Quem é Matheus Terra? “Sou uma pessoa não binária, sou licenciando em teatro no IFF Campus Centro, estou em processo de pesquisa com o meu TCC com o tema "Performance transviada: investigação de corpos marginalizados”. Sou a glitterizada também, dou vida a essa drag queer, drag queen, artista visual, não sei ainda. Ainda estou em processo de investigação”
De onde você tira as inspirações para fazer se montar? “Então, a pessoa que mais me inspira é uma drag queer. É a Alma Negrot ela trabalha com esse estilo de maquiagem mais conceitual, mais abstrato. Depois que eu conheci a Alma eu falei: Quero fazer isso! Eu não sei como ainda, eu nunca tive esse costume de me maquiar, quando eu me maquiava para sair quem me maquiava eram os meus amigos. A Alma Negrot é minha maior inspiração, que artista não tem referência né? Ela é minha rainha suprema, eu cheguei a encontrar com ela uma vez no carnaval de São Paulo ela fez uma maquiagem super rápida em mim. Eu conheci ela por um canal no Youtube chamado DRAG-SE, onde ela ensinava e falava um pouco sobre o estilo de maquiagem dela, que é uma maquiagem intuitiva. E é isso que estamos fazendo agora! Então eu tomei esse conceito pra minha vida, eu vou fazendo a maquiagem de acordo com o que eu tô sentindo.”
Por quê você começou a se montar? “Eu entrei na licenciatura em 2016 e eu nunca tive contato com a arte da forma que eu tive na licenciatura, então quando eu comecei a ter tudo aquilo passando por mim: aula de
atuação, poéticas do corpo, na faculdade eu aprendi que eu consigo dançar né!? Eu que sou uma pessoa gorda e sempre foi me dito que eu não dançava, que não era bonito me ver dançar. Então dentro da faculdade eu fui me encontrando, me desconstruindo...E aí eu conheci a performance dentro da faculdade (a performance é uma se fazer arte que mescla a dança, o teatro, a música e as artes visuais e ela trabalha muito com o real e o corpo. Geralmente na performance não tem um personagem, sou eu Matheus falando sobre algo que te incomoda e que tenha haver com a sua vida. A minha primeira performance foi “Matheusa”. Uma performance sobre uma pessoa não binária que morreu em São Paulo queimada dentro de uma favela, eu montei uma performance inspirada nos dados da morte dela e ela fazia artes visuais então assim a maquiagem, eu costumo chamar de maquiagem performativa pq ela tem esse teor performativo. Um dos meus maiores objetivos com as minhas montações nunca foi sobre o que aquilo significava pra mim mas sim o que a minha maquiagem passa para outras pessoas. Que normalmente não é algo racional, e sim sentir sabe? Não é algo que você vai conseguir raciocinar, é algo muito mais corporal e de sensações do que algo de cérebro. A maioria das vezes que eu me montava, eu perguntava na legenda das fotos “O que você vê? O que a maquiagem te faz sentir?” e aí teve um amigo meu olhou e falou “Eu vejo uma ovelha” e eu disse “ok, se você vê uma ovelha…” (foi uma maquiagem que eu fiz com algodão). E assim não tem certo ou errado, pelo menos eu acredito que no quesito maquiagem não tem. É muito mais uma forma de você externalizar o que você sente, o que está se passando pela sua cabeça, uma forma não racional...Você transforma coisas que estão na sua cabeça em cores, texturas, eu mesmo já fiz maquiagem com folhas, algodão, jornal. E tem muito disso, a Alma trabalha muito com essas coisas não convencionais, ela já fez uma roupa só com saco de lixo. Então é você trabalhar com os materiais que você tem. Eu quero muito fazer uma oficina ainda onde as pessoas vão utilizar os materiais que elas têm na casa delas. Às vezes a gente olha um objeto e acha que não vai caber em uma maquiagem, mas será que