Mary Del Priore
ISBN 978-85-513-0313-9
9 788551 303139
Vila dos Confins
MÁRIO PALMÉRIO nasceu em Monte Carmelo, Minas Gerais, em 1916. Político, educador e romancista, dedicou muitos anos de sua vida profissional ao magistério e foi o fundador, entre outras, da Faculdade de Direito e da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Em 1950, foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal por Minas Gerais. Além dos grandes feitos nos campos educacional e da representação parlamentar, Palmério iniciou, aos 40 anos, suas atividades literárias com Vila dos Confins, publicado em 1956, seguido do romance Chapadão do Bugre, em 1965. Membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira que pertenceu a Guimarães Rosa, faleceu aos 80 anos, na cidade de Uberaba, Minas Gerais, em 1996.
MÁRIO PALMÉRIO
“Mário Palmério deixa à mostra o som dos duelos, a espessura do medo nos personagens e a cegueira da política num romance absolutamente clássico.”
Para ver que ali o tempo não fluiu. Da Vila dos Confins, a caravana de “ordem e progresso” passou longe. Em seu livro, Mário Palmério deixa à mostra o som dos duelos, a espessura do medo nos personagens e a cegueira da política num romance absolutamente clássico. Da linhagem dos melhores já feitos na literatura brasileira. Mary Del Priore Historiadora e escritora
MÁRIO PALMÉRIO
Vila dos Confins
UM PEDAÇO DE BRASIL visto através da lente de aumento magnificamente colorida da literatura, um milagre em forma de prosa: isso é Vila dos Confins. Escrita em 1956, a obra de Mário Palmério guarda uma atualidade gritante no desenho dos processos eleitorais durante a República Velha (1889-1930): compra de votos, fraudes, jagunços defendendo interesses de fazendeiros, a eterna violência. Escandalizado com a indiferença geral e alertado pelos relatórios sobre os assassinatos que envolviam as eleições no interior, o então deputado federal, educador e escritor dá voz, nesta obra-prima, às peripécias de um jovem político desejoso de driblar tais atentados. Obra esta que, segundo o próprio Palmério, “nasceu relatório, cresceu crônica e acabou romance”. E que romance! A ação se passa no interior de Minas Gerais, região atormentada por diversas crises, habitada por homens para quem o prato frio da vingança deixava um gosto de cinza na boca. Sertão de céu cortado por urubus, de rios habitados por sucuris comedoras de gente e de cotidiano marcado pela pesca do surubim. Personagens saborosos contam estórias dentro da História: do mascate frágil, mas serpentino, ao padre alemão caçador de onças-pretas, passando pelo negociante de zebus que castrava desafetos. Entre eles, num misto de ingenuidade e oportunismo, o político bem-sucedido na cidade grande que volta ao lugarejo natal para mergulhar no passado.