projeto, transformando-o em um filme de longa-metragem. Por Cidade dos sonhos, Lynch recebeu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes, em 2001 e, no ano seguinte, uma indicação ao Oscar na mesma categoria.
O aclamado filme de David Lynch, falecido em janeiro deste ano, retorna aos cinemas em cópia restaurada em 4K.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Kasa Branca
Luciano Vidigal | Brasil | 2024, 95’, DCP (Vitrine Filmes)
Dé é um adolescente negro da periferia da Chatuba, no Rio de Janeiro, que recebe a notícia de que a avó, Almerinda, está na fase terminal da doença de Alzheimer. Ele tem a ajuda de seus dois melhores amigos, Adrianim e Martins, para enfrentar o mundo e aproveitar os últimos dias de vida com ela.
No Festival do Rio, em 2024, Kasa Branca recebeu os prêmios de Melhor Direção em Ficção, Melhor Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante, para Diego Francisco, e Melhor Trilha Sonora Original.
Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).
Milton Bituca Nascimento
Flavia Moraes | Brasil | 2025, 110’, DCP (Gullane+)
O documentário musical parte da turnê de despedida de Milton Nascimento, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, para entender a complexidade simples de sua obra e o quanto os mistérios que ele carrega permitem refletir sobre a alma brasileira.
Além de acompanhar a longa e bem-sucedida turnê de Nascimento, a diretora Flavia Moraes reúne depoimentos de personalidades, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Mano Brown, Djamila Ribeiro, Quincy Jones, Spike Lee e Paul Simon.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Não sou eu
C’est pas moi
Leos Carax | França | 2024, 42’, DCP (Filmes da Mostra)
Para uma exibição, que no fim nunca chegou a acontecer, o Centro Pompidou pediu a Leos Carax para responder, em imagens, à questão: “Onde você está, Carax?”. O cineasta, então, mergulhou no próprio universo e percorreu os 40 anos de sua filmografia, visitando momentos decisivos da carreira, enquanto capturava a evolução política de cada tempo. “O mundo que encontrei ao nascer (a sombra escura de Hitler, minhas irmãs e meus pais etc.)”, conta Carax em entrevista disponibilizada no material de imprensa do filme. “O mundo que descobri mais tarde: amigos, amores, companheiros de trabalho. Minha filha. Meus cachorros. E todos aqueles que me convidaram para uma viagem. Os pensadores, artistas, résistants que, desde tempos imemoriais, prepararam o terreno para que uma ilha pudesse se erguer em mar aberto – um lugar às vezes pouco acolhedor, mas onde, pelo menos, não
existem funcionários da alfândega ou regras ridículas, onde o ar é respirável e você pode se perder. Uma ilha do outro lado da vida, de onde podemos ver nosso próprio mundo sob uma luz nova e inventada.”
“É um filme que tive de construir e desmontar sozinho. Um pequeno filme, feito na cama e na mesa de edição (embora essas mesas não existam mais). Um filme nascido da noite e do dia. Durante minhas insônias, duas ou três imagens vinham até mim – impressões, correspondências. De manhã, em minha mesa, eu usava o software de edição para tentar orquestrar tudo. Com imagens de meus arquivos ou encontradas na web, posteriormente substituídas (ou não) por imagens filmadas com meu celular ou com uma equipe. À noite, eu gravava minha voz no celular.”
“O filme evoca as poucas vozes que nos acompanham desde a infância. É também uma história de gratidão; graças a essas vozes, nunca estaremos completamente sós.”
Parte da seleção do Festival de Cannes, em 2024, Não sou eu será exibido junto ao curta-metragem Alegoria urbana, de Alice Rohrwacher e JR.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Allan Deberton | Brasil | 2024, 96’, DCP (Vitrine Filmes)
Na praia de Canoa Quebrada, o reencontro entre Lucas e Felipe faz acender antigos desejos.
Enquanto Lucas se joga nesse paraíso solar e musical, em busca de uma paixão ardente e incerta, Felipe, com sua presença sempre tão misteriosa, parece escorregar por entre os dedos.
Um musical gay de desencontros e reencontros amorosos, com participação especial de Gretchen.
Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).
Onda nova
Ícaro Martins e José Antônio Garcia | Brasil | 1983, 103’, DCP, restauração 4K (Vitrine Filmes)
Acompanhamos as histórias das jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, um time feminino formado em 1983, em plena ditadura militar, ano em que o esporte foi regulamentado para as mulheres no Brasil, após ter sido banido por quatro décadas. Com o apoio de renomados jogadores da época, como Casagrande, Pita e Wladimir, elas enfrentam os preconceitos de uma sociedade conservadora. Paralelamente, lidam com problemas pessoais e se preparam para um simbólico jogo internacional contra a seleção italiana.
O filme foi exibido na 7ª Mostra de Cinema de São Paulo, em 1983. Logo em seguida, foi proibido pela censura do regime militar e só lançado quase um ano depois.
Onda nova será exibido em nova restauração em 4K.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Ricardo Alves Jr. | Brasil | 2024, 71’, DCP (Cajuína Audiovisual)
Figuras anônimas percorrem as ruas em busca de encontros, até que uma delas rompe o portão gradeado do parque da cidade e começa a explorar suas vias. Esse território proibido é, então, semeado pelo imperativo do desejo.
Um filme em torno do universo do cruising, ou pegação, Parque de diversões, de Ricardo Alves Jr., foi filmado ao longo de sete noites, sem captação de recursos públicos, logo na sequência de seu filme anterior, o longa Tudo o que você podia ser. O filme teve sua estreia mundial na competição internacional do FID Marseille, da França, em junho de 2024. Em entrevista a Elcio Ramalho para o podcast RFI Convida, o diretor Ricardo Alves Jr. conta:
“Normalmente o cruising se pratica em espaços públicos, onde esses desconhecidos se encontram e praticam a sua liberdade sexual, né? Esse filme, de alguma maneira, ele remonta também um pouco à história do Parque Municipal
da cidade de Belo Horizonte, de onde venho. [...] É um parque bem no coração da cidade, onde um fluxo de pedestres e de passantes existia quase como uma conexão de pontos da cidade. E, na década de 1950, 1960, esse parque era um ponto de encontro dos homossexuais, principalmente no horário noturno. Sabe esses encontros, digamos, proibidos? Ali, numa sociedade muito conservadora, como é a sociedade mineira. E, na década de 1970, esse parque foi fechado. Foram colocadas grades, posso dizer que no sentido de ‘moralizar’ essas práticas ou esses encontros. E o filme um pouco remonta, não historicamente, mas em termos de poética, uma ideia desses encontros. [...] Ele remonta um pouco a uma ideia de que essa liberdade de fluidez entre esses corpos existia nesse lugar. [...] Eu penso que o trabalho de encenação desse filme, ele remonta muito proximamente à ideia de uma, de uma coreografia pornográfica.”
[Íntegra da entrevista: bit.ly/parquedediversoesrajr]
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
No Other Land
Basel Adra, Yuval Abraham, Hamdan Ballal, Rachel Szor | Palestina, Noruega | 2024, 92’, DCP (Synapse)
Vencedor do Oscar 2025 na categoria Melhor Documentário, o filme acompanha Basel Adra, um jovem ativista palestino de Masafer Yatta que luta desde a infância contra a expulsão em massa da sua comunidade pela ocupação israelense. Basel documenta o apagamento gradual do local, ao mesmo tempo que os soldados destroem casas de famílias, no maior ato de transferência forçada já realizado na Cisjordânia ocupada. O caminho de Basel se cruza com o de Yuval, um jornalista israelense que se junta à sua causa e, no decorrer de metade de uma década, eles lutam contra a expulsão enquanto se aproximam. Esse vínculo complexo é assombrado pela extrema desigualdade
entre os dois: Basel vive sob uma brutal ocupação militar, e Yuval vive livre e sem restrições. O filme foi realizado por um coletivo palestino-israelense de quatro ativistas, cocriado durante os tempos mais sombrios e aterrorizantes da região.
“Para mim (Basel), venho filmando há mais de uma década, acumulando centenas de horas da vida ao meu redor. Meus pais e a geração anterior também filmaram, por isso tínhamos um grande arquivo de imagens históricas de Masafer Yatta, capturando muitas memórias da minha infância. Como coletivo, filmamos mais de duas mil horas de material juntos, passando semanas no terreno, acompanhando as demolições de casas e também documentando a nós mesmos nesse processo”, comenta Basel Adra em entrevista disponibilizada no material de imprensa internacional do filme.
“Decidimos desde o início que todas as escolhas para o filme seriam tomadas apenas com o consenso total de todos nós. Isso significava que, se uma pessoa não estivesse satisfeita com uma decisão, não seguiríamos adiante. Isso foi desafiador em alguns momentos, especialmente quando tínhamos ideias diferentes, mas nos aproximou, pois nos levou a longas conversas e nos permitiu compreender melhor as sensibilidades políticas uns dos outros.”
“Estamos fazendo este filme juntos, um grupo de ativistas e cineastas palestinos e israelenses, porque queremos impedir a contínua expulsão da comunidade de Masafer Yatta e resistir à realidade do apartheid em que nascemos –de lados opostos e desiguais. A realidade ao nosso redor está se tornando cada dia mais assustadora, violenta e opressiva – e somos
muito frágeis diante dela. Só podemos clamar por algo radicalmente diferente: este filme, que, em sua essência, é uma proposta para uma forma alternativa de convivência entre israelenses e palestinos nesta terra – não como opressor e oprimido, mas em plena igualdade.”
Além do Oscar, Sem chão já acumulou mais de 60 prêmios em festivais ao redor do mundo. Em 2024, foi eleito Melhor Documentário e recebeu o Prêmio do Público na seção Panorama Documentário do Festival de Berlim. Também ganhou o Prêmio do Público no CPH:DOX, na Dinamarca, no Visions du Réel, na França, e no IndieLisboa, em Portugal.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Sempre garotas
Girls Will Be Girls
Shuchi Talati | Índia, França, EUA, Noruega | 2023, 118’, DCP (Filmes do Estação), pré-estreia
Em um rigoroso internato situado no Himalaia, Mira, de 16 anos, descobre o desejo e o romance. Mas seu despertar sexual e rebelde é interrompido por sua jovem mãe, que nunca conseguiu amadurecer.
Com sessões de pré-estreia no Cinema do IMS, Sempre garotas, escrito e dirigido por Shuchi Talati, é um retrato do mundo adolescente, cheio de possibilidades e entusiasmo, mas também de pressões e restrições impostas pelos papéis conservadores de gênero. O filme mostra uma mãe e uma filha que navegam em mundos nem sempre feitos para elas, mas dentro dos quais elas insistem em se rebelar e criar, uma para a outra, novas realidades.
“Sinto que, coletivamente, todas nós conhecemos essa escola, quer você tenha estudado em um convento ou em outro tipo de instituição, as especificidades geralmente não importam. Acho que todas nós já passamos por essa experiência de ser fortemente policiada quando adolescente em relação ao que vestir, como se comportar e o que é apropriado e moral”, conta Talati em entrevista para o portal Firstpost.
“Eu estava refletindo sobre esse legado do constrangimento e pensei que realmente queria contar a história sobre o despertar sexual de uma jovem, seu primeiro romance, seu desejo, sem que a narrativa a envergonhasse. Eu não queria que ela fosse a garota má que faz algo ruim, mas sim a garota boa, a melhor, a personagem que amamos e que está vivenciando uma experiência totalmente normal. E, na narrativa, isso é tratado como normal e mundano. A narrativa lhe dá autonomia. Ela tem permissão para se divertir. Ela não é punida por isso, e isso foi importante para mim”. O filme foi vencedor do Prêmio do Público de Melhor Filme e do Prêmio de Melhor Atriz para Preeti Panigrahi no Festival de Sundance, em 2024.
[Íntegra da entrevista em inglês: tinyurl.com/ sempregarotasst]
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Instituto Moreira Salles
Cinema
Coordenador | Curador
Kleber Mendonça Filho
Supervisora de curadoria e programação
Marcia Vaz
Programador adjunto
Thiago Gallego
Produtora de programação
Quesia do Carmo
Assistente de programação
Lucas Gonçalves de Souza
Projeção
Fagner Andrades e Gilmar Tavares
Revista de Cinema IMS
Produção de textos e edição
Thiago Gallego e Marcia Vaz
Diagramação
Marcela Souza e Taiane Brito
Revisão
Flávio Cintra do Amaral
A programação do mês tem apoio da Bravo!, das distribuidoras Cajuína Audiovisual, Filmes da Mostra, Filmes do Estação, Gullane +, Retrato Filmes, Synapse, Vitrine Filmes e do projeto Sessão Vitrine Petrobras.
Agradecemos a Barbara Demerov, Fábio Ribeiro, Laís Franklin, Ricardo Alves Jr. e Samuel Huh.
Ingressos à venda pelo site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, para sessões do mesmo dia. No ingresso.com, a venda é mensal, e os ingressos são liberados no primeiro dia do mês. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala. Capacidade da sala: 85 lugares.
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública e privada, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos e titulares do cartão Itaú (crédito ou débito).
Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas no site ims.com.br e no Instagram @imoreirasalles. Confira as classificações indicativas no site do IMS.
Visitação: terça a sexta, das 13h às 19h. Sábados e domingos, das 9h às 19h.
Entrada gratuita.
Sessões de cinema: Quinta a domingo. Rua Teresópolis, 90 CEP 37701-058
Cristiano OsórioPoços de Caldas ims.pc@ims.com.br
ims.com.br
/institutomoreirasalles @imoreirasalles @imoreirasalles /imoreirasalles /institutomoreirasalles