A teoria dos incorporais no estoicismo antigo

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A filosofia é feita para explicar, para argumentar, nunca para enganar. O que não impede que tenhamos a alegria e a satisfação trazidas pelo exercício do pensamento e pela prática do filosofar. Quem sabe nós, que lidamos com a filosofia, não possamos contagiar nossos conhecimentos e também nossa força? Guilherme Castelo Branco

Émile Bréhier (1876-1952) foi um filósofo francês e historiador da filosofia. Seus estudos mais importantes versam principalmente sobre a Antiguidade Clássica, os antigos estoicos, Crisipo, a filosofia de Plotino, de Fílon de Alexandria, entre outros, como Schelling e a filosofia alemã. Foi aluno de Henri Bergson e professor de Victor Goldschmidt, autor das obras A religião de Platão e Le système stoicien et l’idée de temps (O sistema estoico e a ideia de tempo). Suas obras mais importantes são a monumental História da filosofia (em sete volumes na edição brasileira), La philosophie de Plotin (A filosofia de Plotino) e A teoria dos incorporais no estoicismo antigo, pela primeira vez traduzida para outra língua. Além destas, organizou e traduziu diversas obras de referência da Antiguidade greco-romana para o francês, como as Enéadas de Plotino, o poema de Cleantes e diversas obras de Cícero.

A teoria dos incorporais no estoicismo antigo é muito mais que um texto erudito e bem escrito sobre o pensamento antigo. Sua destinação é bem mais grandiosa do que pretendeu ser. Para começar, Émile Bréhier revela toda uma linhagem de pensamento esquiva à metafísica, que existia na Grécia e em Roma. Esse modo de fazer filosofia, por sua vez, voltou a frutificar na modernidade. Mais ainda: o livro tornou-se fonte de inspiração para importantes pensadores da filosofia recente, como Deleuze, Foucault, Jankélévitch, Derrida, Lyotard. A noção de acontecimento, assim como o conceito de incorporal, elucidados por Bréhier, são absolutamente centrais na elaboração das ontologias contemporâneas. Este livro, portanto, é indispensável para a compreensão dos grandes mestres da filosofia contemporânea. “...a filosofia do acontecimento deve se encaminhar na direção, paradoxal à primeira vista, do materialismo do incorporal.” Michel Foucault, L’ordre du discours, 1971. “Os estoicos distinguem radicalmente, o que ninguém tinha feito antes deles, dois planos de ser: de um lado o ser profundo e real, a força; de outro, o plano dos fatos, que se produzem na superfície do ser e constituem uma multiplicidade infinita de incorporais.” Gilles Deleuze, Logique du sens, 1969.

Émile Bréhier

A teoria dos incorporais no estoicismo antigo

Íon Platão

Origem do drama trágico alemão Walter Benjamin

Do sublime ao trágico Friedrich Schiller

O anjo da história Walter Benjamin

A unidade do corpo e da mente

Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar Espinosa

Chantal Jaquet Estilo e verdade em Jacques Lacan Gilson Iannini Introdução a Giorgio Agamben Edgardo Castro O homem sem conteúdo Giorgio Agamben

Lacan, o escrito, a imagem Jacques Aubert, François Cheng, Jean-Claude Milner, François Regnault, Gérard Wajcman O belo autônomo Textos clássicos de estética Rodrigo Duarte (org.)

Ideia da prosa Giorgio Agamben O amor impiedoso (ou: Sobre a crença) Slavoj Žižek

A tradução deste livro de Émile Bréhier representou o esforço de muitos pesquisadores, em filosofia antiga e contemporânea, para finalmente trazer à luz este pequeno mas importantíssimo texto para o leitor brasileiro. A teoria dos incorporais no estoicismo antigo nunca havia sido traduzida para outra língua, vale a pena lembrar, apesar da grande influência que exerceu e ainda exerce na filosofia continental, assim como nos grandes mestres da filosofia contemporânea. Foucault, Deleuze, Derrida, Lyotard, entre tantos outros, são tributários das ideias apresentadas neste denso texto escrito por Bréhier. Passar a conhecer a noção de incorporal e a ideia de causalidade a ela subjacente, e compreender o conceito filosófico de acontecimento pode não somente representar, para muitos, a aquisição de um conhecimento técnico especializado em filosofia, mas sobretudo vir a ser uma verdadeira virada nas suas formas de pensar, a partir dos seus fundamentos ontológicos e lógicos. O leitor deste livro sairá com outra percepção do que sejam – ou possam ser –, a realidade, o pensamento e o sentido.

Leia também, da coleção Filô:

Tradução Fernando Padrão de Figueiredo José Eduardo Pimentel Filho www.autenticaeditora.com.br

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filo Émile Bréhier A teoria dos incorporais no estoicismo antigo

da UFRJ, nosso propósito é contribuir não apenas na problematização, mas também na elucidação dos grandes temas levantados pela filosofia nas últimas décadas, questões que, por sua vez, estão aí há milênios.

A coragem e o apoio da Autêntica Editora foram alavancas imprescindíveis para a realização deste difícil trabalho de tradução, uma vez que a erudição e a síntese argumentativa do texto original representaram verdadeiros obstáculos aos que assumiram o desafio de empreender tal tarefa. Feito a partir do esforço dos pesquisadores do Laboratório de Filosofia Contemporânea

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