Coleção Educação: Experiência e Sentido
Simón Rodríguez
Coordenadores: Jorge Larrosa e Walter Kohan
No Brasil, Simón Rodríguez é um ilustre desconhecido. Suas obras não foram traduzidas para o português e têm sido muito pouco lidas nestas terras. Em certo sentido, não parece um dado menos importante que, nas paragens de Paulo Freire, Simón Rodríguez – que deu um sustento filosófico notável à educação popular no século XIX e talvez seja o primeiro idealizador e realizador de uma escola popular de verdade, absoluta, sem condições – quase não tenha sido lido no Brasil. Acreditamos que é necessário impulsionar essa leitura e confiamos que a tradução da antologia que apresentamos aqui seja um dos primeiros passos de um caminho muito mais extenso.
Mestre, andarilho, ímpar em sua maneira de viver e entender o mundo, Simón Rodríguez foi sobretudo um pensador original. Sua abundante produção está atravessada pela defesa da causa social: em vez de proclamar a liberdade e a igualdade de forma abstrata, ele as coloca como base para a transformação da economia e da organização social, criando, por meio da educação, os cidadãos das novas repúblicas.
ISBN 978-85-8217-862-1
9 788582 178621
www.autenticaeditora.com.br
Simón Rodríguez
Maximiliano Durán Walter Kohan
Inventamos ou erramos
Simón Rodríguez nasceu em Caracas em 1769. Órfão, foi criado pelo presbítero Carreño em sua casa. Em 1791, foi professor de ensino fundamental da escola municipal de Caracas. Em 1794 escreveu o relatório Reflexiones sobre el estado actual de la escuela de primeras letras. Em 1795, o texto foi rejeitado pelas autoridades da cidade e o professor apresentou a renúncia de seu cargo. Por aqueles dias Rodríguez iniciou uma viagem que durou mais de 25 anos pela América Central, do Norte e Europa, percorrendo Jamaica, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Rússia e Inglaterra. Trabalhou como professor de ensino fundamental e fez amizade com Andrés Bello e Simón Bolívar. Em 1823, retornou à América para colaborar na causa da independência da coroa espanhola. Foi chamado por Bolívar e nomeado Ministro de Educação da nascente república da Bolívia. Nesse país criou um dos projetos mais originais e radicais de educação popular na América. Contudo, a escola de Rodríguez foi fechada, e o professor continuou viajando pelo Chile, Equador e Peru. Sempre trabalhou como professor e publicou diversos escritos. Esgotado e doente, morreu em 1854, na periferia do povoado do Amotape, no Peru.
O objeto do autor, tratando das Sociedades americanas, é a educação popular e por popular.... entende.... geral
Inventamos ou erramos
instruir não é educar Nem a Instrução pode ser equivalente à Educação Ainda que Instruindo se Eduque Como prova de que ao acumular conhecimentos, diferentes da arte de viver, nada se tem feito para formar a conduta social – veem-se os muitos sábios mal educados, que povoam o país das ciências. Um filólogo pode falar de estratégia com propriedade e não ser, por isso, soldado. Tampouco são meios de generalizar nem podem suprir os contínuos atos de publicação que se fazem ensinando em Escolas, Colégios e Universidades, nem os de divulgação que se fazem pela imprensa o que não é geral sem exceção não é verdadeiramente público e o que não é público não é social