O TRADUTOR: Cláudio Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Coordenador da série Agamben na coleção Filô, é graduado, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor-associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde leciona desde 1994. Organizou Filosofia, Psicanálise e Sociedade (Azougue) e, pela Autêntica, traduziu o Íon de Platão, O homem sem conteúdo e A comunidade que vem, de Giorgio Agamben. Pela editora Circuito, publicou Do tudo e do todo, ou De uma nota de rodapé do parágrafo 48 de Ser e Tempo (Uma discussão com Heidegger e os gregos).
FILO “‘Se Parmênides’: trata-se de ontologia, de sofística, de doxografia. ‘Edição do tratado anônimo Sobre Melisso, Xenófanes e Górgias’: trata-se do estabelecimento de um texto grego, de sua tradução, de suas justificações. Do título ao subtítulo, trata-se de filosofia e de filologia, de uma certa relação entre elas. [...] Prática filosófica ou prática filológica: uma, se ela não invalida a outra, a torna ao menos ilegível. [...] Não se compreende nada em um texto como o Sobre Melisso, Xenófanes e Górgias enquanto não se o decifrar literalmente e longamente. Eis por que é tão difícil. E nele se lê mais e outra coisa que não se tinha pressentido ou que não se teria inventado, eis por que é tão interessante. Não que se passe assim da filologia à filosofia como a uma esfera superior e que teria fornecido em segredo uma pré-compreensão para executar as obras baixas. Nem que haja na própria filologia dois níveis de interpretação, um “baixo” e “de base” para operar sobre as palavras e a gramaticalidade da frase, e outro mais alto para decidir do sentido geral e da identidade do texto. Há, antes, uma prática única que, seguindo simplesmente até o fim suas próprias leis, respeitando simplesmente a si mesma, não cessa de se erguer, do mesmo modo como sons articulados pelo jogo de suas articulações acabam em discurso.”
BARBARA CASSIN Se Parmênides O tratado anônimo De Melisso Xenophane Gorgia
Barbara Cassin, filóloga e filósofa francesa, nasceu em 1947, em BoulogneBillancourt, no subúrbio de Paris. Foi aluna de Michel Deguy e de Jean Beaufret, no Liceu Condorcet, e de Ferdinand Alquié, na Sorbonne, onde defendeu, em 1968, sob sua orientação, sua dissertação de mestrado. Em 1969, encontrou Heidegger e René Char no terceiro Seminário de Le Thor, de cuja organização participou. Nessa mesma época, participou também da tradução de algumas obras de Hannah Arendt. Realizou seu doutorado sob a orientação de Pierre Aubenque, Jean Bollack e Heinz Wismann. A tese, defendida em 1974, deu origem a seu primeiro livro, Se Parmênides, que só viria a ser publicado em 1980. Por volta de 1975, durante alguns meses, deu aulas particulares a Jacques Lacan sobre doxografia e filosofia antiga. Considerada a mais importante estudiosa da sofística grega na atualidade, construiu, a partir desse estudo, um pensamento filosófico próprio. Vários de seus livros já estão traduzidos no Brasil, entre eles, Ensaios sofísticos (Siciliano) e O efeito sofístico (Editora 34).
BARBARA
CASSIN Se Parmênides O tratado anônimo De Melisso Xenophane Gorgia
Os efeitos de Se Parmênides foram múltiplos. Como um trabalho realizado numa certa interseção entre filologia e filosofia, o livro permitiu desnudar os processos interpretativos em jogo na edição de um texto antigo (a discussão com Diels, nesse sentido, é fundamental), assim como os pressupostos vigentes e atuantes na interpretação filosófica de um tratado como o De Melisso Xenophane Gorgia – uma obra que chegou até nós junto com o corpus aristotélico, mas cuja obscuridade impediu que se tivesse dela uma compreensão satisfatória, seja sobre seu autor, seja sobre os autores dos quais ela trata. Um verdadeiro objeto não identificado da antiguidade, o tratado teve uma sobrevida, talvez, pelo fato de ter sido uma das duas únicas fontes (a outra é Sexto Empírico) do mais importante texto que chegou até nós da sofística grega, o Tratado do não-ser de Górgias. Se Parmênides é, nesse sentido, não só uma novíssima e revolucionária interpretação de Górgias, da sofística e da filosofia grega em geral, da doxografia e da relação entre filologia e filosofia, mas, sobretudo, da própria relação da filosofia com a linguagem.
ISBN 978-85-8217-495-1
9 788582 174951
A publicação de Se Parmênides na França, em 1980, significou um marco, não só para os estudos sobre a filosofia grega antiga em geral e para a sofística em particular, mas também para a própria filosofia tout court. Iniciava-se ali a obra não apenas de uma grande helenista, mas também de uma das filósofas mais importantes das últimas décadas do século XX.
www.autenticaeditora.com.br
Tradução Cláudio Oliveira
Cláudio Oliveira