Nosso Campus #14 - Setembro 2014

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NOSSO

campus

Informativo mensal do Câmpus Salvador Set 2014 Ano 2 N° 14

Parabéns!

23 de setembro é aniversário do IFBA

105 anos

Possibilidades de uma aposentadoria produtiva Refrigeração: tecnologia e capacitação profissional


Com a palavra...

Um professor/pesquisador em viagem de estudos ao exterior As experiências de aprendizagem, de formação e de educação pelas viagens têm um valor muito grande na (trans)formação de todos nós. Essa expressão foi o fio condutor da minha tese de doutoramento - “Por uma pedagogia das viagens, do turismo e do acolhimento: significados e contribuições das viagens à (trans)formação de si”. Inicialmente, é necessário dizer que a viagem é um movimento em três tempos: partir, viver e retornar. É uma aprendizagem em etapas: encontrar, observar, aprender e contar. É uma escola de vida. A viagem transforma o viajante! Especialmente na estada de quatro meses na província do Québec, na cidade de Trois-Rivières, pude vivenciar de forma aprofundada todas as etapas de uma viagem de estudos: a preparação antes de viajar (partir); a estada com seus três momentos (imersão -adaptação, imersão-compreensão e imersão-integração), além da preparação para o retorno (retornar). Antes, e ao longo dessa estada, muitas questões puderam ser analisadas, comparativamente, de duas diferentes realidades, sobretudo o contexto dos sistemas de educação do Brasil e do Canadá. Os dois são públicos. No entanto, a gestão educacional do Québec é muito mais eficaz e efetiva.

Desde os anos 1960, um grande investimento tem sido feito, o que conduziu o Québec aos melhores sistemas do mundo. Os estudantes pagam taxas escolares, porém, a depender da condição financeira, individual ou familiar, recebem bolsas para pagar as taxas escolares e se manterem estudando.

“A gestão educacional do Québec é muito mais eficaz e efetiva” Se um cidadão interrompe os seus estudos no nível secundário ou colegial e, anos mais tarde, resolver retornar, recebe bolsas para se manter integralmente na universidade. Para isso, todos devem apresentar desempenho acadêmico acima da média e os valores das bolsas são reembolsados no retorno ou na inserção das atividades profissionais. Esse sistema é muito mais eficaz do que o brasileiro, visto que os estudantes do Québec se

dedicam muito mais aos estudos, em virtude de todo o suporte financeiro, pedagógico (conselheiros) e tecnológico (espaços e equipamentos adequados e suficientes). A imersão na língua francesa, na cultura do Québec e nos modos de vida para enfrentar o inverno permitiu o aprofundamento dos conhecimentos e a compreensão de vários elementos do cotidiano: política, sociologia, antropologia, usos e costumes. A inserção no meio acadêmico da Université du Québec à Trois-Rivières (UQTR) aconteceu na forma de tutoramento, efetuado pela professora Pascale Marcotte, e me permitiu o desenvolvimento dos objetivos da pesquisa; a participação em atividades de pesquisa e ensino; visita técnica a equipamentos e serviços turísticos; apresentação das minhas pesquisas anteriores; participação em conferência para apresentar a metodologia da pesquisa no Brasil; expansão das possibilidades de publicações e edições científicas; dentre outras experiências profissionais que superaram as minhas expectativas. Por Biagio Avena Professor do eixo tecnológico hospitalidade e lazer e do bacharelado de administração

Envie o seu artigo, de 30 a 40 linhas, ou sugestão de pauta para comunicacao_ssa@ifba.edu.br, com nome completo, curso ou setor, além de contatos telefônicos. Serão desconsideradas as produções de caráter político-partidário e/ou religioso, bem como conteúdos preconceituosos e depreciativos a grupos e/ou pessoas. Reitor do IFBA Renato da Anunciação Filho, Diretor Geral do Câmpus Salvador Albertino Nascimento, Chefe da Divisão de Comunicação, jornalista responsável e revisora Andréa Costa - DRT-BA 1962, Reportagem Gabriela Cirqueira e Verusa Pinho, Projeto gráfico Gustavo Pontas, Diagramação Lilian Caldas, Apoio administrativo Valdinice Alcântara, Impressão Grasb | Periodicidade Mensal, Tiragem 1.000 exemplares, Circulação Câmpus Salvador e Reitoria | Endereço Rua Emídio dos Santos, s/n, Barbalho - Salvador/BA, CEP: 40301-015 | Telefone (71) 2102-9509 | Facebook IFBA_Salvador_Oficial | Site www.ifba.edu.br | E-mail comunicacao_ssa@ifba.edu.br

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Espaço do Servidor

Um novo começo Dar início a algo parece bem assustador para algumas pessoas, ainda mais quando se trata do fim de uma trajetória iniciada há décadas. Um mito criado durante esse processo é de que o encerramento da rotina de uma profissão representa o afastamento total de qualquer forma de produção. Mas o que a ex-servidora do Câmpus Salvador do IFBA, Vera Passos Coqueiro, tenta realmente afastar de sua vida é a imagem preconceituosa sobre a aposentadoria. Desde a sua chegada à instituição, em 1987, foi professora de matemática e inglês, além de coordenadora pedagógica da Rádio IFBA, projeto da então coordenação de comunicação social, finalizado em 2010. Após 24 anos dedicados ao trabalho, o momento de encerrar a carreira veio cercado por receios e incertezas. “Vivi muito a dúvida se a aposentadoria era a melhor opção, por ser uma pessoa muito ativa.” Mas ficar parada não era a sua intenção. Por conta própria, a mãe de dois filhos adolescentes decidiu traçar um novo rumo. “Eu estava cansada, a ponto de adoecer ao final da batalha - que é ser professora na realidade brasileira -, ainda que nossa escola ofereça a melhor educação de nível técnico do estado.” Movida pelos sonhos, Vera decidiu buscar novos conhecimentos e investir na realização de projetos antigos. “Embora temerosa, comecei sozinha esse processo. Munida de um ‘plano de viagem’, tornei-me artesã, passei a desenvolver meu talento para a escrita, retomei o vínculo com a poesia, ao participar do grupo ‘Di Versos - Arte Poética Singular’, que vem se apresentando há quase seis anos em espaços culturais da Bahia, e me tornei voluntária da Fundação Lar Harmonia, levando poesia e música para crianças do Bairro da Paz.” Mesmo longe da função de professora, o vínculo com o IFBA permaneceu. Foi por meio da educação que ela conseguiu realizar anseios da juventude: aprender um terceiro idioma, além de participar

da formação em economia solidária, oferecida pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) do Instituto, através da qual Vera pôde vislumbrar a construção de uma sociedade cujo modelo se contrapõe à competição e ao individualismo. A concretização dessas metas não foi suficiente para deixá-la longe do contato com o ambiente educacional e afastar sua vontade de ensinar às pessoas tudo aquilo que aprendeu ao longo da carreira. Era preciso mais. “É realmente muito difícil estarmos afastados das instituições para as quais dedicamos, por sucessivos anos, nossas crenças, através da condução de nossas vidas profissionais. Essa foi uma das razões que me levaram a aceitar o convite para ser coordenadora de cultura da atual gestão do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica da Bahia (Sinasefe-BA) e ministrar aulas de língua portuguesa e comunicação para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).” A volta à sala de aula foi motivada, também, por um dos problemas trazidos com a aposentadoria: a falta do convívio com estudantes e colegas. “Senti que, apesar de todos os esforços, repetia a tristeza anunciada no olhar dos outros aposentados ao retornarem à instituição e, por esse motivo, reclamava por um programa efetivo e consistente de apoio aos servidores próximos da aposentadoria.” Mesmo com todas as incertezas e adversidades trazidas com a aposentadoria, a única questão que aflige Vera é: “O que a vida trará de novo amanhã?”. Com uma trajetória produtiva, a professora é o exemplo de que o término de um ciclo não significa o fim definitivo de algo e, sim, a abertura de novas possibilidades. “Aposentados são pessoas que querem e podem contribuir com a sociedade, ainda que de um modo menos rígido e, portanto, mais prazeroso. Por fim, se há uma máxima incontestável que cabe a todos os indivíduos é a de que, um dia, iremos nos aposentar do trabalho e da própria vida.”

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Capa

e eternas

recordações... Ao longo de 105 anos, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia tem preparado seus estudantes para atuarem como profissionais qualificados e cidadãos conscientes, acompanhando as mudanças sociais, que também se refletiram na estrutura e nomenclatura da instituição. De escola primária de ofícios até se tornar IFBA, passou por diferentes contextos e denominações, formando milhares de alunos. Mas um ponto comum que permanece, desde a criação da instituição, em 1909, é o compromisso com a educação pública de qualidade. Em homenagem ao aniversário do Instituto, que ocorre no dia 23 de setembro, o Nosso Campus apresenta relatos de ex-estudantes que fizeram parte dessa história.

“O IFBA abre horizontes para percebermos uma infinidade de escolhas e o compromisso com o retorno da nossa aprendizagem para a sociedade. A instituição tem, de fato, excelência no ensino e, como estudantes, precisamos garantir essa excelência coletivamente. Durante os quatro anos como aluna, percebi que a formação profissional do IFBA também está aliada a uma profunda formação humana e cidadã, o que, junto com um acúmulo de experiências, me fizeram optar pela carreira de ciências sociais. Essa é a base para transformarmos o mundo em um espaço melhor pra todos. Parabéns pelo aniversário da instituição, de intensa vida e de forte história, que foi construída em cada um desses 105 anos. Que o IFBA continue permeando trajetórias de sucesso!” Gabriela Bacelar

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

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Egresso de eletrotécnica do Cefet-BA

Egressa de química do IFBA e uma das idealizadoras do Coletivo Pagu no câmpus

“O Cefet me trouxe um olhar mais crítico sobre a vida e me preparou para um mercado de trabalho que exige conhecimento, maturidade, responsabilidade e uma formação como profissional consciente do dever com a sociedade. Apesar de estar em uma área diferente da que cursei na instituição - fisioterapia - os conhecimentos adquiridos com eletrônica contribuíram para minha apro-

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Neilson Ferreira

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

História, tradição

“O que ainda me marca do Cefet é a sua capacidade de integração e a forma como todos se sentiam abraçados pela instituição, que nos mantêm em contato com professores extremamente bem sucedidos em suas carreiras, mostrando belas histórias de pessoas que são aquilo que almejamos no futuro. Sempre senti falta de ser responsável por algo que modificasse a sociedade. Hoje, como integrante do grupo Neoenergia, sou responsável por transmitir cerca de 1/3 de toda energia elétrica de Salvador e, finalmente, sinto que meu trabalho interfere positivamente na sociedade. Parabenizo o IFBA pela sua história, não somente a da instituição nesses 105 anos, mas, principalmente, pela história de cada um, que foi modificada a partir do momento que iniciou sua caminhada. Milhares de pessoas que, como eu, ganharam não somente um diploma, mas um legado a cumprir. Obrigado!”

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vação na universidade. Uma situação marcante do período de estudante foi quando apareci em uma reportagem na TV sobre a qualidade de ensino do Cefet. Minha palavra pela instituição continua sendo ‘orgulho’, principalmente por fazer parte desta história de 105 anos.” Heron dos Anjos

Ex-aluno de eletrônica do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA)


Irailde Cézar Santos

Egressa de administração hoteleira do Centro de Educação Tecnológica da Bahia (Centec-BA)

“ FOTO: ARQUIVO PESSOAL

“Referente à minha trajetória na ETFBA, são muitos fatos importantes e momentos marcantes. Entrei no primeiro semestre de 1988, cursei o Básico I e II e, em seguida, optei pelo curso técnico em edificações. Para mim, na época, uma garotinha recém-saída de um colégio de freiras, entrar na ETFBA abriu a mente, tanto em aprendizado acadêmico, quanto de vida mesmo, pois tive a oportunidade de participar de momentos importantes, como as primeiras eleições diretas para presidente, quando

“Apesar de não ter concluído o curso técnico de química na antiga ETFBA, por conta de aprovação em nível superior, tenho uma ligação muito forte com a instituição. Meu pai estudou aqui, bem como minha irmã. Durante a licenciatura em química na UFBA, retornei como estagiário e, posteriormente, como professor, acompanhando todo o processo de transição da ETFBA para o Cefet. Fui coordenador de curso, sindicalista, integrante do Conselho Diretor do Cefet, diretor de ensino, secretário geral do FDE [Fórum dos Dirigentes de Ensino da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica], pró-reitor de ensino, e, finalmente, diretor geral do Câmpus Salvador. Dentre os momentos que estão marcados em minha memória, estão o apogeu da comemoração do

FOTO: VERUSA PINHO

docente da modalidade EJA, além do Programa Mulheres Mil, um convênio internacional entre os governos do Brasil e Canadá. Desde 2007, sou coordenadora dos cursos da área de turismo e hotelaria, além de atualmente ministrar aulas nos cursos do Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego], em disciplinas relacionadas à área de turismo, atividades pelas quais sou apaixonada!”

alguns candidatos estiveram na escola, respondendo a perguntas dos alunos. Acredito que, para cada ex-aluno, o sentimento maior é de saudade de uma época maravilhosa e também de gratidão, pois foi uma verdadeira escola de vida! Desejo que a instituição continue sólida e cumprindo com brilho a sua a missão de formar profissionais, cidadãos conscientes e responsáveis.” Marcia Gonzalez

Ex-aluna de edificações da Escola Técnica Federal da Bahia (ETFBA)

centenário no Teatro Castro Alves (TCA) e o I Congresso do Projeto Pedagógico Institucional (PPI). Também me recordo da pista de atletismo - onde praticava corrida e salto -, e dos laços de amizade estabelecidos aqui. Como diria Paulinho da Viola, ‘quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado’. O IFBA continua em construção, tem uma responsabilidade social muito grande com o estado da Bahia. Ao longo dos anos, mudamos vidas, humanizamos relações e qualificamos fazeres cientificamente. Que continuemos a promover ensino, pesquisa, extensão e tenhamos um futuro promissor, como o passado de sucesso que nos fez chegar até aqui! ” Albertino Nascimento Diretor geral do Câmpus Salvador Ex-aluno da ETFBA

FOTO: GABRIELA CIRQUEIRA

“Estudei de 1987 a 1990, em Simões Filho. A marca da instituição na época era a qualidade de ensino e a visão que já possuía sobre o mercado turístico. Fomos formados para trabalhar privilegiando sempre o tratamento humanizado às pessoas, cuidando das suas necessidades, desejos e expectativas. Após a graduação, investi em novas formações na área de eventos, atuando como guia de turismo na América do Sul, quando fortifiquei os conhecimentos adquiridos no Centec para atuar no posterior Cefet e atual IFBA - como

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Institucional

Com o intuito de aperfeiçoar o espaço físico e oferecer novos serviços à comunidade, a gráfica do Câmpus Salvador passou por reformas no primeiro semestre deste ano. Além de mudanças estruturais, o setor - que integra a Divisão de Editoração Gráfica (Dieg), chefiada por Ediraci Matos, na estrutura da Diretoria de Administração e Planejamento (DAP) -, receberá, até o fim deste ano, máquinas para impressão offset, indicada para grandes e médias tiragens, em virtude da alta produtividade com baixo custo. De acordo com o coordenador de serviços gráficos da Dieg, Lênio Costa Pinto, a reforma é importante para a criação de novos serviços em formatos diferenciados, aprimoramento da qualidade e redução de custos. “Pensamos em um layout

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FOTOS: LÊNIO COSTA PINTO

Gráfica de cara nova planeja virar editora

Equipe da gráfica em suas atividades rotineiras

que melhorasse a organização e a logística de produção rápida (copiadora digital) e gráfica offset, além de melhorar os espaços de acabamento e recepção, com local específico para atendimento dos bolsistas do Paae [Programa de Assistência e Apoio ao Estudante]. Todas as mudanças foram conjuntamente pensadas, prevendo as atuais necessidades da comunidade IFBA”, descreve. A previsão para o próximo ano é de que novas máquinas sejam adquiridas, a exemplo de plastificadora, laminadora, serrilhadeira e encadernadora wire-o [que permite um melhor acabamento e manuseio de páginas de cadernos e livros]. Segundo Lênio, a meta é transformar o setor em uma editora gráfica. “O objetivo é produzir e editar livros, catálogos e revistas de autoria da

própria comunidade, atualmente elaborados em gráficas externas; criar módulos didáticos dos departamentos acadêmicos, que sejam disponibilizados aos alunos através da biblioteca, além de produzir materiais de divulgação da instituição totalmente coloridos (policromia) e com custos reduzidos”. Buscando formas de viabilizar as novas ideias para a reforma, agregar valores e compartilhar conhecimentos, o coordenador participou, em julho, da ExpoPrint Latin America, que ocorreu em São Paulo. O evento, realizado a cada quatro anos, é o maior da indústria gráfica e apresenta o que há de mais moderno na área. “Acreditamos que para inovar é preciso informação. Temos de nos reciclar e interagir com o segmento gráfico de uma maneira ampla”, conclui.


Saberes in Prática

NRCA firma convênios

para capacitação e produção de novas tecnologias países, mas ainda não é produzida no Brasil. Dentre diversas instituições brasileiras, o IFBA foi escolhido para ser o primeiro a fabricar a máquina em solo pátrio, como destaca o coordenador do núcleo: “O NRCA é pioneiro na criação desse freezer no país. Acreditamos que o nosso será ainda melhor que os importados, por já termos identificado os problemas que essa tecnologia apresenta e buscarmos melhorias”. Com a Electrolux, o grupo tem acordo para treinamento dos técnicos em refrigeração da empresa e da comunidade interessada na aplicação de tecnologias voltadas a eletrodomésticos. “Como contrapartida, recebemos equipamentos e vagas de estágio para nossos alunos”, explica o docente. As parceiras vão mais longe e abarcam a alemã GIZ, através da qual 16 docentes do Câmpus Salvador do IFBA participaram do treinamento intitulado “Boas práticas em refrigeração”,

com o intuito de capacitar mais de mil técnicos em refrigeração do estado da Bahia, até dezembro de 2015. O treinamento prevê a redução acentuada da emissão do fluido R22 - não produzido no Brasil, mas consumido por meio da importação de produtos -, um dos responsáveis pela destruição da camada de ozônio e, consequentemente, pelo efeito estufa. “Já temos turmas até setembro, pois o curso é gratuito e diversas empresas estão manifestando interesse. Por meio desse convênio, recebemos, ainda, kits didáticos - composto por instrumentos e máquinas de refrigeração -, além de recursos financeiros para a capacitação”, descreve Duarte. Já a cooperação técnicacientífica estabelecida com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), rendeu aparelhos para aulas práticas e pesquisa, bem como vagas de estágio para alunos do curso de refrigeração e climatização. “Nosso trabalho é

FOTO: GABRIELA CIRQUEIRA

Com equipe formada por docentes e estudantes, o Núcleo de Refrigeração, Controle e Automação (NRCA), criado em 2007 no Câmpus Salvador, realiza pesquisas com o apoio de empresas nacionais e estrangeiras, através de convênios que têm como foco a criação de sistemas alternativos de refrigeração para a redução de impactos ambientais e a capacitação de técnicos da área. Coordenado pelo professor Luiz Gustavo Duarte, doutor em ciências térmicas, o NRCA já captou mais de 300 mil reais em convênios e receberá mais de 600 mil no decorrer das suas atividades. Com a multinacional Fanem, o grupo firmou dois convênios: um vencerá em outubro deste ano e o outro em março de 2015. As parcerias tratam do desenvolvimento de um freezer de baixíssima temperatura (-90°C) para ser utilizado em hospitais e supermercados. A tecnologia já existe em outros

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treinar os estudantes para realizar manutenção nos equipamentos da Fiocruz, o que também auxilia a pesquisa com os freezers de baixíssima temperatura”, ressalta o coordenador. Ao lado do docente Luiz Gustavo, participam dos convênios os professores Antônio Gabriel Almeida e Francisco Almeida, os alunos Ricardo Lordelo e Caíque Brandão, e o egresso Matheus Andrade. Contratado pela GIZ como técnico de refrigeração, Matheus entrou para o grupo em junho deste ano. “As atividades são bem extensas e interessantes porque ressaltam o que foi visto durante meu curso e estimulam um pensamento de criação, adaptação e outras opções para determinado serviço ou equipamento”, diz o jovem. Caíque, integrante do NRCA há quatro meses e estudante do 4º ano de refrigeração e climatização, compartilha a opinião do colega. “A capacitação, através dos convênios, possibilita a continuidade do que aprendemos no curso, além de coisas novas que não estão necessariamente ligadas à área, como a criação de novos equipamentos e elaboração de aulas que serão apli-

FOTOS: GABRIELA CIRQUEIRA

Saberes in Prática

cadas em laboratório. O mais importante é que essas parcerias nos permitem entender que a poluição de ambientes por fluidos não se restringe às descargas de veículos ou aerossóis, mas que existem diversas outras formas de emissão de gases, em práticas simples, como a troca de um aparelho de ar-condicionado, que também são prejudiciais ao ambiente.” Com foco na sustentabilidade, Ricardo Lordelo, estudante do 8º semestre de engenharia mecânica, participa do núcleo com a pesquisa

“Avaliação da utilização do dióxido de carbono (CO2) como fluido refrigerante em sistemas de refrigeração de pequeno porte”, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). “Faço parte do grupo desde fevereiro. Trabalho com uma base mais teórica, que tem por proposta desenvolver o protótipo de um refrigerador que funcione com fluidos de CO2, gás menos poluente às camadas atmosféricas”.

Referência ambiental Desde 2013, o NRCA está certificado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para recolher e reciclar gases e fluidos de refrigeração. A titulação transformou o IFBA na única instituição a realizar essa tarefa na capital baiana. A logística para receber os resíduos ainda está em fase de estudo.

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Ricardo Lordelo, Caíque Brandão e egresso Matheus Andrade


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