Adoração em Espírito e em Verdade - Pr. Hugo S. Zica | Igreja Batista Bela Vista

LOUVOR, ADORAÇÃO E CULTO POR QUE NOSSO CULTO É COMO É? “ao Meu povo, ao Meu escolhido, ao povo que formei para Mim, para celebrar o Meu louvor.” (Isaías 43:21) “Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24) “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.” (1 Co 14:15) INTRODUÇÃO Infelizmente o assunto “Louvor” tornou-se causa de guerra, partidarismo e divisão em muitas igrejas. Os irmãos partidários do “novo louvor” opõem-se aos defensores do “velho louvor” e vice-versa; enfatuados e sem argumentos, ambos partidos entram em confusão e quem sofre é a causa do Senhor.

Um Pastor, nosso amigo, num Acampamento foi chamado para responder a um grupo que queria inserir dança coreográficas na prática de culto da igreja; uns 150 jovens que discutiam entre si se a prática seria conveniente ou não. A primeira pergunta que este querido Pastor fez foi: “Quem aqui já leu a Bíblia toda?” e surpreendeu-se quando ninguém levantou a mão.

“Quem já leu todo o Novo Testamento?”, uns poucos manifestaram-se; “Quem já leu todo o Saltério, o padrão de Deus para o louvor?”, poucos também se indicaram. Infelizmente é um assunto em que muitos argumentam e expõem seus pontos de vista e sua defesa, mas não sendo dirigidos pela Palavra.

Por isso, neste estudo, antes mesmo de considerar a questão “velho e novo louvor”, iremos considerar outros pontos de suma importância na Palavra de Deus: quão importante e principal é o culto na vida do ser humano e da igreja local; a natureza, circunstâncias e significado do Culto do Antigo Testamento em contraponto ao Culto do Novo Testamento; quatro bíblicos e importantíssimos princípios para a Adoração segundo a vontade de Deus; os cultos que há na Escritura e o que aprendemos deles (regularidade, elementos componentes, ordem, direção, etc) e por fim os pontos em relação à música e sua função no Culto Cristão. Estes pontos, cremos, são suficientes para nos instruir quanto a este assunto e para que tenhamos uma compreensão e uma prática estabelecidos na Bendita Palavra de Deus.

(1) A IMPORTÂNCIA DO CULTO NA VIDA DO INDIVÍDUO E DA IGREJA. O ser humano foi criado por Deus para a Sua glória.

Romanos 11:36: “Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele, eternamente. Amém.”

Colossenses 1:16: “Porque Nele” (no Senhor Jesus) “foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, (...) tudo foi criado por Ele e para Ele.” Nos primeiros tempos da existência humana, Adão e Eva tinham comunhão diária com Deus, na viração do dia: Gênesis 3:8: “E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia.”

O que vemos neste primeiro momento da Criação é que havia duas formas de serviço a Deus, a primeira e principal sendo esta comunhão com Ele, mas também o serviço dado por Ele ao ser humano e que Adão e Eva cumpriam, era cumprido para a glória de Deus.

Adão tinha a tarefa mostrada em Gênesis 2:15: “E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e o guardar” – Eva foi designada por Deus, Gênesis 2:18: “(...) far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”.

Em certa medida isso ainda é uma realidade: ao trabalharmos em nosso dia a dia de modo santificado, servimos e glorificamos o SENHOR – 1 Coríntios 10:31: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” – esta é a chamada adoração indireta, relacionada a nossa santificação e devoção a Deus.

No entanto, não ocupa o lugar da adoração direta a qual é a principal função de nossa existência: Isaías 43:21: “ao Meu povo, ao Meu escolhido, ao povo que formei para Mim, para celebrar o Meu louvor.”

Efésios 1:6,12,14: “Para louvor da glória de Sua graça, pela qual nos fez aceitáveis a Si” (Deus, o Pai); “com o fim de sermos para o louvor da Sua glória” (Deus, o Filho); “para louvor da Sua glória” (Deus, o Espírito Santo).

De tal maneira é importante que os salvos glorifiquem a Deus tanto em particular como coletivamente que podemos afirmar que o culto é a principal obrigação de um salvo e de uma igreja.

1 Coríntios 14:26: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais... faça-se tudo para a edificação.”

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Importante aprender não só que o Culto é a coisa principal na vida do indivíduo e na vida da igreja – mas principalmente aprender como deve ser o Culto: para a glória de Deus. O Culto, portanto, não tem seu centro em nenhuma de suas partes, mas em que todas as partes sejam para a glória de Deus; não tem seu centro em nenhum de seus participantes, mas em que todos se unam para a glória de Deus.

Em tempos recentes popularizou-se na internet a expressão “Culto Cristocêntrico”, que é boa, porém vaga; definamos: Culto centrado em Cristo, feito segundo Cristo deseja e ensina, para a glória de Cristo e em nome de Cristo voltado para Deus, o Pai. Isso é um Culto Cristocêntrico.

(2) CONTRASTE ENTRE O CULTO DO ANTIGO E O DO NOVO TESTAMENTO. Muitas práticas estranhíssimas têm se levantado no meio do povo evangélico no que diz respeito a Culto e Louvor; algumas congregações reúnem-se exclusivamente aos sábados; outras inserem elementos ainda mais flagrantes do judaísmo em seu Culto, como Candelabros, Incensários, Véus, Chapéus, Mantos, Filactérios; móveis que replicariam os do Tabernáculo; orações e leituras em hebraico, cânticos “judaicos”; etc, etc. a) O Culto do Antigo Testamento não era um Culto Congregacional. Observemos já de início que o Culto do Antigo Testamento não era prestado pela congregação do povo (senão em ocasiões pontuais como as três festas anuais e as grandes convocações – e mesmo nessas datas o povo pouco mais do que assistia o culto prestado pelos levitas). Havia sacerdotes e levitas incumbidos de dirigir e prestar o culto em seus elementos. Havia um ‘coral’ de 280 vozes (depois dos dias de Davi), acompanhado por 26 instrumentistas tocando 4 tipos de instrumentos (mais sobre isso no ponto 5). Não era um Culto Congregacional. b) O Culto do Antigo Testamento era Ritual e Simbólico. A complexidade das cerimônias, definidas pelo próprio SENHOR DEUS era intrincada, a construção do Tabernáculo mais do que qualquer outra coisa; mas Hebreus 8:4b,5: “sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente já foi avisado (...)” – lendo Hebreus 9:1-14 ficaremos completamente satisfeitos em compreender que todos os rituais e elementos (móveis, roupas, cores etc) do Culto do Taberáculo/Templo tinham somente a função de ser um sermão visual sobre Cristo e sobre o Calvário, estimulando no povo do Antigo Testamento a Fé no Salvador que viria pela qual poderiam ser salvos. c) O Culto do Antigo Testamento cumpriu-se na Cruz do Calvário. Sendo, como era, um conjunto de rituais voltados para o altar onde se derramava sangue expiatório, seus rituais perderam completamente o propósito depois que o Filho de Deus, na cruz, exclamou: “Está consumado!” (João 19:20). Foi o último minuto da velha aliança. Hebreus 8:13 afirma: “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar.” (Lembre-se que quando esta carta foi escrita o Templo em Jerusalém ainda estava em pé – mas seus sacrifícios eram rejeitados por Deus).

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d) O contraste entre o Culto da Antiga Aliança e o da Nova Aliança. O culto da nova aliança é congregacional, despido de simbolismos (exceto os que o próprio Cristo instituiu, o Batismo e a Ceia do Senhor), sem qualquer pretensão de sacrifício, senão orações oferecidas a Deus “em nome de Jesus” (que fez o verdadeiro sacrifício por nós). Não temos móveis sagrados, nem vestes sacerdotais (senão espiritualmente), nem sacerdotes (senão todos), nem rituais. Fomos trazidos por Cristo ao tempo da adoração “em espírito e em verdade” (mais sobre isso no próximo ponto).

(3) 4 BÍBLICOS E IMPORTANTÍSSIMOS PRINCÍPIOS PARA A ADORAÇÃO. Toda a polêmica sobre forma e estilo de Culto, onde têm prevalecido personalidades e preferências, jamais existiria se os crentes de hoje fossem bem fundamentados na compreensão destes 4 bíblicos e importantíssimos princípios que norteiam nossa adoração:

i.

A adoração deve ser espiritual.

Quando Lutero e Calvino conduziram a reforma até à forma de Culto, este foi um ponto muito enfatizado; os que comentam essa reforma dizem que eles “devolveram o culto à congregação”; a Missa medieval (e em alguma medida até hoje) era cheia de rituais, gestos, elementos simbólicos, sua música era cantada em língua incompreensível por um pequeno grupo, ou, como Peter Masters define, a adoração era estética.

Adoração espiritual é a adoração que se dá no coração e na alma do participante, é uma pessoa se voltando para Deus; não se dá a adoração no som dos instrumentos, nem nas notas musicais, nem nas leituras monótonas ou na repetição de formas pré-definidas; a adoração se dá no coração do indivíduo que dela participa, reconhecendo e amando o SENHOR Deus.

Separar adoração espiritual de adoração estética não somente nos separa do ritual romanopapista, mas também de muitas formas neo-evangélicas de culto, que enfatizam o papel de uma banda, ou de um coral, sobre a congregação; aumentando a “equipe” do culto e diminuindo o papel da congregação e do uso do instrumento criado por Deus – a voz – movida pelo verdadeiro espaço da adoração – o coração. Alguns ‘cultos’ já se tornaram verdadeiros ‘shows’, a plataforma é verdadeiramente chamada de “palco” e a congregação de “plateia”. O próprio Deus é visto como plateia de uma performance, onde se valoriza mais do que qualquer outra coisa o valor estético do Culto.

Como não nos lembrar da estola de ouro de Gideão? (Juízes 8:27) Todo enriquecimento exagerado e desnecessário do culto vai se tornar, tão cedo quanto possível, um obstáculo ao culto espiritual que, para manter-se assim, é simples.

O culto de Jerusalém era externo; Jesus ensinou que seria “em espírito”, pessoal, íntimo, em que o Cultuador eleva seu pensamento a Deus. Não nos esqueçamos, também, que a mente é o palácio do espírito, é ali que Deus deseja que O adoremos, voltando-nos para ele de modo espiritual, simples, sincero, despido de arranjos e externidades.

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Exemplificaríamos isto: C. H. Spurgeon, em seus dias, não admitia nenhum instrumento musical para acompanhar o louvor congregacional; sua precaução era a de que a beleza do som pervertesse o pensamento e o coração dos ouvintes de Deus para a própria música.

Perguntemo-nos: o que buscamos quando temos preferências no Culto? Buscamos a simplicidade da adoração espiritual ou estaríamos buscando as externidades de um culto estético?

Valorizamos a beleza mais do que o conteúdo? Preferimos a forma sobre a essência?

Reguardemo-nos: 2 Coríntios 11:3: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.”

ii.

A adoração deve ser compreensível.

Onde lemos “em espírito” aprendemos a intimidade e individualidade, a participação do indivíduo na adoração coletiva; mas é seguido de “em verdade”, sendo que na Bíblia a verdade é objetiva, possível de expressar e compreender. Não é verdade subjetiva, intimista, sentimental; é verdade positiva, objetiva, ou, resumindo, compreensível.

Houve em Corinto um desvio deste princípio. Práticas místicas, pagãs, haviam sido introduzidas no culto daquela igreja, provocando fenômenos psicológicos extasiantes.1 A adoração compreensível opõe-se ao estado de êxtase que alguns procuram alcançar. Paulo corrigiu-os: 1 Coríntios 14:15-17: “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. 16De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? 17Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.”

1 Coríntios 14:23-25: “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos? 24Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. 25E, portanto, os segredos do seu coração ficam manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está, verdadeiramente, entre vós.”

A compreensibilidade opõe-se à busca pelo êxtase. Hoje inclusive por algumas muito negativas mudanças em nossa sociedade, as pessoas procuram sobretudo sensações, emoções, afetos, sentimentos, e isso invadiu por completo o campo da Adoração Cristã. A não ser que alguém sinta algo, dificilmente apreciará a ocasião. Por isso, muita música além de outras preparações do ambiente (cores, iluminação etc) visam provocar nas pessoas esses sentimentos que estão buscando.

1

Até hoje muitas religiões pagãs baseiam-se e se estabelecem sobre experiências de êxtase sentimental/ emocional/ afetivo, em que o indivíduo experimenta sensações incompreensíveis e inexprimíveis; sem verdade objetiva. O Cristianismo é o contraste oposto e veemente a tais práticas.

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Não há sentimentos na adoração? Sim, claro que há; mas são sentimentos que nascem das verdades que estamos contemplando, sentimentos moderados e perduráveis, porque nascem não de algo que dura poucos minutos, mas de verdades eternas, fincadas na Palavra. Observe que quando fazemos do nosso Culto um Culto simples, espiritual e compreensível, voltado para a Santíssima Trindade, encontramos rapidamente razões sólidas e perduráveis sobre as quais edificar nossa permanente alegria, felicidade, gratidão, segurança, dentre outras das muitas verdadeiras emoções que o cristão conhece desde sua salvação.

Quais são os resultados de uma adoração extasiante? Produz dependência. Senão que alguém sinta algo, jamais fará nada. Leva a uma infantilidade e pouco crescimento na fé em santificação, oração e comunhão constante com Deus. Traz instabilidade e oscilação à vida da pessoa. Mima. Causa confusão entre sentimentos e espírito. Causa confusão entre as emoções humanas e o Santo Espírito de Deus. Deus quer que Sua adoração seja compreensível.

Stephen Charnock (1628-80) assim definiu: “A adoração é um trabalho do entendimento, que se aplica ao conhecimento da sobreexcelência de Deus; é também um trabalho da vontade, em que a alma humana adora e reverencia Sua majestade, deleita-se em Sua amabilidade, prostra-se perante Sua bondade e direciona a Ele todos os seus afetos”

Aos que buscam incessantemente as emoções extasiantes, perguntamos: Será que Deus não é o suficiente? – Infelizmente muitos respondem que não, que as sensações são indispensáveis.

Devemos concluir este ponto afirmando: o padrão de culto do Novo Testamento é “em espírito” (em simplicidade e devoção) “e em verdade” (com conteúdo objetivo, discernível e compreensível). Isto também deve estar presente em nossa adoração, senão que comprometamos a revelada vontade de Deus: “faça-se tudo para a edificação” (1 Co 14:26).

John Wesley (orientações para adoradores, 1781) contribui: “Sobretudo, cantemos espiritualmente. Contemplemos o SENHOR DEUS em cada palavra de nosso cântico. Desejemos agradar-Lhe mais do que a nós mesmos ou qualquer outro. Atentemos diligentemente às verdades que cantamos e vigiemos para que nosso coração não seja sequestrado pelo som da música, mas que rendamos a Deus continuamente nosso coração; para que nosso cantar seja um tal que Deus o aprove e recompense quando vier sobre as nuvens com poder e grande glória.”

iii. A adoração deve ser sagrada.

Outro elemento a se considerar é a música empregada nos momentos musicais do culto (que veremos no ponto 4 deste estudo não serem muitos, nem os principais). Consultando o livro de Deus, encontramos textos como: Salmo 69:12: “Aqueles que se assentam à porta falam de mim; e fui o cântico dos bebedores de bebida forte.”

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Isaías 23:16: “toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta entregue ao esquecimento; faça doces melodias, canta muitas canções para que haja memória de ti.”

Eclesiastes 7:5: “melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo.”

Observe como estes textos nos falam sobre um tipo de música: a música dos bêbados, ou seja, música associada às intoxicadas, manipuladas e superficiais alegrias deste mundo; a música da prostituta, música associada diretamente à sexualidade permissiva, música provocante, sensual; e até mesmo “a canção do tolo”, música que representa as ideias falsas do mundo e que as embala.

A palavra hebraica ‘sîr é usada nos dois últimos textos; é indicadora de música alta, barulhenta, estrepitosa. Como pontua Strong (7892): “o tipo de folia com bebedeira associada ao álcool e à bebida forte”.

Reconhecendo que as palavras neginôt, maschil, mizmôr e outras são empregadas com certa, porém pequena, intercambialidade, devemos perceber que os hebreus tinham clareza de discernimento que certo tipo de música convém num lugar e não em outro, que certo tipo de música é adequada para um ambiente e não para o outro.

Ezequiel 22:26: “Os seus sacerdotes violentam a Minha lei, e profanam as Minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem discernem o puro do impuro; e de Meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles.”

1 João 2:15-17: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.

E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

O que é música adequada para o culto, portanto? Principalmente música não associada às práticas mundanas. Quando anulamos esta separação, estamos trazendo a representação daquilo que há de maldade no mundo não somente para dentro da igreja, mas para ocupar espaço em seu principal trabalho, que é o Culto. Os novos convertidos sem dúvida serão muito prejudicados em separar-se do mundo se continuam a ouvir o mesmo tipo de música que ouviam antes de se entregar a Cristo, porém com letra cristã. Além disso, músicos habilitados sabem que a melodia exerce forte influência sobre quem ouve, podendo ser uma grande cooperadora da mensagem que será cantada, bem como uma grande opositora.

Note que o propósito desta colocação não é descreditar toda a música cristã dos anos recentes, sabendo que existem muitas contribuições preciosas sendo escritas e compostas por irmãos e [7]

irmãs verdadeiramente salvos, mas estabelecer um padrão refletido na Palavra, e que, colocado em prática, muito nos auxilia em nossa aproximação do SENHOR DEUS. Ao estabelecermos este princípio, a dissociação entre o sagrado e o profano e a afirmação de que a adoração deve ser sagrada, queremos afirmar ainda duas coisas de suma importância: • Os músicos devem ser crentes, genuinamente convertidos. Não podemos trazer ao Deus Santo e glorioso uma adoração mesclada. Inclusive os compositores. Lamentamos que no cenário “gospel” haja tanta gente com vida totalmente confusa, ou com posições doutrinárias lamentáveis, escrevendo aquilo que crentes sinceros, porém pouco orientados, vão cantar ao seu Salvador.

• Para nós, os membros da igreja, a adoração deve ser sagrada; ou seja: como participamos dela? Que valor lhe damos? Saibamos apreciar e honrar Àquele que nos redimiu!

iv.

A adoração deve ser reverente.

Outro princípio é o da reverência. O Culto deve ser caracterizado por uma atmosfera e por atitudes de genuína humildade e respeito para com Deus. Podemos, sim, nos alegrar, mas sem nos tornarmos eufóricos, descompensados; podemos, sim, nos entristecer pelos perdidos, por nossos próprios pecados, mas sem nos desesperarmos, afinal temos perdão e um Soberano SENHOR. O Culto reverente é um Culto que amorosamente considera o SENHOR DEUS em cada ato, gesto, palavra, canção, oração, oferta – em cada parte.

Logo, não é um encontro informal. Alguns do nosso tempo parecem querer reduzir o Culto ao SENHOR DEUS a um mero encontro de amigos, com bate-papo, risadas, salgadinhos, conversa de roda; outros, sem este extremo, recusam-se a planejar a reunião ou fazem o máximo esforço possível para que tudo – ambiente, música, vestimenta – pareça ser combinado. Isso pode agradar a alguns de nosso tempo, mas o que revela é o pouco caso dado ao Culto e a baixa prioridade que tem aquilo que preparamos para Deus.

Igualmente, não é um velório. A ideia de culto reverente parece levar outros irmãos diretamente a seu passado romano-papista. Não, não temos medo de Deus; mas temos temor, respeito, reverente amor para com Ele. Entre o estarmos amarrados e o estamos folgados, existe um ponto de equilíbrio que o Culto Tradicional representa muito bem, atentando a este princípio bíblico.

Hebreus 12:28: “Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e com piedade.”

A forma de Culto que achamos ser a que mais nos agrada; é reverente? Somos respeitosos para com Deus? Os “incrédulos ou indoutos” que participam do nosso Culto conseguem perceber [8]

que temos grande amor e grande humildade para com nosso SENHOR? Oremos para que a resposta seja “sim”.

(4) CULTOS-MODELO NA BÍBLIA (regularidade, componentes, ordem, direção).

Nesta parte queremos estudar alguns dos Cultos que são registrados na Bíblia. São “cultosmodelo”, porque, uma vez registrados, visam ensinar-nos algo (mesmo que seja negativo).

Não é um estudo exaustivo (não veremos todos os cultos da Bíblia), mas alguns que devem ser considerados: i.

O Culto do Céu.

Existem alguns textos que nos levam às câmaras Celestiais. Nestes textos podemos vislumbrar como é o Culto perfeito no Céu e observar que são Cultos totalmente voltados para a Santa Trindade, Cultos que exaltam o SENHOR DEUS por Suas obras, caráter, criação, provisão e redenção. Nosso Culto na terra deve procurar parecer-se com o Culto do Céu: • Apocalipse 4:8-11: “E os quatro animais (...) não descansam nem de dia, nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR Deus, o Todo Poderoso, que era, que é e que há de vir. 9E quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças, Ao que estava assentado sobre o trono, e Ao que vive para sempre, 10Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante Do que estava assentado sobre o trono, e adoravam O que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: 11Digno és, SENHOR, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas.”

• Apocalipse 5:8-14: “E, havendo [o Senhor Jesus] tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro (...) e cantavam um novo cântico, dizendo: ‘Digno és de tomar o livro e abrir os seus selos; porque foste morto e com Teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra.’ E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos, e era o número deles de milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: ‘Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças’. E ouvi a tida criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizendo: ‘Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre’. E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se e adoraram Ao que vive para todo o sempre.”

• Apocalipse 7:9-15: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: [9]

‘Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.’ E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes.

E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.”

Poderíamos ver outros. A grande visão de Isaías, o Senhor Jesus no monte da transfiguração, outros textos do Apocalipse; mas todos estes concordam com os textos acima: o Céu é um lugar de exaltação e glorificação de Deus. São assim os nossos cultos? Deveriam ser.

ii.

Cultos de Israel. a) O Sacrifício de Abraão.

Gênesis 22 é um capítulo rico de lições, tipos e símbolos da redenção. Quando Abraão ouviu de Deus Sua exigência, ela não lhe trouxe nenhum tipo de satisfação; foi pela fé – fé de que deveria obedecer a Deus, fé de que Deus poderia ressuscitar Isaque. Mas note que o texto nos dias que ele “se levantou de madrugada” (a prioridade do Culto a Deus!) e “cortou lenha”; mais adiante o próprio Isaque denota o que foi preparado – e revela que Abraão, o Pai da Fé, sempre ia preparado para Cultuar – quando diz: “Eis aqui o fogo e a lenha” (vv.3,7). Ao fim houve uma grande manifestação da providência de Deus, uma grande alusão ao Calvário; mas observe que a fé nos ensinará a priorizar e a nos preparar para a adoração, assim como com Abraão. Como ele, creremos no agir de Deus, enquanto fazemos os preparativos que dizem respeito a nosso serviço ao SENHOR. Ou será que somos daqueles que nada preparam, que deixam as coisas para a última hora, parecendo que damos pouco valor às coisas do SENHOR? b) Elias e os profetas de Baal.

Em 1 Reis 18:17-39 temos o contraste entre o Culto ao Deus Verdadeiro e as falsas idolatrias.

Baal tinha um culto barulhento, movimentado, ritualístico (inclusive com o derramamento de sangue nos sacerdotes que ali estavam), porém redundou em nada. Elias, um verdadeiro homem do Deus verdadeiro restaurou o altar – em certa medida defender um padrão bíblico de adoração é fazer o mesmo! – preparou o sacrifício – um grande tipo da obra do Senhor Jesus na cruz – e orou. A resposta veio, pronta, clara, e que trouxe grande convencimento ao povo, que no final exclamava: “Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!” (v.39). Como não notar essa diferença? Com qual dos dois se parece o nosso Culto? c) Esdras pregando a Lei. Outro grande texto do Antigo Testamento está a ilustrar que ouvir a Palavra também é uma forma válida de serviço a Deus. Neemias 8:1-18 nos mostra uma manhã santificada e separada para o SENHOR Deus. O povo se congrega – eis o primeiro elemento – e dedica este tempo a Deus – o segundo – a Palavra é prega de um púlpito, no qual se abre o livro – o terceiro elemento – em seguida se ora a Deus “Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém!” (v.6) – a pregação de Esdras era ler, declarar e explicar o [10]

sentido – o quarto elemento – houve grande arrependimento em resposta à Palavra, a tal ponto que no dia seguinte (v.13) o povo procurou seu Pastor para corrigir seus erros e viver uma vida agradável a Deus. A Palavra de Deus sendo pregada e ouvida e fazendo diferença na vida dos que ouvem. É assim o nosso Culto?

iii. Cultos das Igrejas.

Conhecendo já a distinção entre os testamentos, podemos ler com mais clareza o Antigo Testamento, procurando nele não regras, mas princípios; no entanto, cada uma das igrejas representadas no Novo Testamento são padrão e modelo, devemos saber que o que a Bíblia revela sobre elas revela para nós, com o fim de nos servirem de pauta e guia. a) Atos Atos 2:42-44: “E perseveravam na doutrina dos Apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. (...) E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo nas graças de todo o povo. E todos os dias acrescentava o SENHOR à igreja aqueles que se haviam de salvar. – Ceia, orações, beneficência, louvor, pregação, discipulado, evangelismo.

Atos 4:24-31: Uma grande e exemplar reunião de oração – os crentes reunidos colocam diante de Deus suas lutas enquanto um deles ora pelo grupo. v.31: “E tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.” (Sobre a reunião de oração, veja Atos 12:12, 13:1-3, 20:36-38 et.al.)

Atos 17:11: “Ora, estes [os bereanos] foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas escrituras se estas coisas eram assim.” – a pregação compreensível e inteligente/edificante.

Atos 20:7: “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meianoite.” – O domingo, a ceia e a pregação. b) Cartas às Igrejas 1 Coríntios 5:4,5a: “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, com o poder de nosso Senhor Jesus cristo, seja, este tal, entregue (...)” – uma reunião da igreja para tratar de assuntos disciplinares, ou seja, uma assembleia da igreja.

1 Coríntios 11:17-34: Uma correção e instrução quanto a forma como a igreja deve se reunir para a celebração da Ceia do Senhor.

1 Coríntios 14:26,27,31,40: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. (...) e por sua vez (...) para que todos aprendam e todos sejam consolados (...)

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faça-se tudo decentemente e com ordem.” – os diferentes elementos de uma reunião (com características próprias do período prévio à conclusão da Escritura) sendo conduzidos pelos pastores/anciãos/profetas da igreja local.

1 Coríntios 16:2: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.”

– o domingo, a contribuição financeira pessoal, proporcional, voluntária, organizada. c) Cartas Pastorais 1 Timóteo 3:14,15: “Escrevo-te estas coisas esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que saibas como convém andar na cada de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.”

1 Timóteo 5:22a: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos” – um momento de dedicação ao ministério de um homem chamado por Deus.

1 Timóteo 4:13: “Persiste em ler, exortar e ensinar” – ler aqui é especificamente a leitura pública da Escritura, acompanhada da pregação.

Temos, portanto, definidos na Escritura, quais os elementos compõem um Culto: Abertura: Oração Inicial (Ecl 5:1 / Hc 2:20)

Atos de Adoração e Louvor a Deus (Is 6 / Ap 4/ Ap 5/ Ap 14)

Confissão de Pecados / Intercessões (Is 6 / At 4 / 12/ 13/ 20)

Dedicação de Ofertas (1 Co 16:2)

Leitura e Pregação da Palavra (1 Tim 4:13)

As Ordenanças: Ceia e Batismo (1 Co 11:17-34 / Mt 28:19,20)

Encerramento: Bênção Final (Nm 6:24-26 / 2 Co 13:13)

Este formato simples de Culto, entretecido de orações e riquíssimo em Escritura Sagrada não é somente conforme ao Padrão que encontramos na Bíblia, é também a forma de Culto que foi resgatada na Reforma Protestante e guardada por Evangélicos e Batistas durante séculos, até às investidas mais inovadoras, a partir da década de 1970.

Os movimentos contemporâneos modernizadores do Culto suprimem alguns dos elementos, arrastam correntes fortíssimas de mundanismo para o espaço sagrado, enfatizam a experiência extasiante como sendo preferível sobre a edificação; eliminam a genuína espiritualidade e a congregacionalidade, transformando a Adoração em Performance num Palco para uma Platéia.

Este fenômeno sequestrou incontáveis igrejas nas últimas décadas, hoje predomina na grande [12]

maioria do povo do Senhor e é, em alguma medida, culpado pelo estado de baixo interesse espiritual e pequena eficácia do povo evangélico dos nossos dias. Ainda que sua liderança possa conter – e muitas vezes contém – crentes sinceros, mister é voltar a estes velhos princípios que salvaguardam a pureza e a edificação de nossas reuniões cristãs.

(5) A FUNÇÃO DA MÚSICA NA ADORAÇÃO. Adoração são palavras. Creio que isto já ficou claro para todos nós. Sejam palavras pensadas na meditação do coração, sejam palavras pronunciadas nas orações, sejam palavras cantadas em hinos, salmos e cânticos; adoração são palavras. Ocasionalmente veiculadas pela música.

Qual é, portanto, a função da música na adoração? a) Não é reger nem predominar.

Quando o Rei Davi tentou, pela primeira vez, trazer a Arca do Senhor para Jerusalém, o culto naquele dia teve fins trágicos. Onde ele errou?

1 Samuel 6:3-9: “E puseram a Arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.

4 E levando-o da casa de Abinadabe, que está em Gibeá, com a Arca de Deus, Aiô ia adiante da Arca. 5E Davi, e toda a casa de Israel, festejavam perante o SENHOR, com toda a sorte de instrumentos de pau-de-faia, como também com harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com pandeiros, e com címbalos. 6E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. 7Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali, junto à Arca de Deus. 8E Davi se contristou, porque o SENHOR abrira rotura em Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá até ao dia de hoje. 9E temeu Davi ao SENHOR naquele dia; e disse: Como virá a mim a Arca do SENHOR?” Este texto elicita inúmeras verdades: 1) Não é aceitável o Culto que fazemos do jeito que queremos, mas sim o Culto que Deus quer; 2) Não basta somente ter boas intenções; 3) Não é porque estamos alegres que estamos certos; 4) Adesão popular não significa necessariamente a aprovação de Deus; 5) O princípio de tudo está no temor e na obediência ao SENHOR. Veja como foi a segunda procissão: 1 Samuel 6:13,15,17: “E sucedeu que, quando os que levavam a Arca do SENHOR tinham dado seis passos, sacrificava bois e carneiros cevados. (...) Assim Davi e toda a casa de Israel fizeram subir a arca do SENHOR, com júbilo e ao som das trombetas. (...) E introduzindo a arca do SENHOR, a puseram no seu lugar, no meio da tenda...”

Foi um culto obediente. Quem levou a Arca foram os sacerdotes, segundo a velha regra do Livro, não conforme uma inovação mais cômoda. Foi precedido de contrição e temor. E os instrumentos? Onde estavam todos aqueles instrumentos de antes? Foram substituídos por trombetas que avisavam a todos que a Arca estava passando. Quando nos reunimos não é para [13]

apresentações ou recitais; são Cultos a Deus, a música jamais pode aparecer mais do que o Salvador. b) Não é ser o centro da reunião.

Alguns irmãos defendem o uso (e abuso) da música no Culto valendo-se, por exemplo, do Salmo 150: 1

Louvai ao SENHOR. Louvai a Deus no Seu santuário, louvai-O no firmamento do Seu poder. 2Louvai-O pelos Seus atos poderosos, louvai-O conforme a excelência da Sua grandeza.

3 Louvai-O ao som de trombeta; louvai-O com o saltério e a harpa. 4Louvai-O com o tamborim e a dança [ou flauta]; louvai-O com instrumentos de cordas e com órgãos.

5 Louvai-O com címbalos sonoros, louvai-O com címbalos altissonantes.

6 Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao SENHOR. Podemos fazer uma adequada interpretação deste Salmo. Como veremos adiantes, alguns dos instrumentos aí mencionados não faziam parte do serviço de culto do Antigo Testamento, no Tabernáculo/Templo. Ademais, a linguagem é notável, porque fala do louvor no Santuário assim como no “firmamento”; afirma que o motivo do louvor é a própria pessoa divina (o que instrumentos não podem conhecer) e diz no verso final, “tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR”, instrumentos não têm fôlego. Sendo que para o Seu louvor Deus criou a voz, e para a Sua adoração, o ser humano, concordamos com os intérpretes que aludiam a este salmo como uma grande poesia figurativa dos diferentes sentimentos que o salvo experimenta ao servir Culto ao seu Deus, como David Dickson observa: “a pluralidade destes instrumentos é adequada representação das diferentes condições que enfrentam as pessoas espirituais e ensinam que devemos render a Deus louvor com um som diferente, de acordo com a situação em que então nos encontraremos.” Andrew Bonar, um grande homem de Deus, nos ajuda a entender: “a variedade de instrumentos neste Salmo bem representa a variedade de sentimentos que experimentamos no louvor de Deus”.

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A trombeta, um sonido vitorioso, dos que têm vitória em Cristo e Nele exultam.

O Saltério e a Harpa, sons suaves, doces, de gratidão e amor.

O Tamborim e a Dança, grande entusiasmo e energia postos no serviço de Deus.

Cordas e Órgãos, os sons prazerosos daquele tempo cuja menção nos lembra que nenhum prazer é maior que o de servir a Deus.

• Címbalos sonoros e altissonantes. Uma alusão ao som do Culto congregacional, “sonoro”, “altissonante”, uma visão muito grandiosa é ver o povo de Deus reunido para Sua adoração.

Se alguns pensam que este Salmo é uma porta aberta para que a música predomine o louvor, lembremo-nos que a Bíblia não se contradiz; que o padrão de Culto não dá esse espaço para a música, sabendo bem que podemos muito facilmente ser de todo envolvidos por ela e por causa dela nos distrairmos infantilmente do SENHOR a quem prestamos culto.

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c) É servir ao cântico ordeiro e ao ensino de verdades valiosas.

Se, no entanto, a música não visa ser o principal meio de adoração (que é a oração íntima do crente em seu coração, ao longo do Culto), nem pode predominar, qual é o seu papel? Servir.

1 Crônicas 16:40-42: “40.Para oferecerem holocaustos ao Senhor continuamente, pela manhã e à tarde, sobre o altar dos holocaustos; e isto segundo tudo o que está escrito na lei do Senhor que tinha prescrito a Israel. 41.E com eles a Hemã, e a Jedutum, e aos mais escolhidos, que foram apontados pelos seus nomes, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade dura perpetuamente. 42 Com eles, pois, estavam Hemã e Jedutum, com trombetas e címbalos, para os que haviam de tocar, e com outros instrumentos de música de Deus; porém os filhos de Jedutum estavam à porta.”

1 Crônicas 23:5: “E quatro mil porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos, que eu fiz para o louvar, disse Davi.” (Claro que não 4.000 de uma vez) 2 Crônicas 7:6: “E os sacerdotes, serviam em seus ofícios; como também os levitas com os instrumentos musicais do Senhor, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre, quando Davi o louvava pelo ministério deles; e os sacerdotes tocavam as trombetas diante deles, e todo o Israel estava em pé.”

2 Crônicas 29:25,26: “E pôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, com saltérios, e com harpas, conforme ao mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas. 26.Estavam, pois, os levitas em pé com os instrumentos de Davi, e os sacerdotes com as trombetas.”

A música serve para o bom cântico de uma congregação, não liderando, mas acompanhando o cântico congregacional, ajudando a mantermos o tom e o ritmo de forma adequada. Não somos radicais nem negligenciamos que Deus nos criou de tal maneira que a música consegue tocar nossa sensibilidade; o que queremos ser é zelosos, para que nosso Culto não se torne uma reunião musical.

Também sabemos que a Música é empregada na Bíblia como instrumento de ensino e memorização de verdades preciosas: Colossenses 3:16: “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.”

Efésios 5:18b,19: “mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao SENHOR no vosso coração.”

Estes textos das Cartas aos Colossenses e aos Efésios reiteram o princípio do “em espírito e em verdade”, porque o conteúdo do cântico é útil para ensino, para admoestação, para crescimento na comunhão com Deus; mas onde se dá o louvor? “em vosso coração”.

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O Culto Cristão segundo a Bíblia, de fato, é enriquecedor e edificante – deveríamos com todo o zelo e amor de nossa fé fazer uso constante deste poderoso meio de graça, escolhido pelo SENHOR para a edificação da igreja e nosso crescimento na fé.

(6) RESPOSTA A ALGUMAS PERGUNTAS. • Qual a diferença entre louvor e adoração?

O Louvor é o momento em que selecionamos palavras, “elogios” para dirigir a Deus; a adoração é mais ampla, reúne nosso arrependimento, amor para com Deus, devoção, fé, gratidão; tantos outros sentimentos. Ambos se dão no coração, expressam-se nos lábios e podem, ou não, ter acompanhamento musical. Não associemos um e outro a música somente.

• Por que nos reunimos duas vezes nos domingos?

Primeiramente para santificar o dia do SENHOR, como Deus deseja de nós; também para que tenhamos dupla oportunidade de trazer nossos convidados, razão pela qual um destes cultos é especialmente evangelístico, tendo uma mensagem preparada para o anúncio do evangelho aos não-crentes; mas é também uma oportunidade útil para que cada salvo cresça e tenha comunhão com seus irmãos e seu Salvador.

• Por que todos os nossos cultos têm pregação?

Porque “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir é pela palavra de Deus.” (Romanos 10:17) • Podemos ter um “culto de cura”, “de libertação” ou “de vitória financeira”?

Em todos os cultos Deus pode curar, libertar e ensinar alguém a administrar melhor seus recursos. Não temos Cultos para isto porque a Escritura não registra nem aprova Cultos assim.

• É pecado cultuar de forma diferente do padrão do Novo Testamento?

Nalguns extremos, sim; quando se profana o Culto e o nome do SENHOR. De modo geral, não; mas há grande prejuízo em fazê-lo e deixam os crentes de crescer muito na sua fé quando optam por um Culto segundo seus achismos ou preferências, e não segundo a Escritura.

• Teremos em nossa igreja forró/samba/pagode/axé/funk gospel?

A não ser que nos esqueçamos do princípio de separação do sagrado e do profano, não.

• Podemos celebrar a Ceia do Senhor com garapa e pão de queijo?

Não, porque o Senhor Jesus não somente mandou celebrar “uma ceia”, mas a Ceia, que não nos pertence, mas é do Senhor; Ele indicou os elementos, não temos liberdade de alterá-los.

• E a pregação-coaching?

Referimo-nos ao “novo” jeito de “pregar”, sem leitura Bíblica, num ambiente manipulado de luz, música de fundo, linguagem motivacional; sem negar os efeitos positivos e benéficos da pregação, afirmamos que esses efeitos só se concretizam na genuína pregação da Palavra; esse “novo” jeito de Deive Leonardo, Thiago Brunet e outros é apenas mais uma entrada de mundanismo, diluindo a pregação e mudando o método determinado por Deus.

• Grupo de Dança Litúrgica? Miriã e Davi não dançaram?

Dançaram, de fato, em cerimônias públicas e não em Cultos diretos a Deus; Israel era uma nação/igreja; nós vivemos na Nova Aliança e sabemos discernir uma coisa da outra; principalmente porque o Culto do Novo Testamento não é estético, mas sim espiritual. A mente fica infrutífera, pode ser feito para emoção, mas não para edificação. Portanto, não é uma forma válida de adoração.

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